• Nenhum resultado encontrado

Este caminho percorrido entre as artes, a arquivologia e a CI, onde se procurou conhecer e analisar uma das possíveis relações entre as mesmas, ou seja, a organização dada pelos arquivos de museus a documentos e arquivos pessoais de artistas relativos a happenings,

performances e body art, possibilitou chegar a algumas considerações.

Durante a pesquisa teórica tornou-se claro que a visão predominante da bibliografia da área artística acerca dos arquivos e documentos de arquivo difere da visão arquivística, em especial daquela contida nos manuais. Considerou-se, portanto, pertinente apresentar algumas definições trazidas pela arte, a fim de introduzir a discussão e evidenciar a complexidade presente na relação entre arte e arquivologia, não apenas no nível teórico mas também no empírico, em situações como a da classificação pelos profissionais das instituições culturais de documentos de arquivo relacionados à arte efêmera. O arquivo, para a arte, é paradigma, poética e dispositivo performativo – oportunidade de empreender estratégias artísticas como a reencenação, a apropriação, a espacialização, a incorporação e o meta-arquivo – local de vestígio, inscrição, contestação e recapitulação. O arquivo é mais uma fonte da qual a arte se utiliza para “repetir de maneira diferente”, questionar as diversas histórias escritas a partir dos documentos e propor um novo olhar. Para a arte, o arquivo é material de criação e, por isso, recebe tantas definições quanto àquelas propostas pelos artistas.

Com relação à arquivologia, à CI e mesmo à museologia, a pesquisa teórica sobre os conceitos de arquivo, arquivo público, arquivo privado, arquivo institucional, arquivo pessoal, arquivo de museu, arquivo de artista, documento de arquivo, documento museológico, organicidade e informação permitiram demarcar as diferenças entre a visão artística e a documental, e forneceram a base de conhecimento necessária para a pesquisa empírica. A partir das definições de Hannesch e Granato foi possível analisar, na visita às instituições, a classificação dos documentos em “arquivos de museu” e “arquivos em museu”. O aporte teórico trazido por Deborah Wythe acerca da atuação dos setores/serviços de arquivo nas funções curatoriais e institucionais (atividades-fim e atividades-meio) auxiliou a análise dos departamentos/setores responsáveis pela organização de documentos arquivístico nas instituições visitadas. A teoria de Buckland acerca da informação-como-coisa, visando às artes efêmeras alvos desta dissertação, ou seja, performances, body art e happenings, fundamentou a busca por documentos de arquivo de interesse. Mesmo diante da afirmação dos profissionais entrevistados acerca da “pouca documentação disponível”, entendeu-se que

168

eventos podem gerar “coisas” – objetos, registros e recriação e, portanto, deveria haver algum documento a respeito dessas manifestações artísticas nos arquivos (conjuntos de documentos, setores) das instituições. A classificação proposta por Lima sobre as informações contextuais da obra de arte, entre as quais os documentos de arquivo se incluem, corroborou a compreensão de que tais documentos são essenciais para a “Informação em Arte”, incluindo as artes efêmeras, pois, como enfatizaram Rodrigues e Crippa, geralmente o que permanece dessas ações são o conceito e as representações, encontrados com frequência em registros arquivísticos.

A respeito da conceituação das artes efêmeras visadas pela pesquisa, a confirmação da falta de concordância e clareza total entre os teóricos sobre as diferenças entre happenings,

body art e performances permitiu compreender um dos motivos para a dificuldade de

classificação dessas formas artísticas nas instituições visitadas. As classificações fornecidas pela própria área se interpenetram, são tênues e podem ser observadas tanto na prática dos artistas quanto nas denominações dadas por estes e pela crítica. Alguns teóricos repudiam a documentação tradicional das ações (Phelan), outros consideram que o ato de documentar é aceitável (Jones, Glusberg, Kirby). Independentemente de tais posições, concluiu-se que, no que tange às próprias ações, os documentos estão presentes. Cartas, convites, descrições e roteiros das ações, fotografias, vídeos, notícias de jornais, entrevistas, esboços, folders são alguns dos registros relacionados a essas manifestações, como visto nas ações citadas e como comprovado pela pesquisa empírica nas instituições culturais.

Outra razão para a dificuldade de classificação dessas artes efêmeras pelas instituições visitadas é o emprego, pelos museólogos, de tesauros157 desatualizados, os quais são também usados como fundamentos para bases de dados. As bases utilizadas pelo MAC Niterói e pelo MAR, à época das entrevistas, não apresentavam os termos “performance”, “body art” e “happenings”, impedindo/dificultando a classificação dos objetos pertinentes e, portanto, prejudicando a recuperação dessas manifestações artísticas. No caso do MAR, foi necessário criar a categoria “vestígios” para abarcar objetos utilizados/criados pelos artistas durante as “performances” e doados ao museu. E no MAC Niterói, a museóloga acrescentou a frase “registro de performance”, associada à categoria “vídeo”, para identificar a ação artística

157 Os tesauros mais conhecidos são: “Thesaurus para Acervos Museológicos”, de Helena Dodd Ferrez, 1987,

“Tesauro de Objetos do Patrimônio Cultural nos Museus Brasileiros”, também de Helena Dodd Ferrez, 2016, (http://www.tesauromuseus.com.br/) e “Tesauro de Folclore e Cultura Popular Brasileira”, do Iphan, [2006], (http://www.cnfcp.gov.br/tesauro/apresentacao.html). Destes, apenas o segundo, de 2016 cita performances, porém em relação a instrumentos musicais e no auxílio à definição do termo “Instalação”, sem o contemplar com uma definição própria, apesar da existência da grande categoria “6 – Objetos de Atividades Artísticas”.

169

gravada em DVD. Existe, assim, um problema de ordem operacional, que poderia ser sanado pela consulta a outros instrumentos, como por exemplo, o “Art & Architecture Thesaurus

Online”,158 da Getty Foundation. Este tesauro apresenta o termo “performance art” em uma posição hierárquica, subordinado em ordem crescente às expressões “time-based works”,159 “visual works by material or technique”, “visual works (works)”, “Visual Works (hierarchy

name)”, “Visual and Verbal Communication (hierarchy name)” e, por fim, “Objects Facet”.

Cada nível vem acompanhado por um grupo de informações, como definição, termos equivalentes nas línguas inglesa, holandesa e espanhola, posição hierárquica, notas adicionais em holandês e espanhol, conceitos relacionados, fontes e contribuições, entre outras. Os termos “body art” e “happening” também foram encontrados e as definições propostas para os três encontram paralelos na pesquisa teórica desenvolvida neste trabalho.

No que tange à pesquisa empírica, esta foi iniciada de maneira bem restrita, voltada exclusivamente para a identificação e posterior análise dos setores de Arquivo em instituições cuja tipologia de acervo fosse relacionada à arte e que tivessem recebido as ações artísticas pertinentes e/ou que possuíssem arquivo de artistas que as houvessem praticado. Porém, conforme se empreenderam os primeiros contatos e visitas, percebeu-se que são poucas as instituições culturais que possuem setores de Arquivo confirmados (treze, dos 37 que supostamente teriam recebido performances), quer institucional, quer histórico. O mesmo se dá com fundos arquivísticos pessoais de artistas voltados para happenings, performances e

body art (apenas um foi encontrado: fundo Márcia-X). Assim, apesar de dois dos objetivos

específicos interligados serem o levantamento de instituições que possuem arquivos pessoais de artistas e cuja estrutura contenha setores de arquivo, estes objetivos precisaram ser ampliados para: instituições que tenham recebido essas ações artísticas e que possuam documentos relacionados. Outro conceito estendido foi o da organicidade. Ao invés de se buscar a preservação das relações apenas entre os documentos de um mesmo conjunto (no caso de um arquivo pessoal ou fundo institucional fechado – arquivos de artistas, exposições destes artistas e vestígios das ações), procurou-se saber se a documentação referente aos mesmos processos era interligada. Exemplos de atividades pesquisadas são: performances,

body art e happenings ocorridos no local, geralmente durante exposições; vestígios dessas

ações artísticas existentes na Instituição.

158 Disponível em: http://www.getty.edu/vow/AATFullDisplay?find=performance&logic=AND&note=&English

=N&prev_page=1&subjectid=300121445. Acesso em: 26 maio 2020.

159 Obras baseadas no tempo, ou seja, trabalhos que se realizam em um período de tempo e em um determinado

170

Sobre a falta de setores de arquivos confirmados, não se pretende afirmar que as instituições não têm documentação ou não procuram organizá-las, mas sim que a maioria não possui um departamento/setor específico, formal, de arquivo, um arquivista contratado ou mesmo o emprego de instrumentos arquivísticos. Nessas instituições (algumas das visitadas e outras contatadas por telefone e/ou e-mail, em conversa informal), os documentos correntes, relacionados às atividades-meio e fim, são organizados e mantidos pelos setores de Administração, Finanças, Museológico, Comunicação etc., sob a responsabilidade desses respectivos profissionais, sem a codificação proporcionada por um plano de classificação e sem a observância dos prazos de guarda determinados por uma tabela de temporalidade – ou seja, sem avaliação e gestão documental. Os documentos considerados permanentes, relacionados às atividades-fim (exposições, coleções) ficam sob a responsabilidade de um departamento (quando este existe) que trata da documentação voltada para a pesquisa (livros, catálogos, entrevistas, folders, fotografias, vídeos, recortes de jornais), com o objetivo de atender demandas dos pesquisadores externos e internos. Como o propósito é a preservação para o acesso rápido ao conteúdo dos documentos, sem haver a preocupação com o contexto de produção dessa documentação, não se pode afirmar com certeza que a observância de princípios arquivísticos (respeito aos fundos, organicidade), é observada.

Ampliação semelhante à da pesquisa empírica ocorreu nos critérios para a seleção das instituições alvo da pesquisa online (que teriam recebido as manifestações artísticas). A princípio seriam pesquisadas apenas aquelas que possuíssem tipologia de acervo denominada “Artes” e “Artes Visuais”. No entanto, conforme pesquisa teórica e visitas aos primeiros museus, percebeu-se que demais tipologias presentes no GMB, na plataforma MuseusBr e no portal Museus do Rio deveriam ser consideradas, como “Imagem e Som” (vídeos), “Biblioteconômico/Bibliográfico” (já que algumas instituições guardam documentação audiovisual e livros de artistas nas bibliotecas), Documental e a própria tipologia “Arquivístico”. Mas a abrangência não se encerrou neste aspecto. Se era necessário incluir todas as instituições que houvesse recebido performances, o uso da tipologia como critério ainda representava exclusão. Portanto, voltou-se a pesquisar na internet todas as 166 instituições – quatorze em Niterói e 152 no Rio de Janeiro – onde performances teriam ocorrido.

171

Deste total, somente 37 foram identificadas como tendo recebido performances (35 no Rio e duas em Niterói), conseguindo-se visitar apenas seis. Dos 35 museus160 que abrangem áreas (tipologia e temática de acervo) como artes, ciências, história, ecologia, defesa pública história natural etc. o tratamento arquivístico é inicial ou inexistente (apenas treze instituições possuem setor de arquivo, sendo que alguns ainda estão em tratamento, como o MR – Arquivo Institucional – e o Solar de Grandjean de Montigny).161 Por isso, foi necessário ampliar a pesquisa, com os objetivos específicos passando da análise do tratamento arquivístico à análise do tratamento geral dado pelas instituições aos documentos considerados de arquivo. Quando possível, obteve-se informação sobre a documentação museológica e bibliográfica. As instituições visitadas foram o MAM Rio, o MAR, o MR, o MAC Niterói, o CCL e o MHN. Destas, o CCL e o MHN foram adicionados após a ampliação dos critérios de seleção das instituições.

Das instituições visitadas, a metade emprega arquivistas: MAM Rio, MHN e MR. O CCL, o MAR e o MAC Niterói não têm esse profissional em seu corpo de funcionários. No entanto, o MAR e o CCL contrataram equipes terceirizadas para auxiliar na organização de seus acervos, já que possuem documentação arquivística. Em três instituições o (a) bibliotecário (a) é o responsável pelos documentos de arquivo: MAR, CCL e MAC Niterói. Dos três arquivistas, conseguiu-se contato com apenas um, pois os outros dois não estavam disponíveis (férias e licença capacitação). No CCL, além do bibliotecário, que cuida do arquivo corrente, o museólogo é responsável pelo arquivo permanente. Percebe-se, portanto, que nas instituições culturais há uma indefinição acerca do profissional que deve se responsabilizar pelos setores e documentos de arquivo, incluindo os relacionados às artes efêmeras, tanto a nível teórico (pois, nas entrevistas, a maioria dos profissionais reconheceu a falta do arquivista) quanto a nível prático.

No que se refere à organização da documentação segundo os princípios arquivísticos da organicidade e do Respeito ao Fundo, o MHN pareceu ser o mais organizado. Percebe-se que as instituições voltadas para a área histórica (MHN, MR e mesmo o CCL, por se preocupar com a história da Light e da evolução da energia elétrica) possuem setores de arquivo mais estabelecidos. Entretanto, a avaliação sobre a organicidade e o Respeito aos Fundos corre o risco de ser arbitrária, já que se conseguiu analisar apenas documentação referente a alguns setores, e não às instituições como um todo. Pensa-se que isso ocorreu principalmente porque

160

Dois foram excluídos: o MHExFC e o Observatório do Valongo, com os quais não se conseguiu nenhum contato.

172

a metade delas não possui setor de arquivo que centralize a documentação (MAR, MAM Rio e MAC Niterói) e aquelas que possuem (CCL, MHN, MR) não têm uma política consolidada de transferência/aquisição dos documentos.

Acerca dos documentos sobre performances, body art e happenings o MAM Rio se destacou pelo acesso às ações artísticas. Os bancos de dados museológico e arquivístico da Instituição podem ser acessados pela equipe de pesquisa, que consegue retornar resultados sobre performances. No banco de dados museológico, documentos de arquivo associados aos vestígios de performances são citados. A classificação das ações artísticas é feita pelo setor de Museologia, que já possui um modus operandi (conversa com os artistas, com os curadores, além de o próprio setor ser responsável pela concepção das exposições). O registro dos eventos é sistemático e acontece há muitos anos, o que garante pelo menos a existência de fotografias sobre happenings, performances e body art acontecidos no MAM Rio.

O CCL também possui um controle satisfatório sobre as performances que ocorrem na instituição. Isso provavelmente se deve à constância da realização dessas ações no Centro, já que este possui um acordo com a EBA/UFRJ. Nas outras instituições, porém, constatou-se que a busca pelas ações artísticas alvo da pesquisa só foi possível através do nome das exposições em que estas aconteceram. E mesmo com o nome, nem sempre se encontram registros das ações artísticas, porque não há uma política para que tal seja feito regularmente. Novamente, no entanto, esta avaliação pode ser arbitrária, pois o MHN possui documentos junto a setores específicos que não puderam ser visitados.

Uma possível explicação para a dificuldade da maioria das instituições contatadas e das visitadas acerca dos documentos relacionados às artes efêmeras pode se referir ao desafio de classificá-los em “arquivos de museu” e “arquivos em museu”. Como visto na pesquisa teórica (Wythe, Hannesch e Granato, Tessitores, Martins e Indolfo), obras e documentos doados pertencem à instituição, mas não foram produzidos por ela e, portanto, são considerados de custódia e ligados à função curatorial. Já os documentos institucionais são os produzidos a partir das diversas atividades da instituição, principalmente aquelas referentes à função administrativa, ou seja, responsabilidades legais, fiscais, administrativas, de divulgação e/ou ainda uma função histórica de preservação da trajetória e testemunho das escolhas políticas e metodológicas da instituição. Como body art, performances e happenings são ações realizadas nos espaços expositivos, e não objetos físicos doados, como lidar com elas? Como eventos institucionais, que precisam ser registrados já que se referem às atividades da instituição (como a da difusão cultural/comunicação – lei n. 11.904/2009)? Ou

173

eventos externos que, por não terem relação com a coleção museológica, não precisam de registro? É necessário recolher algum objeto utilizado/criado durante essas ações? Os documentos de artes efêmeras são desafiadores porque a própria ação artística não parece se encaixar no modelo de obra que geraria especificamente “arquivos de museu” ou “arquivos em museu”.

No que concerne ao cumprimento dos objetivos específicos (levantamento e revisão de literatura dos conceitos operadores fundamentais; levantamento das instituições com setores de arquivos e fundos arquivísticos de artistas do happening, da body art e da performance e, principalmente, verificação da aplicação da teoria arquivística no tratamento da documentação relacionada às artes efêmeras alvo da pesquisa, a partir das entrevistas e da análise dos instrumentos de organização do acervo), acredita-se que este foi substancialmente alcançado. O mesmo pode ser observado para o objetivo geral. Entende-se que ele foi ampliado, já que além de setores de Arquivo foram analisados setores de Pesquisa e Documentação em geral (incluindo Bibliotecas) e setores de Museologia. Entretanto, essa análise não foi completa.

As dificuldades para cumpri-los em sua totalidade se referiram a limitações dos próprios instrumentos utilizados (entrevista semiestruturada, pesquisa na internet, contato por e-mail e telefone), subjetividades inerentes à pesquisadora e aos entrevistados e abrangência da própria pesquisa, que ao longo de sua fase empírica demonstrou a necessidade de se considerar o maior número de instituições possível e, nestas, todos os profissionais e setores envolvidos com a documentação (setores como Comunicação, Administrativo, Direção – que guardam fotografias, material de divulgação, contratos, projetos de artistas, e-mails, entre outros).

O que se pode afirmar mais seguramente é, que a recuperação de documentos sobre

performances, body art e happenings depende de diversos fatores inerentes à organização

documental das instituições: equipes que entendam o conceito dessas ações artísticas; bancos de dados museológicos, arquivísticos e bibliográficos que conversem entre si (ou uma equipe que possa acessá-los e fazer as relações, como no caso do MAM Rio), ou seja, uma maior interoperabilidade entre as unidades de informação das instituições culturais; um setor de arquivo que centralize a recuperação, assim como um profissional que faça um levantamento da documentação e crie um plano de classificação, uma tabela de temporalidade e instrumentos de pesquisa (inventários, guias); um banco de dados robusto que permita a inserção de documentos e informações por parte de todos os setores, assim como links entre a documentação; política de registro dos eventos realizados nos locais; equipes maiores –

174

praticamente todas as instituições relataram possuir equipes pequenas, o que dificulta o trabalho, dadas as muitas demandas existentes.

Entende-se ainda que a preocupação com a documentação de uma atividade tão específica é necessária porque happenings, performances e body art são acontecimentos, eventos. São ações que não geram como produto uma obra artística física ou mesmo virtual. Uma pequena prova se deu na pesquisa empírica, quando a maioria das instituições contatadas alegou não possuir documentação a respeito e, das seis visitadas, em três os profissionais se desculparam por não terem muito material para apresentar (mesmo em locais onde ocorreram várias performances).

Se não houver a preocupação de relacionar, organizar e preservar os documentos produzidos/recebidos pelos setores Administrativo (contratos, projetos, e-mails, termo de doação etc.), Museológico (ficha catalográfica de vestígios, concepção da exposição e do trabalho artístico, lista de obras etc.), Comunicação/Design (fotografias, vídeos, folders, convites, catálogos etc.), Biblioteca/Pesquisa/Educativo (clippings, ficha catalográfica, dossiês etc.), Arquivo, entre outros, a informação que será disponibilizada para os futuros pesquisadores acerca dessas manifestações artísticas provavelmente será ínfima, dificultando a produção de conhecimento sobre as mesmas. Ademais, sem documentos, a evidência de que essas manifestações artísticas ocorreram e das atividades da instituição fica seriamente comprometida.

175

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALCÁZAR, Josefina; FUENTES, Fernando (org.). Performance y arte-acción en América

Latina. México: Ediciones Sin Nombre, Ex Teresa, Citru, 2005.

ARANTES, Priscila. Reescrituras da arte contemporânea: história, arquivo e mídia. Porto Alegre: Sulina, 2015.

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística. Rio de Janeiro, 2005.

ARTE Efêmera. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo343/arte- efemera. Acesso em: 03 mar. 2020.

BACA, Murtha et al. Cataloging Cultural Objects: a guide to describing cultural works and their images. Chicago: American Library Association, 2006.

BACON, Julie L. Unstable archives: languages and myths of the visible. In: Performing

Archives. Archives of performing. Copenhagen: Museum Tusculanum Press, 2013. p. 73-93.