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Capítulo III: Dinâmica industrial e mercado de trabalho

3.3. Considerações finais

O diagnóstico oficial que coloca a excessiva regulação do mercado de trabalho como a causa do desemprego aberto e da precarização, pareceria inadequado após evaluar as características do modelo neoliberal, seus impactos macroeconômicos e o comportamento micro que os principais agentes da economia apresentaram.

Nesta pesquisa, procurou-se mostrar que a reduzida capacidade de gerar emprego manifestado na economia argentina é o resultado das características que adotou a reestruturação produtiva no marco das novas políticas econômicas, implementadas desde o início dos anos 90.

A desnacionalização de segmentos importantes do espectro industrial e a terceirização de atividades, impulsionados pelas grandes empresas, foram conformando uma dinâmica econômica, cuja característica central é a perda da importância do setor industrial em virtude das importações e também dos serviços. Ambos mecanismos possibilitaram lograr incrementos na produção e na produtividade a custa de diminuições crescentes do emprego industrial formal.

Consequentemente, o avesso desta “modernização” foi o aumento do desemprego aberto e a expansão de um espaço do Setor Informal Urbano conformado por empregos precários vinculados às atividades de subcontratação da grande empresa. Como foi analisado neste estudo, tanto o maior componente importado dentro de produção e vendas industriais como a terceirização têm como objetivo permitir incrementos de produtividade através da redução de custos. Por este motivo, a maior precariedade que supões o desemprego aberto e a informalidade apresentam-se como necessários na tragetória escolhida pelas empresas para valorizar o capital. Ambos fenômenos são a expressão de uma dinâmica de acumulação que, fixada na racionalização, não dá lugar a incrementos no emprego formal.

Por outro lado, como foi analisado no capítulo III, a estes problemas de dinâmica que se manifestam com as novas políticas para gerar emprego formal, agrega-se o problema de precarização dos empregados que ainda permanecem contratados pelas grandes empresas. As modificações nos marcos regulatórios (legislação e convenções coletivas) que foram implementadas pelo governo com o suposto objetivo de gerar emprego, promoveram diversas formas de flexibilização no uso e contratação da força de trabalho. Isso deu lugar para que nas grandes empresas também fizessem uso dos empregos precários, produzindo uma espécie de substituição de uma parte dos empregos permanentes (protegidos ou de salários elevados e estáveis) por empregos temporários de menores custos ou por assalariados “estáveis” que percebecem ingressos inestáveis. Essas modalidades deram como resultadoo uma distribuição de renda mais regressiva, onde os assalariados vêm perdendo participação no excedente em virtude dos proprietários do capital, transformando-se em outra fonte de precarização do mercado de trabalho, ao reduzir a capacidade de demanda.

Em virtude disso, pode-se sustentar que a maior flexibilização nas relações e condições de trabalho, ao invés de gerar um maior número de empregos, colaborou com o crescimento de uma maior proporção de ocupados precários, sem proteção, ou perceptores de menos renda, ampliando a precariedade no lugar de reduzi-la.

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