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Formas de apropriação da

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho não se propõe a sugerir respostas para a redução da jornada de trabalho no Brasil. Foram discutidos alguns pontos que definem as dificuldades e sinalizada algumas saídas para amenizar os problemas que uma JT maior acarreta para os trabalhadores e para a economia. As possibilidades de uma significativa mudança na jornada de trabalho não são grandes no curto prazo, apesar de que tem sido uma das principais bandeiras de luta do movimento sindical. Sem a pressão deste, articulados com outros movimentos sociais, partidos e sociedade civil, dificilmente os governos tomarão a iniciativa. Isto reflete as contradições imanentes entre interesses das classes sociais, Estado, políticos, partidos, etc. o governo Lula nem a mídia não têm posto esse assunto como pauta prioritária de suas discussões.

A RJT não pode servir como instrumento para a flexibilização das relações de trabalho como redução de salário, jornadas flexíveis, banco de horas, horas extras e perda de benefícios em geral que podem entrar nas negociações, seja no plano do Poder Executivo e Legislativo ou nas negociações de Convenções e Acordos Coletivos entre trabalhadores e capitalistas.

A luta pela RJT tem um papel fundamental na unificação dos trabalhadores, tanto que várias Centrais Sindicais neste ano de 2008 usou este tema para as reivindicações do dia 1º de Maio. Pode se tornar um momento para novas práticas sindicais revolucionárias abandonando as velhas idéias do sindicalismo social-democrata. Para isso é preciso romper com a idéia de categorias profissionais, que tanto divide os trabalhadores. (BIHR, 1995). É preciso também abandonar a idéia de classes A, B, C, D e E e retomar a idéia de que há apenas duas classes, a de trabalhadores e a de capitalistas. Afinal de contas, não acreditamos na neutralidade axiológica.

Em 1988 a RJT legal em 8,33% aumentou em cerca de 1% o número de postos de trabalho de acordo com os cálculos de Dal Rosso (1998a). Isto se deve ao fato de o capital ter conseguido contrabalançar a RJT lançando mão de, principalmente, horas extras. Meses antes de a Constituição ser promulgada, 24,4% dos trabalhadores faziam horas extras. Meses depois eram 41,2%. Além das horas extras ocorreu simultaneamente a intensificação e a densidade do trabalho.

Não só aspectos microeconômicos devem ser levados em conta, como normalmente fazem os setores empresariais, mas também os aspectos macroeconômicos e sociais estratégicos que leve em conta os interesses da maior parte da população, principalmente a geração de novos postos de trabalho e qualidade de vida dos trabalhadores, empregados e desempregados.

Se compararmos a década de 1980 e a de 1990 vemos que em períodos de crescimento econômico iguais se gerou proporcionalmente menos emprego na década de 1990. Não podemos comprar mais a idéia de que o crescimento econômico criará por si só as condições para o aumento do emprego.

No bojo dos argumentos apresentados de ordem biológica, social e econômica, faz-se urgente a RJT no Brasil.

REFERÊNCIAS

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