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O USO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NUM

No documento Carina Alexandra Rondini (Org.) (páginas 86-89)

PROGRAMA DE ATENÇÃO A ESTUDANTES PRECOCES COM COMPORTAMENTOS DE SUPERDOTAÇÃO E SEUS FAMILIARES

Miguel Claudio Moriel Chacon Ketilin Mayra Pedro

Chacon; Pedro

O Dicionário Larousse da Língua Portuguesa (2012, p. 764) define tecnologia como o “[...]

conjunto de conhecimentos e produtos que resultam em uma aplicação” e como Tecnologia da Informação, o “[...] conjunto de equipamentos, acessórios, programas e circuitos que distribuem informações digitais a usuários e técnicos”. Valente (2013) argumenta que as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), tal como se apresentam hoje, resultam da convergência de distintas tecnologias, tais como: vídeo, TV digital, imagem, DVD, celular, Ipad, jogos, realidade virtual, entre outras, as quais se associam para compor novas tecnologias. Dessa maneira, é possível inferir que o homem sempre viveu em meio a algum tipo de tecnologia e, mais recentemente, tem-se beneficiado das tecnologias da informação e das TDIC.

Vivemos, hoje, em um mundo rodeado por tecnologias. Nas diferentes instâncias da vida social (comerciais, financeiras e educacionais), é recorrente alguém, utilizando notebooks, celulares, tablets, conectados à web. O uso das redes sociais e as buscas por informações acontecem em qualquer lugar ou momento e, para tal, são necessários aparelho tecnológico com acesso a internet e uma pessoa minimamente familiarizada com esses recursos.

Pensando no acesso às TDIC, cada vez mais disponíveis às pessoas, bem como no domínio que têm sobre esses recursos, é necessário repensar a maneira como o sistema educacional brasileiro está organizado para esse fim, além do uso que se faz delas, em todos os níveis das instituições educacionais.

Inicialmente, levantamos a seguinte questão: em que o uso das TDIC modifica o papel do professor e suas ações mediadoras? Isso dependerá da maneira como o próprio professor e os nativos digitais7 irão interagir com as tecnologias, pois, se lhes forem dadas condições de busca adequada de informações, muito provavelmente o professor desempenhará mais um papel de tutor que de detentor do conhecimento. Talvez o professor informado e usuário das TDIC venha a ser alguém que produz conhecimento ou plataformas interativas as quais permitam ao aluno buscar a informação, se apropriar e interagir com ela, modificando-a ou complementando-a.

A partir do advento da internet, a busca pelo conhecimento ultrapassou o uso exclusivo de livros impressos e a lógica linear, de maneira que outros recursos passaram a viabilizar a busca de informações e conhecimento de forma mais espiralada, de acordo com os interesses e as necessidades do próprio usuário; por exemplo, os hipertextos são textos digitais que proporcionam leituras não lineares conduzidas de acordo com os links, que oferecem novos rumos para esclarecer ou complementar a compreensão do tema pesquisado. Segundo Garcia et al. (2007), os nativos digitais realizam diversas atividades ao mesmo tempo e utilizam vários canais simultâneos de comunicação, ações estas denominadas multitarefas, além de preferirem acessar arquivos gráficos a textuais.

Com a facilidade de acesso às tecnologias e às informações disponíveis na internet, os estudantes não dependem mais dos professores para acessar o conhecimento, no entanto, nem sempre conseguem apropriar-se do conteúdo de forma aprofundada e pesquisam em fontes nem sempre seguras. Sendo assim, cabe ao professor orientá-los e acompanhá-los nesse processo, tornando significativo o aprender por meio do uso das TDIC.

Mattar (2010) elenca algumas características dos nativos digitais, como

[...] habilidade para ler imagens visuais – são comunicadores visuais intuitivos;

habilidades espaciais/visuais e de integração entre o virtual e o físico; descoberta indutiva – aprender melhor por descoberta do que ouvindo; desdobramento da atenção – são capazes de mudar sua atenção rapidamente de uma tarefa para outra, e podem escolher não prestar atenção em coisas que não lhe interessam;

tempo de resposta rápido – são capazes de responder rapidamente e esperam respostas rápidas como retorno. (MATTAR, 2010, p. 12).

Apesar de as características acima serem apontadas pelo autor como da geração digital, chamamos a atenção para o fato de serem habilidades usadas no mundo digital, mas não exclusivas dos nativos digitais, uma vez que as crianças de gerações anteriores também apresentavam tais habilidades.

Diante do exposto sobre as TDIC, é imperativo pensar a educação aliada ao seu uso.

É necessária uma seleção adequada dos recursos tecnológicos a serem empregados, bem como o estabelecimento de objetivos e estratégias para o conteúdo a ser desenvolvido. Mattar (2010) reconhece que o uso das TDIC altera e enriquece o processo de ensino e aprendizagem, evidência esta sublinhada por seus precursores.

Todos os estudantes devem ter acesso às TDIC nas instituições de ensino, sobretudo aqueles que apresentam necessidades educacionais especiais, sejam elas decorrentes de algum atributo diferencial, seja de precocidade ou superdotação.

No Programa de Atenção a estudantes Precoces com Comportamentos de Superdotação (PAPCS), sediado no Centro de Estudos da Educação e da Saúde (CEES) da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da UNESP, campus de Marília, desenvolvemos nosso trabalho baseados no Modelo dos Três Anéis (RENZULLI, 1986), para identificar estudantes precoces com comportamentos de superdotação. Segundo esse modelo,

[...] o comportamento superdotado consiste nos comportamentos que refletem uma interação entre três agrupamentos básicos dos traços humanos – sendo esses agrupamentos habilidades gerais ou específicas acima da média, elevados níveis de comprometimento com a tarefa e elevados níveis de criatividade. As crianças superdotadas e talentosas são aquelas que possuem ou são capazes de desenvolver estes conjuntos de traços e que os aplicam a qualquer área potencialmente valiosa do desempenho humano. (RENZULLI, 1986, p. 11-12).

Os estudantes precoces com comportamentos de superdotação acadêmica nem sempre têm seus potenciais reconhecidos e podem ser identificados como bagunceiros e desinteressados, pois, por terem desenvolvimento cognitivo à frente dos colegas de sua turma, perdem o interesse pelas atividades propostas em sala de aula.

O estudante que apresenta precocidade pode ter seu desenvolvimento escolar equiparado aos demais colegas, no decorrer da infância. Em contrapartida, os estudantes com comportamentos de superdotação estarão sempre à frente de seus pares, em alguma área de domínio, seja ela acadêmica ou não. “Precocidade não é sinônimo de talento ou potencial elevado, [...] qualquer

âmbito da educação infantil (e séries do Ensino Fundamental)” (GUENTHER, 2006, p. 23, grifos nossos).

Se pensarmos que os nativos digitais que exibem precocidade com comportamentos de superdotação podem explorar as TDIC das mais variadas maneiras, é preciso refletir em que medida a educação a eles oferecida corresponde às suas expectativas, capacidades e necessidades.

No documento Carina Alexandra Rondini (Org.) (páginas 86-89)