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RECURSOS HÍDRICOS 2.1 Os Recursos Hídricos

CÁRSICO FISSURAL

2.2 Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG)

Saber interpretar e correlacionar as características de determinado lugar é fundamental para quem tem como propósito de estudo o território, avaliar a

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interação entre indivíduos e o espaço em que ambos se adaptam e transformam ao longo do tempo. Deste modo, tem-se recorrido cada vez mais aos Sistemas de Informação Geográfica (SIG).

Sendo uma tecnologia em franco processo de desenvolvimento, é difícil chegar a uma definição de SIG que satisfaça os abrangidos no seu desenvolvimento, com o seu uso e até mesmo aqueles que fazem o seu marketing – há inclusive os que chegam a considerar SIG como uma ciência e não como uma ferramenta (GOODCHILD, 1997).

Atualmente os SIG são utilizados nas mais diversas áreas de trabalho, o que torna difícil a sua definição, deste modo, o termo Sistema de Informação Geográfica tem sido objeto de várias definições por parte de diferentes autores, devido à sua utilização nas diversas áreas científicas ou domínios da atividade humana (recursos naturais, planeamento urbano, agricultura, geografia, informática…). Neste contexto, é possível que os vários conceitos resultem da forma como os SIG são utilizados. A ideia mais comum de SIG, está frequentemente associada à produção e análise de cartografia através da tecnologia computacional.

Das propostas de definição de Sistemas de Informação Geográfica podemos destacar as seguintes.

Um SIG é um sistema de hardware, software e procedimentos organizados, de forma a possibilitar a aquisição, gestão, manipulação, análise e visualização de dados que tenham uma componente espacial (TOMLIN, 1990).

Um SIG é um sistema de computador capaz de capturar, armazenar, verificar, manipular, analisar e mostrar informação que está espacialmente referenciada na Terra (DEPARTMENT OF THE ENVIRONMENT, 1987), isto é, dados identificados de

acordo com a localização. Especialistas definem igualmente um SIG como incluindo os procedimentos, pessoal da empresa e dados geográficos que entram no sistema (USGS, 2007).

Cowan (1988) define SIG como um sistema de apoio à decisão que envolve integração de dados espacialmente referenciados num ambiente para resolução de problemas.

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Após a análise destas definições, facilmente entendemos os SIG, como um sistema que tem por base os computadores para gerir os dados geográficos, tendo estes a referência ao espaço geográfico, à representação de escala geográfica e possibilitando a manipulação de dados na resolução de vários problemas espaciais.

Um SIG integra dados espaciais e de outros tipos num único sistema, o que permite combinar dados de diferentes fontes, provenientes de diferentes conjuntos de dados. ABLER (1988) apresenta algumas visões interessantes sobre o significado de SIG, pois exprime que os SIG são para a análise geográfica o que o microscópio, o telescópio e os computadores foram para outras ciências… ele pode ter a solução que ajudará a dissolver as dicotomias regional-sistemáticas e humano-físicas que têm assolado a geografia e outras disciplinas que usam a informação espacial.

Apesar de esta ser uma visão interessante, é importante realçar que o desenvolvimento de SIG oferece outras vantagens, tais como:

− Permite alargar os nossos conhecimentos, relativos aos recursos disponíveis numa determinada área geográfica;

− Contribui para aumentar a brevidade na preparação de relatórios, gráficos e mapas, o que aumenta a eficácia da informação geográfica, usada em análises de políticas e avaliação de opções de planeamento;

− Permite melhorias no planeamento e gestão de futuras pesquisas, pelo facto de disponibilizar os dados já existentes e estabelecer linhas mestras para recolha, armazenagem e processamento de novos dados a recolher.

− Diminui o tempo de resposta aos pedidos de informação, por tornar as informações mais acessíveis.

− Facilita o desenvolvimento de modelos dinâmicos para apoio à decisão. Estas vantagens, aliadas ao aumento da capacidade de processamento dos computadores e de estações de trabalho, à redução nos custos na aquisição deste tipo de equipamentos e ao aumento da disponibilidade de bases de dados georreferenciados, têm contribuído para a crescente utilização de Sistemas de Informação Geográfica, em diversas áreas, tanto no sector público como no sector privado.

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Das diversas áreas onde é aplicado os SIG, têm-se verificado uma grande expansão na área da gestão ambiental.

VALE & PAINHO (1998) referem que os Sistemas de Informação Geográfica têm

vindo cada vez mais a ser utilizados como ferramentas indispensáveis à caracterização Ambiental: nestes sistemas a componente espacial funciona como variável integradora das diferentes perspetivas económica, social e ambiental.

Por outro lado segundo EASTMAN (1999) umas das aplicações mais importantes dos SIG consiste na análise de dados para o apoio aos processos de decisão, relacionados com o ambiente.

Neste contexto pode-se afirmar que os Sistemas de Informação Geográfica tornaram-se numa ferramenta indispensável na área de gestão ambiental, com uma crescente aplicação na gestão dos recursos hídricos.

Os SIG incluem a produção, a organização, a análise e a edição de um conjunto alargado de bases de dados geográficos e são uma ferramenta imprescindível para cumprir os desafios inerentes à aplicação da DQA. As Ciências e as Tecnologias de Informação Geográfica, ao analisar a dimensão espacial e temporal, possibilitam relacionar a informação de natureza multidisciplinar e multidimensional, ampliando a capacidade de processamento e de mobilidade da informação, com reflexos na comunicação, decisão e ação.

No decorrer das várias fases de desenvolvimento, os SIG reúnem e tratam a informação com uma qualidade espacial e temática progressiva e em sintonia com a integração aplicacional, promovendo a passagem gradual de apoio ao planeamento para a gestão operacional. Na produção e uso de informação geográfica, as diferentes aplicações e modelos permitem agregar os processos de planeamento, monitorização e gestão de recursos hídricos, requerendo, no entanto, informação com elevada e crescente qualidade espacial, temática e territorial.

É ainda possível seguir a realidade convenientemente, com recurso a redes de monitorização, com elementos espaciais e terrestres, alargando o contexto e a capacidade de compreensão, ao processar as bases de dados que permitem interpretar

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os resultados, em termos de quantidade e qualidade dos recursos hídricos, na sua relação com a complexidade biofísica, humana e territorial.

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