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Nesse capítulo apresentaremos os caminhos que percorremos com a pesquisa, propomos reflexões acerca dos dados analisados e identificamos algumas de suas limitações, e, por fim, indicamos possíveis contribuições para pesquisas futuras.

A nossa pesquisa buscou entender as escolhas realizadas pelos setores educativos dos zoológicos e aquários nacionais e internacionais, no que tange às concepções de conservação da biodiversidade apresentadas nos materiais educativos e comunicacionais dessas instituições. Como já dito nos capítulos 1, 3 e 5, há poucas pesquisas sobre os materiais educativos e comunicacionais em espaços não formais se comparados a espaços formais de educação, e, quando envolve conservação da biodiversidade, o quadro piora, pois só identificamos dois trabalhos que convergem com o nosso, que são o de Campos (2009) e Campos e Marandino (2010), porém ambos os trabalhos são sobre a biodiversidade.

Nesse sentindo, para responder a pergunta de pesquisa (como se apresenta a temática conservação da biodiversidade nos materiais educativos e comunicacionais), utilizamos a análise de conteúdo do tipo temática ou categorial da Bardin.

Essa técnica permitiu buscar e entender as características principais dos materiais educativos e comunicacionais sobre a conservação da biodiversidade por meio da fragmentação da mensagem, assim tivemos uma leitura total dos materias, exploramos, inferimos e classificamos os conteúdos contidos nos materiais, e pudemos entender as escolhas dos setores educativos no que tange à conservação da biodiversidade nos zoológicos e aquários.

Sendo assim, por meio da análise dos 48 materiais educativos e comunicacionais, 38 deles foram do tipo eletrônico. Entre esses, os que mais tiveram destaque por apresentarem contextualizações foram: o ZooEscola: a mata atlântica como instrumento de ensino da Fundação Parque Zoológico de São Paulo; Livreto da Conservação - Parque das Aves; Conhecer para amar - amar para

conservar 3 (a partir de 13 anos) - Aquário Marinho do Rio de Janeiro e Conservação dos habitats - San Diego Zoo Safari Park.

É importante destacar que os mapas que algumas instituições fornecem, como o Zoológico de João Pessoa e a Fundación Temaikèn Bioparque, são elementos importantes para que os professores, quando levarem os alunos para esses espaços, tenham um guia para poderem desenvolver atividades antes e depois da visita. Porém, é importante salientar a necessidade dos professores conhecerem o espaço para que estabeleçam um diálogo com os mediadores das instituições, para que, assim, possam destacar algum conteúdo especial ou solicitar algum material educativo, pois, dessa forma, a visita pode se tornar mais significativa.

Com isso, Paulino38 (2017) afirma que muitas instituições possuem materiais

didáticos, encontros, cursos e oficinas para professores contribuindo para a aproximação entre o museu e a escola. É necessário que os professores e a escola conheçam a instituição para que possam conversar com seus alunos e possibilitar mais aprendizado.

Foi possível constatar que alguns zoológicos e aquários nacionais e internacionais possuem muitos projetos, programas e materiais educativos e comunicacionais, que conseguem ir além do que apenas apresentar conceitos ambientais.

Nesse sentido, é importante que esses materiais educativos contemplem ao máximo diferentes dimensões do conhecimento e problematizem a temática com abordagens que estimulem cada vez mais os visitantes a refletirem sobre suas ações.

De acordo com Uhmann et al. (2017), é necessário que os conceitos ambientais sejam apresentados por diferentes vertentes, pois, a partir disso, o público se torna mais sensibilizado e pode compreender o seu papel na sociedade.

Araujo (2012) afirma que é a partir do entendimento dos conceitos ambientais que se pode fazer a reflexão das ações do homem sobre a natureza, e assim pensar nas soluções para minimizar os gastos desnecessários dos recursos naturais. Assim:

38Para mais informações, é possível acessar o site <https://www.appai.org.br/hoje-a-aula-e-no- museu/>.

O ensino-aprendizagem da Educação Ambiental deve estar comprometida com a realidade socioambiental que requer um conjunto de ações em prol da sustentabilidade, e um dos seus objetivos é contribuir para humanização e formação de cidadãos críticos. (ARAUJO, 2012, p. 17)

Sendo assim, a contextualização é um ato necessário que insere o conteúdo que está sendo aprendido no cotidiano daquele indivíduo. Isso pode resultar numa sensibilização em relação a mudanças de hábitos, em uma aprendizagem significativa e ainda em um maior interesse em aprender, já que está relacionando o que está no texto com a vida daqueles indivíduos (PRUDÊNCIO, 2013).

Com isso, é possível constatar que os materiais educativos ajudam no ensino e na aprendizagem dos conceitos ambientais e, consequentemente, da conservação da biodiversidade, sendo relevante a existência dos zoológicos e aquários para a sensibilização da população. É importante que, cada vez mais, eles abordem conceitos relacionados à extinção, tráfico de animais silvestres, introdução de espécies exóticas, preservação, mineração, biodiversidade, degradação e a fragmentação de ambientes naturais, resultante da abertura de grandes áreas para implantação de atividades humanas.

A abordagem desses conceitos é necessária, pois, de acordo com a WWF39

(Fundo Mundial para a Natureza), no Brasil o tráfico de animais silvestres, as queimadas e as agressões aos biomas colocam em risco todos os anos vários animais.

É fundamental, também, que esses materiais possam ser de diferentes tipologias, pois o público apresenta diferentes processos de aprendizagem e devemos considerar a heterogeneidade do grupo, tanto em nível cognitivo quanto em preferência de atividade.

Nesse sentido, Souza (2016) afirma que diferentes tipologias de recursos educativos torna o processo de aprendizagem mais dinâmico, dialógico, atrativo e motivador. Além disso, a utilização desses recursos facilita a relação entre os sujeitos e possibilita o desenvolvimento da criatividade, coordenação e diversas habilidades.

No geral, os zoológicos e os aquários apresentaram mais frequentemente as seguintes dimensões, categorias e atributos: ontológica – (mecanismo de ação)

39 <https://www.wwf.org.br/?33682/comrcio-ilegal-ameaa-espcies-no-planeta>. Acesso em: 28 de nov. 2019.

educação; epistemológica – (vocalidade) científico-naturalístico; axiológico – (finalista) preservacionista e econômica.

Em contra partida não identificamos nos materiais educativos e comunicacionais analisados as seguintes dimensões, categorias e atributos: epistemológica - (complexidade do nível de conhecimento) não articulado; axiológica - (abordagem finalista) técnico-científico e ontológica - (mecanismo de ação) movimentos sociais; epistemológica - (complexidade de níveis de conhecimento) não articulado.

A primeira dificuldade que encontramos foi na realização da coleta de dados, pois coletamos 314 materiais educativos e comunicacionais, porém apenas 48 foram analisados e isso decorreu pelo fato dos 266 materiais não apresentarem descrições de conteúdo, apenas contendo regras e aplicações. É necessário que as instituições construam materiais que possuam conteúdos para que se possa entender como eles podem colaborar com a aprendizagem do público.

Além disso, algumas instituições alegaram não ter disponíveis muitos materiais educativos e comunicacionais, por não possuírem recursos financeiros suficientes para a construção de tais objetos, e por muitos materiais terem sido construídos por estagiários e voluntários dos espaços. Sendo assim, é relevante destacar a importância das iniciativas financeiras governamentais para a construção de mais materiais educativos, para que as instituições tenham mais subsídio para explorar mais conteúdos.

Outro fator que não conseguimos abordar foi a observação e a análise da aplicação dos materiais educativos e comunicacionais nos zoológicos e aquários com o público, lacuna essa que pode ser mais um caminho de pesquisa.

Além dessa lacuna mencionada acima, uma outra que observamos nas leituras realizadas, e também concordando com Navas et al (2013), é sobre o público alvo das pesquisas em zoológicos e aquários. No geral as pesquisas nesses espaços não contemplam o público espontâneo, deficientes e adolescentes. Nesse sentido, é necessário investir em mais pesquisas com eles.

Outra dificuldade encontrada foi que o projeto inicial FAPESP - 2016/05836-8 e pelo CNPq - 429080/2016-6, a qual foi a raiz para a nossa pesquisa contempla o Zoológico de Berlin, entramos em contato com esta instituição e eles foram super solícitos, disponibilizaram quinze materiais eletrônicos que apresentam a temática

conservação da biodiversidade, porém todos os materiais estão em Alemão e foi inviável a tradução.

Finalizando o nosso trabalho, ratificamos a importância da continuação dos trabalhos com os materiais educativos e comunicacionais, pois embora crescente, ainda há poucas pesquisas desenvolvidas nos zoológicos e aquários, principalmente no que tange à conservação da biodiversidade. Como já dito anteriormente, essa pesquisa é pioneira nessa temática em ambientes de educação não formal e, além disso, outra contribuição do nosso trabalho foi a criação de critérios de avaliação para esses recursos e com isso possibilitamos a construção de recursos que contemplem a conservação da biodiversidade vista por diferentes ópticas.