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CARRIE WHITE

3. Considerações finais

O produtor de textos percebe que seu trabalho é um processo contínuo. Ao produzir as diversas formas de textos, ele sabe que poderá ser o excretor dos mesmos. O sujeito que escreve tem a nítida convicção de que sua tarefa não é só produzir. Em vários momentos da produção, existem aqueles reservados para passar a limpo, eliminando os trechos e ideias que não agradam e os que contêm erros.

Textos, os mais diversos, são produzidos para que haja sintonia entre o que se ensina na escola e o que a escola quer que o leitor e o escritor aprendam. O gênero que relatamos anteriormente é uma forma de texto de pesquisa científica, que exige do escritor aprendizado para escrever e também transmitir novidades. Se a pessoa produziu um texto para o professor ou para outra pessoa qualquer e, aquele a quem o texto foi produzido não der ao produtor o devido valor, haverá ali um forte bloqueio

para o produtor. Sendo assim, a escola produz textos para que estes sejam exibidos e valorizados.

Este artigo quer desenvolver hábitos necessários para que aquele que escreve possa exorcizar os fantasmas do medo de não saber expressar seus pensamentos; pretende reconhecer que a pressa prejudica e até faz secar a fonte do escritor. O presente estudo analisou ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. S. Paulo: Brasiliense, 1983; TÁVOLA, Artur da. Jornal O GLOBO, de 28/02/1999; PERES, Marcolino Suely. Comunicação e expressão e literatura IV. Apostila do INSEP, 2006. Estes afirmam que o professor precisa cultivar a compaixão pelos futuros escritores. Ensinam que “A inclusão do excluído, ou a inclusão do outro”, precisa ser encarada com seriedade. Isto implica no cumprimento constante do dever daquele que é instrutor dos vários gêneros da linguagem. A boa prática sobre escrever com qualidade consiste em utilizar-se de definições e conceitos e produzir o texto. Depois, deixar o texto descansar. A pressa para revisar o texto deve ser deixada de lado. A correção do texto precisa ser implacável, sem dó, sem medo e ressentimento. O escritor e, depois excretor, precisa arrancar da antiga escrita o que não agrada por não especificar, discernir e facilitar a compreensão daquilo que está sendo dito. O tempo para corrigir é questão a ser definida pelo escritor. Pode levar dias, meses, anos. Importa libertar-se para a compreensão, a sensibilidade e o entendimento. Qualquer pessoa, não importa a profissão assumida ou a simples função que ocupa temporariamente: esta tem necessidade em dominar bem algumas boas formas de comunicação. Por isso, pessoas bem sucedidas são personagens comunicativos. Ao relacionar-se com os outros, passando-lhes suas mensagens escritas ou orais, é que o escritor percebe que ler e, ler atentamente, é o melhor exercício para falar e escrever. Quem fala e escreve mal é porque não praticou os hábitos da boa observação e da sistematização das ideias. É no momento de colher resultados, que o leitor e o excretor são o escritor. A presença de espírito, por ter a coragem de afastar os fantasmas - a preguiça de ler, a busca constante do aperfeiçoamento - fará surgir a humildade intelectual e abrirá a mente do escritor que soube excretar os negativos para a boa expressão, não importa por quais gêneros textuais e orais use.

4. Referências

A BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.

ORLANDI, Eni Puccinelli.A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. S. Paulo: Brasiliense, 1983.

PERES, Marcolino Suely. Comunicação e expressão e literatura IV. Apostila do INSEP, 2006.

REALE, Giovanni e ANTISESERI, Dario. História da Filosofia. V. I, II e III. 2 ed. São Paulo: Paulus, 1990.

SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 17ª ed. São Paulo: Ática, 2002.

XIII ERIC – (ISSN 2526-4230)

POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: UMA

REFLEXÃO SOBRE O ATENDIMENTO NO ENSINO SUPERIOR.

SEVERINO, Maria Tereza. SANTOS, Christina Aparecida dos. (Orientadora) Resumo

Considerando os aspectos amplos e a tentativa de consolidação de diretrizes e políticas diferenciadas para educação superior indígena, esta pesquisa busca fazer um debate sobre a educação para o indígena ofertada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), para isso temos como problema de pesquisa o seguinte questionamento: existe de fato a assistência aos estudantes indígenas fora de suas aldeias, bem como diferentes tipos de cooperação pedagógica específica a esses estudantes indígenas nos cursos das instituições com quem o convênio foi firmado? Para tal intento, o objetivo será compreender como acontece o atendimento pedagógico aos alunos indígenas na Universidade Estadual de Maringá, bem como discutir sobre os limites e as possibilidades desse atendimento, sobretudo, em relação à cultura e à língua. Essa preocupação, a nosso ver, deve perpassar os debates educacionais e ser motivo de empenho para que os indígenas tenham a garantia de atendimento e que possam usufruir de seus direitos como cidadãos brasileiros, sem a perda de sua cultura específica.

Palavras-chave: Educação Indígena. Políticas Públicas Indígenas. Educação Superior.

Introdução

A implantação das escolas nas comunidades indígenas no Brasil é contemporânea à consolidação do próprio empreendimento colonial. A dominação política dos povos nativos, a invasão de suas terras, a destruição de suas riquezas e a extinção de suas culturas têm sido desde o século XVI o resultado de práticas que sempre souberam aliar métodos de controle político a algum tipo de atividade escolar civilizatória (LUCIANO, 2006).

O primeiro e mais longo momento da história da educação escolar para os índios no Brasil é o do período colonial, em que objetivo das práticas era negar a

diversidade dos índios, ou seja, aniquilar culturas e incorporar mão de obra indígena à sociedade nacional. Os jesuítas usaram a educação escolar, entre outras coisas, para impor o ensino obrigatório em português como meio de promover assimilação dos índios à civilização cristã (SILVA, 2001).

Após o breve relato da histórica da educação indígena no Brasil, bem como as legislações que ampararam e ainda amparam o atendimento educacional dos mesmos, sobretudo, mas últimas décadas em se tratando da Educação Superior, foi então realizada uma entrevista com graduandos indígenas da Universidade Estadual de Maringá – UEM e a partir desses dados realizamos uma discussão a respeito desse atendimento tendo por base três eixos norteadores para a análise: atendimento pedagógico, língua e cultura e os limites e as possibilidades de efetivação da Educação Superior aos indígenas.

Para melhor compreender o desenvolvimento da educação escolar indígena no Brasil, além das políticas implementadas, faz-se necessário investigar também a legislação pois, um dos mais preciosos documentos para o estudo da evolução do caráter de uma civilização se encontra na legislação escolar, nos planos e programas de ensino e no conjunto das instituições educativas. (AZEVEDO, 1996, p.56).

O processo de avanço da educação escolar indígena produziu o aumento da demanda pelo acesso de indígenas no nível superior de educação. A exigência por formação superior de professores de nível básico (prevista pela lei de Diretrizes e Bases 9394 de 1996) e o aumento do número de estudantes indígenas formados no nível médio que desejavam continuar seus estudos fizeram com que organizações do movimento indígena passassem a formular reivindicações quanto ao acesso à Educação Superior. Porém, somente o acesso não garante o sucesso destes nos estudos, visto que possuem suas particularidades que devem ser consideradas no processo pedagógico, sobretudo, na Educação Superior.

A problemática que impulsionou nossa pesquisa é a seguinte: existe de fato a assistência aos estudantes indígenas fora de suas aldeias, bem como diferentes tipos de cooperação pedagógica específica a esses estudantes indígenas nos cursos das instituições com quem o convênio foi firmado? Para tal intento, o objetivo

será compreender como acontece o atendimento pedagógico aos alunos indígenas na Universidade bem como discutir sobre os limites e as possibilidades desse atendimento, sobretudo, em relação à cultura e à língua.

Índios do Brasil: cultura e sociedade

Com a vinda dos europeus, deu-se início a uma paulatina reorganização das terras que eram ocupadas pelos povos indígenas. Esse processo de migração se estendeu até o início do século XX e marcou o processo de formação sociopolítica e econômica de nosso país (CARVALHO, 2010).

É importante ressaltar que a visão que os europeus tinham a respeito dos índios era eurocêntrica, os portugueses achavam-se superior aos indígenas e, portanto, deveriam dominá-los e colocá-los a seu serviço. A cultura indígena era considerada pelos europeus como inferior e grosseira, dentro desta visão, acreditavam que sua função era convertê-los ao cristianismo e fazê-los seguir a cultura europeia, foi assim que, aos poucos, os índios, foram perdendo sua cultura e também sua identidade (CARVALHO, 2010).

Em relação a essa educação dada aos Índios, observa-se que do ensino catequético ao bilíngue, a tônica foi sempre negar a diferença, assimilar os índios, fazer com que se transformassem em algo diferente do que eram. Nesse processo, a instituição da escola entre grupos indígenas serviu de instrumento de imposição que segundo a autora Ferreira (2001) é marcado pelo o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) que foi criado em 1910, sua fundação se deu em um período altamente crítico para os povos indígenas. O Serviço de Proteção aos Índios (SPI) foi substituído pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que é o órgão indigenista oficial do Estado brasileiro, responsável por promover os direitos dos povos indígenas no território nacional, garantidos posteriormente pela Constituição Federal de 1988 (FERREIRA, 2001).

A FUNAI tenta regulamentar diretrizes que reconhecem que os idiomas indígenas devem ser aproveitados em um sentido amplo, educacional e cultural. Rodrigues (1981) destaca a Portaria nº. 75 de julho de 1972, pela qual a FUNAI baixou normas para a educação dos grupos indígenas, reconhecendo que os idiomas indígenas devem ser aproveitados em todos os sentidos nos programas de

educação e divulgação cultural, estabelecendo que a educação dos grupos