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Consciência da religião por via do intelecto

No documento Filosofia da religião (páginas 48-50)

1. Consciência da religião por via do intelectodo intelecto

Para nós, o

Para nós, o meio fundamenmeio fundamental de tal de fazer-fazer-nos consciennos conscientes de tes de nossa ligação énossa ligação é o conhecimento intelectivo. Mas, diz S. Tomás, existem três modos distintos de o conhecimento intelectivo. Mas, diz S. Tomás, existem três modos distintos de conhecer a realidade:

conhecer a realidade:

a) pela presença da própria

a) pela presença da própria essênciaessência do objeto conhecido no cognoscente;do objeto conhecido no cognoscente; b) pela

b) pela presençpresença da a da próprprópriaia imagemimagem do objeto conhecido na potência cog-do objeto conhecido na potência cog- noscitiva (como o conhecimento de uma pedra se realiza no olho pela presença da noscitiva (como o conhecimento de uma pedra se realiza no olho pela presença da sua imagem na retina);

sua imagem na retina); c) pela

c) pela semelhançasemelhança ou imagem tirada não do objeto próprio, mas de outroou imagem tirada não do objeto próprio, mas de outro objeto onde, de algum modo, ela é representada (como quando vemos uma ima- objeto onde, de algum modo, ela é representada (como quando vemos uma ima- gem através de um espelho (I, q. 56, a. 3)).

gem através de um espelho (I, q. 56, a. 3)).

a) O conhecimento pela presença da

a) O conhecimento pela presença da própria essência divina (conhecimento intuitivo)própria essência divina (conhecimento intuitivo)

O problema de um conhecimento intuitivo de Deus,

O problema de um conhecimento intuitivo de Deus, “per essentiam” “per essentiam” , como, como

diz São Tomás, é o problema do ontologismo. Sobre este tema existem duas posi- diz São Tomás, é o problema do ontologismo. Sobre este tema existem duas posi- ções igualmente extremas e igualmente errôneas.

ções igualmente extremas e igualmente errôneas.

Por um lado, estão os que afirmam que nenhum entendimento criado pode Por um lado, estão os que afirmam que nenhum entendimento criado pode chegar ao conhecimento imediato da Essência Divina. Nem mesmo os anjos e os chegar ao conhecimento imediato da Essência Divina. Nem mesmo os anjos e os bem-aventurados, que, mais do que ver a Essência Divina, vêem um resplendor bem-aventurados, que, mais do que ver a Essência Divina, vêem um resplendor que procede dEle.

que procede dEle.

Outra é a posição que afirma a possibilidade para o homem, ainda nesta Outra é a posição que afirma a possibilidade para o homem, ainda nesta vida, contando com as suas próprias forças, da visão da Essência Divina. Neste vida, contando com as suas próprias forças, da visão da Essência Divina. Neste grupo podemos contar os ontologistas, racionalistas, imanentistas, etc.

grupo podemos contar os ontologistas, racionalistas, imanentistas, etc.

A verdade não está em nenhum desses dois extremos: se examinamos o A verdade não está em nenhum desses dois extremos: se examinamos o problema desde um ponto de vista natural, podemos facilmente comprovar como problema desde um ponto de vista natural, podemos facilmente comprovar como a visão intuitiva de Deus é totalmente impossível para nós no estado atual em a visão intuitiva de Deus é totalmente impossível para nós no estado atual em que nos encontramos. Para que possa existir conhecimento, é necessário que que nos encontramos. Para que possa existir conhecimento, é necessário que haja proporção entre o objeto conhecido e a

haja proporção entre o objeto conhecido e a potência cognoscitiva, pois o modo dapotência cognoscitiva, pois o modo da operação segue o modo de ser. O entendimento humano tem por objeto e não co- operação segue o modo de ser. O entendimento humano tem por objeto e não co-

nhece mais do que aquelas coisas que estão realizadas na matéria, e as conhece nhece mais do que aquelas coisas que estão realizadas na matéria, e as conhece precisamente mediante as imagens –fantasmas– extraídas das coisas sensíveis. precisamente mediante as imagens –fantasmas– extraídas das coisas sensíveis. Conhece as essências das coisas sensíveis, em seu aspecto universal, abstraído Conhece as essências das coisas sensíveis, em seu aspecto universal, abstraído da forma concreta e singular em que

da forma concreta e singular em que se dão na ordem da realidade.se dão na ordem da realidade.

Isto não quer dizer que em outras condições da natureza humana, ou de Isto não quer dizer que em outras condições da natureza humana, ou de algum modo fortalecida por uma potência superior, a visão facial de Deus não algum modo fortalecida por uma potência superior, a visão facial de Deus não possa realizar-se.

possa realizar-se.

b) O conhecimento pela presença da

b) O conhecimento pela presença da própria essência divinaprópria essência divina

 Também aqui a conclusão é totalmente negativa. Uma imagem própria de  Também aqui a conclusão é totalmente negativa. Uma imagem própria de Deus teria que ser tão espiritual como Ele, em que

Deus teria que ser tão espiritual como Ele, em que sua Divina Essênsua Divina Essência se mani-cia se mani- festasse como é em si, em sua Infinita Imaterialidade. Como, segundo o que aca- festasse como é em si, em sua Infinita Imaterialidade. Como, segundo o que aca- bamos de dizer, não conhecemos nem podemos conhecer por nossas puras forças bamos de dizer, não conhecemos nem podemos conhecer por nossas puras forças naturais mais que as essências das coisas sensíveis, temos que tal imagem está naturais mais que as essências das coisas sensíveis, temos que tal imagem está por cima também de nossas possibilidades.

por cima também de nossas possibilidades. Conhecer

Conhecer “per speciem propriam” “per speciem propriam” , como diz S. Tomás, a Deus seria conhe-, como diz S. Tomás, a Deus seria conhe-

cer como os

cer como os olhoolhos, por s, por exemplexemplo, conhecem as cores próprias na imagem o, conhecem as cores próprias na imagem que ne-que ne- las se reproduz. Esta visão ou conhecimento, diz o Angélico, só se dá no conheci- las se reproduz. Esta visão ou conhecimento, diz o Angélico, só se dá no conheci- mento natural dos anjos, em que a imagem de Deus está neles “impressa” (I, q. mento natural dos anjos, em que a imagem de Deus está neles “impressa” (I, q. 56, a. 3).

56, a. 3).

c) O conhecimento indireto ou “per analogiam”  c) O conhecimento indireto ou “per analogiam” 

Só nos resta um modo, do ponto de vista natural, de conhecer a Deus: pelo Só nos resta um modo, do ponto de vista natural, de conhecer a Deus: pelo reflexo de Deus nas criaturas. Realidade

reflexo de Deus nas criaturas. Realidade possível para o nosso conhecimento.possível para o nosso conhecimento. Estes vestígios de Deus nas criaturas estão fundamentados na causalida- Estes vestígios de Deus nas criaturas estão fundamentados na causalida- de. Como, necessariamente, o efeito tem que guardar uma proporção e semelhan- de. Como, necessariamente, o efeito tem que guardar uma proporção e semelhan- ça com a causa que o produz, as coisas são semelhantes a Deus e podem nos le- ça com a causa que o produz, as coisas são semelhantes a Deus e podem nos le- var –por analogia– ao seu conhecimento.

var –por analogia– ao seu conhecimento.

d) Os que negam esta via de acesso d) Os que negam esta via de acesso

Os agnósticos. Para os agnósticos este problema ou não existe, ou não Os agnósticos. Para os agnósticos este problema ou não existe, ou não deve existir. Se não podemos demonstr

deve existir. Se não podemos demonstrar a ar a existexistência de Deus, ência de Deus, menos ainda po-menos ainda po- deremos fazer-nos conscientes de nossa ligação.

deremos fazer-nos conscientes de nossa ligação.

Os panteístas. Da mesma maneira, esta questão não existe para os pan- Os panteístas. Da mesma maneira, esta questão não existe para os pan- teístas. De fato, o panteísmo, em qualquer forma que se apresente, desde Parmê- teístas. De fato, o panteísmo, em qualquer forma que se apresente, desde Parmê- nides até Spinoza, de Heráclito até Bergson, nega sempre um dos termos da rela- nides até Spinoza, de Heráclito até Bergson, nega sempre um dos termos da rela- ção criatura-Criador: ora nega o homem, dizendo que tudo não passa de Deus; ção criatura-Criador: ora nega o homem, dizendo que tudo não passa de Deus; ora nega Deus, colocando-o no mesmo nível das coisas contingentes. O máximo ora nega Deus, colocando-o no mesmo nível das coisas contingentes. O máximo que os panteístas podem chegar, como chegaram os estóicos e Schleiermacher, e que os panteístas podem chegar, como chegaram os estóicos e Schleiermacher, e muitos filósofos afins, é ter consciência da nossa p

ca chegarão ao conceito verdadeiro de ligação entre a criatura e um ser bem dis- ca chegarão ao conceito verdadeiro de ligação entre a criatura e um ser bem dis- tinto dela, que é o Criador.

tinto dela, que é o Criador.

Depois: todos os filósofos idealistas, que ora são agnósticos ou panteístas. Depois: todos os filósofos idealistas, que ora são agnósticos ou panteístas.

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