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CAPÍTULO II - O MDL NO REGIME INTERNACIONAL DO CLIMA

1.1 O quadro institucional do Protocolo de Quioto

1.1.2 Conselho Executivo do MDL

O Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo tem como principal função supervisionar, sob autoridade e orientação da COP/MOP, o funcionamento das atividades de projeto do MDL. O Conselho é composto por vinte membros de Estados Partes ao Protocolo de Quioto, sendo 10 membros e 10 membros suplentes.143 Entre os membros e suplentes deve haver um representante de cada um dos cinco grupos regionais das Nações Unidas, dois membros do Anexo I, dois do não Anexo I e um

142UNITED NATIONS: system of organizations. Countries in the UN regions and sub-regions. <http://www.unsystem.org/SCN/Publications/4RWNS/Appendix02.pdf> . Acesso em: 01 abr. 2008.

143 Os membros do Conselho Executivo estão disponíveis em: <http://cdm.unfccc.int/EB/Members/index.html>. Acesso em: 04 abr. 2008

representante dos países das pequenas ilhas em desenvolvimento.144 Cada membro é eleito por um período de dois anos que pode ser renovado, no máximo, duas vezes consecutivas. A escolha de cada membro é feita em virtude do conhecimento técnico e político do assunto, além de sua imparcialidade em relação às atividades de projeto e às Entidades Operacionais Designadas. A imparcialidade e o compromisso de cada membro é confirmada por meio de uma declaração feita por escrito perante o Conselho Executivo. A presidência e a vice-presidência do Conselho se alternam anualmente entre um representante dos países do Anexo I e um dos países não Anexo I.145

Por meio dos seus membros e do secretariado o Conselho supervisiona o andamento das atividades do MDL. Entre outras atribuições o Conselho deve: avaliar se as atividades de projetos submetidas à sua análise satisfazem os critérios necessários para aprovação e se, conseqüentemente essas atividades podem ou não ser registradas no âmbito internacional das Nações Unidas; feito o registro, incumbe ao Conselho decidir pela aprovação ou não das Reduções Certificadas de Emissões; propor e aprovar novas metodologias compatíveis com os critérios pré-definidos para implementação do MDL; credenciar e avaliar o trabalho das Entidades Operacionais Designadas; verificar a observância das modalidades e procedimentos do MDL pelos participantes do projeto e pela Entidade Operacional credenciada; avaliar sempre que necessário as metodologias de projetos de grande e pequena escala, assim como de florestamento e reflorestamento; aprovar novas metodologias de linha de base e planos de monitoramento.

144 UNFCCC. Documento FCCC/KP/CMP/2005/8/Add., Anexo A, parágrafo 43. Disponível em: <http://cdm.unfccc.int/Reference/COPMOP/08a01.pdf#page=6>. Acesso em: 20 mar. 2008.

145 SHELLARD, Sofia Nicoletti; MOZZER, Gustavo Barbosa; MAGALHÃES, Danielle de Araújo. Estrutura institucional do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. In: SOUZA, Rafael Pereira de (Coord).

Aquecimento global e créditos de carbono: aspectos jurídicos e técnicos. São Paulo: Quartier Latin, 2007, p. 119-127.

O Conselho Executivo pode, quando achar necessário, estabelecer comitês, painéis ou grupos de trabalho para auxiliar no desempenho de suas funções.146 Os membros de painéis ou grupos são selecionados de acordo com seu conhecimento e competência reconhecida na área, experiência, fluência em uma das línguas das Nações Unidas (inglês, francês ou espanhol) e imparcialidade em relação aos trabalhos a serem desenvolvidos pelo painel ou grupo. Esses membros são selecionados pelo próprio Conselho Executivo e são presididos por membros deste Conselho.147 Vale ressaltar que a composição dos painéis e dos grupos também deve respeitar e buscar, na medida do possível, um equilíbrio entre os grupos regionais e entre membros de países do Anexo I e de países não incluídos no Anexo I.

Atualmente existem dois grupos de trabalho e dois painéis: o Grupo de Trabalho de Pequena Escala, Grupo de Trabalho de Florestamento e Reflorestamento, Painel de Credenciamento e o Painel de Metodologias.

a) Grupo de trabalho de pequena escala

Esse grupo foi criado para ajudar o Conselho Executivo a revisar as categorias de projeto e as metodologias para projetos de MDL em pequena escala.148 As reuniões desse grupo geralmente ocorrem antes da reunião do Conselho para que suas recomendações possam ser feitas e, se aceitas, incluídas no relatório das decisões do Conselho. Na maioria das vezes, são apresentadas recomendações sobre novas propostas submetidas para atividades de projeto de MDL, em pequena escala, novos planos de monitoramento ou novas metodologias mais simplificadas.

146 UNFCCC. Documento FCCC/KP/CMP/2005/8/Add.1, Decisão n. 3, COP/MOP 1, parágrafo 18°. Disponível em: <https://cdm.unfccc.int/Reference/COPMOP/08a01.pdf#page=7>. Acesso em: 07 abr. 2008

147 UNFCCC. Executive Board meetings: EB 20. Disponível em: <http://cdm.unfccc.int/EB/020/eb20rep.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2008.

148 UNFCCC. Executive Board meetings: EB 23, Anexo 20. Disponível em: <http://cdm.unfccc.int/EB/023/eb23_repan20.pdf> . Acesso em: 7 abr. 2008.

b) Grupo de Trabalho de Florestamento e Reflorestamento

O objetivo desse grupo é avaliar e recomendar propostas de metodologias de linha de base e monitoramento para as atividades de projetos de florestamento e reflorestamento. As reuniões desse grupo também ocorrem antes da reunião do Conselho Executivo para que suas sugestões possam ser avaliadas e se for o caso aceitas e publicadas no relatório do Conselho Executivo.

c) Painel de Credenciamento

O Painel de Credenciamento foi criado para auxiliar o Conselho Executivo nas questões relativas ao credenciamento das Entidades Operacionais. As entidades interessadas em se tornar Entidades Operacionais se candidatam junto ao Painel de Credenciamento que avalia se os documentos da entidade candidata estão em conformidade com os critérios de avaliação e certificação das atividades de projeto. Num segundo momento, o Painel, por meio de um relatório, faz suas recomendações ao Conselho Executivo que decidi pelo credenciamento ou não da Entidade Operacional. Em caso de credenciamento, o Conselho Executivo deverá encaminhar à COP/MOP para que esta instituição possa finalmente designar a Entidade Operacional para os propósitos do MDL.

d) Painel de Metodologia

Esse painel avalia as novas metodologias de linha de base e monitoramento que são propostas para aprovação no âmbito do MDL e elabora recomendações que são enviadas ao Conselho Executivo. Também elabora diretrizes de aplicação e uso das metodologias de linha de base e monitoramento com intuito de orientar as partes envolvidas no projeto. Além disso, o Painel de Metodologia é responsável por revisar as metodologias já

aprovadas de modo a melhorar, sempre que necessário, sua compreensão e aplicabilidade.149 As recomendações aceitas são publicadas no relatório da reunião do Conselho Executivo.

e) Equipe de Avaliação para Registro e Emissão

A Equipe de Avaliação para Registro e Emissão foi estabelecida pelo Conselho Executivo, em 2006, para auxiliar no processo de avaliação das solicitações de registro de atividades de projetos e de emissão de RCE.150 Com o intuito de verificar se todos os requisitos necessários para registro e emissão foram preenchidos, os 28 especialistas que atualmente compõem essa equipe analisam todos os documentos de uma atividade de projeto que solicita registro, assim como, os documentos de uma atividade de projeto já registrada que solicita a emissão de RCE. Entre os documentos analisados estão: Carta de Aprovação da Autoridade Nacional Designada, Documento de Concepção do Projeto, Relatório de Validação e Monitoramento elaborados pela EOD, além do formulário de solicitação de registro ou de emissão de RCE.