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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No documento 2009GilmarPalmeira (páginas 115-118)

4º CAPÍTULO SETORES EM SINERGIA COM O RAMO DAS PEDRAS PRECIOSAS

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como foi indicado na introdução, o objetivo geral desse estudo era analisar a participação do setor de pedras preciosas no crescimento socioeconômico do município de Soledade, bem como toda a dinâmica que envolve o setor, a partir das extrações de pedras preciosas até o beneficiamento das mesmas. Além disso, queríamos elucidar a efetiva participação do setor nas receitas municipais.

Os resultados obtidos através da pesquisa, conduziu-nos à uma enorme teia de envolvidos na promoção do crescimento econômico do setor de pedras preciosas. Entre eles: entidades, sindicatos, associações e órgãos pertencentes a Ministérios e Secretarias Estaduais e Municipais.

Notamos que o município já foi um grande exportador de erva-mate. Também teve muita expressão na indústria madeireira. Já na década de 50 em plena industrialização brasileira tornou-se uma referência na fabricação e exportação de calçados. Somente nas décadas de 1970 e 1980 surgiram as primeiras indústrias de pedras preciosas de maior porte. Antes disso, a atividade de pequenos produtores e aventureiros que extraíam as pedras e vendiam-nas sem tratamento algum, in natura.

Podemos verificar que nos anos 80, quando a indústria entrou em declínio, houve uma crise com proporções gigantescas levando muitas empresas à falência. Justo no momento em que as empresas do setor de pedras preciosas estavam descobrindo novos mercados e começando a exportar. Foi nesse cenário que as três maiores indústrias Soledade iniciaram suas atividades.

Neste trabalho procuramos descrever como estas empresas foram beneficiadas pelos incentivos do Governo Federal. Na década de 1990, a balança comercial brasileira enfrentou um enorme déficit. Frente a tal situação, o governo federal concedeu estímulos aos exportadores isentando-os dos impostos sobre as exportações de pedras preciosas in natura. A partir daí, houve um estouro nas exportações do setor, como foi demonstrado através de gráficos econômicos.

Percebemos que a industrialização e exportação de pedras preciosas são determinantes nas receitas municipais de Soledade, influenciando diretamente no Valor Adicionado Fiscal (VAF). Assim, auxilia sobremaneira a compor o índice de repasse das receitas federal e estadual para o município.

Os aspectos positivos na área econômica são maculados pelo grande problema social presente nas relações das grandes empresas com as fábricas de lapidação de fundo de quintal. Nas denominadas “fabriquetas”, os lapidadores não detêm direitos trabalhistas, trabalham sem controle na atividade do corte das pedras, sem equipamentos de segurança e, geralmente, em ambientes inadequados.

A questão ambiental é outro ponto que merece cuidado. Os orgãos que têm a obrigação de fiscalizar, tanto os garimpos como as indústrias postergam a tomada de decisões mais eficazes contra as empresas poluidoras. Os resíduos químicos171 das indústrias de Soledade ainda efluem para os córregos, poluindo muitas fontes utilizadas na agricultura e na pecuária. As soluções encontram-se apenas em projetos futuros.

A falta de qualificação de lapidadores e artesãos é um problema que está afetando a produção soledadense. Diante da globalização e das novas tecnologias usadas nas confecção de jóias de pedras preciosas, os brasileiros vêm perdendo muito mercado para os países em que o custo de produção é menor, como China e Índia.

Na busca de maior competitividade, os Centros Tecnológicos para qualificação profissional mantêm uma parceria entre o Ministério da Ciência e Tecnologia, UPF, UFRGS, SENAI e SEBRAE/RS para promover diversos cursos aos lapidadores, artesãos, joalheiros e empreendedores, além de oficinas, seminários e fóruns.

O setor de pedras preciosas consegue aglutinar muitos segmentos para promover e desenvolver a economia local e regional. O comércio em geral, os setores de prestação de serviços ligados à contabilidade e a hotelaria e à organização de feiras também são beneficiados pela dinâmica do setor.

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Entre os produtos químicos usados no tingimento de pedras preciosas podemos destacar: ferro-cianeto, ácido crômico, amônia, ácido nítrico, ferro percoreto e anilina.

Entendemos que o estudo tem uma extrema importância histórica porque o setor de pedras preciosas está num momento de transição. A pedra in natura que antes era exportada em grande quantidade está terminando, não tem tanto como há décadas. Tratando -se de um produto finito, os empresários estão percebendo que terão que mudar o foco. Além disso, o governo está estimulando muito a confecção de joias e artefatos de pedras preciosas e diminuindo os incentivos existentes na exportação da pedra in natura.

Neste sentido, o governo busca gerar emprego e renda para a enorme massa de desempregados nas regiões de extração mineral. Daí advém a premente necessidade de qualificação profissional face às novas tecnologias e equipamentos.

Em entrevistas com empresários, ficou muito claro que os principais entraves do setor são: taxa cambial, carga tributária excessiva na manufatura, encargos sociais abusivos. Devido a isso, os empresários estão receiosos em investir na indústria de confecção joias, porque o preço do produto final torna-se elevado em comparação com outros mercados, não sendo atraente para os clientes importadores.

Segundo os entrevistados, o fato de Soledade ser o maior centro de vendas do setor na América Latina, faz com que o fluxo de compradores estrangeiros seja mantido, pois mesmo sem jazidas próprias o município possui pedras de todos os lugares. Além disso, a EXPOSOL constitui a grande vitrine para os negócios em termos mundiais.

Diante do exposto, salientamos que, os documentos pesquisados e as bibliografias que tratam do crescimento econômico do setor e fatos correlacionados, foram estudados na intenção de desvendar a realidade econômica, produtiva, ambiental e as relações entre exportadores e lapidadores de pedras preciosas. A forma que os empresários percebem a dinâmica do setor, foi analisada através das entrevistas. Essas nos deram embasamento para descrever os problemas enfrentados por eles para continuarem suas atividades.

No documento 2009GilmarPalmeira (páginas 115-118)