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Considerações Finais

No documento FractalCity: the city amid policies (páginas 38-42)

Como podemos constatar na análise da evolução dos Planos Diretores de Florianópolis, muitas alterações pontuais foram efetuadas após a elaboração dos Planos Diretores de Florianópolis, favorecendo diretamente grandes empreendimentos imobiliários.

Existe uma lógica dominante do capital imobiliário que pretende garantir a efetivação de muitos empreendimentos promotores de impactos socioambientais e em detrimento do cumprimento da legislação. Os grandes empreendimentos ocupam áreas protegidas com a legitimação do Poder Público, enquanto as populações empobrecidas acabam ocupando áreas protegidas por não terem acesso à cidade legal. Fica evidenciada uma contradição entre a apropriação do capital e o domínio do espaço, em relação à preservação do meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico da população local.

Porém, tem sido fundamental a atuação dos movimentos sociais e do Ministério Público Federal, que utiliza a Ação Civil Pública, Lei nº 7.347/85, como importante instrumento de controle dos impactos socioambientais, forçando os empreendimentos a adequar-se a uma lógica inversa, garantindo assim a eficácia da legislação urbanística, como no caso do Estatuto da Cidade, que busca garantir a função social da cidade e estabelece planos diretores participativos. A participação popular e o controle das comunidades são fundamentais para que se aglutinem forças com o intuito de exigir responsabilidade do Poder Público no cumprimento da legislação.

Assim, podemos concluir que: a) O Plano Diretor de 1955 foi determinado por um caráter rodoviarista, modernista e estruturalista. Bem como, definiu uma hierarquização viária no município; b) O Plano Diretor de 1976 teve como embasamento o plano de 1955, todavia com um diferencial, a inversão viária. Como consequência disso, gerou uma subversão na estruturação urbana do município. Fazendo com que, a região norte da cidade tivesse um maior desenvolvimento e visibilidade. Isto porque, tal perspectiva foi motivada por interesses econômicos.

Foi devido a esta inversão proveniente de interesses econômicos, que a estruturação viária levou um maior desenvolvimento para as regiões norte e leste de Florianópolis, contrariando a ideia original do plano de 1955 que sugeria uma via expressa ligando a ponte de entrada da Ilha até a UFSC por uma via expressa sul. Tal estruturação viária executada neste plano de 76 foi peça chave na definição da formação da cidade; c) O Plano Diretor do ano de 1985 mostrou o interesse das elites pelos balneários das regiões norte e leste da Ilha. Isto porque, devido á estruturação viária executada em 1976 que foi determinante na expansão urbana da cidade, trouxe um melhor e mais rápido acesso ao norte e leste da Ilha, em detrimento da região sul; d) O Plano Diretor de 1997 não foi um plano “a caráter”, ele veio com o objetivo de legitimar as alterações pontuais de zoneamento gerados pelo crescimento desordenado do município; e) O atual Plano Diretor de Florianópolis, elaborado em 2014, teve sua aprovação pela Prefeitura Municipal mesmo não tendo legitimação da participação popular. Ou seja, não atendeu ao Estatuto da Cidade, gerando grandes conflitos como o do Parque Hotel Marina Ponta do Coral e a Área de Urbanização Especial no Pântano do Sul. Com o atual Plano Diretor de Florianópolis, tão almejado por parte dos empresários da construção civil e do Poder Público, a Ilha de Santa Catarina segue em seu acelerado processo de degradação ambiental, descaracterização dos modos de vida tradicionais e segregação socioespacial.

Referencias

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