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Dentre as mais significativas consequências do absenteísmo para as organizações, ressalta-se a queda da produtividade e, por conseguinte, dos resultados operacionais, o que pode gerar sequelas indesejáveis para a organização atingida.

Rhodes & Steers (1980), apud Siqueira (1984), apresentaram estimativa de que o absenteísmo, nos Estados Unidos da América, resulta em mais de 400 milhões de dias úteis perdidos, por ano; e, em muitas indústrias, registram-se níveis de absenteísmo de 10% a 20% da força de trabalho, em média. Referindo-se ainda à realidade dos Estados Unidos, Rhodes & Steers (1980) estimam que o custo anual do absenteísmo, no país, pode chegar a 26,4 bilhões de dólares.

Na União Europeia, o absenteísmo, causado pela incapacidade por problemas de saúde, apresenta custo total estimado entre 1,5% a 4% do PIB, o que é equivalente à sua taxa de crescimento econômico em um ano (GRAÇA, 1999). O ônus financeiro do absenteísmo foi estudado por Reid & Smith (1993), que concluíram que as companhias de seguros americanas têm gasto superior a 40 bilhões de dólares, anuais, com os ausentes do trabalho.

Com o objetivo de reduzir o absenteísmo, aumentar a produtividade e alcançar maiores resultados, empresas multinacionais de grande porte têm investido altas quantias em programas que visam à melhoria da qualidade de vida dos seus funcionários.

No Brasil, são várias as dificuldades encontradas para estudar e quantificar o absenteísmo por doença; como consequência, não há como precisar o ônus econômico acarretado pelas ausências ao trabalho (NOGUEIRA; AZEVEDO, 1982).

Dessa forma, destaca-se a importância do absenteísmo como um problema complexo que vem desafiando governos e profissionais, como administradores, médicos, assistentes sociais, entre outros, bem como trazendo prejuízos ao desenvolvimento social e do trabalho; aumentando os custos de produção e da previdência social; influenciando negativamente no moral dos trabalhadores; e diminuindo a qualidade de bens e serviços e a produtividade (NOGUEIRA; AZEVEDO, 1982; COUTO, 1987; DANATRO, 1997).

2.5 O cálculo do absenteísmo

O índice de absenteísmo reflete a porcentagem do tempo não trabalhado em decorrência das ausências em relação ao volume de atividade esperado ou planejada.

Para o cálculo da Taxa do Absenteísmo, cuja fórmula é a sugerida pelo Bureau of Employement Security do U.S. Departament of Labor, necessitamos de alguns dados, conforme segue:

 NDP = nº total de dias perdidos devido ao absenteísmo.  NC1 = nº de trabalhadores no 1º dia do ano.

 NC2 = nº de trabalhadores no último dia do ano.  NDT = nº de dias de trabalho no ano.

MDT = Média dos dias de trabalho para o ano:

Taxa de Absenteísmo anual:

Visando a uma padronização dos índices de absenteísmo, as empresas devem registrar alguns indicadores sugeridos pelo Subcomitê de Absentismo da Associação Internacional de Medicina do Trabalho (1972), tais como:

Índice de frequência:

TF = Número de licenças no período Efetivo médio no período

Índice de gravidade:

TG = Número de dias perdidos no período Efetivo médio no período

Percentagem de tempo perdido:

PTP = Número de dias de trabalho perdidos x 100 Número programado de dias de trabalho

no período

Segundo o Subcomitê de Absentismo da Associação Internacional de Medicina do Trabalho, não se pode dizer que existam valores ideais para os diversos índices, porque a realidade de uma organização difere da realidade da outra. Os índices de absentismo serão de grande utilidade para:

 Comparação interna, dentro de uma mesma unidade industrial, dos valores de diversas áreas;

 Comparação dentro de uma mesma empresa, dos valores de diversas unidades produtivas diferentes;

 Comparação de uma empresa com empresas semelhantes, dentro da mesma região, ou não.

No entanto, para a realidade do Brasil, e considerando os indicadores da Organização Mundial de Saúde, podemos definir como índices de absenteísmo-doença normais ou desejáveis:

 Taxa de frequência = ou < que 0,10;  Taxa de gravidade = ou < que 0,25;

 Porcentagem de tempo perdido = ou < que 1,4%.

3 METODOLOGIA

Neste capítulo, é apresentada a metodologia utilizada na realização deste estudo e de que forma esta contribuiu para a realização dos objetivos anteriormente estabelecidos. Dessa forma, foram apresentados alguns tópicos relacionados à abordagem qualitativa e quantitativa da pesquisa, os tipos de pesquisa adotados e as técnicas de coleta e análise de dados empregados.

3.1 Caracterização da pesquisa

Para a realização do estudo, foram definidas as etapas que a metodologia compreende, como a seleção do tipo de pesquisa, a área de abrangência, os instrumentos de coleta de dados.

Segundo Lakatos (1992), a pesquisa pode ser considerada formal, com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais, de modo que isto significa muito mais do que apenas procurar a verdade, mas encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos.

Esta pesquisa se caracteriza como bibliográfica, ou seja, levantamento de bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, trabalhos publicados e imprensa escrita, cuja finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com o que foi escrito sobre o absenteísmo, permitindo um reforço na nova análise a ser feita sobre as informações obtidas (LAKATOS, 1992; VERGARA 1997).

A pesquisa bibliográfica foi utilizada no intuito de colocar o pesquisador em contato com o máximo possível do que já foi escrito e publicado sobre o tema estudado. De acordo com Manzo, citado por Lakatos (1992), “[...] a bibliografia pertinente oferece meios para resolver problemas conhecidos, e também explorar novas áreas, nas quais os problemas ainda não se cristalizaram suficientemente”.

Segundo os objetivos, a pesquisa foi caracterizada como descritiva, tendo como interesse descrever um fenômeno, de modo que será realizado um levantamento das características conhecidas sobre o tema, o absenteísmo, que compõe o problema de estudo (SANTOS, 2000). Estudar o fenômeno é conhecer sua natureza, sua composição, os processos que o constituem ou que nele se realizam e a frequência com que ocorre.

A explicativa, segundo Lakatos e Marconi (1991), tem interesses práticos que os resultados sejam aplicados ou utilizados na solução de problemas que ocorrem na realidade. Visa, de acordo com o que é mencionado por Vergara (1997), a tornar algo inteligível, isto é, busca esclarecer quais fatores contribuíram para a ocorrência de determinado fenômeno. O tipo de estudo descritivo foi o estudo de caso, que tem por objetivo aprofundar a descrição de uma determinada realidade e compreende as análises quantitativas e qualitativas, conforme o fenômeno estudado (VERGARA 1997).

Segundo Trivinos (1987), no estudo de caso, os resultados são válidos apenas para o caso estudado. Não se pode generalizar o resultado atingido no estudo de uma empresa, por exemplo, a outras empresas. Isto confere um grande valor ao estudo de caso, por fornecer conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada, de tal forma que os resultados atingidos permitam formular hipóteses para o desenvolvimento de outras pesquisas.

O estudo de caso foi realizado no ambiente de uma empresa da indústria automotiva, que é a unidade de análise, com empregados que compõem tanto o quadro administrativo quanto operacional da empresa, que foram as unidades de observação. A escolha desta empresa se deu em função:

a) Da acessibilidade dos dados necessários; e

b) Pela tipicidade e representatividade da população-alvo.

Para apoiar e responder aos objetivos, foram realizados levantamentos sobre o absenteísmo, adotando os critérios descritos abaixo:

 Avaliação dos índices de absenteísmo anual na empresa Delphi, referentes ao período de 2007 a 2011;

 Pesquisa do perfil dos empregados da empresa Delphi, considerando as seguintes variáveis: o sexo, a idade, a escolaridade e o tempo de empresa;

 Pesquisa do perfil dos empregados absentas da empresa Delphi, considerando as mesmas variáveis descritas acima;

 Pesquisa e mensuraração da frequência das causas de absenteísmo na empresa Delphi, no período de janeiro a maio de 2012;

O levantamento de dados foi realizado com o intuito de avaliar como é encarado o absenteísmo na empresa Delphi, avaliar quais as medidas implantadas para tentar resolver o problema e como são encaradas as práticas realizadas para reduzir o problema, sob a ótica da equipe administrativa e dos trabalhadores da empresa.

Os dados desta pesquisa foram classificados em primários e secundários.

Os dados primários, segundo Mattar (1996), são aqueles que ainda não foram coletados, estando de posse dos pesquisados, e que serão coletados com o propósito de atender às necessidades específicas da pesquisa em andamento. Lakatos e Marconi (1991) dizem ainda que são dados históricos, bibliográficos e estatísticos, informações, pesquisas e arquivos oficiais, registros em geral.

A coleta desses dados foi realizada em duas etapas. A primeira etapa da coleta foi na forma de entrevista (Anexo A). De acordo com Andrade (1997), “a entrevista consiste no diálogo que tem o objetivo de colher, de determinada fonte ou pessoa, dados relevantes para a pesquisa. Portanto, não somente os quesitos da pesquisa devem ser bem pensados, mas também o informante deve ser criteriosamente selecionado”. Dessa forma, tomando como base alguns critérios previamente estabelecidos, optou-se em realizar a entrevista com a equipe administrativa: saúde, segurança, recursos humanos e lideranças.

Posteriormente, a partir das informações que foram coletadas, foi desenvolvido um questionário fechado (Anexo B) para os empregados. O questionário abrangeu fatores que

possibilitaram mapear as possíveis causas do absenteísmo, bem como avaliar as práticas de prevenção hoje executadas. As perguntas se referiram às questões de clima organizacional, liderança, condições de trabalho e em relação às praticas realizadas.

Com relação aos dados secundários, dados já existentes, foram coletados na própria empresa, através de documentos;

A pesquisa foi realizada no período de julho de 2011 a junho de 2012, com dados correspondentes ao período de 2007 a 2011, em uma empresa prestadora de serviços para a indústria automotiva, localizada em Itabirito, Minas Gerais. Teve como principais limitações: • Falta de documentação que comprove detalhadamente os motivos das faltas;

• Disposição e tempo dos entrevistados, para as entrevistas; • Escassas literatura e pesquisa na área.

4 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

Neste capítulo, será apresentada a empresa na qual o trabalho foi realizado, bem como as áreas, funções e atividades executadas.

4.1 Caracterização da empresa

A pesquisa foi realizada na Delphi Automotive Systems do Brasil S.A., Planta Itabirito, que está em atividade há 16 anos, durante os quais a Delphi Itabirito atendeu vários clientes como Mercedes-Benz, PGA e John Deere. Atualmente, atende a Fiat e Renault, produzindo chicotes para os seguintes projetos: Família Pálio, Siena, Punto, Doblo, Ideia, Línea, Bravo, Clio, Kangoo, Symbol.

Hoje, a Delphi Itabirito conta com 1614 colaboradores, sendo 1284 diretos, 317 indiretos e 13 mensalistas, sendo a maior empregadora por metro quadrado da cidade.

A planta de Itabirito investe fortemente na sua relação com os colaboradores e com a comunidade, desenvolvendo uma série de programas que visam a aproximar a empresa da sociedade local. O Programa Bom Vizinho já recebeu mais de 700 estudantes para visitas técnicas. O Programa Portas Abertas, que abre a empresa para a visita de familiares, já está na sua décima edição, recebendo 500 convidados. Projetos como Semana da Vida e Sipatinha, que desenvolvem atividades para todos os colaboradores e familiares relacionadas à saúde, segurança e meio ambiente, já são uma referência na cidade.

No campo social, a Delphi Itabirito mantém, pelo quinto ano, a sua Escola Formare, já tendo atendido 80 alunos, dos quais 52% encontram-se trabalhando. Além disso, a unidade um forte programa de inclusão social, tendo hoje 92 pessoas com deficiência no seu quadro de empregados, sendo a empresa com maior número de PCDs em toda região dos Inconfidentes. A Delphi Itabirito produz, atualmente, cerca de 9800 chicotes/dia, o que corresponde a produção de 980 veículos para seus clientes. A unidade está em estudos para garantir a expansão das operações.

Reconhecida internamente pela Delphi com premiações do Excellence Silver Award, nos últimos anos, a Delphi Itabirito também vem tendo o reconhecimento de seus clientes, pela

conquista de novos negócios e de premiações especificas como o prêmio Academia Lean, Qualitas Awards e Super Supplier Performance, obtido da Fiat, em 2010.

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta os dados e as análises que foram julgadas mais significativos na busca das causas mais prováveis do absenteísmo. Ressalta-se que a pesquisa abrangeu um total de 226 empregados da Delphi, entre o setor adminsitrativo e operacional.

Para a apresentação dos resultados, seguiram-se os critérios da metodologia.

5.1 Avaliação dos índices de absenteísmo na empresa Delphi, referentes ao período de

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