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Tendo em vista todas as funções e aplicabilidades da ESGN, abaixo serão listadas as principais consequências desse tipo de atividade diretamente aplicada no Brasil.

6.1 Melhor Gestão da Produção de GASA

O Brasil possui grande quantidade de produção de GASA e muitas vezes um campo tem que restringir ou até parar sua produção de óleo por não ter transporte e/ou um contrato de comercialização do gás. A estocagem pode contribuir para solucionar problemas assim por ser um fator de otimização nos projetos de expansão da malha de dutos, viabilizando-os.

Outro problema atrelado à produção de GASA ocorre quando eventos climáticos, falhas inesperadas e manutenção ou substituição de algum equipamento essencial à continuidade da sua produção resultam na paralisação ou em grande oscilação desta produção. Em consequência disto, a empresa deixará de fornecer o gás contratado, por exemplo a uma termelétrica, por não ter condições de suprir esse abastecimento com sua produção, mesmo quando operadora de outros campos. Estas situações poderiam ser evitadas caso estas empresas operem ou estabeleçam um contrato com uma ESGN. Em outras palavras, um sítio de estocagem, poderia ser acionado para suprir essas flutuações no abastecimento de gás, evitando pagamentos de multas por parte do agente pelo não cumprimento do contrato e uma possível paralisação da termelétrica.

Vale destacar que esses problemas são muito mais graves quando acontecem com pequenas e médias empresas uma vez que podem acarretar em prejuízos enormes e até falência. Geralmente, pequenas e médias empresas operam um único campo ou um número pequeno de campos, então cada projeto é essencial para sua receita e sua continuidade no mercado. Sendo assim, a estocagem pode ser fator importante também no incentivo a esse tipo de empresa.

Em resumo, sítios de estocagem podem evitar a paralisação da produção de óleo e gás natural, podem servir como fornecedor secundário em caso de interrupção desta produção e ainda podem ser um incentivo a mais às pequenas e médias empresas que atuam no setor de E&P.

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6.2 Melhorar o Dimensionamento da Rede de Gasodutos

A malha de gasodutos de transporte brasileiro é formada por 9.409 quilômetros de dutos. Observa-se no Gráfico 3 a evolução das malhas de transporte e de distribuição de gás natural no Brasil.

Gráfico 3: Evolução das Malhas de Transporte e Distribuição de Gás Natural no Brasil

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do MME. Boletim Mensal de Acompanhamento da Indústria de Gás Natural – Junho 2016.

Destaca-se neste gráfico que a malha de transporte não vem sofrendo alteração desde 2012 e que não houve construção alguma de gasoduto sob o regime de concessão estabelecido pela Lei do Gás em 2009.

Vale ressaltar também que a malha de transporte de gás sofreu reduções entre 2011 e 2013 devido ao redirecionamento do Gasduc I e Gasduc II, que ligam o Distrito de Cabiúnas à Refinaria Reduc em Duque de Caxias no Rio de Janeiro, para movimentação de outros produtos como gás não processado e outros hidrocarbonetos (CERI, 2016).

No Capítulo 3, foi dito que a ESGN poderia ser útil na melhoria do dimensionamento da rede de transporte de gás, reduzindo o tempo de inatividade destes dutos, a necessidade de sobredimensionamento e até o Capex de projetos de transporte. Visto o exposto acima, pode-se perceber que a inclusão da estocagem no Brasil poderá servir de fomento ao resgate de investimentos no setor de gasodutos, gerando oportunidades para construção de novos dutos e,

0.000 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 Km

também, oportunidade de novos negócios, uma vez que, com o crescimento da malha de transporte, haverá maior número de localidades interligadas entre si.

6.3 Gerir Melhores Contratos de Importação de GNL

O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), subsidiado por estudo do EPE, apresenta informações e sinalizações do setor energético brasileiro para que sirvam de base, assim como o PEMAT, para ações e decisões dos agentes. No PDE 2024, foi feito estudo sobre projeções de oferta de gás natural no Brasil até o ano de 2024. De acordo com esse estudo, o gás nacional é proveniente de três fontes principais: produção nacional, importação por meio de gasodutos e importação na forma de GNL em terminais de regaseificação.

Este documento apresenta de forma detalhada que a produção de gás natural nacional pode aumentar de 84,9 milhões de m³/dia em 2015 para 171,7 milhões de m³/dia em 2024, considerando os diferentes níveis de incerteza conforme Tabela 2. Ressalta-se a possibilidade dessa produção ser ampliada pelos recursos não convencionais30, projetada para começar a produzir em 2022, atingindo cerca de 16 MMm³/dia em 2024 e que não consta nesta tabela.

Tabela 2: Produção Bruta Potencial Nacional de Gás Natural Convencional por Nível de Incerteza dos Recursos

RECURSO: 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024

GÁS milhões de metros cúbicos diários

União - - - - 0,072 0,416 0,827 2,093 3,408 6,793 RND-E - - - 0,009 0,182 2,427 3,149 3,539 15,820 21,348 RC - 0,013 0,116 0,420 3,025 7,327 12,767 21,152 30,376 37,575 RT 84,875 89,523 91,021 102,178 104,033 113,936 115,793 111,793 110,310 105,950 TOTAL 84,875 89,536 91,137 102,607 107,313 124,106 131,788 138,577 159,914 171,666 Nota: União = recursos não descobertos em áreas não contratadas; RND-E = recursos não descobertos em

áreas contratadas com empresas; RC = recursos contingentes; e RT = resevas totais. Fonte: PDE 2024 (2015).

Mesmo na projeção mais conservadora, em que se consideram somente as reservas totais provadas, haverá aumento na produção de gás com pico em 2021 seguido de leve declínio nos anos subsequentes. Vale destacar que a previsão de 2015 já foi superada com produção

30 Recursos não convencionais são reservatórios de baixíssima permeabilidade, dos tipos gás em formação fechada

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média de 96,22 MMm³/dia e a de 2016 já alcançou 101.20 MMm³/dia considerando a média produção até setembro.

Esse aumento na produção nacional, a continuidade da importação de gás da Bolívia e a implementação da ESGN no Brasil, poderão gerar uma seguridade de suprimento que afetará a importação de GNL. Todos esses fatores gerarão uma flexibilidade de oferta de gás que permitirá que o Brasil gerencie melhor a importação de GNL, com possibilidade inclusive de redução desta, em caso mais otimista.

O Brasil importa GNL principalmente para suprir a demanda de gás das termelétricas. Como nos últimos anos a capacidade de produção de eletricidade por hidrelétricas tem diminuído consideravelmente, cada vez mais as usinas térmicas têm sido acionadas para suprir essa demanda por energia elétrica. Atualmente, é necessário que a oferta de gás seja flexível para atender às termelétricas, sendo, por isso, adquirido GNL no mercado spot a preços mais elevados (CLARA, 2015 e LOSEKANN, 2015).

Importante salientar que o PEMAT e o PDE tem influências mútuas, o que deixa claro a dependência dos setores de produção, exportação e importação de gás com as malhas de gasodutos para o transporte deste energético.

6.4 Incentivo a Entrada de Novos Agentes no Mercado de Gás Natural

Tendo em vista a atual situação de desinvestimentos da Petrobras, empresa dominante no mercado de gás natural, acredita-se que esta seja uma grande oportunidade para a entrada de novos agentes neste setor. Há grandes empresas em outros países com negócios bem consolidadas em estocagem de gás que, como foi visto no seminário de ESGN promovido pela ANP, já demonstraram grande interesse em desenvolver esta atividade no Brasil.

Ademais, a preocupação do governo em rever e modificar o arcabouço regulatório do gás a fim de estabelecer um mercado mais competitivo e com diversidade de agentes também servirá de incentivo à entrada destas empresas no mercado brasileiro uma vez que muitas delas não lidam somente com ESGN, mas também com o transporte e produção de gás natural.

6.5 Geração de Emprego e Crescimento da Economia Brasileira

Estas são consequências naturais da implementação de um novo negócio no mercado brasileiro. O desenvolvimento de atividades de estocagem demanda investimentos de grande vulto e seus projetos terão grande importância no mercado de gás natural. Consequentemente, essa implementação irá impulsionar a economia brasileira com criação de novas oportunidades de negócio, geração de empregos, pagamento de tributos, etc.

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