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Considerações Finais

Etapa 7. Avaliação e Interpretação dos Resultados

4 RESULTADOS

5.1 Considerações Finais

Este trabalho procurou oferecer elementos para o aumento do conhecimento sobre varejo de confecção para a baixa renda por meio de uma investigação das estratégias dos varejistas que atuam nesse segmento, refletidas no composto mercadológico ofertado por eles.

A pesquisa permitiu derivar empiricamente uma taxonomia dos formatos de lojas de confecção que atuam em pólos comerciais de rua (objetivo 2). A utilização da técnica de análise de agrupamentos mostrou-se adequada para o desenvolvimento desta taxonomia e o composto mercadológico adotado pelos varejistas foi um bom discriminante destes formatos.

Os construtos que constituem o formato de loja foram identificados na literatura e se mostraram eficientes na sua discriminação (objetivo 1). A caracterização dos grupos encontrados permitiu identificar diferenças quanto ao estágio de desenvolvimento estratégico que as empresas em cada grupo se encontram e sugerem a existência de um processo de evolução entre estes formatos (objetivos 3 e 4).

A diversidade de formatos de loja pôde ser verificada empiricamente. Foram encontrados quatro tipos de formatos diferentes. Considerando o escopo limitado do estudo (um segmento de varejo e um segmento sócio econômico) é razoável imaginar que o número de tipos aumente de forma significativa com a ampliação do escopo.

O Grupo 1 é composto de lojas que aparentam um estágio mais primitivo de operação. Denominado Amadoras, este grupo é formado por lojas na sua maioria independentes que demonstram pouca preocupação com o desenvolvimento de estratégias. Mesmo aspectos que demandam poucos recursos como a utilização da área de vendas e vitrines para a promoção de mercadorias e um maior cuidado com a apresentação dos vendedores não são observados nas lojas deste grupo.

Pode-se especular que as lojas pertencentes ao grupo das Amadoras devem apresentar desempenhos piores que as lojas dos demais grupos por não apresentarem uma definição estratégica clara (CONANT; SMART; SOLANO- MENDEZ,1993). É possível considerar ainda que a perpetuação desta situação possa ameaçar inclusive a sobrevivência dessas lojas.

Observando as lojas do Grupo 2, observa-se um nível maior de desenvolvimento estratégico, mesmo que este não seja formalmente elaborado. Este grupo apresenta maior elaboração estratégica em quase todos os aspectos do composto mercadológico se comparado com os resultados das lojas do Grupo1, especialmente em relação à estratégia de preço. Estas lojas trabalham com os menores preços e parecem reforçar esta característica com a sinalização intensa das promoções no interior da loja e nas vitrines o que deve ajudar a consolidar o seu posicionamento, por isso a denominação de Barateiras.

É importante ressaltar, que a maioria das lojas deste grupo já possui mais de uma unidade, constituindo pequenas redes regionais. É possível especular que a decisão de atuar em regiões próximas da cidade é sinal de um maior foco facilitando a logística e a consolidação das marcas.

É possível considerar a partir das análises realizadas neste trabalho, que as lojas do grupo das Barateiras precisam ficar atentas ao fato de que o consumidor de baixa renda não está interessado apenas em preço baixo e que este pode deixar de ser um diferencial da sua operação. Desta forma, seria importante para estas empresas investir em outros aspectos do composto mercadológico para garantir a continuidade das suas operações.

Somadas, as lojas dos grupos 1 e 2 constituem cerca de 80% da amostra. Considerando que estas são as lojas menos estruturadas do ponto de vista estratégico, a grande proporção encontrada parece confirmar as condições menos rígidas impostas nos pólos comerciais de rua. Seria interessante investigar a presença de lojas desse tipo em empreendimentos como shopping centers para efeito de comparação.

Diferente dos Grupos 1 e 2 que parecem mais restritos ao comércio popular, as lojas do Grupo 3 parecem possuir representantes em pólos comerciais e shopping centers

voltados para segmentos com maior poder aquisitivo. Este grupo foi denominado de Especializadas principalmente devido sua linha de produtos mais restrita. Nestas lojas é possível encontrar um nível mais alto de sofisticação em quase todos os aspectos do composto mercadológico reflexo de uma estratégia mais clara e definida por parte dessas empresas.

As lojas desse grupo não aparecem nos pólos menores como as duas regiões de comércio de Capão Redondo, isso porque pólos menores são normalmente menos especializados, as lojas em pólos menores tendem a ser mais generalistas para atingirem um público consumidor maior.

Finalmente, as lojas do Grupo 4, são lojas que aparentam possuir um nível mais alto de profissionalização e como conseqüência um nível de desenvolvimento estratégico mais elevado, por isso a denominação Consolidadas. Estas lojas apresentam um cuidado integrado com todas as variáveis do composto mercadológico criando um posicionamento mais claro. Praticamente todas as lojas pertencem a grandes redes incluindo as maiores redes de varejo de confecção do país.

Bailey (1994) argumenta que embora as classificações sejam principalmente ferramentas descritivas ao invés de explicativas, elas podem servir para o estudo de relacionamentos ou para a especificação de hipóteses acerca de relações entre os objetos da classificação. Com base nesse argumento, é possível especular sobre possíveis trajetórias na evolução dos formatos varejistas encontrados neste estudo. A Figura 20 apresenta as possibilidades de evolução dos formatos varejistas especuladas a partir desta pesquisa.

Pode-se imaginar que as lojas do grupo das Amadoras ao definirem melhor suas estratégias podem migrar para o grupo das Barateiras, no caso de optarem por estratégias de preços mais agressivas, ou podem decidir focar esforços na melhoria do mix de produtos e nos outros aspectos do composto mercadológico sem se preocuparem tanto com a questão do preço migrando para o grupo das Especializadas. Menos provável é a evolução de uma loja do grupo das Amadoras para o grupo das Consolidadas devido ao enorme esforço e investimento necessários.

Figura 20 – Caminhos de evolução entre os formatos Fonte: Elaboração própria.

Um caminho mais provável é a evolução das lojas do grupo das Barateiras para o grupo das Consolidadas. Estas lojas já possuem uma estratégia de preços desenvolvida, o desafio é definir melhor as estratégias para os demais itens do composto mercadológico e trabalhar a operação de maneira eficiente para permitir o crescimento.

Em resumo, este estudo traz importantes contribuições para o entendimento mais aprofundado do varejo de confecção, em especial para o segmento de baixa renda, ainda pouco conhecido. A classificação das lojas nos grupos encontrados é o início deste entendimento mais estruturado do setor e pode ajudar os varejistas a conhecer a estrutura do mercado e seus concorrentes.

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