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A Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS/MTE) é instrumento governamental de coleta de dados do setor do trabalho formal, instituído pelo Decreto nº 76.900/75, que tem o intuito de:

[...] identificar os beneficiários do Abono Salarial, bem como gerar estatísticas sobre o mercado de trabalho formal, a serem utilizadas na elaboração, monitoramento e implementação de políticas públicas de trabalho, emprego e renda, dentre outros (BRASIL, 2015, p. 5).

A equipe técnica do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) é responsável por definir regras, controlar a captação, processar e divulgar os dados; cabe aos estabelecimentos empregadores fornecer as informações sobre os vínculos empregatícios; e fica a cargo dos usuários o feedback do uso das informações para a promoção de melhoramentos na base de dados (BRASIL, 2015). Deste modo, os dados obtidos pela RAIS/MTE consistem em informações fornecidas pelo empregador sobre os seus

empregados. Os estabelecimentos ou entidades declarantes que devem obrigatoriamente fornecer tais informações são:

a) inscritos no CNPJ [Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas] com ou sem empregados – o estabelecimento que não possuiu empregados ou manteve suas atividades paralisadas durante o ano-base está obrigado a entregar a RAIS Negativa;

b) todos os empregadores, conforme definidos na CLT [Consolidação das Leis do Trabalho];

c) todas as pessoas jurídicas de direito privado, inclusive as empresas públicas domiciliadas no País, com registro, ou não, nas Juntas Comerciais, no Ministério da Fazenda, nas Secretarias de Finanças ou da Fazenda dos governos estaduais e nos cartórios de registro de pessoa jurídica;

d) empresas individuais, inclusive as que não possuem empregados; e) cartórios extrajudiciais e consórcios de empresas;

f) empregadores urbanos pessoas físicas (autônomos e profissionais liberais) que mantiveram empregados no ano-base;

g) órgãos da administração direta e indireta dos governos federal, estadual ou municipal, inclusive as fundações supervisionadas e entidades criadas por lei, com atribuições de fiscalização do exercício das profissões liberais; h) condomínios e sociedades civis;

i) empregadores rurais pessoas físicas que mantiveram empregados no ano-base; e

j) filiais, agências, sucursais, representações ou quaisquer outras formas de entidades vinculadas à pessoa jurídica domiciliada no exterior (BRASIL, 2015, p. 6).

Assim, estão relacionados na RAIS/MTE:

a) empregados contratados por empregadores, pessoa física ou jurídica, sob o regime da CLT, por prazo indeterminado ou determinado, inclusive a título de experiência;

b) servidores da administração pública direta ou indireta, federal, estadual ou municipal, bem como das fundações supervisionadas;

c) trabalhadores avulsos (aqueles que prestam serviços de natureza urbana ou rural a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão-de-obra, nos termos da Lei nº 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, ou do sindicato da categoria); d) empregados de cartórios extrajudiciais;

e) trabalhadores temporários, regidos pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974;

f) trabalhadores com Contrato de Trabalho por Prazo Determinado, regido pela Lei nº 9.601, de 21 de janeiro de 1998;

g) diretores sem vínculo empregatício, para os quais o estabelecimento/entidade tenha optado pelo recolhimento do FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] (Circular CEF nº 46, de 29 de março de 1995);

h) servidores públicos não-efetivos (demissíveis ad nutum ou admitidos por meio de legislação especial, não regidos pela CLT);

i) trabalhadores regidos pelo Estatuto do Trabalhador Rural (Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973);

j) aprendiz (maior de 14 anos e menor de 24 anos), contratado nos termos do art. 428 da CLT, regulamentado pelo Decreto nº 5.598, de 1º de dezembro de 2005;

k) trabalhadores com Contrato de Trabalho por Tempo Determinado, regido pela Lei nº 8.745, de 9 de dezembro de 1993, com a redação dada pela Lei nº 9.849, de 26 de outubro de 1999;

l) trabalhadores com Contrato de Trabalho por Prazo Determinado, regido por lei estadual;

m) trabalhadores com Contrato de Trabalho por Prazo Determinado, regido por lei municipal;

n) servidores e trabalhadores licenciados; o) servidores públicos cedidos e requisitados; e p) dirigentes sindicais (BRASIL, 2015, p. 7).

E não estão relacionados na RAIS/MTE:

a) diretores sem vínculo empregatício para os quais não é recolhido FGTS; b) autônomos;

c) eventuais;

d) ocupantes de cargos eletivos (governadores, deputados, prefeitos, vereadores, etc.), a partir da data da posse, desde que não tenham feito opção pelos vencimentos do órgão de origem;

e) estagiários regidos pela Portaria MTPS [Ministros de Estado do Trabalho e Previdência Social] nº 1.002, de 29 de setembro de 1967, e pela Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008;

f) empregados domésticos regidos pela Lei nº 11.324/2006; e g) cooperados ou cooperativados (BRASIL, 2015, p. 8).

O estabelecimento/entidade informa os dados do ano-base através do Programa Gerador de Declaração RAIS – que pode ser obtido gratuitamente no site do MTE –, e transmite os dados pela internet. O empregador que não declarar a Relação Anual de Informações Sociais no prazo legal estará sujeito à multa prevista no artigo 25 da Lei nº 7.998/1990 (BRASIL, 2015). Desta forma, a RAIS/MTE é “um verdadeiro censo do mercado formal do trabalho no Brasil, já que todos os estabelecimentos empregadores são obrigados a fornecer informações, a cada ano, sobre os seus empregados” (PENA; CRIVELLARI; NEVES, 2008, p. 208).

A partir dos anos 1990, a cobertura da RAIS, segundo o Ministério do Trabalho, tem oscilado em torno de 90% do setor formal da economia, podendo variar de acordo com a situação urbana ou rural, região (melhor no Sudeste) e porte do estabelecimento (cobertura pior nas pequenas e médias empresas) (FERREIRA; MATOS, 2010, p. 141).

A RAIS/MTE é uma fonte relevante e confiável (NEGRI et al., 2001) de informações oficiais para o conhecimento do mercado formal de trabalho; além disso, seus dados são fornecidos pelo empregador – o que gera menor risco de erros e omissões –, porém, esta base de dados é pouco utilizada nas pesquisas (JANNUZZI, 199445 apud NEGRI et al. 2001). Embora seja uma fonte segura de dados públicos, a RAIS/MTE retrata parcialmente o mercado de trabalho do país, uma vez que não considera, por exemplo, os trabalhadores sem vínculo formal, autônomos e empresários sem vínculo empregatício formal com a sua organização (JANNUZZI, 1995).

Neste trabalho, foram utilizados os dados da base estatística online da RAIS Vínculos – dados do vínculo empregatício. Os dados sobre o trabalhador da RAIS Vínculos podem ser tratados no âmbito do estoque (número de empregados), do gênero, da faixa etária, da escolaridade, do tempo de emprego, da remuneração, do tipo de admissão, do

45 JANNUZZI, P. M. As Potencialidades Analíticas da RAIS para Estudos sobre a Estrutura do

Mercado Formal de Trabalho. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS DO TRABALHO, 4, 1994, São Paulo. Anais... São Paulo: Associação Brasileira de Estudos do Trabalho, 1994.

tipo de vínculo de trabalho, da nacionalidade, da distribuição geográfica dos empregados, da movimentação da mão de obra (admissão e desligamento dos empregados). Além destas informações sobre o empregado, a RAIS Vínculos disponibiliza dados sobre o empregador, quanto à natureza jurídica, ao tamanho do estabelecimento e ao setor da atividade econômica.