• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO III - A PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NO MDL

1.1 Quadro institucional brasileiro

1.1.2 Outros atores envolvidos

O Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC) foi criado pelo Decreto n° 3.515,176 em 20 de junho de 2000 e visa conscientizar e mobilizar a sociedade brasileira para o debate acerca dos problemas relacionados à mudança no clima, bem como sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. O Fórum tem como principal função auxiliar o governo brasileiro na incorporação das questões sobre mudanças climáticas nas diversas etapas das políticas públicas. Para isso, entre outras ações, ele amplia o debate concernente às mudanças no clima em diversas regiões do país; catalisa as discussões e informações sobre a questão em um banco de dados, uma rede de informação nacional; promove debates acadêmicos e empresariais.177 O FBMC é formado por doze ministros de Estado,178 pelo diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA) e por representantes capacitados da sociedade civil sendo que o Presidente da República é o presidente do Fórum. Atualmente, o Fórum está sendo coordenado por Luiz Pinguelli Rosa e o principal assunto das reuniões do Fórum são referentes à sugestões para aprimorar a Política e Plano Nacional para Mudança Climática.

Verifica-se que o Fórum estabelece alguns grupos de trabalho concentrados em áreas como desmatamento, MDL, vulnerabilidade e energia. Afirma-se que o Fórum funciona como elo de ligação entre o Poder Executivo e agentes sociais representantes da

176 BRASIL. Decreto n° 3.515, de 20 de junho de 2000. Cria o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 21 jun. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto/D3515.htm>. Acesso em: 28 maio 2008.

177

Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Disponível em : <http://www.forumclima.org.br>. Acesso em: 14 abr. 2008.

178 Ministro das Relações Exteriores; da Saúde; da Ciência e Tecnologia; do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior; dos Transportes; da Agricultura; Minas e Energia; Meio Ambiente; Planejamento; Educação; Defesa e o chefe da casa civil da Presidência da República.

sociedade como um todo e promove o debate necessário para elaboração de políticas públicas, concernentes à mudança no clima que serão implementadas no Brasil.179

O estado de São Paulo, incentivado pelo sistema do Fórum Brasileiro, criou um Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade. Tal Fórum, instituído em 11 de fevereiro de 2005 pelo Decreto n° 49.369180 representa a conscientização estatal sobre o assunto das mudanças no clima e a necessidade de ações de mitigação. O Fórum paulista é presidido pelo Governador do Estado de São Paulo e tem como principal objetivo fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas e atrair representantes governamentais, da sociedade civil e do setor empresarial paulista a se engajarem na mitigação e adaptação aos efeitos da mudança no clima. Seguindo a linha do estado paulista também existe o Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas Globais, o Fórum Mineiro de Mudanças Climáticas Globais e o Fórum Baiano, as estruturas organizacionais destes Fóruns são basicamente as mesmas desenvolvidas pelo Fórum Paulista, ou seja, agregando governo e sociedade civil.

Destaca-se também a atuação da rede Brasileira de Organizações Não-Governamentais (ONG) e movimentos sociais envolvida na problemática do clima, que em março de 2002, estabeleceram um centro de articulação denominado Observatório do Clima. A principal função do Observatório é fiscalizar e influenciar os posicionamentos oficiais e as políticas públicas do Governo Brasileiro sobre o assunto. Entre os membros do Observatório estão as ONG: Instituto Socioambiental (ISA), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Instituto Ecológica, Greenpeace Brasil, Amigos da Terra, entre outras.181

179 LIMA, Lucila Fernandes. A implementação jurídica do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e a geração de créditos de carbono. Edição Eletrônica. São Paulo, 2006, p.191.

180 SÃO PAULO (Estado). Decreto n° 49.369, de 11 de fevereiro de 2005. Institui o Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de Biodiversidade e dá providências correlatas. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/Decreto_49369_11022005.pdf>.

181 Observatório do Clima. Disponível em: <http://www.clima.org.br/index.cfm?fuseaction=content&IDassunto=1&IDsubAssunto=12&IDidioma=1>. Acesso em: 10 jun. 2008.

Além do Fórum e do Observatório, é importante mencionar a atuação e interesse de instituições criadas para estudos na área de mudanças no clima. Nesse sentido, temos o Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (Centro Clima) para disseminação de conhecimento científico na área ambiental e de mudanças no clima. A criação desse centro foi uma iniciativa conjunta do Ministério do Meio Ambiente e Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os projetos e estudos desenvolvidos pelo Centro Clima são disponibilizados virtualmente na internet de modo a facilitar o acesso a todos os interessados.182

Recentemente um estudo lançado pelo Centro Clima sobre os impactos das mudanças climáticas no sistema energético brasileiro aponta a vulnerabilidade do Brasil aos efeitos da mudança no clima. Em termos gerais, o estudo ressaltou que o impacto da mudança global no país tende a ser mais intenso no Nordeste, pois a região terá reduções importantes na capacidade de geração de energia hidrelétrica, eólica e de biodiesel entre o período de 2071-2100.183 Nesse sentido, estudos como este ressaltam a importância da existência de instituições brasileiras como o Centro Clima envolvidas no estudo científico dos efeitos das mudanças no clima.

Na mesma linha do Centro Clima, foi implantada recentemente, em maio de 2008, uma Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas (Rede-Clima), coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Com isso, o Brasil passa a contar com a primeira rede nacional integrada para pesquisas sobre mudanças no clima que

182 Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas. Disponível em: <http://www.centroclima.org.br/>. Acesso em: 10 jun. 2008.

183 SCHAEFFER, Roberto, et.al. Climate change: energy security. COPPE, Mar, 2008. Disponível em: <http://www.climaenergia.ppe.ufrj.br/pdf/GCC_ENERGY_SECURITY.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2008.

disseminará conhecimento e tecnologia para que o país responda às demandas e desafios provocados pelas mudanças climáticas globais.184