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Por meio da pesquisa realizada e do estudo de caso oportunizado por esta, pude perceber o quão a discussão de gênero ainda deve ser ampliada em âmbito educacional, tendo em vista que a mesma ainda acontece em casos isolados.

Ao pesquisar sobre essa temática encontrei diversos desafios, tais como a resistência de muitos alunos e alunas, tendo em vista a desinformação que ainda existe sobre essa temática, e que além disso por vezes devido a essa desinformação é tida como algo irrelevante para o contexto da educação. Mas também, por meio desta pesquisa pude oportunizar uma reflexão junto aos colegas que se dispuseram a colaborar ao responder os questionários, acredito que pelo menos uma semente foi plantada e que num contexto onde essas discussões fossem ampliadas, teria a oportunidade de germinar.

Foi bastante enriquecedor poder perceber que grande maioria dos(as) entrevistados(as) acreditam que as discussões sobre a temática de gênero podem vir a beneficiar a educação e a eles mesmos na prática docente. Acredito que devemos buscar e encontrar pessoas que compartilham de ideais transformadores e benéficos para a educação, esse tipo de profissional é aquele que em sua prática, mais do que transmitir, transforma o conhecimento. Penso se cada um transformar um pouco, o meio educacional se tornará bem mais justo e igualitário.

Ficou perceptível que as discussões sobre a temática de gênero já ocorrem, em alguns poucos casos, mas ocorre, no contexto das licenciaturas, e que a maioria dos(as) alunos(as) enxergam a sua relevância. Também concluímos que no contexto da prática docente futura essas discussões poderão tornar o futuro(a) docente mais justo e capaz de dialogar sobre o meio social, independente da matéria específica lecionada. Acredita-se que haja a necessidade de o(a) professor(a) esteja apto a fazer com que a sua prática ocorra, respeitando os conteúdos de sua área específica, mas que acima disso, esteja apto a intervir e dialogar sobre preconceito, igualdade, gênero e tantos outros assuntos quando necessário for.

Ao saber que a discussão sobre a temática deste estudo se realiza nas licenciaturas, foi possível refletir que mesmo sendo poucas os próprios licenciandos(as) não a utilizam ainda em sua prática, o que nos leva ao ponto: ―Para quê serve uma formação se não for colocada na prática?

Então podemos compreender que a universidade está oportunizando as discussões, mas os próprios licenciandos(as) não se aproveitam das mesmas para em seus estágios, ou intervenções, no decorrer das licenciaturas colocarem em prática. E, se nos estágios, período em que temos a autonomia de colocar em prática as questões relevantes para nós enquanto docentes, nós nos rendermos ao sistema que por muitas vezes não se importa com o lado social da coisa, será que na prática docente após a nossa formação inicial teríamos essa oportunidade?

Essas discussões oportunizadas no decorrer das licenciaturas formarão professores mais justos e preparados, para dialogar com o alunado de forma a oportunizar que na escola as crianças e jovens tenham um amparo para falar sobre temas importantes para o desenvolvimento de suas identidades. Onde, para isso é necessário que o(a) docente tenha a formação necessária para atender a esse aluno.

Por meio deste estudo foi possível amadurecer minhas próprias convicções sobre a temática, e a partir disso pude perceber o quão a mesma é ainda mais relevante do que eu imaginava. Acredito que, por meio dessa discussão poderemos transformar o meio educacional, poderemos pelo menos diminuir os preconceitos e padrões que nele habitam. Nós enquanto docentes não podemos nos calar, precisamos ter vez e ser voz. Nossa voz importa, nós formaremos indivíduos que serão médicos, advogados, engenheiros, professores, qualquer outra profissão, todas elas passarão por nós, e isso é de uma responsabilidade gigantesca, saber que por alguns anos nós ajudaremos crianças a se formar, ser críticos, e que esses saberes serão levados para toda a vida, e até mesmo para a sua prática profissional futura.

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