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De acordo com a análise comparativa de diferentes metodologias empíricas e critérios hidrogeológicos, a área afetada classifica-se como área de vulnerabilidade baixa a elevada à poluição, para o método DRASTIC e IS. Para os restantes métodos, a vulnerabilidade, varia de baixa a extremamente elevada. De salientar que esta diferença na classificação dos vários métodos deve-se ao facto dos vários métodos utilizarem parâmetros de análise diferentes e também ao facto da escala de classificação da vulnerabilidade para cada método ser diferente.

No entanto, os vários métodos aplicados são concordantes, quando classificam as massas de água de Caldas da Rainha, Nazaré, Maciço Calcário Estremenho e Vieira de Leiria-Marinha Grande como os aquíferos mais vulneráveis à poluição.

Os vários métodos também são na maioria coerentes quando classificam algumas massas de água com vulnerabilidade intermédia, nomeadamente Alpedriz, Cesareda e Paço.

A validação dos vários métodos com os registos de monitorização de qualidade das águas subterrâneas revela que as massas de água, classificadas como medíocres, apresentam vulnerabilidade baixa, o que pode ser explicado pelas práticas agrícolas acumuladas, responsáveis pela contaminação. No entanto, analisando os dados de monitorização a maioria das massas de água contaminadas apresentam vulnerabilidade elevada a intermédia, sendo que este cenário é mais comum para o método DRASTIC, pelo que há evidência de que este método apresenta resultados mais precisos e assertivos. Salienta-se o facto de a massa de água Maciço Calcário Estremenho apresentar vulnerabilidade elevada e os dados de monitorização classificarem a massa de água como boa. Este é um exemplo de prevenção, porque já no século XX esta massa de água era considerada vulnerável, sendo interditas nesta zona as atividades mais suscetíveis de contaminação dos aquíferos.

Com o estudo da vulnerabilidade das águas subterrâneas à poluição conclui-se ainda, que a escolha do método para avaliar a vulnerabilidade da água subterrânea numa região, depende principalmente de dois fatores:

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− Informações disponíveis: para uma avaliação da vulnerabilidade coerente é necessária a obtenção de informações preliminares existentes para se elaborar uma representação cartográfica adequada, sendo necessário um Sistema de Informação Geográfica capaz de manipular os parâmetros estabelecidos pelo método escolhido;

− Escala de avaliação: o grau de detalhe da avaliação depende do objetivo proposto, sendo que para trabalhos regionais são mais práticos os métodos que requerem menos valores paramétricos, como o GOD e o EPPNA. Para os estudos mais detalhados, deve utilizar-se os métodos com maiores quantidades de parâmetros, como o DRASTIC e IS.

Este trabalho só foi possível através da utilização de processos de análise e modelação espacial em Sistemas de Informação Geográfica que apresentam diversas potencialidades no domínio da caraterização e avaliação do território, nomeadamente no estudo da vulnerabilidade das águas subterrâneas à poluição, entre as quais:

− Elaboração de bases de dados gráfico-alfanuméricos que armazenam informação diversa relativa aos diversos elementos cartografados;

− O processo de produção de conhecimento a partir dos dados base é bastante mais célere;

− Permite a produção de cartas temáticas de objetivos mais específicos tais como: cartas de vulnerabilidade, cartas litológicas, cartas de ocorrências, etc. Assim, é clara a importância que os SIG têm em processos de estudo de problemas ambientais como o estudo da vulnerabilidade à poluição dos aquíferos, e neste caso específico à elaboração de cartas de vulnerabilidade. Pode- se até afirmar, sem dúvidas, que as Ciências e Sistemas de Informação Geográfica foram uma ferramenta essencial em todo o processo, tanto pelo suporte digital de armazenamento dos diversos conjuntos de dados geográficos, como pela capacidade de produção cartográfica, mas basicamente por se apresentarem como um conjunto de métodos de análise capazes de sintetizar, de forma pragmática e clara, respostas a perguntas relevantes em futuras tomadas de decisão.

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6.2 Principais Limitações Evidenciadas

A principal dificuldade na elaboração deveu-se há pouca disponibilidade dos dados e em algumas situações há falta de dados georreferenciados ou há dificuldade de os encontrar.

A estrutura espacial da rede de monitorização é fundamental na determinação do estado de qualidade das águas subterrâneas, sendo necessária uma maior densidade de amostragem das águas subterrâneas e em especial nas zonas de maior suscetibilidade na avaliação de vulnerabilidade, o que não é o caso, uma vez que os dados de monitorização são escassos.

6.3 Perspetivas Futuras

Esta análise está longe de estar terminada. Posteriormente será necessário realizar estudos mais rigorosos, principalmente nas massas de água mais vulneráveis e analisá- las individualmente, no sentido de se obterem mapas de risco à poluição, que sejam credíveis e que sirvam como ferramenta de planeamento e apoio à decisão dos gestores de zonas vulneráveis.

As redes de monitorização atualmente em funcionamento são escassas, seria necessário aumentar estas redes para que estas sejam representativas das massas de água a monitorizar.

Ainda como sugestão de trabalhos futuros, propõe-se a realização do estudo e a avaliação de risco à poluição das águas subterrâneas, através do desenvolvimento de pesquisas detalhadas sobre as fontes potenciais de poluição, destacando-se as atividades agrícolas, industrias, postos de abastecimento, aterros sanitários, cemitérios, etc.

As medidas de proteção das águas subterrâneas devem estimar a vulnerabilidade dos sistemas aquíferos, em função das suas características hidrológicas e dos riscos de contaminação efetivos ou potenciais coligados às atividades antropogénicas.

A avaliação das condições hidrogeológicas da vulnerabilidade à poluição das águas subterrâneas, a análise dos impactes das atividades antropogénicas e das alterações do

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uso e ocupação do solo são essenciais para implementação de planos de gestão de zonas vulneráveis e das respetivas redes de monitorização.

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