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Selecção Nacional : necessidade de um projecto para a formação

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(1)Selecção Nacional: necessidade de um projecto para a formação.. Henrique Andrade da Rocha. Porto, Dezembro 2008.

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(3) Selecção Nacional: necessidade de um projecto para a formação.. Henrique Andrade da Rocha. Porto, Dezembro 2008.

(4) Rocha, H. (2008). Selecção Nacional: que identidade (colectiva) formar? Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.. PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL; SELECÇÃO NACIONAL; MODELO DE JOGO; MODELO DE JOGADOR..

(5) Agradecimentos. AGRADECIMENTOS Este momento, de final de curso, assume-se como um marco na minha vida, pelo que não posso deixar de demonstrar a minha gratidão para com aquelas pessoas que comigo deram «passos» importantes. Ao meu orientador, por me «obrigar» a caminhar, e não me levar ao objectivo deste trabalho, Ao meu entrevistado, pela considerável disponibilidade que demonstrou, Ao «Rocha» e à mãe, pela confiança e incentivo, Aos manos, porque são os meus manos, À abó e madrinha, porque sempre foi «muito amiga», À tia Fati, por toda a ajuda que disponibilizou, Aos amigos que entraram nesta monografia, de forma mais ou menos directa: Ângelo, Andrézinho, Luís “Menotti”, ao Johnny e ao Nuno “animal”, Aos marcoenses Toninho e Vany, Aos colegas de estágio, Jorge e Daniel, E a si, que demonstra interesse em ler o meu trabalho…. …Muito Obrigado!. I..

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(7) Índice. Índice AGRADECIMENTOS. I. RESUMO. V. ABSTRACT. VII. 1.. INTRODUÇÃO. 1. 2.. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 5. 2.1. A nossa Selecção ................................................................................................................ 5 2.2. A importância de um Modelo de Jogo............................................................................... 7 2.2.1.. A construção do Modelo de Jogo. 10. 2.3. Modelo de Jogador, Modelo de Treinador e um Modelo de Treino .............................. 13 2.4. Modelo de Formação ......................................................................................................... 16 2.4.1.. Dificuldades na implementação do Modelo de Jogo na Formação. 17. 2.5. Selecção dos Talentos. ..................................................................................................... 19 3.. OBJECTIVOS. 23. 4.. MATERIAL E MÉTODOS. 25. 4.1 Metodologia de Investigação ............................................................................................. 25 4.2 Recolha de Dados ............................................................................................................... 25 5.. APRESENTAÇAO E DISCUSSÃO DOS DADOS. 27. 5.1. A Selecção Nacional é um contexto particular .............................................................. 27 5.2. O Modelo de Jogo Português ........................................................................................... 30 5.2.1.. O inicio. 30. 5.2.2.. O Jogador português. 31. 5.2.3.. A escolha dos Jogadores. 34. 5.2.4.. O estilo português. 35. 5.3. A continuidade de jogadores, treinadores e do estilo Nacional .................................. 37 5.4. È necessária Sincronia da Federação com os clubes e Associações......................... 39 5.4.1.. Os Clubes. 39. 5.4.2.. Com as Associações. 43. 5.5. Modelo de Treino ............................................................................................................... 44 5.6. A necessidade da Formação, pois não se pode comprar ............................................. 46 6.. CONSIDERAÇÕES FINAIS. 49. 7.. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 51. 8.. ANEXOS. I.

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(9) Resumo. RESUMO Ter uma Selecção Nacional a jogar como equipa é mais do que juntar os melhores jogadores da mesma nacionalidade. É necessário que estes jogadores actuem como equipa, dotando-os de uma organização colectiva. Um jogador pode percorrer vários escalões da Selecção Nacional, pelo que se todas as Selecções tiverem identidade comum, este caminho será melhor realizado, permitindo ainda identificar jogadores com o perfil que sirva as ideias de jogo, comuns a todos os escalões. Considerando a Selecção um contexto particular, os objectivos presos à realização deste trabalho passam por i) aferir a existência de um estilo de jogo e de jogador nacionais, que se assumam como identidade nacional; ii) perceber a singularidade do contexto Selecção; iii) definir como são potenciadas as características dos «nossos» jogadores, quer ao nível de ideias de jogo, quer ao nível de treino; iv) entender qual a base das opções de um Seleccionador Nacional; v) identificar a existência de um Modelo de Jogo utilizado nas Selecções portuguesas como «farol» orientador de todo o processo de formação. Tendo como metodologia a entrevista realizada ao coordenador dos escalões de formação da Selecção Nacional, o estudo permitiu considerar que a) no contexto Selecção existe a possibilidade de escolher os melhores jogadores da nacionalidade portuguesa, mas onde o tempo de reunião é normalmente reduzido; b) existirá um «Projecto Modelar» que servirá de referencial de actuação e terá em consideração diversos factores como a história das Selecções, características dos seus jogadores, assim como as tendências de jogo apresentadas pelos clubes que fornecem jogadores à Selecção; c) as decisões dos seleccionadores nacionais deverão ser coerentes com a ideia de jogo proposta pela Federação Portuguesa de Futebol; d) os escalões de formação têm em vista a inclusão dos jogadores na equipa principal, dotando as suas equipas de uma identidade comum. Palavras-chave:. FUTEBOL; SELECÇÃO NACIONAL; MODELO. DE JOGO; MODELO DE JOGADOR.. V..

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(11) Abstract. ABSTRACT To engage a National Team to play as one team it´s more than having the best players of the same nationality playing together. It is necessary that they act like a team, and for that it is required that they acquire a collective organization. A player can perform in several age bands of the National Team so, if a similar identity is preserved, allowing the players to be chosen according to the profile of the game model, this path will be eased up. Considering the National Team a particular framework, the goals promoted by this paper are i) assess the existence of a national game and player profile, assuming it as national identities; ii) realize the singularity of the National Team Framework; iii) define how the “our” players´ characteristics are enhanced, both at game´s concept level and training level; iv) recognize the basis of the National Coach´s options; v) identify the existence of a Game Model, used in the National Teams as a guideline for all the development process. The study performed, basing the methodology on the interview performed to the National Team Development Coordinator, allowed to realize that: a) the. National Team has the possibility to choose the best. Portuguese players, but the gathering moments are always limited; b) the “Projecto Modelar”. will be created to be the guideline of. performance and will consider different parameters as history of National Teams, players characteristics and also game tendencies presented by the clubs that provide players to the National Team; c) National Coaches decisions must be coherent with the game´s concept. proposed. by. the. national. organism. ("Federação. Portuguesa de Futebol”); d) developing younger age bands aims to include players in Portugal´s main team, enabling their teams of a common identity. Key-Words: FOOTBALL; NATIONAL TEAM; GAME MODEL; PLAYER MODEL. VII..

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(13) Introdução. 1. No. INTRODUÇÃO meu. percurso. universitário. fui. aprendendo. a. estabelecer. comunicação com a realidade que me rodeia. Com a tarefa de realizar o centro de treino no 4º ano, a faculdade tenta colocar-nos no seio do mundo onde os problemas nos vão surgindo. As metodologias aprendidas seriam as nossas armas para que conseguíssemos ser melhores sucedidos. Com os primeiros ensinamentos que recebi, na ainda FCDEF, considerava que para iniciar a época deveria realizar uns testes da condição física dos jogadores, determinar o mês em que iria acontecer o pico de forma, e em seguida periodizar o treino de modo a que tal acontecesse. Assim! Fácil, onde a única aleatoriedade para o sucesso seria acertar no mês certo para atingir o pico de forma. Mais tarde comecei a equacionar o fenómeno do Futebol como algo mais complexo, em que o rendimento é constituído por mais componentes, físico, psicológico, técnico, táctico, etc. Todos estes factores não podem ser alienados do treino, surgindo em mim as primeiras noções do treino integrado. Treinar todas essas componentes era por mim já afirmado como condição obrigatória, e a introdução da bola nos treinos, parecia tornar os exercícios mais específicos. Porém era um exercício específico para a técnica, um exercício específico para a condição aeróbia, etc. Como tinha a bola, ou respeitava os estudos de caracterização do esforço específico do futebol, era específico. Mais tarde, com a «Periodização Táctica» aprendi melhor a noção de Especificidade, e desde logo entendi que as componentes deveriam todas ser elementos objectivável no treino, mas não de forma separada. Todas ao mesmo tempo, no mesmo momento de exercitação. O mesmo exercício era técnico, físico, porque não treinávamos sentados, era psicológico, era a contemplação do homem nas suas distintas, mas não dissociáveis, dimensões. Segundo Frade (2004), esta contemplação das diferentes dimensões faz emergir a táctica como uma Supra-dimensão. Quando estruturamos o treino em função dos padrões de comportamento que desejamos para a nossa. 1.

(14) Introdução. equipa, os nossos exercícios estarão a contemplar as diversas dimensões especificamente, isto é, apesar de não ser o nosso objectivo principal, o físico, o psicológico, o técnico, também fazem parte do treino, e deste modo estarão a ser recrutados no regime mais específico para a organização colectiva que desejamos. Pois nada será mais específico para o que desejamos, do que realizar precisamente o que desejamos. Deste modo, a forma do jogador/equipa não é definida para um momento específico da época, pois segundo a Periodização Táctica não são considerados picos de forma (Frade, 2004). Em 2006, no segundo semestre do meu 3º ano tive a sorte de ir num programa de intercâmbio para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Lá frequentei as aulas de Futebol e ainda consegui que me fosse facilitada a presença nos treinos do Internacional de Portalegre, clube que realizou uma excelente. época. desportiva,. vencendo. a. Copa. dos. Libertadores. e,. posteriormente a taça intercontinental frente ao Barcelona, do tão idolatrado Ronaldinho. Durante as aulas de Futebol que fui tendo na Faculdade de lá muita da atenção do professor era para mim, principalmente porque eu falava de um tal José Mourinho, desconhecido por todos da turma! Quando, comecei a explicar aos aficionados de Bompa, Weineck, Matweiev, como era José Mourinho, um vencedor que já havia conquistado a taça UEFA, a liga dos Campeões, etc, foi quando me questionaram: “se é assim tão bom, porque é que vocês levaram o nosso «Filipão»?” ora, a minha resposta foi de que possivelmente não é um trabalho que o atraía muito nesta fase da sua carreira, pois não existe o trabalho diário. Não acharam que era uma boa desculpa, até porque o preparador físico do Internacional era em simultâneo da Selecção brasileira, o famoso Paulo Paixão. Tinha já na minha cabeça que o processo de treino numa Selecção não seria igual ao do clube e começaram as dúvidas. Assim defino como objecto do meu trabalho as Selecções nacionais, procurando entender as decisões de um treinador nesse contexto particular.. 2.

(15) Introdução. O trabalho será composto por uma revisão bibliográfica, onde procuro encontrar estudos sobre a temática da Selecção, assim como encontrar referencias sobre o processo de construção de equipa. Neste capítulo será definido como objectivo do estudo aferir a existência de um estilo de jogo e de jogador que se assume como identidade nacional; perceber a singularidade do contexto Selecção; definir como são potenciadas as características dos «nossos» jogadores, quer ao nível de ideias de jogo, quer ao nível de treino; entender qual a base das opções de um Seleccionador Nacional; identificar a existência de um Modelo de Jogo utilizado nas Selecções portuguesas como «farol» orientador de todo o processo de formação. Após definidos os objectivos, são escolhidos e definidos os materiais e métodos a utilizar para recolher os dados desejados. Segue-se a fase de análise e discussão dos resultados, de onde posteriormente podermos elaborar o nosso próximo capítulo das considerações finais. Por fim apresentamos a revisão bibliográfica de qual nos socorremos, e ainda em anexo a entrevista realizada. Partimos para este trabalho sem o objectivo de obter respostas universais, mas sim as mais contextualizadas ao meu problema pois essas parecem-me as mais acertadas. Procuraremos atender à singularidade do processo das Selecções pois será retratada a singularidade do seu jogo.. 3.

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(17) Revisão Bibliográfica. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. A nossa Selecção “Quando os treinadores eram menos importantes, as Selecções se pareciam mais com o seu país” Valdano, 1998.. A Selecção Nacional, “equipa de todos nós”, é a equipa que nos representa, pois através do futebol será possível conhecer um povo, como refere G. Haldas (1981 in Costa 2004:56) ”é possível fazer juízo sobre o temperamento de um povo, sobre a sua mentalidade e até sobre a sua história só pela maneira como os seus representantes, actuando numa equipa Nacional, se comportam num campo de futebol”. Na mesma linha Costa completa dizendo “os jogadores são, no terreno, uma imagem do seu povo” (Costa 2004:59). É comum associar-se, empiricamente, um estilo de jogo a um determinado país, como o exemplo da Itália, com bloco baixo e transições rápidas em profundidade, ou o Brasil com um jogo apoiado, fortes no 1x1. E a Selecção portuguesa? Costa (2004:59) considera que cada povo tem estilos distintos: “Os portugueses não jogam como os alemães. Os brasileiros não jogam como os europeus, etc.” Embora sejamos diferentes dos alemães, isso não nos identifica. Costa (2004:60) diz que “somos os brasileiros da Europa como no Brasil o futebol tem técnica, criatividade e imaginação”. Sugerindo aqui uma semelhança com o futebol brasileiro. Recentemente, Queiroz (2008a), seleccionador Nacional, refere que durante o jogo desejava “ver Portugal impor o seu estilo de jogo, o seu sistema, os seus valores”, levando-nos a questionar de novo, qual é esse estilo português? Estudando as Selecções nacionais, Ribeiro (1999) interrogou os treinadores nacionais Rui Caçador e Agostinho Oliveira e observou dois jogos das Selecções sub-17, sub-18, sub-20 e equipa A. Concluiu que existe uma coerência entre as equipas nacionais quanto à organização defensiva e ao jogo. 5.

(18) Revisão Bibliográfica. ofensivo. Deste modo o autor percebeu que as equipas portuguesas que as equipas portugueses demonstram comportamentos semelhantes entre si, sendo que utilizam preferencialmente o ataque rápido, isto é, com uma rápida transição da bola para as zonas de finalização, com a fase de finalização a ser mais elaborada que no caso de contra ataque, acontecendo a organização da equipa adversária (Castelo, 1996). Esta coerência entre os diversos escalões leva-nos a considerar as palavras de Pinto (1996:53) quando refere que “cada equipa ganha uma identidade própria que lhe advém de uma cultura organizacional específica” e que “é essa existência de uma idêntica cultura organizacional específica que distingue duas equipas diferentes”, ou assemelha outras. Essa identidade de equipa é como o “ADN” de uma equipa. Todos os seres humanos tem ADN com os mesmos componentes, porém todos somos distintos, pois todos apresentamos organizações de ADN distintas. Pareceunos pertinente estudar o caso da Selecção Portuguesa, investigando os «cromossomas» que a constituem, e em que organização se encontraram para obter o «todo». Para Michels, antigo formador das escolas do Ajax, (in Kormelink & Seeverens 1997:5) “a cultura do clube é melhor expressa no modo de jogar”, sendo o modo de jogar o «todo» resultante da organização das partes que procuramos identificar. Parece-nos legítimo questionar se as gerações que agora, em 2008, vestem a camisola das quinas, ainda se comportam de forma semelhante ao diagnosticado por Ribeiro em 1999, há quase 10 anos atrás. Analisando o historial de seleccionadores da FPF, pode-se verificar que, nos últimos 20 anos, os seleccionadores nacionais, na equipa A, têm um período de permanência que não ultrapassa os 2 anos, com a excepção de Luís Filipe Scolari que teve um período prolongado por 6 anos, levando a considerar que com a alteração “constante” de seleccionadores, o estilo de jogo possa, eventualmente também ser alterado. Como alerta Bento, (2001:25) “cada treinador tem a sua filosofia e um sistema de jogo que quer que a sua equipa pratique.”. 6.

(19) Revisão Bibliográfica. 2.2. A importância de um Modelo de Jogo A equipa que o seleccionador tem que criar será tão mais forte quanto mais conseguir funcionar como um «todo», e não pelas capacidades individuais que contém, até porque como diz Michels (in Kormelink & Seeverens 1997:7) o processo moderno de Team Building (construção de equipa) exige jogadores que, “com todas as suas habilidades, estão dispostos a jogar eficazmente ao serviço da equipa como um todo”. Baseando-nos na perspectiva da complexidade apresentada por Edgar Morin (2003), quando equacionamos a equipa, teremos de a entender como um «todo» constituído por diferentes partes - os jogadores, e não considerar os jogadores isoladamente. Potenciar a capacidade de cada uma das partes (jogador) isoladamente é cair num reducionismo enganador, uma vez que o jogador não se expressa separado dos restantes companheiros de equipa. Formar uma equipa não se apresenta como um processo simples, menos o é no caso das Selecções, pois aí o treinador não tem tempo para sistematizar as suas ideias da mesma forma que o treinador nos clubes tendo de lidar com a possível variabilidade de culturas tácticas que os jogadores transportam consigo. No seu estudo, Alves (2006) pesquisou sobre as congruências entre Selecção e clube, chegando à conclusão que pouca comunicação existe. Contudo verificou uma preocupação com o binómio esforço/recuperação dos jogadores, mas os hábitos metodológicos do clube não são levados em consideração. O jogador não chega às mãos dos treinadores nacionais como uma «tábua rasa», isto é, são «apanhados» a meio dos processos de treino das respectivas equipas e que, para além de poderem contemplar diferentes metodologias de treino, podem incluir também diferentes entendimentos de jogo. Costa, P. (2006:66) considera que no momento de construção de uma equipa temos de considerar que “os jogadores estão «amarrados» a préconceitos que foram sendo consolidados em experiências anteriores, como tal, o ponto de vista sobre o «jogar» de cada um dos jogadores que compões a. 7.

(20) Revisão Bibliográfica. equipa é diverso”. O que nos leva a pensar que a leitura de um dado momento de jogo irá ser influenciado pelas experiencias anteriores vividas pelos jogadores (Garganta & Cunha e Silva, 2000). Assim, o problema ganha relevo pois o seleccionador Nacional tem na sua realidade, muito provavelmente, jogadores com distinto entendimento de jogo e tem como função formar uma equipa. O seleccionador nacional deseja construir uma equipa, mas a equipa será mais que juntar as partes, os jogadores. O seleccionador necessita de juntar os jogadores em função de um objectivo, com determinada organização. Para melhor entendimento, e servindo-nos de Von Bertalanfly (1977 in Frade, 1990:3) por este definir um sistema em «complexos elementos em interacção», sendo por isso legítimo considerar uma equipa um sistema. Os jogadores são elementos complexos e que se encontram em interacção. No seguimento desta visão, Morin (2003) na sua teoria da complexidade refere que o todo é mais que a soma de todas as partes, pois é o todo, o sistema, a equipa, será o resultado da relação das diferentes partes. O resultado dessas interacções de cooperação dos jogadores apresenta-se como o «jogar» da equipa. A identidade da equipa que o seleccionador criar, será o resultado da forma como os jogadores interagirem entre si. E como irá então o seleccionador Nacional conseguir construir uma organização colectiva? Entendemos que a função do treinador, durante o processo, passa por intervir sobre a forma como essas interacções acontecem (Campos, 2008). Garganta. (2004:230). salienta. que. “uma. equipa. é. um. concerto. de. cumplicidades, expressa na vinculação de uma visão, a um modelo, a um ideal”, sendo a equipa a união de todos os jogadores em função de algo. Há então a necessidade de condicionar as interacções existentes entre os jogadores, de forma a obtermos o resultado pretendido. O seleccionador funcionará como um cozinheiro, que junta ingredientes em função do prato que deseja obter no final. O cozinheiro como guia utiliza a uma receita, enquanto no futebol, o treinador/seleccionador deve ter um Modelo.. 8.

(21) Revisão Bibliográfica. No dicionário de língua portuguesa MODELO tem como definição, ”imagem ou desenho que representa o objecto que se pretende reproduzir esculpindo, pintando ou desenhando” ao que, neste caso, poderíamos acrescentar jogando. Mas esta definição ainda tem mais uma descrição interessante pois modelo é um “esquema teórico em matéria científica representativo de um comportamento, de um fenómeno ou conjunto de fenómenos”, encaixando naquilo que um treinador deseja ver os seus jogadores realizar durante o jogo. Na continuação desta ideia, Resende (2002:22) refere que “as decisões/comportamentos dos jogadores, durante o jogo, não podem acontecer de forma casual, mas ter por base certos princípios, que farão com que a equipa actue com uma lógica interna de funcionamento”. Para que os comportamentos dos jogadores não aconteçam de forma alheia, concordamos que exista um Modelo de Jogo a ter como referência que determine todas as relações dos jogadores, concorrendo para a organização colectiva desejada. Mourinho (2002) considera que “o mais importante numa equipa é ter um Modelo de Jogo, um conjunto de princípios que dêem organização à equipa”. Neste contexto Teodorescu (1984:164) entende que construir uma equipa “Trata-se, portanto, da realização de «modelo» de jogo, que reproduza o sistema de relações e inter-relações entre os jogadores da própria equipa (entre as suas acções), o qual funcione adaptado à relação de adversidade concretizada no sistema de relações constituído, por sua vez, pela equipa adversária”. Construir uma equipa, assume-se como “controlar” as interacções que os jogadores estabelecem entre si, confinando a um objectivo comum, o Modelo de Jogo. Frade (1985:14) refere: “Uma interacção é o que faz com que um fragmento de matéria não seja insensível à presença de outro” pelo que o comportamento de um indivíduo é uma acção que tem influência sobre o colega de equipa, pelo que deve obedecer a um padrão definido pelo treinador/seleccionador.. 9.

(22) Revisão Bibliográfica. 2.2.1. A construção do Modelo de Jogo Consideramos ser importante que a tarefa primeira do treinador seja construir o Modelo de jogo para a sua equipa, pois este será o orientador de todo o processo de treino (Carvalhal 2001). Frade (2000) refere “Futebol é um saber fazer, é um hábito que se adquire na acção” e como tal, para que os jogadores realizem os comportamentos desejados, consciente ou inconscientemente, estes (os comportamentos) terão de ser treinados, sistematizados. Concordamos com o anteriormente referido, contudo, aqui reside o principal problema que um seleccionador encontra, pois os períodos de concentração com os jogadores são bastante reduzidos no tempo de duração condicionando a tarefa de implementar o seu Modelo de Jogo. Segundo Teodorescu (1984:190), para o seleccionador Nacional a maior dificuldade é de ter de “realizar num espaço de tempo aquilo que num clube se consegue após vários anos de trabalho, isto é, uma equipa”. Numa Selecção as fases de preparação não são homogéneas, podendo ser de curta ou longa duração, apresentando diferentes objectivos nos distintos momentos (Teodorescu, 1984). A mesma ideia foi concluída por Rodrigues (1997), pois os seleccionadores questionados afirmam que períodos menos de 1 mês se tornam insuficientes, pois em períodos de 5 semanas tem conteúdos que não são contemplados em períodos de menor duração. Como o período de tempo é reduzido, o treinador tem de fazer opções para desenvolver o Modelo de Jogo. Teodorescu (1984: 191) sugere que sejam seleccionados aqueles que se encontram “mais em forma”, contudo de pronto alerta que é uma opção “insegura” pois “a presença de individualidades bem definidas não garante a realização de uma verdadeira equipa, com as aquisições funcionais necessárias à luta colectiva”. O autor (1984) em questão parece concordar connosco no sentido de escolher jogadores em forma, não garante a formação de uma equipa. Existe a necessidade dos elementos interagirem entre eles de forma a se apresentarem como equipa e assim responder às necessidades do jogo.. 10.

(23) Revisão Bibliográfica. No nosso entendimento, no momento de seleccionar os jogadores o treinador deve ter como fundamento o «todo» que deseja atingir, A escolha dos jogadores não deve ser feita em vão, uma vez que a relação é a possibilidade de comunicação entre as partes. Ao considerarmos uma equipa como um conjunto de «partes» em interacção, assumimos que alterando uma parte, as restantes são sensíveis a essa mudança, alterando também o «todo» final. O mesmo autor (1985:15) completa: “Todas as partes tem um papel a desempenhar. Mesmo alterar apenas um dos elementos pode, às vezes, ter consequências completamente inesperadas.” Assim sendo, a integração de um elemento na nossa equipa terá efeitos mais ou menos desejados, mas é certo é que terá influência sobre os restantes. Teodorescu (1984:191), quanto à questão de Selecção de jogadores para uma equipa Nacional deve acontecer de acordo com a “orientação geral do jogo colectivo (táctica especial), em função de diversos critérios como a especificidade dos adversários e das particularidades dos próprios jogadores; as qualidades motoras e perspectiva do seu desenvolvimento; a duração da preparação”. Para o mesmo autor (1984), se nos encontrarmos perante uma equipa que nos permita estar mais tempo no momento ofensivo, os jogadores escolhidos devem apresentar qualidades ofensivas, caso o caso se inverta, isto é, a equipa contrária ser aquela que costuma ter mais posse de bola, os nossos jogadores serão escolhidos por apresentarem melhores qualidades defensivas. No caso da equipa adversária ser desconhecida o treinador deverá estabelecer medidas de prevenção. Concordamos com Teodorescu (1984) conclui que o importante é ter uma orientação táctica de jogo e consequentemente seleccionar os jogadores que melhore se adaptem à táctica preconizada, porém colocamos algumas dúvidas quanto ao alterar os nossos comportamentos dependendo do adversário que se apresenta. Parece-nos que o ideal será o treinador estabelecer uma ideia de jogo, um Modelo de Jogo, e seleccionar os jogadores que satisfaçam esse modelo.. 11.

(24) Revisão Bibliográfica. Defendemos até agora a hipótese do treinador possuir um critério a quando das suas escolhas, tentando encontrar um Modelo de Jogador que sirva o seu Modelo de Jogo. Campos (2008:43) considera que a “criação de um modelo de jogo deve ter em conta um sem número de factores como o conhecimento do clube, da equipa e do respectivo nível de jogo, as características dos jogadores individualmente ou mesmo os objectivos a atingir”. O autor enumera as características dos jogadores como factor a considerar no momento de construção do Modelo de Jogo. Pelo que vínhamos a aferir, as características dos jogadores seleccionados seriam, à partida, escolhidas em função do nosso Modelo de Jogo, contudo num contexto de Selecção o seleccionador tem de considerar a geração que tem disponível e ainda a hipótese de existir o caso de «super-estrela (s)» fugir (em) à concepção de jogo definida. Neste caso o treinador poderá simplesmente ignorar o (s) jogador (es) e não o (s) incluir na sua equipa, ou definir o Modelo de Jogo já tendo em conta as características individuais do (s) «super-estrela (s)» Pensamos ser mais coerente, o seleccionador, sempre que possível definir as suas ideias face ao contexto que encontra, e que os jogadores da sua equipa sejam escolhidos o mais próximo da ideia de jogo por ele pretendida, e não a necessidade de adaptar a ideia do treinador aos jogadores existentes. A existência de jogadores excepcionais apareceria como excepção à maioria do todo, tendo consciência que seria uma parte descontextualizada da organização da equipa, mas que pelas suas mais valias poderia ter relevância em momentos do jogo.. 12.

(25) Revisão Bibliográfica. 2.3. Modelo de Jogador, Modelo de Treinador e um Modelo de Treino “O futebol pode atingir uma beleza que se pode tornar arte realmente. Ao mesmo tempo, uma arte individual, mas sobretudo arte colectiva” Wenger s.d.. Se pretendemos entender o Modelo de Jogo português, deveremos entender melhor o jogador português, pois essa será a «matéria-prima» do seleccionador.. Entre. a. população,. apesar. de. não. muito. vasta. comparativamente à maioria dos países do topo do futebol, existe muita diversidade, contudo Cabrita em 1987 referiu que o jogador português distinguia-se dos «futebolistas-atletas» pela facilidade que mudam de direcção, caracterizando o jogador português por ser habitualmente baixo, “sem grande envergadura física para o drible dinâmico” (Cabrita 1987:36). O autor anteriormente referido parece evidenciar características identificadoras da globalidade dos jogadores da mesma nacionalidade. Contudo, não nos é possível afirmar que tais características sejam intemporais, e que ainda hoje se verifiquem tal e qual eles as referem. Menotti (1978), quando se encontrava no processo de formação da Selecção argentina, refere que o seu objectivo seria de defender o jogador argentino, as suas características únicas e distintas dos restantes do mundo. Este treinador optou por seleccionar os jogadores que tinham uma cultura semelhante, o mesmo entendimento de jogo o que permitiu a construção de um jogar. Um treinador tem por um lado a opção de aculturar os jogadores ao seu Modelo de Jogo, o que requer tempo, ou por outro recrutar jogadores que facilitem essa aproximação. Havendo características específicas dos jogadores portugueses, essas particularidades devem ser consideradas a quando da delineação de um Modelo de Jogo. Entendemos por Modelo de Jogador o perfil de jogador que serve o Modelo de Jogo e, o perfil de jogador que é formado quando o jogador está inserido num processo que obedece, também ao Modelo de Jogo (Pinto & Garganta, 1996).. 13.

(26) Revisão Bibliográfica. Leal & Quinta (2001) consideram que, se todos os treinadores do departamento de formação não apresentarem a mesma concepção de modelo de jogador, deixa de existir a coerência. Consideramos importante conter jogadores com perfil semelhante na equipa, pois diferenciando as equipas e diferenciando os seus «jogares». A capacidade de um indivíduo seleccionar a melhor resposta no jogo revelará a sua inteligência e a resposta só poderá ser considerada boa ou má face ao contexto da cultura que a equipa assume. Podemos diferenciar, também, as inteligências específicas de cada Modelo de Jogo (Maciel 2008). A definição de um Modelo de Jogo assume-se como essencial, consequentemente um Modelo de Jogador não pode ser descurado. O perfil do jogador. desejado. mesmo. quando. escolhido. deverá. continuar. a. ser. desenvolvido. Logo se a preparação feita for concordante com a ideia de jogo do treinador, o jogador sofre adaptações a esse treino (Maciel, 2008) que são o objectivo Segundo Moita (2008:41) “o treino deverá ser um espaço em que o treinador reproduz exercícios que induzirão a sua equipa a fazer aquilo que ele quer que a mesma faça no jogo”. Podemos afirmar que para desenvolver o perfil do jogador, e consequentemente o Modelo de Jogo, o treino deve assentar sobre um Modelo de Treino, pois só assim o treinador poderá sistematizar, treinar os comportamentos ou interacções desejadas para obter a organização desejada. Gaiteiro (2006) esclarece que para si as adaptações sofridas pelos jogadores assumem diferentes planos, pois “o modelo é a articulação de tudo, do consciente e do subconsciente”. Damásio (2003) explica que as acções que acontecem, ou tem início sem termos consciência de tal, têm como base as nossas vivências anteriores, e a cultura de cada um. Neste sentido o Modelo de Jogo deverá estar presente também no inconsciente dos jogadores pela importância que o inconsciente tem na tomada de decisão durante o jogo. Oliveira, Amieiro, Resende, & Barreto, (2006:129) elucidam-nos «Como a esfera fundamental do saber fazer é de domínio não consciente e o hábito é um saber fazer que se adquire na acção, o treinar – a aprendizagem pela. 14.

(27) Revisão Bibliográfica. repetição – é um processo de construção do ser capaz de jogar em que o saber adquirido é dominantemente património do não consciente». Em suma, objectiva-se determinada forma de jogar, contida no Modelo de Jogo, e os exercícios de treino terão de ser concordantes com essa organização colectiva desejada, levando o jogador a melhor entender o jogo (Oliveira, Amieiro, Resende, & Barreto, 2006) e assim realizar melhores respostas motoras durante o jogo. Se a ideia de jogo pretendida é transversal a todas as Selecções nacionais, entende-se que um Modelo de Jogador e de Modelo de Treino também farão sentido estar implementados, por ser no treino que, nos jogadores, se dá vida os comportamentos desejados no jogo, obtendo-se deste modo um treino mais específico. Na mesma lógica, Teodorescu (1984) alerta para a necessidade de se escolher os seleccionadores com determinado critério para evitar quebras ou descontinuidades na sua evolução. Se a escolha dos seleccionadores for feita com critérios, evitará a introdução de ideias díspares perigosas para o desenvolvimento do Modelo de Jogo (Leal & Quinta, 2001) deve ser definido um Modelo de Treinador que sirva o Modelo de Jogo ao qual está subjugado um Modelo de Treino, formando ou potenciando o Modelo de Jogador existente. È então a existência de um Modelo de Jogo que definirá o perfil de jogador e de treino a utilizar no processo (Pinto e Garganta 1996:86). A realidade de Selecção não facilita a tarefa do treinador, tal seria ainda mais difícil se não «remassem todos para o mesmo lado», ou se existirem «partes» distintas do padrão desejado. Nos casos em que as partes não obedecem a uma organização, podemos dizer que o «todo» será menor que a soma de todas as partes (Morin, 2003). Todo o trabalho deve então ser alicerçado numa filosofia que contemple a existência de um Modelo de Jogo, o qual, por sua vez, orientará a concepção de um Modelo de Treino e de um complexo de exercícios, de um Modelo de Jogador e mesmo de um Modelo de Treinador. (Leal e Quinta, 2001). 15.

(28) Revisão Bibliográfica. 2.4. Modelo de Formação Os jogadores que integram a Selecção principal, normalmente já têm um passado nas equipas nacionais, percorrendo parte ou totalidade os escalões da formação. A equipa A «alimenta-se» de jogadores das gerações mais jovens que vão surgindo para ocupar o lugar dos jogadores que se retiram. Em contexto de Selecção, a equipa sénior é só uma, logo um jovem português aspira a integrar aquela equipa principal e deste modo esta aspiração afirma-se como uma das preocupações da formação. Vieira (2004) no seu estudo questionou vários orientadores da formação de clubes de topo sobre o objectivo do processo de formação, confirmando que todos os seus entrevistados têm como objectivo colocar jogadores nas equipas seniores. Numa Selecção, normalmente, não se coloca a hipótese de representar outra equipa sénior, porém é igualmente pertinente ter isso em consideração quando se lidera todo o processo, pois assim o treinador tem um objectivo. Nesta lógica, Leal e Quinta (2001) consideram a formação deve sempre ter o Modelo de Jogo como orientação. A existência de um documento deste tipo é considerada por Mourinho (2003 in Lourenço, 2003) como “extremamente importante” pois consiste nas ideias-chave de todo o processo. Podemos afirmar que o Modelo é o que se aspira, a direcção para onde “caminhamos”. O futuro (Modelo de jogo) torna-se o elemento causal do presente, do processo (Frade, 1985:19). Cabe ao coordenador técnico assumir a responsabilidade pela ligação entre equipa principal e a formação (Mourinho in Lourenço, 2003), tendo um papel activo em todas as actividades (Neves, 2003). O coordenador assume-se assim como o barómetro entre as diferentes equipas, aferindo se existe coerência com o Modelo de Jogo. Com esta preocupação, a formação irá servir a equipa principal permitindo a melhor integração dos jogadores nas diferentes equipas, incluindo a equipa A.. 16.

(29) Revisão Bibliográfica. 2.4.1.. Dificuldades na implementação do Modelo de Jogo na. Formação Vários são os problemas apresentados para que a implementação de uma Concepção de Jogo (Lemos, 2005). A instabilidade do treinador da equipa A é apontado com ao principal razão para não ser possível seguir o Modelo de Jogo da primeira equipa por parte de todos os escalões (Leandro 2003), pois mudando o treinador, mudam as ideias e consequentemente o modelo de jogador subentendido. Lemos (2005), aponta que a estabilidade dos elementos que constituem as equipas técnicas, existindo um projecto com regras bem definidas, favorece a implementação de ideias comuns aos diferentes escalões do mesmo clube. Desta forma, e para dar resposta a esta problemática, mais recentemente muitos processos de formação passaram a ser orientados por um Modelo de formação independente da equipa sénior levando a que o jogador se forme capaz de integrar diversos modelos de jogo nas etapas mais avançadas. (Sá cit por Lemos 2005). Deixa de existir portanto um Modelo de Jogo único para o clube, mas um independente da equipa principal. Leandro (2003) fez um estudo de caso do F.C. Porto onde concluiu que o objectivo seria de formar um jogador que sirva vários modelos (Vale, 2003). Também Jean Paul (2003), coordenador da formação do Sporting, diz que o objectivo do clube passa por formar jogadores quer para integrarem a equipa sénior quer para serem jogadores vendidos, ou até emprestados. Parece pertinente esta pluralidade num jogador, pois um jogador tem de jogar em vários modelos de jogo, pois alterando o treinador este tem de ser capaz de se adaptar as ideias do novo treinador. (Mourinho, 2002) Como já referimos anteriormente, na Selecção os jogadores não são vendidos, nem são emprestados, tendo de ser formados para integrar a equipa principal. Porém, a questão de alternância de treinadores é uma realidade, podendo as suas ideias de jogo alterar aquilo que seria o Modelo de Jogo estável e assim inviabilizar o produto da formação, uma vez que caso um jogador seja formado para um modelo de jogo específico e de um momento. 17.

(30) Revisão Bibliográfica. para o outro tudo se alterar, a sua integração na equipa fica em causa. O que nos leva a considerar uma formação mais ampla, dando uma cultura táctica rica ao jogador, permitindo a sua adaptação e assim “sobreviver”. Daí que Jean Paul (2003 In Neves 2003) conclui que “não faz sentido que a formação esteja constantemente a adaptar-se ao que se passa na equipa A. O que faz sentido é que nós sejamos capazes de formar jogadores aptos para se adaptarem a qualquer modelo de jogo ou sistema, isso sim, faz sentido”. Já que no caso da Selecção, a equipa sénior a representar é a mesma que da formação, pensamos ser pertinente que as ideias de jogo sejam comuns, e não de forma tão diversa como os autores defendem. Os jogadores apresentam-se com ideias diferentes, e o objectivo será faze-los confluir para uma ideia de jogo comum, e não para diversas ideias. A formação mais global tacticamente aconteceria no caso de, se com a mudança do seleccionador da equipa principal, também alterarem as ideias de jogo e consequentemente o Modelo de Jogo, o que não se apresenta como uma boa solução. É. preciso. definir. o. que. tem. prioridade,. se. as. ideias. dos. seleccionadores, características dos jogadores ou até a cultura da Selecção.. 18.

(31) Revisão Bibliográfica. 2.5. Selecção dos Talentos.. A Selecção é, teoricamente composta por jogadores considerados como talentos. A definição de talento, apesar de não ser estranha a ninguém, sofre algumas alterações consoante o autor que a considera. Ora vejamos, para Araújo (2004) talento é algo que um indivíduo, neste caso um jogador, possui que permite explicação de obter bons resultados. Já Marques (2005) caracteriza um talento como alguém com “características endógenas especiais que por sua vez, acrescem da necessidade “condições exógenas óptimas” para que exista possibilidade de bons desempenhos desportivos. Esta definição de Marques (2005) por um lado enaltece as características do indivíduo que o torna especial, mas por outro lado ressalva a importância do meio para que essas características se possam fazer notar distinguindo-o como talento. Sabendo que as características «genéticas» do indivíduo são determinantes para prestações excepcionais, não se devem considerar que a resposta está nas diferenças fisiológicas, anatómicas, psicológicas, etc., pois o jogador é um todo que não deve ser fragmentado (Maciel 2008). Silva. (2008. in. Maciel 2008) diz entender por talento “uma. predisposição” contudo a existência ou não de um meio propício é determinante para o sucesso. A mesma treinadora (2008 in Maciel 2008: 366) diz que “bons são aqueles que têm predisposição e que depois têm um meio propício a esse desenvolvimento”. Como alerta Massada (2008 in Maciel, 2008: 377) “não podemos estar a espera que os genes façam tudo”. Deste modo podemos então perceber melhor porque determinados talentos, mudando de equipa, e consequentemente mudando de contextos não se manifestam do mesmo modo. Daí que pensamos ser importante proporcionar ao talento um contexto adequado para sua exaltação, porém não descoramos a capacidade de adaptação que os talentos comportam. Malson (1988, in Maciel 2008) descreve. 19.

(32) Revisão Bibliográfica. o homem como um ser com capacidade de inventar, tendo Silva (2008 in Maciel, 2008) considerado que talento também comporta criatividade. Esta criatividade transmite-se na capacidade de adaptação contextual (Maciel 2008). Ao definirmos um Modelo de Jogador, estaremos a considerar já as características do talento que desejamos, pelo que o contexto, para exaltação de tais capacidades, é a organização colectiva que desejada pelo treinador. o talento deve então disponibilizar a sua técnica ao serviço da equipa como um todo (Michels cit por Kormelink & Seeverens 1997:xiii). Segundo Queiroz (2003) a técnica tem influência sobre dois importantes elementos do jogo, o tempo e espaço. Um jogador com qualidades técnicas acima da média controla a bola melhor e mais rápido. Contudo, o mesmo autor ao ser questionado se tendo jogadores com qualidade técnica elevada se adaptam mais facilmente a qualquer táctica, este considera que essa capacidade de adaptação depende de muitas outras coisas e não apenas de um factor isolado, apesar de este ser bastante importante. Deste modo concluímos que a qualidade dos jogadores é um dos aspectos a ter em consideração quando delineamos as ideias de organização colectiva que desejamos. Teoricamente, na Selecção, deparamo-nos com um conjunto de jogadores. possuidores. desempenhos. elevados,. de. capacidades. quer. por. excepcionais,. serem. dotados. de. quer. para. criatividade. ter e. consequentemente adaptabilidade. A capacidade de fazer as suas virtudes crescerem dentro de uma colectividade valoriza o Talento. Segundo Frade (2003) um talento deve emergir num ambiente de Auto-Hetero evolução, isto é, desenvolvendo o plano individual (auto), contudo não de forma abstracta, num seio de uma equipa (hetero). O processo de formação de um Talento deve contemplar assim a interacção com os restantes elementos da equipa, sendo esta interacção condicionada pela cultura ou culturas de jogo (Maciel, 2008). A exaltação de qualquer talento ocorre num contexto, numa equipa, e nesta equipa está em interacção com outros talentos enquanto que forma como ocorrerão as interacções será norteada pelo Modelo de Jogo proposto (Silva. 20.

(33) Revisão Bibliográfica. 2008). A existência de uma referência no processo de treino leva a que o jogador desenvolva capacidades na formação, mas capacidades específicas do jogar a que está submetido (Mota, 1998). Nesse sentido e concluindo, a formação do jogador na Selecção, deverá ser realizada com a orientação do Modelo de Jogo da equipa principal, visando uma exaltação dos talentos num contexto de equipa, e submetidos a um a organização colectiva específica. A formação quer-se um projecto de Coauto-hetero, onde o «Co» se refere ao estar subordinado à organização específica desejada.. 21.

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(35) Objectivos. 3.. OBJECTIVOS. Ao longo do que fomos apresentando fica evidente que uma equipa, deve reger-se por ideias comuns a fim de se apresentar como equipa composta por jogadores que concorrem para um mesmo objectivo e para isso partilharem uma cultura (de jogo) comum. Com base no que foi exposto, ponderamos sobre a realidade específica de “Selecção” e, para este trabalho, definimos os seguintes objectivos: a). Aferir a existência de um estilo de jogo e de jogador nacionais,. que se assumam como identidade nacional. b). Perceber a singularidade do contexto Selecção.. c). Definir como são potenciadas as características dos «nossos». jogadores, quer ao nível de ideias de jogo, quer ao nível de treino. d). Entender qual a base das opções de um Seleccionador Nacional.. e). Identificar a existência de um Modelo de Jogo utilizado nas. Selecções portuguesas como «farol» orientador de todo o processo de formação.. 23.

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(37) Material e Métodos. 4.. MATERIAL E MÉTODOS. 4.1 Metodologia de Investigação O suporte teórico deste trabalho foi sustentado por uma revisão bibliográfica, onde se procurou encontrar estudos que contemplassem o contexto particular que nos preocupa, porém recorremos também a considerações sobre o entender do futebol, o processo de formação, competição, treino e da construção de equipas. Assente a importância de que as ideias do treinador devem contemplar o contexto específico em que se encontra, procuramos entender as decisões tomadas num contexto de Selecção. Desta forma, surgiu o interesse e oportunidade de analisar a situação da formação das Selecções portuguesas. Deste modo questionamos o coordenador de formação, obtendo respostas de quem coordena as decisões. Assim, após este momento e a consequente delimitação dos objectivos, elaboramos uma entrevista que possibilitasse a exploração de uma visão prática e concreta acerca do mesmo assunto. As questões foram, por isso mesmo, construídas de forma aberta, sempre com uma linha orientadora formada pelas questões elaboradas, mas permitido sempre alguns desvios, possibilitando ao entrevistado a exposição do seu ponto de vista de forma segura, mas também pessoal, clara e profunda. 4.2 Recolha de Dados A entrevista foi realizada ao coordenador da formação das Selecções de nacionais, Professor Agostinho Oliveira, no dia 6 de Novembro de 2008, tendo tido lugar na residência particular do entrevistado, em Guimarães. Para gravação foi utilizado um computador portátil Toshiba com o software Gravador de Áudio do Windows, tendo sido posteriormente transcrita para o papel, com devido conhecimento e consentimento do entrevistado.. 25.

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(39) Apresentação e Discussão dos Resultados. 5.. APRESENTAÇAO E DISCUSSÃO DOS DADOS. Depois de realizada a revisão da literatura sobre o tema em questão e a entrevista, procura-se neste ponto, efectuar o cruzamento de informação obtida no sentido de daí advir uma reflexão e discussão acerca da problemática que resulta na consecução dos objectivos propostos. 5.1. A Selecção Nacional é um contexto particular “É uma equipa que se constitui para representar o país, para representar o desporto português, para representar a modalidade, para representar a Federação com a maior dignidade possível o que cada um deles assume.” Teotónio Lima, 1989. Para Agostinho Oliveira, o contexto da Selecção, relativamente a um clube, apresenta diferenças consideradas como “abismais” já que o entrevistado que considera que o desafio de trabalhar na Selecção “Implica a formação da noção de grupo, equipa, a partir de jogadores de origem diversa”. O facto de serem jogadores de origem diversa consiste numa contrariedade (Monge da Silva, 1989), pois como refere P. Costa (2006:68) os jogadores vêm “amarrados” a pré-conceitos e o desejável é que os jogadores da mesma equipa tenham entendimentos comuuns num mesmo momento de jogo. O factor «tempo», para os técnicos nacionais intervirem sobre os jogadores convocados apresenta-se assim como uma contrariedade pois a falta de tempo é um problema para conhecer os jogadores (Queiroz 2008b) já como esclarece o entrevistado, os períodos de estágio nas Selecções consistem em ”normalmente dois dias de mês a mês, que são três sessões de treino: segunda de tarde, terça de manhã e terça de tarde e depois o jogo!”. Agostinho Oliveira considera ainda que a grande diferença está, que nas Selecções “… tu vais lidar com um jogador que não é do teu trabalho diário. Não tens uma continuidade diária” e que por isso o trabalho se resigna “…um. trabalho. que. sociologicamente. é. mais. no. entendimento. das. particularidades dos pequenos grupos, das tribos existentes daquele grande. 27.

(40) Apresentação e Discussão dos Resultados. núcleo”. Queiroz (2008b), quando questionado sobre quanto tempo desejaria ter disponível, este responde que necessitava do tempo “suficiente para consolidar a equipa”. O tempo disponível para o seleccionador Nacional parece escasso para qualquer tentativa de implementação de comportamentos, pelo que Teodorescu (1984) distingue as fases de curta preparação das de duração prolongada. Nos momentos de curta reunião, para o referido autor, devem seleccionar-se jogadores em “forma óptima” e com experiência de competição. Apesar de se seleccionarem os melhores (para o momento), não significa que se obtém a melhor equipa (Lima, 1989), sendo que o nosso entrevistado vai de encontro ao que nós defendemos, ou seja, é necessário dar uma organização colectiva aos jogadores para que se obtenha rendimento no jogo. Nos períodos de curta duração, segundo o nosso entrevistado, o que é feito ”não é um trabalho com uma modelagem física, com uma modelagem muito forte a nível táctico, embora, logicamente, nós queiramos”. Apesar de nos períodos de curta duração o seleccionador Nacional não ter o tempo desejado para criar adaptações, o nosso entrevistado defende que o conteúdo dos treinos continuam a ser a organização colectiva desejada pois é importante que o jogador comece a ouvir “conceitos novos”, caso não os traga já do seu clube para serem reforçados. Existe sempre o risco de o jogador voltar para o clube e esse “tipo de intervenção desaparece”. O entrevistado evidencia que é desejado um trabalho de modelação táctico, ou seja, “um trabalho de organização posicional, porque são jogadores de diferentes índoles” e, como tal, carecem de um trabalho de modelação (táctica) que os dote de uma plataforma comum de entendimento do jogo. O tempo disponível parecer não ser suficiente para que tal modelação aconteça, mas apesar disso, o objectivo dos treinos mantêm-se o mesmo, pelo que o entrevistado diz que não deixam de “…colocar valores teóricos nos jogadores, não deixamos de corrigir em campo. Muito destes treinos são organizacionais e estruturais, quer dizer, como queres que o lateral direito suba, em que circunstancias, a pressão sobre o portador da bola como se faz,. 28.

(41) Apresentação e Discussão dos Resultados. como é que se abre o campo quando temos a posse de bola, sector defensivo, sector médio…” Mas, a limitação do factor «tempo» não ocorre sempre, isto é, existem momentos de concentração mais prolongados. Nesses períodos o entrevistado considera que “as questões são um bocado diferentes”. O mesmo parece evidenciar que existindo disponibilidade de tempo, não alterando o teor do treino, o resultado poderá ser distinto, isto é, podem ser desenvolvidos os comportamentos desejados. É evidente que os treinadores nacionais tentam dotar os jogadores, daquilo que Frade (1989) chama, o «saber sobre um saber fazer», sentindo uma dificuldade imensa em dotar os jogadores do «saber fazer», saber esse que se adquire na acção, treinando, e que pela limitação de tempo não é atingido com sucesso. A falta de tempo para treinar põe em causa a aquisição da organização colectiva. desejada.. Os. jogadores. até. podem. vivenciar. organizações. semelhantes nos seus clubes, o que o nosso entrevistado considera importante, contudo, o jogador está a crescer num «hetero» distinto daquele desejado. O jogador necessita de evoluir, de ser modelado, em coexistência com os colegas de equipa com quem irá, posteriormente jogar. Como refere Frade (2003), a evolução do «auto», do jogador, deve acontecer em função do «hetero», isto é, da equipa.. 29.

(42) Apresentação e Discussão dos Resultados. 5.2. O Modelo de Jogo Português 5.2.1. O inicio O seleccionador Nacional tem de, com períodos de tempo reduzido, tentar alcançar os mesmos objectivos que num clube, isto é, construir uma equipa (Teodorescu, 1984). Nas palavras do entrevistado pode-se notar que, apesar das contrariedades do contexto que o trabalho nas Selecções comporta, existe sempre a intenção de desenvolver, nos distintos estágios, determinada organização colectiva, ou seja, de transmitir ideias aos jogadores convocados e de os fazer vivenciar determinados comportamentos concordantes com o desejado. O mesmo afirma estar a ser elaborado, na condição de coordenador da formação, um “Projecto Modelar”, iniciado na década de 80 conjuntamente com Carlos Queiroz e retomado recentemente, que confirma a existência de um conjunto de normas que venham a ser orientadoras das decisões dos diversos seleccionadores, ou seja, a existência de um Modelo de Jogo. Agostinho Oliveira defende que “temos condições de potenciação e desenvolvimento da qualidade do futebol Nacional”, e que para tal foi elaborado um Modelo de Jogo que teve como referência: ”- A história; - As características dos nossos atletas; - A matriz cultural dos clubes, Associações e Selecção.” No mesmo sentido encontramos Campos (2008:43) que acrescenta que a “criação de um modelo de jogo deve ter em conta um sem número de factores como o conhecimento do clube, da equipa e do respectivo nível de jogo, as características dos jogadores individualmente ou mesmo os objectivos a atingir”. Ainda sobre o Modelo de Jogo, o entrevistado refere que ele nunca se assume como fechado pois, como refere, são sempre consideradas “as tendências do futebol júnior dos clubes nacionais, a tendência do jogo de. 30.

(43) Apresentação e Discussão dos Resultados. futebol Nacional e da Selecção A”, no sentido de melhor aproveitar essas tendências, quer dos jogadores, quer das equipas em si. 5.2.2. O Jogador português A necessidade de um Modelo de Jogo, segundo Agostinho Oliveira surgiu à 20 anos atrás no referido trabalho conjunto com Carlos Queiroz que tinha como objectivo “construir uma estrutura que se adaptasse à realidade do jogador português”. Para melhor cumprimento de tal objectivo iniciaram a análise das características do jogador português determinando, posteriormente, qual a distribuição geográfica (entenda-se estrutura de jogo) que melhor servia tais características. Segundo o entrevistado, a origem do, também já referido, «Projecto Modelar» teve início na “discussão da melhor maneira de fazermos o aproveitamento do jogador Nacional (…) Foi isto a grande base que iniciou de alguma maneira o projecto estrutural das Selecções nacionais”, acrescentando ainda: “Aliás eu falo e abordo sempre a matriz do nosso jogador, ou seja, temos uma matriz e em função dessa matriz vamos explicar ou aplicar determinado de tipo de sentidos”. Ao se seleccionar uma geração de jogadores como amostra para o estudo das características do jogador português corria-se o risco de obter gerações diferentes, porém o entrevistado afirma “que de alguma maneira era pensar nas características que eram globalizantes”. Para o entrevistado os jogadores portugueses caracterizam-se por serem “Indivíduos rápidos, baixinhos, com bom ponto gravitacional, a cinta, a romper bem, a desequilibrarem bem, a darem profundidade”. O jogador português apresenta um perfil que segundo o entrevistado é contínuo na história do jogador português. Não querendo por isto dizer, no nosso entender, que estas sejam por um lado, características exclusivas do jogador português e, por outro lado, que não existam jogadores portugueses que não se enquadrem em tal perfil. Ou seja, trata-se de uma imagem do jogador «tipo» que funciona como uma. 31.

(44) Apresentação e Discussão dos Resultados. ferramenta mais no sentido de melhor aproveitar o “quem somos” e “como somos”, mas não se constitui como factor de integração ou exclusão de qualquer uma das Selecções. Até que porque podemos constatar, este perfil pode, como tem acontecido, ir-se alterando de geração para geração. O nosso entrevistado refere que situações pontuais, como a convocação de jogadores com perfil distinto dos demais, podem acontecer quando as qualidades dos jogadores existentes na geração respectiva não contemplam as posições e princípios pretendidos, pois a “regra” é de seleccionar jogadores que estejam de acordo com o perfil segundo o qual Modelo de Jogo foi definido e, como tal, melhor servirá esse mesmo modelo. O Modelo de Jogo que contemplou na sua definição as características do jogador português, exige agora que esse Modelo de Jogador o sirva, pelo que o entrevistado refere que “não se vai buscar coisas [entenda-se jogadores] que não tenham a ver com aquilo que a gente anda à procura”, e que a escolha dos melhores não é feita em abstracto mas sim “com base num determinado perfil”. No mesmo sentido encontramos Pinto e Garganta (1996) salientando que o Modelo de Jogo permite definir os critérios de detecção e Selecção dos jogadores. Não querendo ser reducionistas na abordagem do problema, pode-se afirmar pelo anteriormente exposto que o Modelo de Jogo que serve de orientação aos treinadores nacionais, teve como fundamento as características específicas e história do jogador português. Numa entrevista recente Queiroz (2008b) refere que a decisão sobre a convocatória de um jogador tem a ver com: o mérito, a atitude, momento de forma, qualidade técnica, necessidade de realizar uma avaliação mais próxima do jogador. Contudo, parece que para o nosso entrevistado, o jogador convocado tem de cumprir mais premissas pois, como refere: “essa chamada de jogadores é sempre feita em função da ideia de jogo, nunca há ver por ver… Não, não, não! O nosso lateral direito é um lateral direito que tem um determinado tipo de características, logicamente!”. Assim, um jogador pode estar em bom momento de forma, mas se não encaixar na concepção de jogo definida, não parece ter lógica ser convocado.. 32.

(45) Apresentação e Discussão dos Resultados. Em suma, a elaboração do Modelo de Jogo teve como objectivo definir uma concepção de jogo que potenciasse as capacidades (ou perfil) do jogador português, num dado momento. Cria-se portanto uma ideia de jogo para determinado perfil. A partir desse momento, procuram-se jogadores que sirvam essa mesma ideia de jogo. Segundo o nosso entender, vão surgindo, entre os talentos portugueses, variações a esse primeiro perfil de jogador, no que toca, por exemplo, ao nível da estatura, já que o nosso entrevistado definiu o jogador português como um jogador “baixinho” e podemos observar bastantes jogadores, quer na formação quer na equipa principal, que não cumprem essa premissa de serem «baixinhos». Nesta questão o entrevistado refere que “É capaz de não ser o nosso ponta-de-lança, mas há momentos no jogo e há jogos que exigem um ponta-de-lança daquele tipo”. O mesmo explica que mesmo que se “Pretendes jogar com dois pontas de lança, mas no entanto, às tantas, tu começas a ver algum desequilíbrio no meio campo”, alertando que a inclusão de jogadores de perfil diferente não é recusada, porém necessita de cuidados pois pode causar desequilíbrios. Quando o entrevistado descreveu o perfil de jogador português, considerou, possivelmente, uma geração de jogadores particular. Não quer com isso dizer que outras características não sirvam também o mesmo estilo de jogo Pensamos que no perfil de jogador deva entrar todo aquele jogador que contribua para o mesmo entendimento de jogo, e não eliminar um jogador apenas por um factor, como a sua dimensão física. Nesse sentido, entendemos que cabe aos responsáveis analisar se perfis aparentemente distintos podem servir igualmente ser incluídos no Modelo de Jogo proposto. Um seleccionador, no nosso entendimento, não deve à partida excluir as excepções e perceber até que ponto elas podem servir, ou até mesmo enriquecer, o Modelo de Jogo delineado.. 33.

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