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Considerações finais

No documento Carina Alexandra Rondini (Org.) (páginas 36-40)

O desenvolvimento infantil tem sido objeto de diferentes estudos, interpretações e análises, sob a ótica de diversas abordagens da Psicologia, ao longo da história de constituição dessa ciência. Na perspectiva Histórico-Cultural, referencial do presente texto, as bases para uma Psicologia do desenvolvimento busca compreender o psiquismo humano para além de explicações organicistas de desenvolvimento.

Necessitamos, todavia, estar atentos às especificidades do aprender na infância, às vivências propostas à criança e às políticas educacionais que fundamentam as ações pedagógicas

Uma análise crítica das políticas educacionais voltadas à infância, da atuação dos profissionais de Psicologia e da Educação não pode deixar de vislumbrar a importância ética e política de melhoria da qualidade de ensino público. Além disso, como reflete Souza (2010), é necessário pensar a escola a partir de seus processos diários de produção de relações, examinando como as políticas públicas são apropriadas nesses espaços e transformadas em atividade pedagógica, em prática docente, em práticas institucionais, portanto, em prática política.

Nesse sentido, acreditamos que a abordagem vigotskiana, alicerçada no materialismo histórico e dialético, possa colaborar para o desvelamento e compreensão da criança e daqueles que com elas trabalham, como sujeitos ativos, capazes de aprender, de ser criativos, que têm potencialidades de transformar a realidade social. Devemos atentar, por outro lado, ao fato de que, junto aos questionamentos acerca dos direitos das crianças, do seu desenvolvimento, da qualidade do ensino e de formação dos professores e das políticas públicas de atendimento à infância, há que se considerar que, com a melhoria dos serviços prestados à infância, pode haver maior equilíbrio entre trabalho e vida.

Para finalizar, acreditamos que as contradições de nossas práticas devem nos encaminhar para refletir sobre os processos de avaliação e a qual concepção de criança, de homem e de sociedade estamos vinculados e que colaboramos para manter. Enfim, pensamos, ainda, que o exercício de reflexões críticas de nossas práticas profissionais e escolares e das relações de poder devem ser constantes, tendo em vista que também fazemos parte dos equívocos e não podemos isolar o homem do mundo social em que está inserido e que lhe dá sentido.

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Notas

1 A obra desses autores encontra-se em espanhol e sua tradução, para os fins deste estudo, é nossa.

2 A obra desse autor encontra-se em espanhol e sua tradução, para os fins deste estudo, é nossa.

3 Para saber sobre os estágios de desenvolvimento nessa perspectiva teórica, consultar Facci (2004), Elkonin (1987) e Pasqualini (2009).

Constantino; Gomes; Rossato;

Me movo como educador, porque, primeiro, me movo como gente.

(FREIRE, 1996, p. 94).

No documento Carina Alexandra Rondini (Org.) (páginas 36-40)