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Anexo II: Indicadores de instituições afins

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa dissertação apresentou indicadores de desempenho específicos para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Procurou, através de entrevistas com servidores chave da instituição, elucidar os principais insumos, produtos e resultados das atividades realizadas. Fez uso dos conceitos de gestão do conhecimento, estratégia e das recomendações acerca de como montar indicadores para materializar a proposta. Baseou-se principalmente na ferramenta balanced scorecard para compor um quadro com as principais medidas a serem aferidas.

As perspectivas clássicas da ferramenta foram adaptadas à luz dos elementos necessários para aferir desempenho e considerando que a instituição é um órgão público de pesquisa. A perspectiva financeira foi substituída por resultado, seguida dos produtos e processos internos; esses últimos divididos em atividades e projetos. O aprendizado e crescimento, na base do

scorecard, foi traduzido como insumo, por congregar o capital intelectual, tecnológico e

financeiro e patrimonial. A adaptação foi essencial para explicitar as medidas para apuração do desempenho do Jardim Botânico.

O que pode ser percebido, a partir da pesquisa bibliográfica, é que não há uniformidade em torno dos termos relativos ao tema. Por isso a necessidade de elucidá-los, definindo o que o estudo entende por desempenho, performance e resultado. Concluiu que o termo desempenho deve indicar a economicidade, eficiência, efetividade e eficácia da organização. Para isso é necessário apurar seus insumos, processos, produtos e resultados, este o mais sujeito à influência externa. A performance considera apenas os aspectos internos da organização, portanto não mede efetividade, no contexto desse estudo. A efetividade não é entendida apenas por alcance de resultados. Todos os princípios são valorizados e tratados de forma conjugada.

Outra importante consideração é a de que medir apenas resultado não permite identificar onde estão os pontos fortes ou fracos da gestão. Já era sabido que apenas eficiência não possibilita apurar se os efeitos esperados foram alcançados, mas ela não pode ser relegada. A economicidade é obrigação da instituição pública. E produtos de pesquisa podem representar mais o desempenho

do que resultados, que não são imediatos. A eficácia só se faz presente quando são definidas metas, que estiveram fora do escopo desse trabalho.

De forma análoga, medir apenas o que reza a estratégia não ajudará a identificar onde ela é falha e, principalmente, as oportunidades que porventura ainda não estão sendo exploradas. Por isso o estudo defendeu e concentrou suas atenções na seleção de todas as medidas consideradas relevantes. Foi interessante perceber que havia maior dificuldade em enumerar os produtos do que os resultados esperados, seja pela natureza de prestação de serviços das atividades da instituição, seja pela ausência de experiência em modelagem dos projetos e planejamento das atividades por parte do corpo funcional.

Não foram detalhados os aspectos de periodicidade dos indicadores pois, idealmente, eles deveriam estar disponíveis em tempo real. Os que não estão, devem ser trabalhadas para tal. A periodicidade deve ser a mais detalhada possível, observando os critérios de disponibilidade e economicidade. Apuração de recursos financeiros anualmente, por exemplo, não se presta para avaliar a gestão, face ao contingenciamento do orçamento federal. Para um fórum interno o administrador deve ser capaz de acompanhar suas medidas com o menor lapso de temporalidade possível, identificar sazonalidades, tomar decisões em tempo hábil para correção da estratégia. O desafio residiu em estabelecer indicadores complexos o suficiente para apurar os diversos princípios. O estudo da composição matemática e da influência dos indicadores na tradução do conhecimento tácito em explícito remete à necessidade de criá-los obedecendo a critérios de qualidade. Eles devem ser representativos, expressando a essência do que está sendo medido; simples, de fácil compreensão, sem dificuldades de cálculo; estáveis conceitualmente e em número equilibrado. Por esse motivo dois quadros com as principais medidas as serem apuradas substituiram fórmulas complexas para, em seguida, identificar dentre elas as que compõem o grupo de indicadores resultantes do trabalho.

A investigação dos produtos oferecidos pelo Jardim Botânico revelou que alguns deles se revertem em insumos para outras unidades. Como é o caso, por exemplo, das coleções, dos

alunos e da própria produção científica. Evidenciou ainda que os produtos da gestão são os insumos para as atividades finalísticas. A tradicional separação entre a área administrativa e as demais foi necessária para o entendimento dos quadros, possibilitando apresentar maior detalhamento das medidas. A gestão incorpora em seus resultados a satisfação dos clientes internos, que deve ser entendida como o alcance dos produtos e resultados das áreas finalísticas.

A compartimentalização dos resultados deve ser combatida pelo investimento em projetos transversais. Ela é conseqüência da administração voltada apenas para excessos burocráticos, vista como um serviço. A gestão deve atuar dessa forma, inclusive prestando consultoria para as iniciativas das demais áreas. Mas considerando-se parte integrante de seus projetos e, consequentemente, comprometendo-se com os resultados finalísticos. A aproximação das unidades, promovidas por projetos com equipes transversais ao organograma funcional, deve ser o próximo passo do planejamento do Jardim Botânico no sentido de promover atividades pró- ativas, ao invés de reativas ou meramente suporte.

Os indicadores de desempenho foram sugeridos com base na missão do órgão nas ações do PPA sob a responsabilidade do Jardim Botânico, dada a ausência de um plano estratégico em vigor. Portanto,.a dissociação entre as ações e a estrutura funcional foi necessária ao estabelecimento do quadro de medidas. A Diretoria de Pesquisa suporta a parte da ação de conservação, pois é responsável pelas coleções desidratadas e germoplasma (conservadas). A Diretoria de Ambiente e Tecnologia utiliza-se das ações de educação ambiental e conservação, dedicada à coleção cultivada e coleções não biológicas. Dessas, a exceção é o Museu, que tem sua própria ação. Pleitear mais ações no PPA é uma demanda, assim como estabelecer projetos e atividades, aspecto já previsto na estrutura qualitativa do plano.

Para trabalhos futuros sugere-se o acompanhamento da implantação dos indicadores, para avaliar a pertinência do que foi sugerido, as dificuldades encontradas e adaptações necessárias. Além disso, exames posteriores poderão se valer dos resultados da elaboração do mapa estratégico da instituição, iniciativa atualmente em curso, e compará-lo com o resultado desse estudo.