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Consegue descrever o futebol português de uma forma geral e sucinta? Se as nossas equipas apresentam alguma característica

ENTREVISTA AO COORDENADOR DA FORMAÇÃO DAS SELECÇÕES NACIONAIS AGOSTINHO OLIVEIRA

H: Consegue descrever o futebol português de uma forma geral e sucinta? Se as nossas equipas apresentam alguma característica

especifica

As “nossas”, selecção? H: Sim

Ora bem, eu acho que é preciso fazer um bocadinho de história, fazer um aproveitamento dessas história e logicamente fazer uma localização daquilo que é o sentido possível daquilo que é o modelo. Eu neste momento até tenho um trabalho sobre a área de modelação da federação em que aplico um modelo bastante forte. Já um bocado da verbalidade actual e baseado nas transições nos princípios, etc.

Ora bem, há uma realidade que de alguma maneira eu tive a oportunidade e a felicidade de pertencer que foi a discussão da melhor maneira de fazermos o aproveitamento do jogador nacional. Ou seja, o jogador nacional tinha determinadas características, éramos capazes de não estar confinados aos anglo-saxónicos nem uma maturação de ordem táctica tão forte quanto, por exemplo, os italianos ou até aquelas reminiscências que os espanhóis vem colidindo porque os espanhóis jogam num 4x4x2 porque desde o berço qualquer equipa espanhola, a não ser em determinadas alturas o Barcelona, porque a riqueza técnico individual dos jogadores dá para criar outro tipo de modelo mais assente na criatividade, no aproveitamento dessa mesma criatividade, no 1x1, nos desequilíbrios, etc. Todo o resto e quando a gente fala no catenacio italiano e tudo aquilo que eles aproveitaram de uma sólida defesa

e depois o partir num âmbito de misto entre a qualidade técnica e o lançamento mais tenso e mais comprido… nós estávamos rigorosamente, ora isto… estou a regressar há vinte anos e qualquer coisa atrás quando o Carlos, mais ou menos, ficou à frente dos destinos das selecções e eu tive a oportunidade de ser convidado, já em oitenta e nove, para fazer a análise aqui do Norte e depois posteriormente ser convidado para participar e para trabalhar com a Federação Portuguesa de Futebol. Eu estava aqui no Braga, era coordenador da Associação de Futebol de Braga e tinha conhecido o Carlos num curso de treinadores anterior e então tive a oportunidade de fazer parte do grupo e de fazer uma discussão profunda sobre o que é que a gente pretendia. Entrando na funcionalidade do teor, ou seja, o que é que a gente pretendia? Era construir uma estrutura que se adaptasse à realidade do jogador português. Essa da realidade qual era? Podíamos falar de em termos ofensivos termos determinada consistência ofensiva, pelo menos por dentro. Termos rapazinhos nas alas rápidos e com sentido de profundidade ofensiva bastante forte, até porque normalmente tínhamos qualidade. Duas alas também muito velozes, rápidas e numa primeira fase, quase que tentamos andar a regressar a ela, em que tínhamos 3 homens na frente rápidos com teor técnico-individual bastante forte e começar a derivar nos sentidos das alas e tudo aquilo fosse em turbilhão, ou seja, houvesse possibilidades de confundir muitas vezes o adversário porque o posicionamento não era muito claro, não era muito definido e então rodávamos, rodávamos, e aquelas coisas todas próprias para.

Muito bem, então estávamos naquela fase em que alguns dos ícones portugueses do treino falavam da falta dos 30 metros. Que faltavam 30 metros, que íamos bem até ali e tal. Então para que isso acontecesse nós começamos a estabilizar um bocadinho geograficamente ou posicionalmente o jogador no terreno. Tínhamos quatro defesas, três médios, um com teor para os desequilíbrios mais defensivos, às vezes o triângulo invertia-se, 2:1, 1:2, com dois médios mais fluentes quando tínhamos uma equipa que não era, se calhar era fácil, hipoteticamente, de vencer. Alguns cuidados defensivos com os dois médios mais um ofensivo, quando nos confrontávamos com uma equipa mais forte. Na frente três homens, muita velocidade nas alas e um ponta-de-lança,

como não era… não tínhamos o poste, um individuo alto, mas andamos sempre à procura dele, sempre, sempre, não tínhamos então normalmente era um indivíduo que também era rápido, se pudesse conjugar as duas vertentes melhor, caso contrário também era um indivíduo capaz de incluir-se numa ala e depois quando tivesse na ala fazia o trabalho que tinha a fazer na ala, o trabalho táctico que tinha a fazer na ala e o outro passava a ponta-de-lança e isso continuava.

Foi isto a grande base que iniciou de alguma maneira o projecto estrutural das selecções nacionais. A partir daí, a partir dessa altura mais ou menos começamos a trabalhar sempre baseados naquilo que tínhamos entendido independentemente de numa ou outra situação criarem-se alternativas dentro do próprio jogo. Ou na aproximação do segundo ponta-de- lança que também tinha um trabalho um bocado mais defensivo, mas ficávamos sempre assim com um ponta-de-lança mais ou menos escondido que eu costumo dizer que não é nove nem dez, é nove e trinta e cinco. Andava ali entre as duas áreas, os dois modelos e prontos, passávamos um bocadinho de problemas porque os nossos alas tradicionalmente eram alas mais de profundidade do que trabalho táctico e alas, médios-alas, tinham essa dificuldade. Mas foi a partir daí que nós começamos a dar configuração e consistência ao modelo…

H: …com base naqueles jogadores, daquela geração…

Não, penso que de alguma maneira era pensar nas características que eram globalizantes. Indivíduos rápidos, baixinhos, com bom ponto gravitacional, a cinta, a romper bem, a desequilibrarem bem, a darem profundidade. A fazerem aquele tal trabalho de rotina, que tinha a ver com o trabalho de recuo, os médios internos a saber que tinham de fazer diagonais faziam, e daí saíram aquelas nossas célebres jogadas, a 1 a 2 a 3a, 3b, 3c a 4a e 4b e a 5 que tradicionalmente era a circulação de bola, pronto muito bem. Foi aí que começamos a dar essa consistência, começamos a rotinar, se quiseres, a sistematizar determinadas atitudes em rotina no jogo e no treino

para que pudessem mais ou menos, pronto. Esse tipo de trabalho com a coerência que era sobreposto, rotinas consistentes e coerente e contínuas, começamos a trabalhar o nosso modelo.

H: Continuando, quais é que considera serem as particularidades

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