Proposta de análise de materiais educativos e comunicacionais para os zoológicos e aquários com a temática conservação da biodiversidade

Como já mencionamos nos capítulos 1 e 3, há muitas publicações sobre materiais educativos escolares, em especial livros didáticos, e pouco se sabe sobre avaliação de materiais educativos e comunicacionais em zoológicos e aquários. Quando o tema é a conservação da biodiversidade, se torna ainda mais difícil, pois nosso trabalho é pioneiro nessa temática.

Nesse sentido, baseada nos materiais educativos e comunicacionais que tiveram destaques nas nossas análises e na literatura, nossa pesquisa focou nos materiais educativos e comunicacionais voltados para professores e mediadores e para tanto construímos duas tabela (tabelas 11 e 12) com elementos que devem ser considerados no momento da análise ou na construção de um material educativo ou comunicacional com a temática conservação da biodiversidade.

Em relação aos nossos dados, as tipologias dos materiais educativos, os eletrônicos foram os que se apresentaram em maior número e, consequentemente, foram os materiais que mais apresentaram contextualizações. Sendo assim, o material educativo que se destacou foi o ZooEscola: a mata atlântica como instrumento de ensino da Fundação Parque Zoológico de São Paulo.

No entanto, houve outros que contextualizaram os conteúdos e contemplam muitos atributos, categorias e dimensões. São eles: Livreto da Conservação - Parque das Aves; Conhecer para amar - amar para conservar 3 (a partir de 13 anos) - Aquário Marinho do Rio de Janeiro e Conservação dos habitats - San Diego Zoo Safari Park.

Uma instituição que se destacou em termos de material interativo foi o Museu Paraense. Os jogos disponibilizados por essa instituição se relacionam fortemente ao contexto local, elucidando o bioma amazônico, como, por exemplo, o jogo roleta das frutas que traz as frutas que há nesse bioma e informações sobre elas.

O Zoológico de Bauru e Zoológico de Sorocaba também apresentam muitos jogos, mas com uma aplicação nacional, pois contemplam muitos biomas e espécies.

Os mapas que algumas instituições fornecem, como o Zoológico de João Pessoa e a Fundación Temaikèn Bioparque, são elementos importantes para que os professores, quando levarem os alunos para esses espaços, tenham um guia para poderem desenvolver atividades antes e depois da visita.

Outro fator importante a ser destacado é a linguagem totalmente adaptada ao público que alguns materiais possuem, como, por exemplo, as cartilhas do Aquário do Rio de Janeiro e os roteiros de visitas monitoradas do Parque das Aves.

Embora as instituições possuam muitos materiais que contemplem várias temáticas ambientais e vários públicos, pelas análises realizadas nesse trabalho apenas o Zoológico de São Paulo e o Zoológico de San Diego possuem programas e materiais específicos que fomentam a formação dos professores.

Assim, com base nos materiais educativos e comunicacionais apresentados acima, criamos a tabela abaixo. Porém, é importante salientarmos que não queremos trazer a ideia de um material ideal a ser construído, mas sim apresentar critérios que possam auxiliar na elaboração de novos materiais educativos e comunicacionais sobre conservação da biodiversidade em zoológicos e aquários.

Tabela 11 - Critérios avaliativos relacionados às dimensões, categorias e atributos da conservação da biodiversidade

Em relação aos aspectos da conservação da biodiversidade, sugere-se que o material abarque, quando possível:

Consideração do ser humano como um ser integradoà natureza.

Vocalidade articulada, contemplando os conhecimentos cotidianos e das ciências naturais e sociais.

Atribuição de responsabilidade pela conservação da biodiversidade em diferentes níveis: individual/coletivo/institucional/governamental.

Proposição de ações cotidianas para minimizar os impactos negativos sobre o ambiente.

Menção à pesquisa científica como importante instrumento para conservação da biodiversidade.

Apresentação de animais ou plantas que podem sensibilizar o público junto a espécies menos aceitas.

Consideração da educação como recurso para a conservação da biodiversidade.

Menção às políticas públicas com adoções de medidas de regulação e controle em prol da conservação da biodiversidade.

Proposição de uma aproximação com a fauna e a flora da região.

Apresentação de estratégias de reparação aos danos que os seres humanos causam na natureza.

Importância da conservação para a manutenção genética, individual ou ecossistêmica.

Importância da conservação da biodiversidade para o entendimento histórico-evolutivo.

Menção a aspectos econômicos positivos e/ou negativos. Discussão sobre a ideia de serviços ecossistêmicos.

Reflexão sobre o direito intrínseco à vida, independentemente de benefícios aos seres humanos.

Proposição de formas de cuidar que podemos ter com os animais e plantas.

Sugestão de ações ou estratégias de conservação da biodiversidade para serem realizadas com/pela comunidade no entorno.

Fonte: BARROS, 2020

Tabela 12 - Critérios avaliativos relacionados aos aspectos didáticos e comunicacionais

Em relação aos aspectos didáticos e comunicacionais, sugere-se que o material abarque, quando possível:

Apresentação de diferentes tipologias de materiais educativos pelo zoológico/aquário.

Promoção de diálogo com o público.

Fornecimento de um guia/roteiro/mapa para apoio ao professor/educador. Inclusão de um glossários.

Indicação de fontes de consulta para a elaboração do material. Proposição de atividades a serem desenvolvidas em grupos. Consideração da fauna e floras locais.

Adequação ao público-alvo.

Aproximação com o currículo escolar oficial da região nos materiais voltados a esse público.

Explicitação dos objetivos.

Apresentação de bibliografia de consulta para estudantes, docentes, mediadores e visitantes em geral.

Estímulo à criatividade e à criticidade, trazendo abertura para elaboração de hipóteses e perguntas.

Uso consciente de uma abordagem educacional, como CTSA, Educação Museal ou Educação Ambiental, entre outras.

Propõsição de atividades avaliativas.