A AIDS, tem atingido pessoas dos mais variados estilos de vida, indo do homossexual à mulher idosa casada e monogâmica. Não é mais válido falar de grupo de risco, tão pouco em comportamento de risco, e, sim, em contextos de vulnerabilidade à AIDS.
Nesta perspectiva, o idoso tem se destacado como grupo vulnerável ás doenças transmitidas pelo sexo. Pois, ao não ser percebido como indivíduo ativo sexualmente, não é inserido nas ações de prevenção da AIDS e outras DSTs.
Nesta perspectiva, a realização deste estudo, possibilitou os seguintes resultados: No Brasil, de junho de 2000 a junho de 2010, foram notificados 370.994 casos
de AIDS, sendo a região sudeste a mais acometida, com o maior percentual de casos acumulados no país, entretanto a região sul tem possuído a maior taxa de detecção neste período;
Há um visível declínio na incidência da AIDS nos grandes centros urbanos, com tendência à estabilização, mas aumento na detecção na região norte; Nas regiões nordeste e centro-oeste a taxa de incidência se manteve estável de
2000 a 2009;
As relações sexuais entre os homens ainda impacta os indicadores de AIDS no país, entretanto a heterossexualização é a principal característica da epidemia no Brasil, na atualidade;
A faixa etária mais acometida pela AIDS, nos últimos 10 anos, é a de 25 a 49 anos. Há um aumento progressivo na incidência de AIDS entre as pessoas acima de 40 anos e entre os idosos;
A feminização da AIDS é um fenômeno presente entre as mulheres brasileiras, em especial, entre as idosas.
A heterossexualização – característica atual da epidemia – associada ao não uso do preservativo, tem aumentado a vulnerabilidade das mulheres idosas às doenças sexualmente transmissíveis.
Acredita-se que a idosa sinta-se protegida pelo casamento ou pela relação de afetividade com o companheiro;
O maior número de casos se concentra entre os idosos com 04 a 07 anos de estudo.
A partir dos resultados acima, pode-se levantar as seguintes propostas de intervenção na epidemia de AIDS entre os idosos:
Adoção de políticas públicas que garantam à pessoa idosa o direito de exercer sua sexualidade com segurança, livre de discriminação de gênero e identidade sexual; Elaboração de estratégias que visem à integração dos idosos nas ações de
prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, como na educação em saúde desenvolvida pela Atenção Básica;
Realização de oficinas e outras atividades de sensibilização das equipes de saúde, em todos os níveis de atenção, quanto aos contextos de vulnerabilidade à Aids que envolvem o indivíduo idoso, e quanto às formas de enfrentamento desta realidade pelos profissionais de saúde;
Esclarecimento da população idosa acerca da ocorrência de Aids neste segmento populacional, bem como das medidas de proteção da saúde e prevenção das doenças transmitidas pelo o sexo;
Maior efetividade e implementação de políticas públicas, já elaboradas pelo governo federal, voltadas para a orientação dos idosos, como o Clube dos Enta e Clube da Mulher Madura;
Implementação do Plano de Enfrentamento da Feminização da Aids e outras DSTs em todos as esferas do governo: federal, estadual e municipal.
O Plano de Enfrentamento da Feminização da AIDS e outras DSTs foi lançado em 2007, pelo Ministério da Saúde, e Revisado em 2009 com o objetivo de “Enfrentar a feminização da epidemia de AIDS e outras DSTs por meio de ações integradas, envolvendo instituições governamentais, não governamentais e movimentos sociais, nas esferas federal, estadual e municipal”. (BRASIL, 2009).
Este Plano incorpora um conjunto de ações que reconhecem que a desigualdade de gênero associada aos variados contextos de vulnerabilidade, como: pobreza, discriminação racial, violência doméstica e sexual e o não reconhecimento da identidade sexual incrementam a vulnerabilidade das mulheres em todas as faixas etárias a AIDS e outras DSTs (BRASIL, 2009).
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ANEXO I
Casos de Aids notificados no SINAN e declarados no SIM, segundo UF e região de residência por ano de diagnóstico. Brasil, 2000-2010*
UF de residência 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Brasil 31493 31649 37902 37619 36834 36009 34614 35351 37465 38538 13520 370994 Norte 895 1188 1440 1501 1980 1933 2046 2380 2913 3088 1252 20616 Rondônia 135 140 190 202 190 200 273 283 271 265 92 2241 Acre 25 31 45 35 50 51 32 59 58 44 24 454 Amazonas 295 332 423 380 509 570 603 680 891 1017 443 6143 Roraima 50 52 35 84 105 64 68 99 139 147 77 890 Pará 297 518 602 673 971 893 885 1039 1296 1314 510 8998 Amapá 35 47 67 46 67 75 83 109 114 129 44 816 Tocantins 58 68 78 81 88 80 102 111 144 172 62 1044 Nordeste 3358 3625 4431 4729 5066 5468 5361 6093 6812 7446 2724 55113 Maranhão 334 355 390 509 641 645 706 633 791 872 358 6234 Piauí 176 160 191 191 275 302 266 424 422 440 134 2981 Ceará 560 603 654 804 868 755 791 979 1048 1214 394 8670 Rio G. Norte 170 170 155 211 140 290 251 344 335 363 161 2590 Paraíba 241 235 264 285 304 315 17 394 443 444 178 3420 Pernambuco 757 918 1213 1115 1178 1476 1363 1455 1568 1651 615 13309 Alagoas 156 198 209 235 206 268 256 317 439 405 154 2843 Sergipe 117 92 112 157 150 168 194 229 274 248 133 1874 Bahia 847 894 1243 1222 1304 1249 1217 1318 1492 1809 597 13192 Sudeste 18749 18109 21266 20666 19774 18939 17444 16123 16570 16525 5599 189764 Minas Gerais 2478 2094 2991 2859 2823 2821 2632 2673 2778 2636 838 27632 Espírito Santo 474 535 641 627 659 614 602 551 660 669 267 6299 Rio de Janeiro 4241 4289 5342 4949 5394 5053 4917 4673 4394 4910 1625 49787 São Paulo 11556 11191 12292 12231 10898 10451 9293 8226 8738 8310 2869 106055 Sul 6760 6987 8512 8256 7597 7360 7565 8403 8792 8984 3077 82293 Paraná 1832 1770 2140 2066 1911 1842 1685 1619 1932 1768 630 19195 Santa Catarina 1683 1801 2189 1996 2002 1968 1955 1743 1873 2027 786 20023
Rio Gran. Sul 3245 3416 4183 4194 3684 3550 3925 5041 4987 5189 1661 43075
Centro-Oeste 1731 1740 2253 2467 2417 2309 2198 2352 2378 2495 868 23208. Mato Gros. Sul 279 289 413 447 421 393 435 437 512 537 187 4350
Mato Grosso 383 374 536 609 633 612 500 636 625 624 166 5698 Goiás 658 747 813 801 873 825 819 771 689 800 335 8131 D. F. 411 330 491 610 490 479 444 508 552 534 180 5029
Fonte: DATASUS/MS
ANEXO II
Taxa de incidência (por 100.000 hab.) de casos de AIDS notificados no *SINAN, declarados no SIM, segundo faixa etária por ano de diagnóstico. Brasil, 1999-2009.
Faixaetária Ano de Diagnóstico
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 < 5 Anos 5 ,4 5, 4 5,2 6,2 5,0 3,9 3,8 3,1 2,9 3,3 3,0 5 a 12 1,8 1,0 1,1 2,1 1,9 1,8 1,6 1,5 1,5 1,3 1,2 13 a 19 2,5 2,7 2,7 2,9 3,0 2,9 2,4 2,4 2,4 2,7 2,7 20 a 24 17,4 17,9 17,9 19,9 19,5 18,0 16,4 14,2 14,1 15,0 15,8 25 a 29 37,2 40,0 37,8 42,5 40,9 39,1 36,0 33,7 30,3 31,6 31,4 30 a 34 47,5 51,1 49,3 55,2 52,8 49,2 46,1 42,8 41,8 42,8 42,6 35 a 39 44,4 45,6 45,0 55,3 53,3 50,5 47,0 44,9 45,1 46,1 46,7 40 a 49 29,4 32,0 33,1 40,5 41,9 42,2 41,5 40,4 37,3 39,3 39,8 50 a 59 15,2 16,4 17,0 21,5 22,3 23,9 24,7 24,0 21,9 24,8 24,9 60 ou mais 4,6 5,1 5,0 6,3 6,3 6,9 6,6 7,5 7,2 7,7 8,4 Total 17,1 18,5 18,4 21,7 21,3 20,6 19,6 18,5 18,7 19,8 20,1 Fonte: DATASUS/MS
ANEXO III
Casos de AIDS notificados no SINAN, segundo escolaridade por ano de diagnóstico em Idosos com idade igual ou superior a 60 anos. Brasil, 2000-2009*.
Ano de Diagnóstico Escolaridade
Nenhuma de 1 a 3 de 4 a 7 de 8 a 11 12 e mais ignorado Total
2000 68 240 92 50 50 193 693 2001 70 198 114 56 42 256 736 2002 85 144 167 75 48 419 938 2003 75 147 181 79 57 408 947 2004 78 157 211 86 51 456 1039 2005 92 149 178 79 61 463 1022 2006 73 167 201 81 74 553 1149 2007 58 115 202 145 39 704 1263 2008 58 137 193 120 32 781 1321 2009 17 41 58 40 15 327 498 Total 674 1495 1597 811 469 4560 9606 Fonte: DATASUS/MS
ANEXO IV
Tabela IV - Casos de AIDS notificados no SINAN, segundo Sexo, por ano de diagnóstico em Idosos com idade igual ou superior a 60 anos. Brasil, 2000-2010*.
Sexo Masculino Feminino Total Ano de Diagnóstico 2000 2001 2001 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* Total 482 454 592 626 670 613 722 791 876 938 312 7076 262 280 346 322 380 421 463 525 565 685 218 4467 744 734 938 948 1050 1034 1185 1316 1441 1623 530 11543 Fonte: DATASUS/MS