• Nenhum resultado encontrado

A massificação da escola desafia a comunidade educativa, sobretudo os professores e educadores, a procurarem soluções para problemas persistentes de insucesso atribuídos à falta de sentido e significado às aprendizagens escolares. É importante, revelar que a massificação da escola gerou uma forte diversificação de alunos no sistema educativo, sendo que para viabilizar um ensino de qualidade para todos, levando ao sucesso, é cada vez mais difícil, tornando a ser um desafio ainda presente nos dias de hoje.

Na bibliografia da especialidade, com a democratização da escola, o professor deve proporcionar aos alunos um processo ensino-aprendizagem mais ativo, significativo, aberto e participativo, para construir as aprendizagens significativas (Roldão 1996). O currículo deixa de ser como um instrumento “estático”, uniforme, passando, com a gestão autónoma das escolas, a construir “uma via de maior eficácia e adequação” (Roldão 1999, p. 29). É o educador e o professor quem analisa, interpreta e aplica o currículo junto dos seus alunos.

Nos dias de hoje, é fulcral construir o currículo tendo em ponderação as características dos alunos, de forma a criar sentido aos conhecimentos, possibilitando melhores aprendizagens e consequentemente melhores resultados. Assim, o currículo deve apresentar-se de forma coerente, lógica e articulada, através de uma articulação vertical e horizontal, consubstanciando os saberes das várias áreas curriculares. Para além da integração curricular dos conhecimentos, partir da realidade da criança, do meio, constitui-se como uma mais-valia para um processo de ensino-aprendizagem ativo, pois estimula-a a participar e aprofundar o conhecimento do seu meio, intervindo fazendo uma espécie de referencia às suas vivências e experiências.

A área do Conhecimento do Mundo/Estudo do Meio é a unidade curricular que se centra nos conhecimentos sobre o meio físico e social. Esta unidade surge no Sistema Educativo Português para auxiliar as crianças/alunos a desenvolverem uma melhor compreensão e perceção do mundo. O Conhecimento de Mundo, lecionado na Educação Pré-Escolar, visa desenvolver nas crianças dos 3 aos 6 anos, a assimilação e acomodação de saberes básicos, essenciais na vida social, através de experiências de situações do quotidiano, podendo também ser abordada através de fatores científicos. O Estudo do Meio, lecionado no 1.º CEB, visa promover nos alunos o desenvolvimento e a aquisição

125

de conceitos que abarcam atividades de índole científico. O ensino das ciências promove nas crianças/alunos a compreensão do mundo, assim, quanto mais cedo estas se apropriarem de ideias científicas mais fácil será a sua mudança (ideias de senso comum para conhecimentos de índole científico) e compreensão do mundo.

Esta área curricular é vista tanto pelas OCPEP (Silva, et al, 2016) como pelo Programa do Estudo do Meio, como a unidade curricular que interseta os conhecimentos das várias áreas curriculares, podendo servir como o motor, “coração”, de toda a aprendizagem. Para Roldão (1995), o Estudo do Meio é encarado como uma área de abertura para o futuro e da qual, em larga medida, pode depender para o sucesso. Neste sentido, esta área privilegia o currículo para a integração de saberes essenciais para a vida dos alunos, deixando de lado a ideia de fragmentos estanques com espaço e tempo próprios. Esta área, também, potencializa a vinculação de conhecimentos prévios com os novos conhecimentos, proporcionando a participação das crianças/alunos na construção das suas aprendizagens, de forma crítica e reflexiva.

Para tornar as aprendizagens significativas, de modo a potencializar o sucesso

educativo, surge a reflexão da área do Estudo do Meio/Conhecimento do Mundo como pilar para a integração curricular. O foco nesta área surgiu para compreender e demostrar as suas potencialidades e o seu contributo para desenvolver as restantes áreas curriculares, promovendo o sentido e a “significatividade” (Alonso, 2005, p. 9).

Para a promoção de aprendizagens mais significativas tivemos em conta os interesses, as potencialidades, as fragilidades e as necessidades das crianças/alunos, bem como o contexto. O facto de ter em consideração estes aspetos incrementou no aluno/criança uma melhor compreensão sobre os domínios e conteúdos das diferentes unidades curriculares, podendo transportar a sua utilidade para situações do seu quotidiano, viabilizando para um enriquecimento das suas competências. Roldão (2013, p. 22) refere que “o reconhecimento da utilidade ou, de um modo mais amplo, da possibilidade de uso, do conhecimento que se adquire constitui sem dúvida um dos elementos da relevância curricular”. Neste sentido, os alunos/crianças quando deparados com algo que lhes confere sentido, vinculam o interesse/motivação em participar na construção do conhecimento, avantajando para um melhoramento de resultados.

Partindo, agora, para uma reflexão sobre a concretização dos objetivos a que este relatório se propôs, entendemos que todos os objetivos gerais foram concretizados com

126

relativo sucesso, uma vez que foram exploradas diferentes estratégias para potenciar a área do Estudo do Meio como pilar de integração na construção de aprendizagens das crianças/alunos contextualizados no seu quotidiano, imprimindo-lhe um sentido mais complexo e enriquecido. Salientamos ainda que sempre que possível realizou-se uma interligação entre aquilo que foi lecionado pela docente/educadora e estagiária, de modo a rever os conteúdos abrangendo-os para situações do seu dia-a-dia, dando maior significado e pertinência para abordar o novo conhecimento, pois segunda a teoria de Ausebel (1918-2008), deve-se começar sempre onde o aluno ficou.

Relativamente aos objetivos para as crianças/alunos, também podemos afirmar que estes foram concretizados na sua totalidade. Porém, o objetivo “entender o Conhecimento do Mundo/Estudo do Meio como forma de contextualização das aprendizagens noutras áreas curriculares e domínios” para o 1.º do CEB foi pouco compreendido pelos alunos, uma vez que tinham enraizado a separação das disciplinas, sendo impossível na sua ótica desenvolver conteúdos do Estudo do Meio com as demais áreas. No entanto, com as estratégias utilizadas ao longo das várias intervenções, os alunos compreenderam que é possível desenvolver as várias áreas curriculares no mesmo tempo e espaço.

Com a concretização deste estudo nos dois estágios pedagógicos, concluímos que as crianças/alunos se sentem mais motivados e predispostos a aprender quando o conhecimento é provido de sentido e significado. A área do Conhecimento do Mundo/Estudo do Meio ao desenvolver temas, concretos, centrados na vida pessoal e social das crianças/alunos permite integrar os conhecimentos e relacioná-los com as suas experiências, vivências e conhecimentos, construindo aprendizagens mais significativas.

Deste modo, acreditámos que quando estivermos aptos a exercer a profissão, estaremos despertos para o facto de ser fundamental articular os vários conteúdos, de forma a proporcionar um maior sentido às aprendizagens e, consequentemente, à vida das crianças/alunos. Todas as intervenções realizadas tiveram em consideração as aprendizagens antigas, fazendo sempre que possível uma interligação com conhecimentos até lecionados pela professora/educadora e estagiária. Neste sentido, todas as nossas intervenções foram planeadas de modo a proporcionar a consolidação de conceitos e competências, recorrendo muitas vezes ao lúdico, notando que a atenção

127

e o interesse das crianças/alunos eram maiores comparativamente quando sujeitas a meras aulas expositivas.

Importa referir que não existem receitas milagrosas para os desafios que a escola democrática confronta, mas, talvez estes se coadunem com a utilização dos temas do Estudo do Meio/Conhecimento do Mundo, uma vez que partem da realidade do aluno/criança, podendo ser conjugado com outros temas das outras áreas, dando maior significado às aprendizagens e, consequentemente potencializando melhores resultados.

Em jeito de conclusão, este relatório de estágio serve como uma constatação ao impacto que a área do Estudo do Meio/Conhecimento do Mundo tem na integração curricular, na medida que viabiliza a participação dos alunos/crianças no seu processo ensino-aprendizagem, construindo conhecimentos mais significativos e duradouros, podendo conduzir para um maior sucesso educativo.

Contributo da investigação para o desenvolvimento pessoal e social da estagiária

Toda a prática desenvolvida, ao longo dos dois estágios pedagógicos, serviram como um pilar importantíssimo para a nossa vida futura e pessoal, alargando os nossos horizontes e abrindo os nossos olhos para a realidade educativa.

O envolvimento nos diferentes grupos escolares reflete um trabalho de aprendizagem mútua, pois através da interação foi possível observar, participar e envolver. No decorrer dos dois estágios, muitas das nossas capacidades foram postas à prova, destacando-se sobretudo a de sermos críticos, reflexivos, originais, criativos e a improvisação, mais especificamente a capacidade de gerir imprevistos.

O facto de termos lidado com profissionais, também, constitui-se como uma mais- valia servindo para enriquecer as nossas estratégias e conhecimentos acerca do tema da educação, pois cada profissional concedeu a sua achega, de modo a melhorar as nossas práticas, perspetivas e experiências. Tendo em consideração o que nos foi dito, concluímos que de semana para semana a nossa prática pedagógica melhorava substancialmente, agradecendo aos profissionais toda a paciência e conhecimentos transmitidos. Todo o espírito de entre ajuda existente entre a professora/educadora cooperante, a estagiária e o grupo, serviu para um bom funcionamento criando um ambiente educativo benéfico às aprendizagens. As diferenças entre os grupos também se constituíram como um motivo para o enriquecimento a nível profissional, uma vez

128

que na realidade educativa iremos encontrar crianças/alunos com um leque diferenciado de características.

Para concluir, este foi sem dúvida um percurso desafiante, repleto de aspirações e hesitações, risos, alegrias e algumas lágrimas, mas sobretudo repleto de aprendizagens. Aprendizagens estas que serão levadas para práticas futuras. O entusiasmo e desejo de ser educadora/professora permanece, agora com mais certeza e ambição.

129