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Na socialização entre os vários setores e segmentos da economia é que se vê o real desenvolvimento de todos os esforços produtivos da sociedade. O contínuo emergir de um simples comércio via inovações incrementais é um exemplo de como a interiorização daqueles esforços dinamiza uma realidade econômica.

A dinâmica emergente do mercado de bairro de Salvador via inovações incrementais, inferida a partir de longas observações em algumas instalações em bairros tipificados como nobres (Pituba, Graça e Barra)28 e periféricos (Alto das Pombas e Engenho Velho da Federação), e, também, a partir de diálogos com alguns minimercadistas, elucida, a sua maneira, como os minimercados da capital baiana interiorizam o dinamismo das cadeias produtivas e como esse segmento do varejo alimentar se manifesta via adoção de melhorias contínuas (produtos, processo, marketing e organização) visando alongar sua expectativa de vida frente a alguns desafios econômicos: os problemas relacionados à alocação dos seus recursos; a interatividade com a indústria; e o envolvimento com políticas públicas de incentivo ao empreendedor por estilo de vida.

Sobre esse último desafio é pertinente chamar atenção para a importância da incisiva ação do poder executivo municipal em enaltecer o real sentimento empreendedor nas periferias dos bairros periféricos da capital baiana para que a sua população tenha a oportunidade de interagir de maneira mais viva com o dinamismo econômico da cidade.

Nos representativos bairros periféricos, apesar do aplaudido esforço dado aos empreendedores dos minimercados, há muito o que ser feito no que diz respeito a aquele habitat econômico acompanhar significativas tendências do mercado. Ao se socializar a dinâmica todos os setores e segmentos da economia da cidade do Salvador elevam os seus potenciais produtivos.

28 Alguns outros bairros - Ondina e Itaigara - do mesmo perfil também contribuíram às descrições das observações. Mas precisamente esses foram os selecionados para se observar de perto a dinâmica via inovações incrementais.

A abordagem aos bairros representativos permitiu certificar a existência de dois habitats econômicos: o que absorve as inovações tecnológicas facilmente e o que vivencia um tempo lento (ANDRADE, 2009). Os minimercados, embora façam parte de um mesmo fenômeno - mercado de bairro -, revelam-se idiossincráticos conforme aqueles habitats, segundo a geografia do bairro (ambiente urbano no qual os moradores têm afins sentimentos de identidade e pertencimento), as heterogêneas instalações, os perfis dos proprietários, e segundo os perfis dos consumidores predominantes em cada tipo de bairro.

Esse modo de ser do mercado de bairro de Salvador aponta a não homogeneidade das inovações incrementais. Para cada realidade essas manifestações indiretas das inovações latu sensu se concretizam de maneira diferente, ou não se concretiza se se parte do princípio que algumas pequenas melhorias são insignificantes em relação à concorrência e em relação à sensibilidade perceptiva do consumidor. E, também, se se parte dos princípios das “soberbas” literaturas que não veem nas melhorias contínuas focos de inovações.

Sobre essa última colocação, conclui-se da pesquisa literária realizada para a concretização deste trabalho a existência de uma lacuna de interesse voltada ao estudo da importância dos pequenos segmentos da economia, mais precisamente no sentido das inovações. A imagem desse vazio literário faz fluir a ideia de um considerado desprezo ao provérbio “as pequenas coisas fazem a diferença” no âmbito da economia.

Espera-se que o mercado de bairro de Salvador discorrido neste trabalho faça emergir maior sentimento de valorização de estudos (acadêmicos e institucionais) orientados a pequenos segmentos da economia visando fomentar maiores acervos voltados, de alguma maneira, a entender a contribuição das dinâmicas emergentes nas dinâmicas econômica e social como um todo.

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