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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

5.4 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES QUANTO AS ZONAS ESPECIAIS DE

A espacialização das ZEIAs demonstrou ser uma proposta de zoneamento ambiental alinhado à identificação de porções territoriais homogêneas, partindo-se da avaliação e interpretação dos atributos ambientais mais relevantes contidos na microbacia. Como forma de contribuir na tomada de decisões a partir do zoneamento apresentado neste estudo, o quadro a seguir demonstra algumas ações propostas frente às restrições e potencialidades características de cada zona de interesse.

Quadro 7: Conjunto de ações propostas ao desenvolvimento das Zonas Especiais de Interesse Ambiental

Zona de Interesse Potencialidades FragilidadesRestrições/ Ações propostas

De Proteção Ambiental Desenvolvimento de atividades não impactantes. Restrição quanto ao uso predatório. Ecossistema sensível à presença humana. x Ecoturismo x Unidades de conservação x Serviços ambientais De Controle Ambiental Desenvolvimento de atividades agrícolas baseadas em práticas sustentáveis. Limitação quanto à abrangência. x Turismo no espaço rural x Associativismo De Reabilitação Ambiental Reversão de áreas degradadas Definição de áreas prioritárias. x Educação ambiental x Serviços ambientais De Adequação Ambiental Turismo religioso. Desenvolvimentos de atividades humanas compatíveis ao ambiente. Expansão urbana. Crescente pressão sobre o ambiente natural. x Educação ambiental x Valorização cultural



As ações propostas na Zona de Interesse de Proteção Ambiental visam estar em pleno acordo com a máxima proteção de suas áreas. Dessa forma, o desenvolvimento de ações não impactantes busca a harmonização entre os atributos ainda preservados e atividades que possam trazer tanto um retorno ambientalmente correto quanto economicamente rentável.

O ecoturismo, com isso, torna-se uma ação proposta no sentido de trazer à microbacia novas possibilidades de atividades turísticas aliando aspectos culturais e naturais sem agressão à natureza. A proposta por Unidades de Conservação busca indicar as áreas onde a diversidade de espécies da fauna, flora e os condicionantes físicos presentes na microbacia configurem necessidade de proteção, embora que, definir Unidades de Conservação em toda zona de proteção demonstra ser incabível, sendo indicadas àquelas áreas onde há a presença de fontes d’água, vegetação primária e secundária avançada e densa, sem qualquer tipo de interferência humana. A proposição por serviços ambientais aplicados nesta zona remete à manutenção da qualidade de vida e ambiental nas propriedades rurais. A criação de programas que viabilizem a proteção de áreas em torno de nascentes, margens de rios e de declive acentuado devem ser encorajadas, tendo um beneficio remunerável ao proprietário rural que manter e proteger tais áreas dentro de sua propriedade. Tal incentivo deve ser amparado pela lei nº 15.133/2010 que institui os serviços ambientais no Estado de Santa Catarina.

O turismo no espaço rural e o associativismo são ações propostas ao desenvolvimento da Zona de Interesse de Controle Ambiental. Sendo as áreas que compõem esta zona reconhecidas como de uso correto, a proposição destas ações visa aumentar a rentabilidade do produtor rural, almejando novas condições de uso além daquelas já praticadas. As modalidades de turismo no espaço rural, como o agroturismo, aliadas à formação de associações pelos produtores (de produção colonial ou orgânica, por exemplo), forma uma ação conjunta na promoção de tal desenvolvimento. O projeto “acolhida na colônia”, identificado nos municípios vizinhos torna-se uma excelente alternativa de valorização ao produtor rural e à produção ambientalmente correta. A perspectiva de alavancar o agroturismo demonstra as inúmeras possibilidades de uso sustentável da terra, em que o meio ambiente, a sociedade e o desenvolvimento econômico estejam igualmente em condições de promover a qualidade de vida da população.

Sendo a Zona de Reabilitação Ambiental onde se encontram áreas degradadas e de uso incompatível às normativas legais, as ações aqui propostas são colocadas no sentido de readequar tais usos a um ambiente mais saudável. Com isso, a educação ambiental torna-se fundamental na difusão e prática de novas ideias alinhadas à recuperação das APPs



degradadas e sua importância na composição e valorização da propriedade rural. A proposta por serviços ambientais vem em consonância com a recuperação destas áreas, uma vez que, ao proprietário rural que promover o replantio de espécies nativas nas faixas de APP consideradas, o pagamento por tal serviço prestado ao meio ambiente servirá como um incentivo.

A educação ambiental também é uma ação proposta a ser desenvolvida na Zona de Interesse de Adequação Ambiental. O objetivo desta ação visa a um melhor entendimento por parte da população em melhorar as condições com que seu modo de vida impacta o meio ambiente. A diminuição da poluição dos rios e demais cursos d’água, por exemplo, deve ser um foco de politicas adotadas e difundidas através da educação ambiental nas escolas, departamentos públicos e demais órgãos ligados às organizações sociais. Dessa maneira, o impacto da presença humana, característico desta zona, pode ser atenuado e readequado a um meio ambiente mais integrado entre os aspectos naturais e humanos.

A valorização cultural, presente principalmente pelo turismo religioso e festas típicas, define um aumento na identidade do povo que não reside somente na microbacia, mas em todo o município. O turismo religioso configura uma potencialidade presente nesta zona e, como tal, a infraestrutura disponibilizada a quem visita os santuários deve estar de acordo com padrões aceitáveis de conforto e adequabilidade ao meio ambiente.

Uma vez demonstrando ser a espacialização das ZEIAs uma reflexão quase total do uso e ocupação do solo da área de estudo GHVWDFD-se que os critérios adotados nas zonas espacializadas avaliaram a predominância dos atributos inerentes a cada zona. Nesse sentido, o resultado final deste estudo representou uma interpretação da avaliação de tais atributos, cabendo aos gestores responsáveis pela implementação de políticas ambientais um olhar crítico sobre os resultados aqui apresentados.

Com isso, este estudo, através da espacialização das ZEIAs, caracterizou ser uma proposta de zoneamento ambiental baseada nas características da área estudada, delimitando as zonas pelos atributos físicos, de uso e as condicionantes legais inerentes à real representação da paisagem.

Portanto, a delimitação das Zonas Especiais de Interesse Ambiental na microbacia do rio Vargem dos Pinheiros demonstrou ser um aspecto importante na consideração de um planejamento territorial mais intimo ao meio ambiente, sendo os atributos naturais os mais visíveis e inestimáveis presentes na área estudada. Sendo assim, considerar esta proposta de zoneamento ambiental na referida microbacia proporciona aos gestores responsáveis pelas



tomadas de decisões, uma visão integradora entre meio ambiente e pessoas, que possa vislumbrar um desenvolvimento sustentável às futuras gerações.

Desse modo, as ZEIAs definidas neste estudo são propostas iniciais e não devem ser tratadas como estanque ou imutáveis. Nesse sentido, elas podem e devem ser reanalisadas, tanto para a criação de novas zonas ou mudança de limites das já estabelecidas, assim como, também, a adoção de outros critérios para a definição e incorporação de novos indicadores a fim de auxiliar a reanálise destas zonas e o aprofundamento desta pesquisa.



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