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Preservação e Difusão do Acervo Museológico

Anexo II: Indicadores de instituições afins

4 JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO

5.1 Entrevistas: insumos, produtos e resultados

5.1.5 Preservação e Difusão do Acervo Museológico

Quanto aos recursos financeiros, a entrevistada Luisa destaca a importância das atividades de captação e convênios com parceiros, face à verba inexpressiva destinada à ação. Considera que o orçamento federal nunca será capaz de financiar as iniciativas museológicas, sendo utilizado no máximo para arcar com as despesas de manutenção das instalações físicas do Museu. Em época de recessão, mesmo as exposições prontas não conseguem patrocínio para a

montagem. O principal insumo são os espaços para exposição. Além do próprio Museu e do Centro de Visitantes, o arboreto também é utilizado para esse fim, abrigando apresentações temáticas, muitas vezes associadas a uma coleção específica, como a de plantas medicinais, por exemplo.

Em termos de recursos humanos, são poucos os servidores dedicados a essa atividade. Para superar esse obstáculo, a solução em prática é realizar eventos em parceria com as outras áreas da instituição. A equipe se restringe ao esforço de coordenar a vinda de exposições: negociar, agilizar as cooperações e acompanhar as montagens para que não deteriorem o espaço disponibilizado. No caso da cessão do espaço para abrigar exposições itinerantes, muitas vezes a empresa fica responsável pelos custos de iluminação, segurança etc. Ocorre que o Jardim Botânico tem pouca ingerência em relação ao conteúdo, formato ou projeto, no caso de receber exposições já previamente concebidas. Quando não é assim, é necessária a contratação de pessoas especializadas na temática.

Um ponto interessante levantado pela servidora foi relativo ao acervo como insumo para as atividades museológicas. Ela informa que os grandes museus estão racionalizando essa questão. É pertinente tê-lo, mas deve se ater apenas ao que representa a história do Jardim Botânico. Questiona a manutenção de uma coleção de instrumentos científicos, por exemplo, se o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) já a possui em maior escala e com melhores condições de conservação. Há que se considerar o que é fundamental e se há condições para manutenção, ou corre-se o risco de se afastar muito da missão institucional. Atualmente o intercâmbio para exposições temporárias é mais interessante. Essa visão aumenta a importância das parcerias. Um expressivo acervo museológico do Jardim é a coleção de fotos históricas em negativos de vidro.

O produto imediato da ação da museologia é claro: as exposições. Geralmente elas fornecem material didático (cartilhas, folhetos, cadernos), distribuídos para serem trabalhados nas escolas, e publicações (catálogos da exposição). A entrevistada estende ainda os produtos relacionando as inúmeras atividades que podem decorrer da exploração de determinado tema: seminários, palestras, debates, entrevistas, oficinas, atividades educativas etc. A maior ou menor quantidade de atividades correlatas depende muito da pertinência da temática exposta,

se ela está em consonância com a missão institucional de conservação da biodiversidade. Quando os servidores do Jardim têm participação na concepção das ações museológicas elas resultam em artigos, livros e apresentações em congressos e conferências.

Um produto secundário poderia ser o transporte, que na atual realidade do país é seriamente considerado pelos museus. Ela relata que muitas instituições disponibilizam ônibus para trazer os alunos e viabilizar a visitação, principalmente nos dias de semana, porque o custo do deslocamento é um impeditivo para muitas das escolas públicas. No Jardim Botânico essa ainda não é uma prática adotada; por enquanto só conta com o público espontâneo.

Luisa se preocupa muito com a questão dos resultados. Eles dependem diretamente da estratégia de ocupação dos espaços. Se ela se restringe a abrigar exposições de fora, então um bom resultado pode ser considerado o número de dias que o local não esteve ocioso. Desde sua inauguração, o Museu do Meio Ambiente abrigou apenas três exposições: Vandelli, que teve a duração de dois meses; Chico Mendes, durante um mês; e, atualmente, Visões da Terra, com previsão para dois meses. Todas as demais exposições e atividades pretendidas não se concretizaram face à dificuldade em obter financiamento, conseqüência de um problema conjuntural que não se restringe ao Brasil: é global. No entanto, a entrevistada questiona se o fato de ser um local para abrigar exposições não caracterizaria mais uma galeria do que um museu propriamente.

A visitação é o principal resultado das exposições e deve ser mensurada em termos de interesse (leigos, professores, alunos, especialistas) e procedência geográfica. Devem ser consideradas também as visitas aos sites do Museu ou das exposições, caso existam. Cabe ressaltar que o espaço limitado da edificação não permite grande afluência de público, se comparado com os principais museus do país. Na realidade, o melhor resultado seria o conhecimento que o indivíduo retirou da exposição, o despertar para a temática. No entanto já é sabido que o processo de aprendizagem é mais complexo do que o imediatismo de um formulário de avaliação possa captar. Para mensurá-lo adequadamente seria necessário um investimento de longo prazo que se mostra inviável.

Além da visitação, outro resultado importante é o impacto positivo gerado em mídia espontânea. O volume de discussões gerado em torno do tema apresentado é a maior expressão do êxito das ações museológicas. As exposições concebidas pelo JBRJ itinerarem, ou seja, serem levadas para outros locais fora da instituição, também indica o seu sucesso e importância. A rede de parceiros é, novamente, apontada como resultado, na medida em que mostra o nível de confiabilidade e respeitabilidade que têm as iniciativas. O anseio da entrevistada é que o Museu do Meio Ambiente se torne um reconhecido centro de discussão das questões ambientais. Por estar vinculado ao MMA, poderia auxiliar nas deliberações políticas a partir dos debates realizados com a sociedade em torno de questões que o ministério queira ver discutidas.

A ação pouco contribui para os indicadores do programa do PPA Brasil Patrimônio Cultural: índice de preservação do patrimônio material e número de registros de bens culturais de natureza imaterial. Público atendido não é a melhor expressão de produto, mas sim o número de ações museológicas realizadas. Cabe ainda apontar que atualmente o Museu não possui mecanismos de apuração concreta do número de visitantes, mas apenas uma estimativa.