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A construção do perfil do licenciado em Educação Física, segundo a normatização em vigor, tem como pressupostos: compreensão da escola e do currículo como espaços dialógicos, em sintonia com o contexto social e existencial dos educandos e a concepção da escola como um espaço de formação do ser humano, portanto, lugar de vida, de corpo, de conhecimentos, de aprendizagens diferenciadas. (Projeto Pedagógio para Educação Física, 2004. p. 13)

Percebemos, especificamente nesse último ano de graduação que estamos diante de um curso atualizado, conforme os ditames legais, as previsões curriculares, as propostas pedagógicas e todo arcabouço teórico que lança o curso como referência dentre os cursos de educação física do Brasil.

O perfil almejado não depende apenas das condições oferecidas pela academia ou pelo campo de estágio, mas parte primeiramente do graduando. Seu desejo de fazer a diferença. Praticar. Estudar. Preparar-se. Muitos outros verbos que designem a ação para a busca da excelência, da qualidade.

A partir dos estágios conseguimos ver, compreender a escola e o currículo como espaços dialógicos, em sintonia com o contexto social e existencial dos educandos. Porém as ressalvas devidas giram em torno da subjetividade e especificidade de cada aluno, cada ser, único em sua natureza. Muitas vezes, os alunos precisam de mais que um professor, precisam de um orientador, um exemplo, ou apenas, um ombro amigo;

Através dos estágios conseguimos ter a concepção da escola como um espaço de formação do ser humano, portanto, lugar de vida, de corpo, de conhecimentos, de aprendizagens diferenciadas. A escola é vida. É viva. Dinâmica. É sempre a mesma coisa e nunca se repete. A escola, para nós, ainda tem a responsabilidade de informar e formar.

Entendemos o estágio como um dos pilares de sustentação da obra acabada que é o graduado. Acabado em termos de cumprimento das exigências legais para concluir uma graduação, pois o docente se constrói a cada dia, na sala de aula enquanto professor, nos bancos acadêmicos se especializando, na busca incessante por conhecer os misteres de sua profissão.

Durante nossa trajetória acadêmica vivenciamos diferentes metodologias de ensino, cada professor trouxe-nos sua experiência, trouxe sua bagagem de formação, alguns vieram de fora do Rio Grande do Norte, trazendo consigo uma realidade diferente e um olhar diverso, acrescentando a nossa formação novos olhares, diferentes concepções, maneiras de ver a Educação Física, enquanto disciplina escolar e bem mais que isso, enquanto cultua essencial para desenvolvimento humano, enquanto movimento, ilimitada.

Essa crença, numa Educação Física de ilimitadas possibilidades nos faz buscar aprender todos os dias, principalmente reinventando e replanejando, ressignificando, as aulas e a nossa conduta. Absorvendo as críticas, mudando para melhorar, optando por não ter muitas certezas, mas ter certeza das mudanças, dos desafios e do processo dinâmico e incessante de aprendizagem.

Aprender a ouvir os alunos, conversar com um amigo que está na escola a mais tempo, buscar num bate papo com um professor mais experiente, mesmo de outra disciplina, ler, estudar a bibliografia consagrada, ler sobre psicologia, intervenção para grupos especiais, métodos alternativos de aplicação do conteúdo, fugir da mesmice. Essas e outras lições tirei do momento em que tive a responsabilidade de guia uma turma com 3º ou mais cabeças, cada uma um mundo diverso entre si, e nós tendo que no mínimo guiá-los para o caminho do conhecer-se, conhecer o mundo ao seu redor, contribuir para uma formação cidadão, crítica, reflexiva, auto-crítica, cônscios de suas limitações e do espaço de cada um.

Conviver. Essa é a palavra. O estágio nos mostra que conviver é bem mais difícil que interpretar um texto de didática ou pedagogia de Paulo Freire, ou resolver um problema envolvendo Fisiologia do esporte e seus mecanismos de alavanca, descobrir o nome do conjunto muscular na anatomia, uma reação química da Bioquímica, a relação entre peso e saúde, o profissional de Educação Física deve ser diferenciado no falar e no agir. Percebi o quanto somos admirados pelos alunos e pelos demais pares.

Acredito que os estágios vêm cumprindo sua missão em aproximar o aluno graduando de licenciatura do seu futuro ou, pelo menos, potencial campo de trabalho. São momentos de socialização, contato direto com o público alvo das nossas práxis. São momentos que complementam e extrapolam o que vivemos nos bancos do departamento ou no ginásio.

Não podemos conceber o estágio supervisionado senão como uma oportunidade ímpar para a quebra de paradigmas e preconceitos, para a (re) construção

do conhecimento em uma relação dialética com os binômios ensino/aprendizagem; discente/docente, enquanto ensinamos aprendemos. Enquanto somo alunos, ensinamos e aprendemos a ensinar.

Na Educação Física podemos tratar de esportes, atividade física, saúde, modismos alimentares, e relacionados ao mundo fitness, política, economia, sociedade e tudo que está relacionado com o nosso cotidiano, somos seres humanos envolvidos na cultura em geral, não apenas na do movimento, essa é a nossa especificidade, somos produtos e produtores dessas culturas.

Esta reflexão, por mim proposta, em analisar as implicações do estágio supervisionado para a formação docente em Educação Física, é na tentativa de não apenas discutir a temática do estágio supervisionado no curso de Educação Física, mas ao mesmo tempo inquietar professores e pesquisadores da área de Educação e, especialmente, da área de Educação Física, para o papel fundamental à realização do estágio supervisionado, assim como para a execução séria e comprometida do mesmo.

É um tema que nunca se esgota. Dinâmico. Propenso a modificações legais. Aumento de carga horária. Diminuição da carga horária. Acompanhamento mais rígido, mais frouxo.

Muito mais que uma atividade formativa de integralização curricular, ela potencializa nossos conhecimentos, traz novos desafios, oferece a possibilidade de desenvolvermos características e procedimentos próprios, maneiras de lidar com situações de difícil simulação durante as aulas que lecionamos durante algumas disciplinas. A oportunidade de desenvolver o espírito criativo, improvisar, recriar, envolver-se com o que se ensina, autoavaliarmo-nos instantaneamente. Enfim, crescer.

Não nascemos professores, nem tão pouco os estágios ou qualquer atividade isolada nos fará professores. Essa construção é um processo diário, cumulativo, exige uma caminhada lado a lado com a busca pelo conhecer, pelo fazer, refazer, reconhecer, recriar, recriar-se, reinventar-se, numa constância, de caráter autoformativo e muito mais de dentro para fora do que de fora para dentro.

REFERÊNCIAS:

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE: NORMAS PARA ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO EM EDUCAÇÃO FÍSICA (LICENCIATURA) – 2013.

APÊNDICE

Campo do Estágio III

Quadra de esporte e práticas corporais da Escola Celestino Pimentel

Campo do Estágio IV

Quadra de esporte da Escola Mascarenhas Homem

ANEXO:

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