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Quando uma criança nasce, ela já chega em um mundo estruturado por crenças, atitudes, valores e representações sociais, e nestas representações que ela está inserida terá que se desenvolver. Portanto, uma criança com deficiência ou superdotada que já nasce rotulada pela sociedade, quando entrar na escola será obrigada a viver e conviver com as possíveis representações do professor e dos colegas frente a sua diferença ou deficiência, independente de quais forem. Sendo assim, a representação que o professor faz de seu aluno é importante, pois ela que será a responsável pelas relações estabelecidas entre eles e inclusive quanto às experiências que serão vivenciadas com os demais alunos e pelo modo que eles se relacionam com as diferenças. Segundo Beyer (2002, p. 163):

O conceito de diferença sinaliza para as situações individuais, ou seja, ser cego, surdo, ou ter uma deficiência mental inclui estados individuais carregados de potencialidades, habilidades e, também, adversidades, assim como qualquer aluno na escola dispõe, em sua individualidade, de um espectro de habilidades e de limitações. Neste sentido, a convivência escolar em situações de integração cria um rico campo de aprendizagens, onde as crianças crescem, desenvolvendo habilidades tais como a tolerância e da aceitação do outro, importantes para a sua vida social e profissional futura.

Partindo da premissa de que é possível proporcionar uma educação de qualidade para todos independente da sua condição física, intelectual ou social, está claro que ações conjuntas que passam pelo comprometimento dos professores e do apoio das redes mantenedoras de educação, torna-se uma necessidade. Além disso, a mudança de postura a fim de que se trabalhe com a heterogeneidade atendendo as necessidades de todos, resgatando o respeito ao próximo, para que se sinta presente na sociedade, capaz de agir e criar, de desenvolver competências e habilidades funcionais e cognitivas, participar do acesso ao conhecimento, da cultura e do trabalho na comunidade com uma escola aberta e professores capacitados para proporcionar essa demanda. A inclusão visa atender a

diversidade de alunos e pressupõe que incluir é agir de forma que ninguém fique de fora do processo, e para isso é preciso encontrar os caminhos que levam a ela, tornando as escolas ambientes conscientes de que a inclusão beneficia a todos os alunos e enriquece as relações e o convívio escolar, reforça atitudes positivas de respeito ao próximo e a si mesmo.

Como possibilidades para que vençamos as barreiras impostas pelo meio, e para que possamos atender melhor as necessidades de todos os educandos, uma alternativa pode ser realizar formação continuada, criar grupos de estudos na própria escola, aproveitando inclusive a existência da Universidade no município, trazendo para a discussão a realidade vivenciada na escola. É importante também que se oportunize no espaço escolar encontros para discussão com profissionais de outras escolas, socializando experiências e conhecimentos. A escola necessita de apoio, acompanhamento e formação para que, efetivamente, seja desenvolvido um trabalho de qualidade e com intervenções pedagógicas eficazes a fim de passarmos de uma simples integração para uma verdadeira educação inclusiva desde a Educação Infantil.

Pode-se afirmar, a partir das leituras feitas no decorrer dessa pesquisa, que todos ganham e aprendem com a inclusão na sala de aula regular: aprende-se com as diferenças a ser solidário, a ajudar o próximo, entre outros valores escassos na sociedade atual.

Além disso, constatamos que a falta de conhecimento é o principal agravante da exclusão no Brasil. O termo inclusão pressupõe que deve haver algum tipo de exclusão, muitas vezes até mesmo a própria família consciente ou inconscientemente colabora para que o agravamento da exclusão aconteça e isso se dá principalmente por desconhecimento dos direitos da pessoa com deficiência, pelo sentimento de impotência gerado pela situação familiar.

Outro aspecto importante é de que mesmo com boas intenções, a família pode também ser agente de exclusão quando superprotege ou rejeita, de alguma forma, a condição de deficiência, o que pode ser evidenciado com a segregação das escolas especiais – que com a melhor das intenções, pode sim produzir efeitos nocivos e impedir o pleno desenvolvimento da criança com deficiência quando o afasta do ensino regular e do convívio com crianças ditas normais.

Sendo assim, levar às famílias o conhecimento dos direitos do deficiente, pode contribuir para a tomada de atitudes e para a implementação de políticas que visam a acessibilidade e o preparo dos profissionais que vão trabalhar com a criança. Isso pode acontecer na escola mesmo, com pessoas dispostas a levar esse conhecimento às famílias e que se comprometem com a causa. É preciso deixar claro que as trocas que acontecem de forma diferente e única na escola regular são essenciais para o desenvolvimento afetivo e social dos sujeitos nela inseridos, daí a sua importância:

Porém, do ponto de vista vygotskyano das importantes trocas sociais e sua contribuição para as zonas de desenvolvimento proximal, ou seja, em que crianças com condições cognitivas avançadas podem estabelecer pontes de mediação para crianças com níveis inferiores de desenvolvimento, há um prejuízo evidente com a tendência à homogeneidade grupal, através do nivelamento cognitivo (BEYER, 2006, p. 12).

Em seu trabalho, Beyer (2006) acrescenta algumas premissas de Vygotsky que resumidamente consistem em afirmar que todos os sujeitos aprendem, o que vai depender do meio, onde a qualidade das interações é que determina o sucesso ou o fracasso na aprendizagem. As trocas no grupo em que está inserido, o estímulo à aprendizagem gerado em situações desafiadoras e que instigam a resolução de problemas, levam a curiosidade e à descoberta, fatores determinantes durante o processo em que a aprendizagem de todos é o nosso principal objetivo, isso só é possível diante da heterogeneidade existente na sala de aula comum.

Por outro lado, em se tratando de professores, no presente trabalho, a investigação apontou para a constatação de que as parcerias acontecem entre colegas de escola, sendo que as que possuem mais experiência ajudam as outras em uma relação dialógica. Diante de situações de inclusão na escola o grupo buscou informações de quais as possibilidades de trabalho com essas crianças sendo que a escola de educação infantil em questão não conta com AEE ou mesmo uma sala de recursos multifuncional.

Diante disso, é importante se iniciar um diálogo no sentido de estabelecer metas de implantação de sala de recursos devidamente equipada, bem como da utilização de instrumentos adaptados sempre que for necessário, utilizando-se para isso os recursos de tecnologias assistivas e de acessibilidade para que além de estarmos garantindo o convívio entre meninos e meninas, a escola seja um ambiente onde o respeito às diferenças seja

cultivado desde pequenas. Caso essa implementação (AEE) não seja possível, pode-se discutir no grupo envolvido a possibilidade das crianças incluídas frequentarem o AEE em outra escola da rede municipal próxima, desde que haja o trabalho voltado para o público da Educação Infantil.

Essa pesquisa ajudou a confirmar as minhas convicções no sentido de que, é uma ilusão pretender incluir as crianças com deficiência na escola desde a Educação Infantil somente por força de lei. Sem a colaboração de toda a comunidade escolar e o apoio necessário, as chances de sucesso no trabalho escolar são limitadas resumindo-se a ações pontuais (mesmo que significativas), que poderiam ser melhor desenvolvidas, em condições favoráveis e com as devidas intervenções.

Concluindo a discussão sobre a inclusão, deixo esse poema:

“Há escolas que são gaiolas. E há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados, são pássaros sob controle.

Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre tem um dono.

Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados.

O que elas amam são pássaros em vôo.

Existem para dar aos pássaros coragem para voar.

Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.”

REFERÊNCIAS

BEYER, Ugo Otto. Integração e inclusão escolar, reflexões em torno da experiência alemã. In: Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 8, n. 2, p. 157-168, jul./dez. 2002.

______. Educação inclusiva: ressignificando conceitos e práticas da Educação Especial. In:

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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil03/leis/leis 2001/l10172.htm=1>. Acesso em: 08 abr. 2012.

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DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das

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REGO, Teresa Cristina. Vygotsky, uma perspectiva histórico-cultural da Educação. Petrópolis: Vozes, 1995.

APÊNDICE

O presente questionário foi parte da coleta de dados que foram utilizados para a realização da pesquisa que resultou na monografia intitulada: CAMINHOS DA INCLUSÃO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA EXPERIÊNCIA NO MUNICÍPIO DE IJUÍ/RS a qual

foi desenvolvida por mim, Eliane Fátima Mariotti Cossetin orientada pela professora Jane Teresinha Donini Rodrigues, como requisito para a obtenção do título de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação: Educação Especial na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. A identidade dos entrevistados será mantida em sigilo, garantindo liberdade de expressão ao responder as perguntas a seguir. Serão mantidas na íntegra as respostas e termos utilizados pelos sujeitos da pesquisa. Nossos sinceros agradecimentos às pessoas que participaram e colaboraram na realização desse trabalho.

QUESTÕES PARA PROFESSORES, SERVENTE E AUXILIARES DE

EDUCAÇÃO INFANTIL:

1- O que você entende como inclusão?

2- Você já vivenciou algum caso de inclusão na sua sala de aula ou na escola, na turma de alguma colega? Conte como foi.

3- Quando soube que iria ter uma criança incluída na sua turma qual foi o seu primeiro pensamento? Qual a sua reação? (Ou se não foi na sua turma, como viu a reação na escola?)

4- Em sua opinião, que dificuldades, ou mesmo quais as barreiras enfrentadas pelos professores para que haja a inclusão? O que precisa ser mudado ou adaptado?

5- Qual o papel do professor para que a inclusão aconteça e ao mesmo tempo possibilite o desenvolvimento de todas as crianças da turma?

6- A partir da sua experiência e das suas observações, o que você tem a dizer sobre a inclusão de crianças com deficiência na Educação Infantil? Qual o seu posicionamento?

QUESTÕES PARA MÃE DE ALUNA INCLUÍDA NA ESCOLA:

1- O que você entende como inclusão?

2- Como mãe, conte como está sentindo o trabalho da escola com sua filha. Quais avanços tens observado desde que ela ingressou na escola?

3- Pensando no caso específico da sua filha, o que poderia ser melhorado ou adaptado na escola para facilitar o seu desenvolvimento? Tens percebido alguma dificuldade?

4- A partir da sua experiência e das suas observações, o que você tem a dizer sobre a inclusão na Educação Infantil? Qual o seu posicionamento?

ANEXOS

Profª Safira, Berçário I:

1- Para mim a inclusão é compreendida como uma possibilidade que as pessoas, os jovens, os estudantes, enfim que todos possuem, de conviverem com o diferente, de aprenderem a acolher, a respeitar os outros em suas particularidades e individualidades. Também compreendo a inclusão como um conjunto de possibilidades criadas para que qualquer indivíduo sinta-se acolhido e aceito em determinado grupo ou espaço.

2- Sim, vivenciei a inclusão de uma menina, com sete meses incluída na turminha do BI da nossa escola, portadora de paralisia cerebral, com grande comprometimento motor.

3- Quando soube da notícia foram vários os sentimentos que dominaram meus pensamentos, pois via a experiência da inclusão desta criança numa turminha de educação infantil como positivo, uma vez que as oportunidades de estímulos e interações possíveis para ela seriam marcantes para o seu desenvolvimento. No entanto ao pensar a nossa realidade enquanto instituição pública, considerando alguns fatores como o número de crianças por turma, espaço físico, materiais adequados para as especificidades de cada criança entre outros, sentia-me um tanto quanto impotente e insegura. No entanto não podemos usar destes argumentos para nos acomodar e não fazermos o nosso trabalho, sendo assim procurei somar um pouquinho dos conhecimentos e da experiência vivenciada com a educação especial com a vontade de trabalhar e contribuir com a aprendizagem e crescimento desta criança. Foi uma experiência muito rica e gratificante.

4- Ao pensar a questão da inclusão observam-se muitas barreiras para que de fato, esta aconteça. Barreiras que perpassam desde a postura e posição de educadores frente à aceitação e interesse pela causa, até as questões de infra-estrutura física, de espaço, de organização de materiais adaptados necessários às necessidades das diferentes especificidades que se apresentam nas questões da educação especial. Pois de fato não basta apenas dizermos ou afirmarmos que somos a favor da inclusão, sendo necessário a tomada de atitudes concretas em benefício da inclusão. Decisões tanto por parte do poder público, quanto por parte dos profissionais envolvidos nesta causa. Ao levar em conta a minha experiência vivenciada dentro de uma instituição de educação infantil pública senti muitas dificuldades em prestar um atendimento mais individualizado à minha aluna, considerando o número de crianças incluídas na turma. Sentia-me frustrada em muitos momentos, pois ao considerar a realidade e as reais necessidades da criança sabia que necessitava de muitos estímulos e um investimento maior por parte também de uma equipe especializada, para que pudesse se desenvolver. Além das necessidades das adaptações físicas necessárias para que haja de fato um atendimento educacional especializado. No decorrer deste processo buscamos conversar com a família, e buscamos ajuda junto à secretaria municipal de educação. Ao final conseguimos orientar a família a buscar auxílio em uma instituição especializada (APAE), a qual poderia prestar o atendimento mais individualizado e especializado que a aluna necessitava naquele momento. Paralelo a isto ela continuava a frequentar a escola infantil, convivendo e interagindo com as situações de aprendizagens e estímulos oferecidos de maneira mais coletiva na escolinha.

5- Para mim a primeira postura adotada pelo professor que recebe ou vai receber uma criança com necessidades especiais é assumir uma posição de aceitação, de acolhida. É primeiramente conhecer a criança, conhecer a sua história e a partir disso visualizar “possibilidades‟‟, e não simplesmente se deter em diagnósticos que muitas vezes definem o

fracasso de uma criança. A busca por leituras que tratem sobre o assunto, conversas com profissionais da área da saúde (fonoaudióloga, fisioterapeuta, psicóloga,...) o contato com experiências e situações de inclusão que deram certo são pequenas ações que poderão ser assumidas pelo educador.

Enfim, para que a inclusão aconteça é necessária uma mudança ampla no olhar de cada educador, onde se busque a reestruturação das suas práticas escolares, considerando a diversidade de saberes, assim como as diferentes formas de aprender e as diferentes possibilidades de respostas. A partir do momento que o professor aceitar esta (e) aluno ele provavelmente passará aos seus outros alunos o sentimento de acolhida e receptividade, uma vez que o grupo desenvolverá muitas aprendizagens, iniciando desde bem cedo a aceitação e convivência com o diferente, tornando a inclusão um processo natural e tranqüilo com o passar do tempo. Segundo Mantoam “o grande ganho para todos é viver a experiência da diferença” e em especial para nós professores o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação.

Profª Ametista, Pré I:

1- Inclusão: possibilitar o convívio com o diferente, assegurar a aprendizagem e o desenvolvimento de todos os alunos, sejam eles com alguma deficiência ou não, procurando a socialização entre as diferenças.

2- Sim, já tive turmas com alunos com deficiência. Confesso que não é uma tarefa nada fácil, a gente se sente um pouco incapaz de dar conta da aprendizagem de todos, mas com paciência, muito estudo e colaboração dos demais colegas tudo se encaminha.

3- O primeiro pensamento é: “será que sou capaz?” Mas após algum tempo a gente vai se encorajando e suprindo com as dificuldades.

4- No meu entendimento a principal dificuldade é a falta de apoio pelos órgãos responsáveis.

5- Em primeiro lugar o professor tem que “aceitar” as diferenças, se propor a fazer diferente seu trabalho, ter um olhar diferente para esses alunos incluídos.

6- Na Educação Infantil a inclusão torna-se mais significativa, pois a criança está no início do seu desenvolvimento e necessita de mais estímulo e compreensão, o que torna o trabalho do professor mais importante, com mais conhecimento na área.

Profª Ágata, coordenadora pedagógica e professora do Berçário II B:

1- Para mim inclusão é dar a oportunidade de crianças com necessidades especiais compartilhar, trocar, aprender junto com crianças ditas “normais”, pois na verdade cada criança é única, tem limitações, tem um modo de aprender diferente umas das outras (cada uma tem o seu tempo). É importante que desde pequenas elas tenham a noção de que somos diferentes, algumas crianças se comunicam de forma diferente, outras se locomovem de forma diferente, é nas diferenças que crescemos e aprendemos sem pré- conceitos de que o que é diferente deve ficar isolado como era antigamente.

2 e 3- Minha primeira experiência foi em 2000 com uma menina surda na Educação Infantil, a mesma tinha dois ou três anos e toda vez que chamávamos sua atenção ela ia para

um canto e chorava, às vezes gritava muito, isto me angustiou, procurei a Smed e como não havia pessoal nesta área me falaram da Igreja Batista a qual eu procurei e fiz com eles um mini- curso de 20hs onde aprendi um pouco da cultura dos surdos e alguns sinais, e foi através das revistas com imagens que comecei a ensinar os sinais para a menina; mas era eu e ela em um mundo tão grande de ouvintes.

Um ano mais tarde fui convidada para trabalhar em uma escola onde a Smed estava reunindo os surdos de Ijuí. É claro que não aceitei, mas a pressão foi grande que acabei indo trabalhar no Soares de Barros. Não vou esquecer-me do dia que fui conhecer: as crianças corriam de um lado para outro, o educador responsável gritava. Isso mesmo, gritava com as crianças surdas. Bom, realmente acho que as crianças precisavam mesmo de mim. Foram muitos dias que retornava chorando para casa, como eu que só tinha 20hs de curso de Libras

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