FILOSOFIA DA RELIGIÃO
FILOSOFIA DA RELIGIÃO
I. INTRODUÇÃO______________________________________________________________4 I. INTRODUÇÃO______________________________________________________________4
1. A Filosofia da religião na história da filosofia... 4
1. A Filosofia da religião na história da filosofia... 4
a) a) Filosofia Filosofia Grega Grega (séculos (séculos V-IV V-IV a.C.)...a.C.)... 44
b) Filosofia Romana (século I)...5
b) Filosofia Romana (século I)...5
c) c) Filosofia Filosofia Medieval Medieval (séculos (séculos XIII-XIV)XIII-XIV)... 55
d) d) Renascimento Renascimento (século (século XV)...XV)...55
e) e) Racionalismo Racionalismo (século (século XVII)....XVII)... 55
f) Iluminismo (século XVIII)...6
f) Iluminismo (século XVIII)...6
g) g) Escola Escola Sociológica Sociológica (século (século XIX)....XIX)...6...6
h) h) Escola Escola Psicológica Psicológica (século (século XIX)....XIX)... 66
i) i) EvolucionismEvolucionismo o (século (século XIX)...XIX)...66
j) j) Marxismo Marxismo (século (século XX)...XX)... 77
k) Escola Etnológica (século XX)...7
k) Escola Etnológica (século XX)...7
2. 2. Método Método da da filosofia filosofia da da religião...religião... ... 77
3. 3. Elementos Elementos básicos básicos da da religião...religião... ... 88
4. 4. Constantes Constantes religiosas...religiosas... ... 88
a) a) Constante Constante Telúrica...Telúrica... 99
b) Constante Celeste...9
b) Constante Celeste...9
c) Constante Étnico-Política...10
c) Constante Étnico-Política...10
d) d) Constante Constante Mistérica...Mistérica... 1111 e) e) Constantes Constantes das das Religiões Religiões Universais..Universais... 1212 5. 5. Principais Principais religiões...religiões... ... 1313 a) Religiosidade do Homem Paleolítico...13
a) Religiosidade do Homem Paleolítico...13
b) b) Religião Religião do do Egito Egito Antigo...Antigo...13...13
c) c) Religião Religião da da Mesopotâmia..Mesopotâmia... 1414 d) d) Religião Religião Greco-Romana.Greco-Romana... 1414 e) e) Religião Religião dos dos Celtas Celtas e e dos dos Vikings....Vikings... 1515 f) Religião dos Astecas e dos Incas...15
f) Religião dos Astecas e dos Incas...15
g) Hinduísmo...16 g) Hinduísmo...16 h) Confucionismo...18 h) Confucionismo...18 i) i) Taoísmo...Taoísmo... 1919 j) Budismo...20 j) Budismo...20 k) Jinismo...22 k) Jinismo...22 l) Zoroastrismo...23 l) Zoroastrismo...23 m) m) Maniqueísmo...Maniqueísmo... 2323 n) Islamismo...24 n) Islamismo...24 o) o) Judaísmo....Judaísmo... 2626 p) Cristianismo...30 p) Cristianismo...30
6. Formas religiosas derivadas ou degeneradas... 38
6. Formas religiosas derivadas ou degeneradas... 38
7. A secularização da sociedade... 39
7. A secularização da sociedade... 39 II. DEFINIÇÃ
II. DEFINIÇÃO E FUNDAMENTO E FUNDAMENTAÇÃO DA RELAÇÃO DA RELIGIÃO_____IGIÃO___________________________________________________4141 1.
1. Definição Definição ... ... 4141 2.
2. Fundamentação Fundamentação ôntica ôntica da da religião religião ... ... 4141
1) Passo
1) Passo um: o um: o existir depende em existir depende em última instância de última instância de Deus...Deus... 4242 2) Passo dois: a existência deve
2) Passo dois: a existência deve vir diretamente de Deus e não vir diretamente de Deus e não de um ser intermediário...de um ser intermediário... 4444 3) Passo
3. Fundamentação axiológica e dinâmica da religião ... 45
3. Fundamentação axiológica e dinâmica da religião ... 45
a) a) fundamentação fundamentação axiológica axiológica ou ou das das perfeições....perfeições...45.45 b) b) fundamentação fundamentação dinâmica...dinâmica... 4646 4. 4. Conclusões...Conclusões... ... 4646 III. NOÉTICA DA RELIGIÃO__________________________________________________48 III. NOÉTICA DA RELIGIÃO__________________________________________________48 1. Consciência da religião por via do intelecto... 48
1. Consciência da religião por via do intelecto... 48
a) O conhecimento pela presença da a) O conhecimento pela presença da própria essência divina (conhecimento intuitivo)própria essência divina (conhecimento intuitivo)... 4848 b) b) O O conhecimento pela conhecimento pela presença da presença da própria essência própria essência divina...divina...49...49
c) c) O O conhecimento indireto conhecimento indireto ou ou “per “per analogiam”....analogiam”... 4949 d) d) Os Os que que negam negam esta esta via via de de acesso...acesso... 4949 2. Consciência da religião por via da vontade... 50
2. Consciência da religião por via da vontade... 50
3. Consciência da religião por via da sensibilidade... 50
3. Consciência da religião por via da sensibilidade... 50
a) a) EsclarecimenEsclarecimentos tos importantes..importantes... 5050 b) b) Se Se a a religião pode religião pode ser ser objeto destas objeto destas realidades...realidades...51...51
c) c) A A religião religião nas nas paixões paixões e e sentimentos..sentimentos...5151 d) d) A A religião religião nos nos instintos...instintos... 5252 e) Possibilidade do e) Possibilidade do ateísmo no ateísmo no âmbito da âmbito da noética da noética da religião....religião... 5353 IV. ATITUDE DO HO IV. ATITUDE DO HOMEM DIANTE DA CONSCMEM DIANTE DA CONSCIÊNCIA DA RELIGIIÊNCIA DA RELIGIÃO________ÃO________________5454 1. 1. O O ateísmo...ateísmo... .... 5454 2. A única atitude racional ante a consciência da religião... 54
2. A única atitude racional ante a consciência da religião... 54
ANEXO 1____________________________________________________________________55 ANEXO 1____________________________________________________________________55 “Para quê ter uma religião” (D. Estevão Bittencourt, PR 297/1987)... 55
“Para quê ter uma religião” (D. Estevão Bittencourt, PR 297/1987)... 55 ANEXO 2____________________________________________________________________64 ANEXO 2____________________________________________________________________64
“Compreendendo a Nova
I. INTRODUÇÃO I. INTRODUÇÃO
A filosofia, de uns tempos para cá, viu-se na necessidade de estudar o fato A filosofia, de uns tempos para cá, viu-se na necessidade de estudar o fato religioso. Com o advento da filosofia imanentista, a transcendência ao absoluto religioso. Com o advento da filosofia imanentista, a transcendência ao absoluto que sempre foi admitida como uma realidade natural no homem, começa a ser que sempre foi admitida como uma realidade natural no homem, começa a ser questionada. Surgem diferentes posicionamentos a seu respeito: desde a sua questionada. Surgem diferentes posicionamentos a seu respeito: desde a sua ne-gação por completo, como à sua absolutização, chegando-se a afirmar que é um gação por completo, como à sua absolutização, chegando-se a afirmar que é um fato evidente, inquestionável.
fato evidente, inquestionável.
Infelizmente, até o presente momento, fez-se pouca filosofia sobre a Infelizmente, até o presente momento, fez-se pouca filosofia sobre a religio-sidade. Os livros que se encontram a este respeito, são de caráter muito mais sidade. Os livros que se encontram a este respeito, são de caráter muito mais so-ciológico do que filosófico. Este estudo pretende ir um pouco mais além, tentando ciológico do que filosófico. Este estudo pretende ir um pouco mais além, tentando responder perguntas como estas: possui a religiosidade um fundamento responder perguntas como estas: possui a religiosidade um fundamento antropo-lógico, mais ainda, metafísico
lógico, mais ainda, metafísico?? Se há um fundamento na natureza humana, por-Se há um fundamento na natureza humana,
por-que muitos homens não são religiosos? A religiosidade é um sentimento ou é que muitos homens não são religiosos? A religiosidade é um sentimento ou é mais do que isto?
mais do que isto?
É de capital importância encontrar respostas a estas perguntas, para que a É de capital importância encontrar respostas a estas perguntas, para que a nossa fé seja mais sólida e não dependa apenas da cultura em que vivemos ou de nossa fé seja mais sólida e não dependa apenas da cultura em que vivemos ou de um bom senso sem explicação, facilmente atacado por aqueles que se empenham um bom senso sem explicação, facilmente atacado por aqueles que se empenham em excluir Deus da sua vida.
em excluir Deus da sua vida.
1. A Filosofia da religião na história da
1. A Filosofia da religião na história da filosofiafilosofia
Verifica-se que a religião constitui uma das dimensões centrais da Verifica-se que a religião constitui uma das dimensões centrais da existên-cia humana: a mais básica e
cia humana: a mais básica e distindistintiva do ser humano. Assim, foi objeto de refle-tiva do ser humano. Assim, foi objeto de refle-xão desde os primórdios da filosofia, sendo que, a partir do século XVII começa a xão desde os primórdios da filosofia, sendo que, a partir do século XVII começa a surgir uma postura crítica, que subsiste ainda, mas que pouco a pouco vai sendo surgir uma postura crítica, que subsiste ainda, mas que pouco a pouco vai sendo desmistificada com os estudos mais recentes sobre as origens e bases do desmistificada com os estudos mais recentes sobre as origens e bases do fenôme-no religioso:
no religioso:
a) Filosofia Grega (séculos V-IV a.C.) a) Filosofia Grega (séculos V-IV a.C.)
Numa sociedade politeísta, com sua mitologia decantada em poemas Numa sociedade politeísta, com sua mitologia decantada em poemas épi-cos, concebe um Ser Superior e imutável como origem e ordenador do Universo, cos, concebe um Ser Superior e imutável como origem e ordenador do Universo, substituindo as explicações mitológicas por explicações racionais dos fenômenos, substituindo as explicações mitológicas por explicações racionais dos fenômenos,
cujo substrato último estaria num Deus Supremo e Transcendente cujo substrato último estaria num Deus Supremo e Transcendente (Anaximan-dro, Parmênides, Heráclito e Aristóteles);
dro, Parmênides, Heráclito e Aristóteles); b) Filosofia Romana (século I)
b) Filosofia Romana (século I)
Manifesta sua rejeição pela concepção mitológica da religião civil do Manifesta sua rejeição pela concepção mitológica da religião civil do Esta-do, como meras fábulas, propugnando pela adoção de uma religião natural de do, como meras fábulas, propugnando pela adoção de uma religião natural de união da alma com o Transcendente (Sêneca e
união da alma com o Transcendente (Sêneca e Varrão);Varrão); c) Filosofia Medieval (séculos XIII-XIV)
c) Filosofia Medieval (séculos XIII-XIV)
Caracteriza-se pela defesa filosófica da religião cristã e pela demonstração Caracteriza-se pela defesa filosófica da religião cristã e pela demonstração racional da existência de Deus e
racional da existência de Deus e de suas características (S. Agostinho, S. Anselmode suas características (S. Agostinho, S. Anselmo e S. Tomás de Aquino);
e S. Tomás de Aquino);
d) Renascimento (século XV) d) Renascimento (século XV)
Com a redescoberta do mundo greco-romano, busca-se formular uma Com a redescoberta do mundo greco-romano, busca-se formular uma sín-tese dos elementos religiosos de diversas procedências, com a intenção de tese dos elementos religiosos de diversas procedências, com a intenção de desco-brir um fundo religioso universal e deduzir-se uma doutrina metafísica universal brir um fundo religioso universal e deduzir-se uma doutrina metafísica universal (Ficino e Mirandola);
(Ficino e Mirandola);
e) Racionalismo (século XVII) e) Racionalismo (século XVII)
Começa a colocar em xeque a religião, pretendendo racionalizar o Começa a colocar em xeque a religião, pretendendo racionalizar o fenôme-no religioso, a partir da negação de qualquer revelação divina (Hume, Tindal e no religioso, a partir da negação de qualquer revelação divina (Hume, Tindal e To-land);
land);
Hegel interpreta la r. dentro la prospettiva kantiana della sola ragione e
Hegel interpreta la r. dentro la prospettiva kantiana della sola ragione e
vede in essa il secondo momento del sapere assoluto, quando lo spirito
vede in essa il secondo momento del sapere assoluto, quando lo spirito
prende coscienza di se stesso e diventa "autocoscienza". Subito dopo Hegel,
prende coscienza di se stesso e diventa "autocoscienza". Subito dopo Hegel,
con Feuerbach, Marx, Engels, Comte, Nietzsche inizia la demistificazione
con Feuerbach, Marx, Engels, Comte, Nietzsche inizia la demistificazione
della r. Alla r. fu fatale, tra l'altro, il nesso che essa sembrava avere con
della r. Alla r. fu fatale, tra l'altro, il nesso che essa sembrava avere con
l'idealismo, per cui la demolizione di quest'ultimo sembrò trascinare con sé
l'idealismo, per cui la demolizione di quest'ultimo sembrò trascinare con sé
anche il crollo della r. Si cercò di dimostrare che essa non ha nessun
anche il crollo della r. Si cercò di dimostrare che essa non ha nessun
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impotenza di fronte alla natura (Feuerbach), di compensazione nella vita
impotenza di fronte alla natura (Feuerbach), di compensazione nella vita
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(Marx)
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(Nietzsche), di sublimazione degli istinti (Freud), di autotrascendimento
(Nietzsche), di sublimazione degli istinti (Freud), di autotrascendimento
(Bloch), ecc. Senonché, per quanto ingegnose, tutte queste spiegazioni della
(Bloch), ecc. Senonché, per quanto ingegnose, tutte queste spiegazioni della
r. risultano inadeguate: esse fanno luce su qualche motivazione reale, ma
r. risultano inadeguate: esse fanno luce su qualche motivazione reale, ma
per lo più secondaria, di essa. Davanti ad un fenomeno così grandioso e
per lo più secondaria, di essa. Davanti ad un fenomeno così grandioso e
così complesso come quello religioso, decisamente il più imponente tra tutti
così complesso come quello religioso, decisamente il più imponente tra tutti
quelli che segnano la storia dell'umanità, le spiegazioni di Feuerbach,
quelli che segnano la storia dell'umanità, le spiegazioni di Feuerbach,
Mar
Marx,
x, Nie
Nietzs
tzsche
che, , Fre
Freud,
ud, Blo
Bloch
ch ri
risul
sultan
tano
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chiara
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te rid
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icist
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tanto
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assolu
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Esse
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tentan
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fenome
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no sec
seconda
ondario
rio, , acc
accide
identa
ntale
le e
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tutto
to som
sommat
matoo
trascurabile ciò che invece risulta profondamente radicato nella natura
trascurabile ciò che invece risulta profondamente radicato nella natura
umana e che costituisce sempre una componente fondamentale e primaria
umana e che costituisce sempre una componente fondamentale e primaria
della cultura. "Attraverso la parte più illustre della storia umana, in tutti i
della cultura. "Attraverso la parte più illustre della storia umana, in tutti i
secoli e in qualsiasi stadio della società, la r. è stata la forza centrale
secoli e in qualsiasi stadio della società, la r. è stata la forza centrale
unificatrice della cultura. È stata custode della tradizione, preservatrice
unificatrice della cultura. È stata custode della tradizione, preservatrice
della legge morale, educatrice e maestra di sapienza. [...] La r. è la chiave
della legge morale, educatrice e maestra di sapienza. [...] La r. è la chiave
della storia. Non possiamo comprendere le strutture intime di una società,
della storia. Non possiamo comprendere le strutture intime di una società,
se non conosciamo bene la sua r. Non possiamo capire le sue conquiste
se non conosciamo bene la sua r. Non possiamo capire le sue conquiste
culturali, se non comprendiamo le credenze religiose che stanno dietro di
culturali, se non comprendiamo le credenze religiose che stanno dietro di
esse. In tutte le età le prime elaborazioni creative di una cultura sono dovute
esse. In tutte le età le prime elaborazioni creative di una cultura sono dovute
ad un'ispirazione religiosa e dedicate ad un fine religioso. La r. sta alla
ad un'ispirazione religiosa e dedicate ad un fine religioso. La r. sta alla
soglia di tutte le grandi letterature del mondo. La filosofia è un suo prodotto
soglia di tutte le grandi letterature del mondo. La filosofia è un suo prodotto
ed è un rampollo che fa continuamente ritorno al proprio genitore" (Ch.
ed è un rampollo che fa continuamente ritorno al proprio genitore" (Ch.
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Dizionario Teologico e Filosofico).
Dizionario Teologico e Filosofico).
f) Iluminismo (século XVIII) f) Iluminismo (século XVIII)
Na
Na linha do linha do racioracionalismnalismo, caracterizao, caracteriza-se pela -se pela negaçnegação das ão das religiõreligiões es positi- positi-vas (especialmente do cristianismo), sustentando um deísmo como crença geral vas (especialmente do cristianismo), sustentando um deísmo como crença geral na existência de um Ser Supremo, sem que deva existir qualquer Igreja ou na existência de um Ser Supremo, sem que deva existir qualquer Igreja ou siste-ma organizado de culto (Voltaire, Diderot e D’Alembe
ma organizado de culto (Voltaire, Diderot e D’Alembert);rt); g) Escola Sociológica (século XIX)
g) Escola Sociológica (século XIX)
Pretende que o fenômeno religioso seja necessariamente social, Pretende que o fenômeno religioso seja necessariamente social, constituin-do um sistema solidário de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, aconstituin-dota- do um sistema solidário de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, adota- adota-das por uma comunidade (Durkheim, Weber, Croce e Gentile), esquecendo, no das por uma comunidade (Durkheim, Weber, Croce e Gentile), esquecendo, no entanto, que o sentimento religioso tem sua dimensão pessoal;
entanto, que o sentimento religioso tem sua dimensão pessoal; h) Escola Psicológica (século XIX)
h) Escola Psicológica (século XIX)
Reduz o fenômeno religioso à consciência individual, surgindo do Reduz o fenômeno religioso à consciência individual, surgindo do subcons-ciente o sentimento religioso e todas as crenças (Schleiermacher, Freud, ciente o sentimento religioso e todas as crenças (Schleiermacher, Freud, Hart-mann e James), o que descartaria a possibilidade de revelação divina ao homem; mann e James), o que descartaria a possibilidade de revelação divina ao homem; i) Evolucionismo (século XIX)
i) Evolucionismo (século XIX) Conce
Concepção de pção de que as que as religireligiões evoluíram das crenças míticas, politeístões evoluíram das crenças míticas, politeístas eas e rudimentares para as religiões monoteístas, organizadas e universais (Darwin e rudimentares para as religiões monoteístas, organizadas e universais (Darwin e Spencer);
j) Marxismo (século XX) j) Marxismo (século XX)
Concepção de que a religião é o ópio do povo, a maior das alienações, uma Concepção de que a religião é o ópio do povo, a maior das alienações, uma vez que aquilo que se atribui a Deus seria próprio da Humanidade como um todo vez que aquilo que se atribui a Deus seria próprio da Humanidade como um todo (Feuerbach e Marx);
(Feuerbach e Marx);
k) Escola Etnológica (século XX) k) Escola Etnológica (século XX)
Procura mostrar, através do estudo dos povos primitivos e das culturas Procura mostrar, através do estudo dos povos primitivos e das culturas ru-dimentares, que a crença num Deus Supremo e Único foi, desde os começos, a dimentares, que a crença num Deus Supremo e Único foi, desde os começos, a forma religiosa originária, sendo as religiões politeístas posteriores corruptelas da forma religiosa originária, sendo as religiões politeístas posteriores corruptelas da crença original (Lang e Schmidt).
crença original (Lang e Schmidt).
Como se vê, a partir deste breve esboço histórico, já se afirmou tudo a Como se vê, a partir deste breve esboço histórico, já se afirmou tudo a res-peito da religião
peito da religião: que existe, que não existe, que é : que existe, que não existe, que é um sentimeum sentimento, que é um nto, que é um ins- ins-tinto, que é uma alienação, que é uma criação humana, etc, etc. A avaliação do tinto, que é uma alienação, que é uma criação humana, etc, etc. A avaliação do que realmente é a religião, sua existência, seu fundamento, será visto no segundo que realmente é a religião, sua existência, seu fundamento, será visto no segundo capítulo.
capítulo.
2. Método da filosofia da religião 2. Método da filosofia da religião
Para o estudo filosófico da religião, vários são os métodos utilizados: Para o estudo filosófico da religião, vários são os métodos utilizados:
Método histórico-crítico comparativo – comparar as várias religiões no Método histórico-crítico comparativo – comparar as várias religiões no tem-po e no espaço, buscando seus traços comuns e suas diferenças específicas, para po e no espaço, buscando seus traços comuns e suas diferenças específicas, para verificar o que constitui a essência do fenômeno religioso;
verificar o que constitui a essência do fenômeno religioso;
Método Filológico – mediante o estudo comparado das línguas, busca Método Filológico – mediante o estudo comparado das línguas, busca en-contrar nas línguas parentes o que pensavam e acreditavam os povos antes de se contrar nas línguas parentes o que pensavam e acreditavam os povos antes de se dividirem em línguas distintas (quais as palavras utilizadas para descrever e dividirem em línguas distintas (quais as palavras utilizadas para descrever e ex-pressar o sagrado e suas raízes comuns);
pressar o sagrado e suas raízes comuns);
Método Antropológico – reconstruir o passado religioso com base
Método Antropológico – reconstruir o passado religioso com base na etnolo-na etnolo-gia, estudando os povos primitivos atuais (suas instituições, crenças, rituais e gia, estudando os povos primitivos atuais (suas instituições, crenças, rituais e tradições).
tradições).
A filosofia da religião deve conjugá-los, para obter a melhor soma de A filosofia da religião deve conjugá-los, para obter a melhor soma de ele-mentos para chegar às suas conclusões sobre a essência das manifestações mentos para chegar às suas conclusões sobre a essência das manifestações religi-osas e suas características universais.
osas e suas características universais.
Método metafísico – busca o fundamento do fenômeno religioso. Método metafísico – busca o fundamento do fenômeno religioso.
3. Elementos básicos da religião 3. Elementos básicos da religião
Constituem elementos básicos de toda religião, o que se denominam de: Constituem elementos básicos de toda religião, o que se denominam de:
•
• religioso primário (componente racional e interno) – reconhecimentoreligioso primário (componente racional e interno) – reconhecimento
interior da existência de Deus e da dependência do homem em interior da existência de Deus e da dependência do homem em rela-ção a Ele, plasmado num conhecimento superior (fé) das realidades ção a Ele, plasmado num conhecimento superior (fé) das realidades terrenas e transcendentes (concepção do mundo, do homem e de terrenas e transcendentes (concepção do mundo, do homem e de Deus);
Deus);
•
• religioso secundário (componente afetivo e externo) – manifestaçõesreligioso secundário (componente afetivo e externo) – manifestações
externas e objetivas, pessoais e coletivas, derivadas desse externas e objetivas, pessoais e coletivas, derivadas desse reconheci-mento da existência e da dependência de Deus, que plasmam e mento da existência e da dependência de Deus, que plasmam e ex-ternam o desejo de honrar, servir e amar a Divindade (ritos, ternam o desejo de honrar, servir e amar a Divindade (ritos, cerimô-nias, moral).
nias, moral).
Se, por um lado, tudo o que o homem faz pode ser considerado como Se, por um lado, tudo o que o homem faz pode ser considerado como “reli-gioso secundário” (dada a total dependência do homem em relação a Deus: “quer gioso secundário” (dada a total dependência do homem em relação a Deus: “quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei-o por amor a Deus”), comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei-o por amor a Deus”), por outro, o
por outro, o mais especificamenmais especificamente “religioso secundárte “religioso secundário”, como io”, como manifmanifestação ca-estação ca-racterística do culto a Deus, é
racterística do culto a Deus, é constituído por:constituído por:
•
• orações com suas variadas formas de gestos e palavras;orações com suas variadas formas de gestos e palavras; •
• sacrifsacrifícios oferecidícios oferecidos à os à DivindDivindade, em ade, em suas variantes cruentsuas variantes cruentas e as e in-
in-cruentas; cruentas;
•
• ritos sagrados, tanto públicos e sociais, quanto privados; eritos sagrados, tanto públicos e sociais, quanto privados; e •
• altares e templos em que se realizam essas orações, sacrifícios e ce-altares e templos em que se realizam essas orações, sacrifícios e
ce-rimônias. rimônias.
4. Constantes religiosas 4. Constantes religiosas
Descobrir o núcleo ou denominador comum que existe subjacente às Descobrir o núcleo ou denominador comum que existe subjacente às múl-tiplas variantes religiosas, tanto no tempo (constantes religiosas) quanto no tiplas variantes religiosas, tanto no tempo (constantes religiosas) quanto no espa-ço (círculos ou famílias de religiões) é uma das tarefas auxiliares da filosofia da ço (círculos ou famílias de religiões) é uma das tarefas auxiliares da filosofia da Religião: saber distinguir, através da comparação entre as várias formas Religião: saber distinguir, através da comparação entre as várias formas sas, o que é o essencial e comum a todas elas (e que constitui o fenômeno sas, o que é o essencial e comum a todas elas (e que constitui o fenômeno religio-so) e o que é acidental e diferenciador.
so) e o que é acidental e diferenciador.
No entanto, algumas diferenças não são meramente acidentais, quando se No entanto, algumas diferenças não são meramente acidentais, quando se trata de comparar as religiões naturais em relação à religião revelada, pois dizem trata de comparar as religiões naturais em relação à religião revelada, pois dizem
respeito à concepção do mundo, do homem e de Deus que corresponde à respeito à concepção do mundo, do homem e de Deus que corresponde à realida-de. Daí o antagonismo entre as posturas extremistas:
de. Daí o antagonismo entre as posturas extremistas:
Reducionista - “Quem conhece uma religião, especialmente o cristianismo, Reducionista - “Quem conhece uma religião, especialmente o cristianismo, conhece todas” (Harnack);
conhece todas” (Harnack); Relati
Relativista - vista - “Quem conhece apenas uma “Quem conhece apenas uma religreligião, não ião, não conhconhece ece nenhunenhuma”ma” (Max Müller).
(Max Müller).
a) Constante Telúrica a) Constante Telúrica
A forma mais antiga de representação da divindade foi a da Deusa Mãe A forma mais antiga de representação da divindade foi a da Deusa Mãe Terra (Tellus = Terra): figuras femininas encontradas desde 30.000 a.C. (ídolo Terra (Tellus = Terra): figuras femininas encontradas desde 30.000 a.C. (ídolo fe-minino da fecundidade, com seios e útero exageradamente desenvolvidos ou com minino da fecundidade, com seios e útero exageradamente desenvolvidos ou com muitos seios).
muitos seios).
Essa representação destacava o sentido sagrado da terra e o ciclo da vida, Essa representação destacava o sentido sagrado da terra e o ciclo da vida, da primavera ao inverno (renascer primaveril, maturidade estival e morte da primavera ao inverno (renascer primaveril, maturidade estival e morte inver-nal), com a fertilidade agrária e a fecundidade humana, até sua volta às nal), com a fertilidade agrária e a fecundidade humana, até sua volta às entra-nhas da terra, com a morte, que não é o fim, já que se acredita numa vida além nhas da terra, com a morte, que não é o fim, já que se acredita numa vida além da morte (Na terra – humus – se esconderia a origem e o destino do homem – da morte (Na terra – humus – se esconderia a origem e o destino do homem – homo).
homo).
O cristianismo veio a dar um outro sentido às festas pagãs (pagã = do O cristianismo veio a dar um outro sentido às festas pagãs (pagã = do cam-po), que celebravam as estações do ano, comemorando, nesses dias, os mistérios po), que celebravam as estações do ano, comemorando, nesses dias, os mistérios cristãos (Ex: Em vez de festejar o Deus-Sol no dia primeiro do ano, celebrar a cristãos (Ex: Em vez de festejar o Deus-Sol no dia primeiro do ano, celebrar a Santa Maria, Mãe de Deus).
Santa Maria, Mãe de Deus).
Em todos os povos de religiosidade telú
Em todos os povos de religiosidade telúrica (Egito Antigo, Mesopotâmia, Az-rica (Egito Antigo, Mesopotâmia, Az-tecas, Povos Negros Africanos), a suprema divindade era representada pela Deusa tecas, Povos Negros Africanos), a suprema divindade era representada pela Deusa Terra, simbolizada por uma figura feminina ou, mais comumente, por um animal Terra, simbolizada por uma figura feminina ou, mais comumente, por um animal (teriomorfismo), geralmente a serpente (futuro símbolo dos farmacêuticos, como (teriomorfismo), geralmente a serpente (futuro símbolo dos farmacêuticos, como sinônimo de saúde e vida), o touro ou o cabrito. A veneração originária dos sinônimo de saúde e vida), o touro ou o cabrito. A veneração originária dos deu-ses que
ses que desceradesceram e m e se assentarase assentaram nessas m nessas represrepresentaçõentações es vai se vai se conveconvertendo emrtendo em idolatria.
idolatria.
b) Constante Celeste b) Constante Celeste
Os povos indo-europeus têm a crença num Deus Supremo Celeste, criador Os povos indo-europeus têm a crença num Deus Supremo Celeste, criador de
de todas as todas as coisas e coisas e transtranscendencendente ao te ao mundomundo, , originoriginariameariamente concebido mono-nte concebido mono-teistamente (os nomes dos demais deuses assírio-babilônicos são atribuídos como teistamente (os nomes dos demais deuses assírio-babilônicos são atribuídos como nomes diversos de Marduk, deus principal).
A evolução posterior dessas religiões conduz ao politeísmo, mas no qual há A evolução posterior dessas religiões conduz ao politeísmo, mas no qual há sempre um deus principal entre os muitos que são reconhecidos (12 deuses sempre um deus principal entre os muitos que são reconhecidos (12 deuses su-premos romanos, correspondentes aos 12 gregos; mil deuses hititas; 3 mil deuses premos romanos, correspondentes aos 12 gregos; mil deuses hititas; 3 mil deuses babilônicos; 330 milhões de deuses hindus). Esse deus supremo é concebido na babilônicos; 330 milhões de deuses hindus). Esse deus supremo é concebido na forma mas
forma masculina e como Pai doculina e como Pai dos demais deuses e homens demais deuses e homens (Iu-piter s (Iu-piter romanromano =o = Deus Pai).
Deus Pai).
A suprema divindade das religiões celestes tem no seu nome algum A suprema divindade das religiões celestes tem no seu nome algum ele-mento que dê a idéia de luz, céu, claridade (Deus, lembrando dies = dia). mento que dê a idéia de luz, céu, claridade (Deus, lembrando dies = dia). Ade-mais, há, para o mesmo deus, um nome “terreno” (usado pelos mortais) e um mais, há, para o mesmo deus, um nome “terreno” (usado pelos mortais) e um nome “celeste” (usado pelos deuses).
nome “celeste” (usado pelos deuses).
Enquanto o designativo da suprema divindade telúrica é Grande (pela Enquanto o designativo da suprema divindade telúrica é Grande (pela imensidão da Terra), o da suprema divindade celeste é Altíssima (pela elevação imensidão da Terra), o da suprema divindade celeste é Altíssima (pela elevação aos Céus). Diante da divindade telúrica, surge no homem a sensação do aos Céus). Diante da divindade telúrica, surge no homem a sensação do fasci-nans (atração, emoção, sedução), enquanto a divindade celeste desperta a nans (atração, emoção, sedução), enquanto a divindade celeste desperta a sensa-ção do tremendum (temor, medo e reverência): Se, por um lado, os fenômenos ção do tremendum (temor, medo e reverência): Se, por um lado, os fenômenos metereológicos despertavam nos povos primitivos um temor, por outro, esse metereológicos despertavam nos povos primitivos um temor, por outro, esse po-der divino despertava também segurança e
der divino despertava também segurança e confiança.confiança.
Apesar do antropomorfismo que caracteriza as religiões celestes Apesar do antropomorfismo que caracteriza as religiões celestes (represen-tação humana da divindade), com os deuses sendo retratados em forma corporal tação humana da divindade), com os deuses sendo retratados em forma corporal e com virtudes e defeitos humanos, participando das vicissitudes terrenas e com virtudes e defeitos humanos, participando das vicissitudes terrenas (poe- (poe-mas homéricos), há uma nítida separação entre o celeste e o terreno: o pecado mas homéricos), há uma nítida separação entre o celeste e o terreno: o pecado dos homens é orgulho de querer chegar até o lugar dos deuses (Prometeu na dos homens é orgulho de querer chegar até o lugar dos deuses (Prometeu na mi-tologia grega) ou se tornar imortais (Gilgamesh na mimi-tologia sumério-acadiana). tologia grega) ou se tornar imortais (Gilgamesh na mitologia sumério-acadiana). Daí que o próprio do homem deve ser a humildade (humilis), que tem a mesma Daí que o próprio do homem deve ser a humildade (humilis), que tem a mesma raiz de terra (humus).
raiz de terra (humus).
O símbolo da águia atacando a serpente representará a futura superação O símbolo da águia atacando a serpente representará a futura superação da religiosidade celeste sobre a religiosidade telúrica. Mas, na verdade, as da religiosidade celeste sobre a religiosidade telúrica. Mas, na verdade, as teofani-as (manifestações) dos desuse celestes não será através de animais, mteofani-as de as (manifestações) dos desuse celestes não será através de animais, mas de re-presentações humanas (levando a imaginação de gregos e romanos a verem os presentações humanas (levando a imaginação de gregos e romanos a verem os bosques e em toda a Natureza povoados de ninfas, sátiros e uma miríade de bosques e em toda a Natureza povoados de ninfas, sátiros e uma miríade de semi-deuses).
deuses).
c) Constante Étnico-Política c) Constante Étnico-Política
A constante étnico-política liga-se à identificação entre religião e nação: A constante étnico-política liga-se à identificação entre religião e nação: cada povo tem sua própria religião. São características dessa constante:
cada povo tem sua própria religião. São características dessa constante:
Nacionalismo religioso - confusão entre as origens da religião e da nação (a Nacionalismo religioso - confusão entre as origens da religião e da nação (a religião é a dos antepassados e
Ausência de um fundador conhecido – a origem da religião se perde na Ausência de um fundador conhecido – a origem da religião se perde na noi-te dos noi-tempos (tradição oral, desde as próprias origens do homem e dos primeiros te dos tempos (tradição oral, desde as próprias origens do homem e dos primeiros clãs, tribos e nações).
clãs, tribos e nações).
Coletivismo Religioso – a pessoa se relaciona com a divindade mais como Coletivismo Religioso – a pessoa se relaciona com a divindade mais como membro da comunidade do que como indivíduo (a religião é vista como um dever membro da comunidade do que como indivíduo (a religião é vista como um dever cívico).
cívico).
Pragmatismo religioso – as práticas e rituais religiosos buscam Pragmatismo religioso – as práticas e rituais religiosos buscam primordial-mente a conservação e prosperidade terrena da comunidade, mais do que a mente a conservação e prosperidade terrena da comunidade, mais do que a salva-ção ultraterrena da alma (o
ção ultraterrena da alma (o pecado se confunde com delito pecado se confunde com delito civil civil e deve ser evitadoe deve ser evitado não tanto por ter um castigo eterno, mas por comprometer a segurança da não tanto por ter um castigo eterno, mas por comprometer a segurança da comu-nidade, ao atrair a ira dos deuses).
nidade, ao atrair a ira dos deuses).
Ausência de um corpo doutrinário estruturado - culto basicamente Ausência de um corpo doutrinário estruturado - culto basicamente sacrifi-cial, sendo os sacerdotes apenas ministros do culto e não mestres que ensinam cial, sendo os sacerdotes apenas ministros do culto e não mestres que ensinam uma doutrina salvífica).
uma doutrina salvífica).
Caráter teocrático do Estado - ser cidadão é pertencer à mesma Caráter teocrático do Estado - ser cidadão é pertencer à mesma comunida-de político-religiosa e ter os mesmos comunida-deuses protetores (ser banido do Estado é de político-religiosa e ter os mesmos deuses protetores (ser banido do Estado é fi-car sem pátria e sem deuses).
car sem pátria e sem deuses).
Identificação do governante com a divindade – o monarca é reconhecido Identificação do governante com a divindade – o monarca é reconhecido como filho dos deuses e seu representante na Terra (representado muitas vezes como filho dos deuses e seu representante na Terra (representado muitas vezes pelo Sol: faraós egípcios, imperadores romanos e japoneses, monarcas incas), pelo Sol: faraós egípcios, imperadores romanos e japoneses, monarcas incas), ca-bendo-lhe a intermediação com os deuses (sacerdócio) e a condução bendo-lhe a intermediação com os deuses (sacerdócio) e a condução político-mili-tar da nação.
tar da nação.
Ausência de proselitismo - membros da comunidade são apenas os Ausência de proselitismo - membros da comunidade são apenas os mem-bros da nação (concepção de povo escolhido pelos deuses).
bros da nação (concepção de povo escolhido pelos deuses).
Endogamia familiar ou tribal – casamento, dentro da família real, entre Endogamia familiar ou tribal – casamento, dentro da família real, entre ir-mãos, para manter a pureza divina (nacionalismo de não permitir casamento com mãos, para manter a pureza divina (nacionalismo de não permitir casamento com estrangeiros).
estrangeiros).
Em geral, as religiões celestes são, também, étnico-políticas. Em geral, as religiões celestes são, também, étnico-políticas. d) Constante Mistérica
d) Constante Mistérica
Os mistérios têm suas raízes no telúrico, brotando durante a Idade de Os mistérios têm suas raízes no telúrico, brotando durante a Idade de Bronze e o Neolítico e ressurgindo com a decadência das religiões celestes e Bronze e o Neolítico e ressurgindo com a decadência das religiões celestes e étni-co-políticas (mistérios dionisíacos, órficos, eleusinos, pitagóricos, etc).
co-políticas (mistérios dionisíacos, órficos, eleusinos, pitagóricos, etc). Eram ritos de iniciação que afastavam a pessoa da
Eram ritos de iniciação que afastavam a pessoa da relaçãrelação com o com os demaisos demais mortais e a colocavam num círculo de eleitos, visando à sua união individual com mortais e a colocavam num círculo de eleitos, visando à sua união individual com
a divindade. O sentido da palavra não era de
a divindade. O sentido da palavra não era de algo ocultoalgo oculto, mas, , mas, pelos rituapelos rituais ado-is ado-tados, incompreensíveis e chocantes para os não iniciados, passaram a ser tados, incompreensíveis e chocantes para os não iniciados, passaram a ser ocul-tados, para evitar perseguições.
tados, para evitar perseguições.
Esses rituais, que marcavam o renascimento da pessoa, tinham as Esses rituais, que marcavam o renascimento da pessoa, tinham as seguin-tes constanseguin-tes:
tes constantes:
Introdução da serpente (viva nos começos e depois de metal) no seio do Introdução da serpente (viva nos começos e depois de metal) no seio do ini-ciant
ciante e (sinal de (sinal de consaconsagraçãogração) ) – contato corpor– contato corporal al e íntimo e íntimo com a com a divindadivindade, comode, como símbolo de sua união com ela;
símbolo de sua união com ela;
Omofagia – despedaçar e comer cru ao animal teofânico, para incorporar Omofagia – despedaçar e comer cru ao animal teofânico, para incorporar as virtudes da divindade;
as virtudes da divindade;
Incubação – dormir em contato direto com a terra, para receber dela as Incubação – dormir em contato direto com a terra, para receber dela as vir-tudes curativas e previsoras do futuro;
tudes curativas e previsoras do futuro;
Práticas catárticas – retiros, jejuns, flagelações, abluções, acusação pública Práticas catárticas – retiros, jejuns, flagelações, abluções, acusação pública das próprias faltas, etc.
das próprias faltas, etc.
As características básicas da constante mistérica são: As características básicas da constante mistérica são: Henot
Henoteísmo (hen = principal + theos = eísmo (hen = principal + theos = deus) – união de deus) – união de uma divindade fe-uma divindade fe-minin
minina a principrincipal com pal com um jovem deus um jovem deus inferiinferior, que or, que morrmorre e todos os anos, para todos os anos, para dede novo renascer;
novo renascer;
Divindade Imanente – a união do indivíduo com a divindade se faz pela Divindade Imanente – a união do indivíduo com a divindade se faz pela possessão desta com aquele (danças das bacantes em éxtasis, ou seja, fora de si); possessão desta com aquele (danças das bacantes em éxtasis, ou seja, fora de si); Panteísmo – concepção da divindade como o princípio ativo imanente ao Panteísmo – concepção da divindade como o princípio ativo imanente ao mundo (alma universal);
mundo (alma universal);
Despolitização da Religião – a religião não é a relação da comunidade Despolitização da Religião – a religião não é a relação da comunidade (po-lis) com a divindade, mas a do indivíduo com o seu deus (personalismo);
lis) com a divindade, mas a do indivíduo com o seu deus (personalismo);
Aspiração a uma vida ultratumba – preparação para a vida após a morte, Aspiração a uma vida ultratumba – preparação para a vida após a morte, buscando a purificação nesta vida (c
buscando a purificação nesta vida (conteúdo ético e soteriológico).onteúdo ético e soteriológico). e) Constantes das Religiões Universais
e) Constantes das Religiões Universais
As denominadas religiões universais são aquelas não ligadas As denominadas religiões universais são aquelas não ligadas exclusiva-mente a um povo (étnico-políticas) e que não possuem o substrato das religiões mente a um povo (étnico-políticas) e que não possuem o substrato das religiões primitivas (telúrico-mistéricas), mas que conseguiram uma difusão ampla no primitivas (telúrico-mistéricas), mas que conseguiram uma difusão ampla no tem-po e no espaço (são, principalmente, o Budismo, Islamismo e Cristianismo).
po e no espaço (são, principalmente, o Budismo, Islamismo e Cristianismo). As constantes ou notas comuns dessas religiões são:
Fundador conhecido – têm início conhecido no tempo, fundadas por um Fundador conhecido – têm início conhecido no tempo, fundadas por um personagem histórico;
personagem histórico;
Universalidade da mensagem – são supranacionais, visando estender sua Universalidade da mensagem – são supranacionais, visando estender sua doutrina salvadora ao mundo inteiro (proselitistas);
doutrina salvadora ao mundo inteiro (proselitistas);
Livro Religioso como base da doutrina – sua mensagem básica encontra-se Livro Religioso como base da doutrina – sua mensagem básica encontra-se recolhida em livros sagrados de caráter irreformável, conservados na língua recolhida em livros sagrados de caráter irreformável, conservados na língua origi-nal, ainda que não mais falada (só para a liturgia);
nal, ainda que não mais falada (só para a liturgia);
Vigência Atual – encontradas atualmente nos povos desenvolvidos ou em Vigência Atual – encontradas atualmente nos povos desenvolvidos ou em desenvolvimento.
desenvolvimento.
5. Principais religiões 5. Principais religiões
a) Religiosidade do Homem Paleolítico a) Religiosidade do Homem Paleolítico
Observa-se, desde os primórdios da Humanidade, o costume do homem Observa-se, desde os primórdios da Humanidade, o costume do homem enterrar seus mortos, sendo encontrados túmulos em que os ossos estão enterrar seus mortos, sendo encontrados túmulos em que os ossos estão acompa-nhados por utensílios, o que demonstra a crença na vida
nhados por utensílios, o que demonstra a crença na vida ultraterrena.ultraterrena.
Ademais, as pinturas rupestres encontradas nas Cavernas, representando Ademais, as pinturas rupestres encontradas nas Cavernas, representando animais e cenas de caça, permitem captar o sentido religioso do homem primitivo, animais e cenas de caça, permitem captar o sentido religioso do homem primitivo, que representava a divindade sob forma de animais (constante telúrica), elegendo que representava a divindade sob forma de animais (constante telúrica), elegendo os mais fortes para a sua representação. As cenas de caça poderiam conter a os mais fortes para a sua representação. As cenas de caça poderiam conter a es-perança de que a representação pictórica se tornasse realidade.
perança de que a representação pictórica se tornasse realidade. b) Religião do Egito Antigo
b) Religião do Egito Antigo
Teriomorfismo, politeísmo, idolatria; principais deuses: Ísis (Grande Deusa Teriomorfismo, politeísmo, idolatria; principais deuses: Ísis (Grande Deusa Mãe), Osíris (esposo de Isis e morto por esta, renascia anualmente para fertilizar Mãe), Osíris (esposo de Isis e morto por esta, renascia anualmente para fertilizar as margens do Nilo), Set (irmão de Osíris), Hórus (falcão), Anúbis (cachorro), Ápis as margens do Nilo), Set (irmão de Osíris), Hórus (falcão), Anúbis (cachorro), Ápis (boi) e Tote (ave íbis).
(boi) e Tote (ave íbis).
O faraó Amenófis IV tentou restabelecer o monoteísmo original, O faraó Amenófis IV tentou restabelecer o monoteísmo original, promoven-do o culto promoven-do “Disco Solar”, mas essa reforma religiosa foi afastada depois de sua do o culto do “Disco Solar”, mas essa reforma religiosa foi afastada depois de sua morte.
morte.
A crença na vida ultratumba em parâmetros semelhantes às deste mundo, A crença na vida ultratumba em parâmetros semelhantes às deste mundo, com um julgamento perante o Tribunal de Osíris e a existência de necessidades com um julgamento perante o Tribunal de Osíris e a existência de necessidades materiais, fez com que se desenvolvesse o sepultamento em pirâmides, junto com materiais, fez com que se desenvolvesse o sepultamento em pirâmides, junto com os tesouros dos faraós e a mumificação do cadáver, para que a base material da os tesouros dos faraós e a mumificação do cadáver, para que a base material da
alma não se desfizesse. Construíram grandes templos para o culto de seus alma não se desfizesse. Construíram grandes templos para o culto de seus deu-ses.
ses.
c) Religião da Mesopotâmia c) Religião da Mesopotâmia
Os babilônios e assírios eram politeístas, possuindo mais de 3.300 Os babilônios e assírios eram politeístas, possuindo mais de 3.300 divinda-des. Porém, por cima de todas essas divindades se reconhece a Assur-Marduk des. Porém, por cima de todas essas divindades se reconhece a Assur-Marduk como Deus Supremo (Assur para os assírios e Marduk para os babilônios), sendo como Deus Supremo (Assur para os assírios e Marduk para os babilônios), sendo que todas as demais teriam, na verdade, uma certa identidade com a mesma que todas as demais teriam, na verdade, uma certa identidade com a mesma na-tureza divina (diferentes nomes de um mesmo Deus). Seu culto público se dava tureza divina (diferentes nomes de um mesmo Deus). Seu culto público se dava em pirâmides escalonadas em patamares, denominadas de zigurates.
em pirâmides escalonadas em patamares, denominadas de zigurates. d) Religião Greco-Romana
d) Religião Greco-Romana
Politeísmo antropomórfico, de constante celeste, sendo os principais Politeísmo antropomórfico, de constante celeste, sendo os principais deu-ses os que figuram no quadro comparativo abaixo:
ses os que figuram no quadro comparativo abaixo:
PRINCIPAIS DEUSES GRECO-ROMANOS
PRINCIPAIS DEUSES GRECO-ROMANOS
G
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Pai dos Deuses e Senhor do Trovão
Pai dos Deuses e Senhor do Trovão
H
Heerra
a
JJuunnoo
Rainha dos Deuses, Deusa do Casamento e da Maternidade
Rainha dos Deuses, Deusa do Casamento e da Maternidade
H
Hééssttiia
a
V
Veessttaa
Guardiã da Família e do Lar
Guardiã da Família e do Lar (Irmã mais velha de Zeus)
(Irmã mais velha de Zeus)
Po
Pose
seid
idon
on Ne
Netu
tuno
no
Deus do Mar e dos Rios (Irmão de
Deus do Mar e dos Rios (Irmão de Zeus)
Zeus)
D
Deemé
méte
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C
Cer
ereess
Deusa das Colheitas e da Fertilidade (Irmã de Zeus)
Deusa das Colheitas e da Fertilidade (Irmã de Zeus)
H
Haaddees
s
P
Plluuttããoo
Deus do Mundo Subterrâneo e da Morte (Irmão de Zeus)
Deus do Mundo Subterrâneo e da Morte (Irmão de Zeus)
A
Atteenna
a
M
Miinneerrvvaa
Deusa da Sabedoria e da
Deusa da Sabedoria e da Guerra (Filha de Zeus e Métis)
Guerra (Filha de Zeus e Métis)
A
Arrees
s
M
Maarrttee
Deus da Guerra e da
Deus da Guerra e da Destruição (Filho de Zeus e Hera)
Destruição (Filho de Zeus e Hera)
H
Heeffeessto
to
V
Vuullccaannoo
Deus do Fogo e Ferreiro Aleijado dos Deuses (Irmão de Ares)
Deus do Fogo e Ferreiro Aleijado dos Deuses (Irmão de Ares)
Af
Afro
rodi
dite
te
V
Vên
ênus
us
Deusa da Beleza (Prima de Zeus
Deusa da Beleza (Prima de Zeus e Esposa de Hefesto)
e Esposa de Hefesto)
A
Appoollo
o
A
Appoolloo
Deus do Sol, da Profecia e da
Deus do Sol, da Profecia e da Saúde (Filho de Zeus e Leto)
Saúde (Filho de Zeus e Leto)
A
Arrté
témi
mis
s
D
Diiaannaa
Deusa da Lua e da Caça (Irmã Gêmea de Apolo)
Deusa da Lua e da Caça (Irmã Gêmea de Apolo)
H
Heerrm
mes
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M
Meerrcú
cúrriioo
Mensageiro dos Deuses (Filho de Zeus e Maia)
Mensageiro dos Deuses (Filho de Zeus e Maia)
D
Diioonnííssiio
o
B
Baaccoo
Deus do Vinho e da Vegetação (Filho de Zeus c/uma mortal)
Deus do Vinho e da Vegetação (Filho de Zeus c/uma mortal)
As
Ascl
clép
épio
io
Es
Escu
culá
lápi
pioo Deus da Medicina (filho de Apolo)
Deus da Medicina (filho de Apolo)
U
C
Crroonnuus
s
SSaattuurrnnoo
Deus do Céu e da
Deus do Céu e da Agricultura e Governante dos Titãs.
Agricultura e Governante dos Titãs.
R
Rhheea
a
O
Oppss
Deusa Mãe (Esposa de Cronus)
Deusa Mãe (Esposa de Cronus)
E
Erroos
s
C
Cuuppiiddoo
Deus do Amor
Deus do Amor
H
Hyyppnnoos
s
SSoonnuuss
Deus do Sono
Deus do Sono
G
Geea
a
Teerrrraa
T
Mãe da Terra
Mãe da Terra
T
Têêm
miis
s
T
Têêm
miiss
Deusa da Justiça (segunda mulher de Zeus)
Deusa da Justiça (segunda mulher de Zeus)
P
Paan
n
P
Paann
Deus dos Bosques e das Pastagens
Deus dos Bosques e das Pastagens
Acreditavam na predestinação, procurando ver nos augúrios (vôos de aves Acreditavam na predestinação, procurando ver nos augúrios (vôos de aves ou entranhas de um animal sacrificado) o que estava predestinado pelos deuses. ou entranhas de um animal sacrificado) o que estava predestinado pelos deuses. Concepção fatalista da vida.
Concepção fatalista da vida. e) Religião dos Celtas e dos
e) Religião dos Celtas e dos VikingsVikings
Os Celtas enterravam seus mortos com as armas, comida, roupas e jóias, Os Celtas enterravam seus mortos com as armas, comida, roupas e jóias, na crença de que necessitariam delas na outra vida. Adoravam, além de deuses e na crença de que necessitariam delas na outra vida. Adoravam, além de deuses e deusas, o javali, por sua coragem e ferocidade (tereomorfismo) e as cabeças deusas, o javali, por sua coragem e ferocidade (tereomorfismo) e as cabeças corta-das dos inimigos (fincacorta-das em postes, como sagracorta-das). Os druicorta-das eram os das dos inimigos (fincadas em postes, como sagradas). Os druidas eram os sacer-dotes e magos que dirigiam o
dotes e magos que dirigiam o culto e ensinavam o povo, com poder curandeiro.culto e ensinavam o povo, com poder curandeiro. Os Vikings acreditavam que os deuses viviam no Walhalla (paraíso viking), Os Vikings acreditavam que os deuses viviam no Walhalla (paraíso viking), sendo os principais deuses Odin (Rei dos Deuses), Thor (Deus do Vento, da sendo os principais deuses Odin (Rei dos Deuses), Thor (Deus do Vento, da Chu-va e da Agricultura), Frey (Deus do Casamento e da Fertilidade) e outros. As va e da Agricultura), Frey (Deus do Casamento e da Fertilidade) e outros. As valquírias eram as mulheres enviadas por Odin para conduzir ao paraíso os valquírias eram as mulheres enviadas por Odin para conduzir ao paraíso os guer-reiros mortos em combate. Os deuses vikings eram adorados ao ar livre (não reiros mortos em combate. Os deuses vikings eram adorados ao ar livre (não ti-nham templos).
nham templos).
f) Religião dos Astecas e dos
f) Religião dos Astecas e dos IncasIncas Os
Os Incas eram politeístasIncas eram politeístas, , acredacreditando num itando num Deus Supremo Criador (Vira-Deus Supremo Criador (Vira-cocha
cocha), Pai ), Pai dos demais deuses, homens e dos demais deuses, homens e criatucriaturas. Inti (Deus-Solras. Inti (Deus-Sol) ) deu origem àdeu origem à família real inca. Anualmente, celebrava-se a grande festa do Sol, em que o família real inca. Anualmente, celebrava-se a grande festa do Sol, em que o ani-mal a ser sacrificado (lhama) era levado para as montanhas, com as mensagens mal a ser sacrificado (lhama) era levado para as montanhas, com as mensagens ao Deus, que o rei lhe havia dito ao ouvido. Havia os sacerdotes que cuidavam do ao Deus, que o rei lhe havia dito ao ouvido. Havia os sacerdotes que cuidavam do culto ao longo do ano e as “Virgens do Sol”, que os assistiam. Havia também culto ao longo do ano e as “Virgens do Sol”, que os assistiam. Havia também Quil-la (Deusa-Lua). Os lugares sagrados (huacas) eram tanto os templos, quanto as la (Deusa-Lua). Os lugares sagrados (huacas) eram tanto os templos, quanto as pedras de formato invulgar, túmulos, fontes, colinas e
Já os Astecas possuíram uma religião cruenta de sacrifícios humanos: Já os Astecas possuíram uma religião cruenta de sacrifícios humanos: acreditavam que a manutenção da luz solar dependia do oferecimento de vítimas acreditavam que a manutenção da luz solar dependia do oferecimento de vítimas humanas ao Deus Sol (alimentar os deuses com a “água sagrada”, que seria o humanas ao Deus Sol (alimentar os deuses com a “água sagrada”, que seria o sangue). Sacrificavam milhares de pessoas, quer fossem inimigos capturados nas sangue). Sacrificavam milhares de pessoas, quer fossem inimigos capturados nas guerras, quer fossem crianças preparadas para isso. Arrancavam da vítima o guerras, quer fossem crianças preparadas para isso. Arrancavam da vítima o co-ração ainda batendo, para esfregá-lo na parede do templo. Seus principais deuses ração ainda batendo, para esfregá-lo na parede do templo. Seus principais deuses eram Tonatiuh (Deus do Sol), Tezcatlipoca (Deusa da Noite), Coatlicue (Deusa eram Tonatiuh (Deus do Sol), Tezcatlipoca (Deusa da Noite), Coatlicue (Deusa Mãe Terra), Quetzalcoatl (Deus da Sabedoria), Tlaloc (Deus da Chuva).
Mãe Terra), Quetzalcoatl (Deus da Sabedoria), Tlaloc (Deus da Chuva). g) Hinduísmo
g) Hinduísmo
É a religião nacional do povo indiano (permeia toda a vida do indiano, É a religião nacional do povo indiano (permeia toda a vida do indiano, des-de o levantar-se até o des-deitar-se). O sânscrito (idioma dos escritos sagrados de o levantar-se até o deitar-se). O sânscrito (idioma dos escritos sagrados hin-dus) não tem
dus) não tem uma palavra para designar “religiãouma palavra para designar “religião”: a ”: a palavrpalavra dharma significa aa dharma significa a realida
realidade de totatotal. l. Assim, cabem, dentro do Assim, cabem, dentro do hinduíhinduísmo, as smo, as concconcepções religiosepções religiosas as dede outros povos (Mahatma Gandhi pregava uma síntese de todas as religiões, num outros povos (Mahatma Gandhi pregava uma síntese de todas as religiões, num amálgama sincretista que não excluísse nenhuma).
amálgama sincretista que não excluísse nenhuma). Evolução histórica:
Evolução histórica:
Panteísmo Védico (séc. XII-IX a. C.) – anterior à invasão dos povos Panteísmo Védico (séc. XII-IX a. C.) – anterior à invasão dos povos indoeu-ropeus (Civilização de Harappa), de religiosidade telúrica;
ropeus (Civilização de Harappa), de religiosidade telúrica;
Brahmanismo (séc. IX-II a. C.) – posterior à invasão indoeuropéia, de Brahmanismo (séc. IX-II a. C.) – posterior à invasão indoeuropéia, de religi-osidade mistérica;
osidade mistérica;
Hinduísmo (séc. II a. C. até os dias atuais) – de religiosidade étnico-política, Hinduísmo (séc. II a. C. até os dias atuais) – de religiosidade étnico-política, caracterizada pela aceitação da divisão político-religiosa da sociedade em castas. caracterizada pela aceitação da divisão político-religiosa da sociedade em castas.
Núcleo básico do Hinduísmo: Núcleo básico do Hinduísmo:
Divisão da sociedade em castas (varuna, que designa “casta”, Divisão da sociedade em castas (varuna, que designa “casta”, etimologica-mente significa “cor”: caráter racista da divisão).
mente significa “cor”: caráter racista da divisão). Crença em Brahman (panteísmo).
Crença em Brahman (panteísmo).
“Vedas” como livros sagrados (mais antigos textos religiosos conhecidos). “Vedas” como livros sagrados (mais antigos textos religiosos conhecidos).
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Sistema de Castas e a
Sistema de Castas e a crença na Reencarnação:crença na Reencarnação:
A sociedade indiana está dividida em castas, sendo a explicação A sociedade indiana está dividida em castas, sendo a explicação política-re-ligios
ligiosa a dessa diferencidessa diferenciação explicada pelo ação explicada pelo quadro abaixo (os quadro abaixo (os povos arianopovos arianos s indo- indo-europeus, quando invadem a Índia, submetem a civilização harappiana existente, europeus, quando invadem a Índia, submetem a civilização harappiana existente, fixando as crenças na sociedade estratificada de origem divina):
fixando as crenças na sociedade estratificada de origem divina):
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Cada casta tem seu estatuto próprio (direitos e obrigações). O Cada casta tem seu estatuto próprio (direitos e obrigações). O cumprimen-to fiel das obrigações da própria casta (especialmente as profissionais) permite ao to fiel das obrigações da própria casta (especialmente as profissionais) permite ao indivíduo, após a morte, reencarnar-se numa casta superior, e assim indivíduo, após a morte, reencarnar-se numa casta superior, e assim progressiva-mente, até a purificação total da al
mente, até a purificação total da alma, unindo-se definitivamente a Brahman (já oma, unindo-se definitivamente a Brahman (já o descumprimento desses deveres leva à reencarnação em casta inferior e, descumprimento desses deveres leva à reencarnação em casta inferior e, inclusi-ve, em animal; daí o caráter sagrado das vacas na Índia, que não devem ser ve, em animal; daí o caráter sagrado das vacas na Índia, que não devem ser mor-tas ou molestadas). Uma das proibições é da do casamento fora da casta (deve ser tas ou molestadas). Uma das proibições é da do casamento fora da casta (deve ser endogâmico). As reencarnações seriam exigência da justiça (daí a passividade endogâmico). As reencarnações seriam exigência da justiça (daí a passividade in-diana diante das discriminações de castas).
diana diante das discriminações de castas). Panteísmo e Politeísmo Religioso: Panteísmo e Politeísmo Religioso:
Brahman é a substância básica que deu origem a todos os seres (Princípio Brahman é a substância básica que deu origem a todos os seres (Princípio Universal, o Uno, o Todo, o Absoluto). Tudo o que existe provêm dela, por Universal, o Uno, o Todo, o Absoluto). Tudo o que existe provêm dela, por emana-ção, e, ciclicamente, a ela retorna (a alma inteiramente purificada volta a ção, e, ciclicamente, a ela retorna (a alma inteiramente purificada volta a Brah-man: essa é a aspiração de
man: essa é a aspiração de todo hindu).todo hindu).
Há um ciclo cósmico das emanações da realidade, a partir de Brahman, Há um ciclo cósmico das emanações da realidade, a partir de Brahman, que dura mais de 4 milhões de anos, até tudo retornar a Brahman, havendo, que dura mais de 4 milhões de anos, até tudo retornar a Brahman, havendo, en-tão um novo recomeço.
tão um novo recomeço.
O homem é constituído do kama (“amor” ou “desejo”) e do karma (“ação”, O homem é constituído do kama (“amor” ou “desejo”) e do karma (“ação”, que pode ser boa ou má). Maya (= ilusão) é a realidade aparente (emanada de que pode ser boa ou má). Maya (= ilusão) é a realidade aparente (emanada de Brahman), que atrai o homem e faz com que permaneça na samsara (mundo das Brahman), que atrai o homem e faz com que permaneça na samsara (mundo das
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contínuas mudanças e nuas mudanças e reencareencarnaçrnações), até ões), até que que se se libertliberte e defindefinitivameitivamente nte dessesdesses desejos, através das boas ações.
desejos, através das boas ações.
Os avatares (= descida) são seres nos quais a divindade se encarna Os avatares (= descida) são seres nos quais a divindade se encarna periodi-camente (alguns desses seriam Bud
camente (alguns desses seriam Buda, Ghandi e o próprio Jesus Cristo).a, Ghandi e o próprio Jesus Cristo).
Além de panteísta (confusão entre Deus e o Mundo, sendo o princípio das Além de panteísta (confusão entre Deus e o Mundo, sendo o princípio das coisas imanente ao próprio mundo), o hinduísmo é também politeísta (milhões de coisas imanente ao próprio mundo), o hinduísmo é também politeísta (milhões de deuses, masculinos e femininos) e enoteísta (3 divindades principais: Brahma, deuses, masculinos e femininos) e enoteísta (3 divindades principais: Brahma, Criador do Universo, representado com 4 cabeças; Siva, Transformador do Criador do Universo, representado com 4 cabeças; Siva, Transformador do Uni-verso, representado com 4 braços; e Visnú, Conservador do UniUni-verso, também verso, representado com 4 braços; e Visnú, Conservador do Universo, também re-presentado com 4 braços.
presentado com 4 braços. Ritual:
Ritual:
Os mantras são fórmulas magicamente eficazes (orações tiradas dos textos Os mantras são fórmulas magicamente eficazes (orações tiradas dos textos védicos), que devem ser recitadas com escrupulosa exatidão (postura, ritmo, védicos), que devem ser recitadas com escrupulosa exatidão (postura, ritmo, pro-núncia, melodia e movimentos), para que
núncia, melodia e movimentos), para que tenha perfeito valor ritual.tenha perfeito valor ritual.
Outras formas de união à divindade são o yoga (exercício de ascese) e a Outras formas de união à divindade são o yoga (exercício de ascese) e a bhakti (adoração ou devoção), que, em algumas seitas hindus, degenerou em bhakti (adoração ou devoção), que, em algumas seitas hindus, degenerou em prá-ticas de total dissolução erótica (manifestações sexuais como doação total à ticas de total dissolução erótica (manifestações sexuais como doação total à divin-dade). O
dade). O apaixapaixonamenonamento devocionto devocional, al, calcadcalcado o no sentimentno sentimento e o e não na não na razãorazão, , aca- aca-bará levando a esses dois extremos: a ascese ou a promiscuidade.
bará levando a esses dois extremos: a ascese ou a promiscuidade. h) Confucionismo
h) Confucionismo Confú
Confúcio ou Kung-Fu-Tscio ou Kung-Fu-Tse (551-479 a. e (551-479 a. C.) não foi o C.) não foi o fundafundador de dor de uma novauma nova religião, mas apenas um filósofo (sábio que mais profundamente influiu na religião, mas apenas um filósofo (sábio que mais profundamente influiu na cultu-ra chinesa) que começou seus estudos aos 15 anos, se casou aos 19, teve muitos ra chinesa) que começou seus estudos aos 15 anos, se casou aos 19, teve muitos filhos e se dedicou, a partir dos 22 anos, a ensinar e a fazer carreira política como filhos e se dedicou, a partir dos 22 anos, a ensinar e a fazer carreira política como conselheiro de reis chineses. Sabia-se um homem sujeito a erros (como reconhece conselheiro de reis chineses. Sabia-se um homem sujeito a erros (como reconhece em seu livro “Analecta”). Passou, no entanto, a ser cultuado e divinizado vários em seu livro “Analecta”). Passou, no entanto, a ser cultuado e divinizado vários séculos após a sua morte.
séculos após a sua morte.
O confucionismo não é uma religião, mas apenas um sistema ético, de O confucionismo não é uma religião, mas apenas um sistema ético, de ca-ráter pragmático e não teórico. Não visa ao aperfeiçoamento pessoal, mas
ráter pragmático e não teórico. Não visa ao aperfeiçoamento pessoal, mas consisteconsiste numa doutrina política de como devem ser e comportar-se os governantes e numa doutrina política de como devem ser e comportar-se os governantes e súdi-tos, de
tos, de modo a modo a harmoharmonizar o nizar o convconvívio social (norma básica: “O ívio social (norma básica: “O que não quiseresque não quiseres para ti, não o faças aos demais”).
para ti, não o faças aos demais”).
Toda a ética confuciana parte das “cinco relações” ou deveres de cada Toda a ética confuciana parte das “cinco relações” ou deveres de cada ho-mem (tradição chinesa antiquíssima):
mem (tradição chinesa antiquíssima):
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