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III. Espécies e Efeitos do Assédio Moral no Ambiente de Trabalho

3.3. Consequências

Conforme mencionado anteriormente, no Brasil não existe ainda uma legislação pertinente ao assédio moral, portanto concluímos que as conseqüências desse fenômeno estarão sempre relacionadas de forma negativa ao sujeito passivo da relação. O assédio moral causará á, vítimas problemas de saúde como também atingirá sua vida econômica e social, já que, segundo estudos relacionados ao assédio moral, geralmente, acaba com o afastamento do sujeito passivo da empresa.

“as principais conseqüências do assédio moral a vítima é em 36% desligada da empresa; em 20% deste a pessoa é demitida devido a falhas; em 9% a demissão e negociada; em 7% é a pessoa é quem pede demissão; 1% restante, a pessoa é colocada em pré-aposentadoria9.

Verificamos que são muitos os danos causados pelo assédio moral à sua vítima, já que este mal atinge diretamente na saúde psicológica, acabando com a auto-estima, deixando sua vítima incrédula de sua própria capacidade, dificultando a procura por um novo emprego, pois ela não terá motivação para procurar e conseguir trabalhar novamente.

3.3.1 Ao Empregado Assediante.

O assédio moral no ambiente trabalho é uma lesão ao direito constitucional do trabalhador e traz como principais conseqüências para este, a baixa autoestima, a depressão, a prática de condutas imorais, o desemprego, o mau rendimento no serviço devido à pressão sofrida, e até levar a vítima a cometer suicídio. Portanto, este fenômeno não atinge somente a saúde psíquica do empregado, mas tudo o que está a sua volta como sua vida social, familiar, econômica e sua relação no ambiente de trabalho.

Para melhor entendimento desses danos, Salvador publicou no site jus navegante um texto que nos demonstra que:

A humilhação repetitiva e de longa duração, interfere na vida do assediado de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade, relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade laborativas, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.( Salvador, 2009)

A saúde psíquica é a mais afetada pelo assédio moral, podendo causar doenças mais sérias ao empregado, como o stress, a depressão, e desencadear problemas

9 Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9021. Acesso em 1de julho 2010.

cardíacas e renais, levando-o, a ideia de cometer suicídio, devido o sentimento de vazio, de abandono e de incapacidade de realizar sua atividade, que só é agravada com a longa jornada de trabalho, quando não há um devido tratamento e acompanhamento psicológico.

Segundo Rufino as consequências desse fenômeno pode:

[..]ocorrer de tal forma, a ponto de levar um individuo a praticar uma conduta”sob força da emoção”, em que a pessoa age sob influência de determinado processo mental, de forma inconsciente, sem saber no momento da pratica do ato, o que realmente estava fazendo, ou quais os motivos que levaram a praticá-lo, tampouco a gravidade ou superficialidade das conseqüências. ( Rufino,2007,p 50).

Conforme pesquisa realizada por Margarida Barreto um das introdutoras do assédio moral no Brasil, conclui-se que a :

“.[...]tortura psicológica que é o assédio moral se transformou em um problema de saúde pública.

O assédio moral é uma guerra de nervos travada no interior das empresas.

Dependente do trabalho para a suas satisfações morais, sociais, afetivas psicológicas matérias, inúmeras pessoas veem-se à mercê de ditadores, que dificultam ou até mesmo impossibilitam-nos de exercer o seu direito de trabalho e de viver de forma saudável.

Assim gradativamente, desaparece o equilíbrio físico e psíquico do indivíduo, sem que o veneno que o desencadeou seja visto. Sabe-se, hoje, que a auto-estima é um dos pontos de partida para que o homem seja engajado na vida como pessoa e como numa cena de terror. Muitos vezes, quando volta, depois de um afastamento, encontra outro em sua função, ficando até sem lugar para ficar. Outro vezes, o agressor não lhe dá mais trabalho para que sinta a sua inutilidade. Os colegas têm medo de se aproximar em serem retaliados, por isso aquele que é agredido fica sozinho. ( Barreto, 2005,p.50)

O dano sofrido pelo empregado pode se tornar pós traumático, e durar um longo período após ter ocorrido o assédio moral, o que pode tornarsua vítima extremamente agressiva e ríspida com as pessoas, assim como seu agressor. Marie- France Hirigoyen define essas condutas como” assassinato psíquico”, a pessoa continua viva, mas se torna uma marionete. Daí em diante, carrega em si um pedaço do agressor.” . (Hirigoyen 2005 pag 75).

Concluímos que, entre os vários danos, mencionados acima, podemos citar dois como os mais preocupantes para o empregador; a depressão, que pode dar origem a

outras doenças no trabalhador, como doenças cardíacas e renais entre outras, e também os danos físicos, causadores de abalos psicológicos e instabilidade emocional e que acabam desestabilizando a própria vida familiar e social, já que esses danos não estão limitados somente às relações do trabalho.

3.3.2 Ao Empregador.

O empregador ao desrespeitar ou permitir que seja desrespeitado um direito do trabalhador no ambiente de trabalho, garantido pela Constituição Federal, terá como tratamento médico e psicológico, além, é claro, de atingir profundamente os direitos da personalidade do empregado, ferindo com violência o seu amor próprio, a sua auto-estima, a sua boa-fama, a sua imagem, e principalmente, a sua dignidade e a sua honra. [...]dano moral, suscetível de reparação pecuniária, porque atinge diretamente a honra e a dignidade do trabalhador, podendo comprometer sua saúde física e mental, além de arranhar sua imagem no mercado de trabalho e na comunidade em que vive, dificultando a convivência social e familiar, suas relações com outras pessoas, e até mesmo podendo dificultar ou impedir a obtenção de novo emprego, nos casos em que, pela gravidade da conduta do empregador ou dos seus prepostos, o trabalhador é levado a romper o contrato de trabalho.10

Portanto, mesmo que o empregador não tenha causado o dano, responderá objetivamente pelo dano sofrido, pois o empregador arcará com os danos ocasionados ao seu empregado por outro funcionário nos casos em que permitir ou for omisso ao assédio moral.

O empregador que estimula, permite ou é omisso quanto à prática do assédio ou, ainda, com sua própria atividade dá origem (ou cria condições) para que haja o desencadeamento do procedimento do terrorismo psíquico no trabalho, deve responder pelos danos causados.

Por sinal em se tratando de responsabilidade civil objetiva, o teor do disposto no art.

932, III, do Código Civil, é também responsável pela reparação civil “o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais ou prepostos, no exercício do trabalho

10 díponivel em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9021. Acesso em 1 de julho de 2010.

que lhe competir, ou a razão dele”, respondendo pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos ( pessoas mencionadas nos incisos I e V do art. 932), ainda que não haja culpa de sua parte” (art.933,CC/2002).Portanto, o empregado que sofre assédio moral, terá direito a indenização por danos matérias e morais, devido, pelo empregador, independente de culpa. Destarte, desnecessário indagar acerca in vigilando (consequência da desatenção, falta de vigilância ou cuidado de outrem sob sua guarda ou responsabilidade) ou in eligendo ( evidência pela equivocada escolha ou nomeação do preposto)(.Ferreira 2004 p20)

No caso de rescisão do contrato por culpa do empregador ou de outro funcionário, o empregador terá que arcar com as conseqüências do descumprimento da lei, eis que será punido, já que é proibida a demissão sem justa causa.

O assédio moral pode gerar a rescisão indireta do contrato de trabalho, pela vítima, com amparo nas alíneas a, b e c, do art. 483, da CLT, além de autorizar o empregador a dispensar por justa causa os colegas da vítima, chefes, gerentes e diretores, enfim, do responsável, seja ele qual for, pelo ato ilícito ou abusivo praticado contra a vítima, com amparo no art. 482, alínea b, da CLT. A responsabilidade do empregador, nesses casos, por atos de terceiros (colegas, chefes, diretores, gerentes etc.), perante a vítima, é objetiva, vale dizer, independe de sua culpa no evento danoso.11

Concluímos que as principais conseqüências que o empregador sofrerá serão de dano material, já que em decorrência do assédio moral terá um funcionário com baixa autoestima, portanto improdutivo e menos eficiente, que sofre pressão poderá causar danos a empresa ou a outro funcionário, perdendo lucros e desestabilizando seu empreendimento no mercado . Por fim, como mencionado acima terá que indenizar os danos sofridos material e moralmente pelo empregado e a punição sofrida será decorrente do descumprimento da lei, no caso de demissão sem justa causa.

No documento ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO (páginas 34-38)

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