A análise das políticas públicas sociais praticadas por uma Organização Militar Hospedeira permitiu a visão da relação entre a governança do Ministério da Defesa e a gestão feita por este quartel. A estratégia empregada por aquele órgão ministerial mostrou-se efetiva para cumprir o papel de uma instituição política que possui cidadania corporativa, tendo por base os programas e projetos que foram investigados naquela Unidade.
As técnicas sociais desenvolvidas pelo Programa PE Salvador, para realizar a gestão do Projeto Soldado Cidadão e do Programa Forças no Esporte, fazem parte de uma trilogia de interesses entre o cidadão, as Forças Armadas e as empresas, tendo como ponto de intersecção a capacitação. O cidadão busca uma qualificação profissional, de acordo com a sua autorrealização. As Forças Armadas utilizam a capacitação do militar e apoiam a sua reintegração em um ofício laboral, diminuindo a sua vulnerabilidade social. E, por fim, as empresas recebem um colaborador qualificado. Nesta tríade, todos os protagonistas tem os seus respectivos interesses atendidos, gerando oportunidades individuais de inclusão social.
Sem embargos, as parcerias multissetoriais realizadas integraram projetos sociais e ações em diferentes níveis federativos, estaduais e municipais, facilitando a construção de uma ampla rede de proteção aos seus beneficiários. A intersetorialidade e a transversalidade, aplicadas nas atividades sociais, contribuíram para a contratação de ex-militares e integrantes do Programa Forças no Esporte em diversos postos de trabalho.
Os adolescentes do Programa Forças no Esporte tiveram a oportunidade de realizar cursos de formação inicial e continuada no interior do aquartelamento. O que impedia o acesso à essa modalidade de ensino, para alguns deles, era a inviabilidade do deslocamento físico entre a casa, a instituição profissionalizante e a escola. Tal fato teve como consequência a ampliação da renda familiar, uma vez que alguns beneficiados foram contratados como menores aprendizes.
Vale ressaltar que os cursos profissionalizantes do Sistema “S” foram customizados e funcionaram dentro do quartel. Desse modo, a parte prática dos alunos foi utilizada para aprimorar as instalações dos soldados e outras benfeitorias, como as escolas públicas do PROFESP. Estes eventos ampliaram a articulação interna da Organização Militar e produziram um efeito pragmático do ensino por
competências. O conhecimento adquirido serviu para gerar o bem estar e integrar o quartel de uma forma mais dinâmica à sociedade, demonstrando a sua responsabilidade social.
A realização do curso de qualificação profissional contando com integrantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, propiciou um exemplo da união das Forças Singulares. Ademais, foi permitida a economia de recursos, uma vez que a relação do custo versus quantidade de vagas foi explorada, com pleno êxito, formando uma turma pioneira no cenário nacional.
Destaca-se, ainda, o emprego de novas tecnologias assistivas que aprimoraram o processo de ensino-aprendizagem com a utilização do ensino à distância. Isso ajudou a vencer as barreiras de tempo e espaço, para a execução desta atividade, evitando deslocamentos desnecessários. Outro fato positivo, também, foi o material didático disponibilizado no formato digital para a consulta dos alunos. Assim sendo, em áreas remotas do país, como nas Organizações Militares da Amazônia Legal, é possível empregar tais tecnologias.
Vale lembrar que o Brasil possui grandes desigualdades regionais. Uma Organização Militar Hospedeira, algumas vezes, poderá ser a única presença estatal em muitos rincões do país. Posto isso, ampliar as oportunidades esportivas e de qualificação profissional são essenciais para mudar a realidade social existente. Forçoso constatar que um quartel com programas sociais funciona com um polo irradiador de desenvolvimento e cidadania de seu entorno geográfico, sendo os beneficiados os principais propagadores da imagem positiva gerada por esta política pública.
No Ministério da Defesa, os meios indispensáveis para empreender os seus projetos sociais são computados como recursos desta pasta. Verificou-se a necessidade de implementar o conceito de Economia de Defesa, com a finalidade de realizar uma nova metodologia de gastos. Assim sendo, haverá maior transparência institucional para a sociedade e melhores informações para as tomadas de decisões políticas dos gastos realizados com a defesa.
Ao revisar o âmago das ações sociais perquiridas, encontra-se no cerne da questão o indivíduo. Transformar uma vida por meio da construção de conhecimentos ou ouvir uma afirmação de um adolescente contrária ao uso de drogas são fatores que valorizam uma sociedade. Nesta senda existe uma riqueza de possibilidades que contribuem para a autonomia dos beneficiários. Trata-se de uma lógica simples, onde
primeiro a corporação cuida das pessoas e, naturalmente, elas buscarão defender e aprimorar a instituição militar.
As ações executadas serviram para fortalecer o principal bem de uma nação: o seu capital humano, que faz parte da expressão psicossocial do Poder Nacional. As instalações e os materiais que foram alcançados pelos cursos customizados, demonstram a dualidade da capacitação profissional para a expressão militar e os resultados obtidos fortaleceram a expressão política, uma vez que contribuem para materializar os objetivos fundamentais do país.
Conclui-se que a pesquisa comprovou uma gestão eficiente que corroborou para promover o bem comum, a justiça social e o desenvolvimento nacional, em escala micro, mas que serve como protótipo de gestão para a macro dimensão do Ministério da Defesa no Brasil.
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