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A elaboração do presente Rafprof conduziu a um positivo balanço da diversidade de experiências obtidas, em diferentes realidades escolares. A instabilidade profissional, o concurso de pessoal docente, as condições adversas de alguns contextos educativos (organização da escola em agrupamento de escolas; a sistemática mudança de órgãos diretivos e as constantes e profundas alterações da legislação em vigor), levaram a questionar a atuação como docente.

A principal dificuldade encontrada ao longo destes anos paralelamente à instabilidade profissional foi a de manter elevados índices de motivação nos alunos e travar a indisciplina, flagelo global nas escolas, nomeadamente em Territórios de Intervenção Prioritária (TEIP). E também um esforço de adaptação acrescido ao lecionar no primeiro ciclo de escolaridade, no grupo de recrutamento 910 (Educação Especial)

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uma vez que toda a sua formação inicial é direcionada a alunos de outra faixa etária.

Ao fim de 15 anos de serviço, apesar das contrariedades, o balanço é claramente positivo e enriquecedor. O orgulho e realização na prática profissional está presente e projetado através dos seus (ex) alunos e formandos, nomeadamente quando o seu desenvolvimento aponta para pessoas autónomas, criativas, responsáveis e com espírito de cidadania. Ensinar é um ato de altruísmo, de preocupação com os filhos dos outros, ensinar geografia é orientar na compreensão do mundo.

Como docente a projeção vai ao encontro de incorporar um corpo docente dinâmico e estável com experiências profissionais ricas, uma oferta de escola variada, e um grupo disciplinar que contribua para o constante aperfeiçoamento das práticas letivas. De acordo com o documento orientador para a elaboração do Relatório de Atividade Profissional (RAProf) aprovado pela direção do Mestrado em Ensino de Geografia (MEG) a 18 de novembro de 2015, um dos objetivos passa pela apresentação de um tema que verse a prática profissional, seja através da avaliação de situações ocorridas e/ou mais centrado em reflexões em torno de problemáticas profissionais.

Neste enquadramento foi escolhido o tema A interação professor aluno e a aprendizagem.

Procedeu-se ao enquadramento teórico no capítulo III fragmentado por tópicos onde surge o conceito de interação professor e alunos e os modelos de sistema de

comunicaçãoe, por último, fez-se uma breve análise através do Modelo Interpessoal do Comportamento do Professor.

O estudo empírico do tema passou pela seleção de enredo de filmes que demonstram a relevância da interação professor e aluno nas escolas e consequentes paralelismos entre situações vividas ao longo dos 15 anos de atividade docente. Os enredos cinematográficos permitiram aferir a importância da interação professor e aluno sobre essencialmente dois pontos de vista: indisciplina e libre arbítrio. O primeiro associado a um público alvo rebelde, onde a motivação para a aprendizagem é inexistente, o segundo aliado a um ensino tradicional e convencional, onde os alunos têm pré destinado, pela sociedade e progenitores, o seu percurso profissional. A análise cinematográfica e a experiência profissional permitiram concluir que a interação professor e aluno baseada no respeito, compreensão, responsabilização e noção de liderança amadurece a motivação para a aprendizagem e a consequente melhoria dos resultados escolares.

A complexidade e subjetividade da abordagem anterior exigiu a aplicação do Questionário de Interação do Professor a antigos alunos, elaborado tendo por base a pesquisa de outras investigações que também tiveram no seu enfoque a interação professor e alunos.

Os oito perfis selecionados de interação do professor definidos no questionário pretendiam avaliar a capacidade de Liderança o Entendimento, a Responsabilidade/Liberdade do Estudante, a Incerteza, a Insatisfação, a Repreensão e a Severidade, do professor, sendo que para cada um destes itens surge(m) afirmações que mostram a concordância/ discordância do aluno relativamente à importância destes fatores nas aprendizagens.

A sua aplicação a 100 antigos alunos de diferentes idades e anos de escolaridade, nomeadamente em fins de ciclo, permitiu avaliar a importância da interação do professor na motivação e na aprendizagem.

A análise das respostas às afirmações permitiu concluir que a motivação e o sucesso académico são maiores nos itens de Liderança, Apoio, Responsabilidade/Liberdade e Compreensão por parte do docente. Por outro lado, são menores nos itens relacionados com Insegurança, Insatisfação e Rigor. Não existem resultados conclusivos relativamente ao item de repreensão, o que pode hipoteticamente

estar associado à consciência da ausência de cumprimento de regras por parte dos alunos, isto é, estes não associaram o “zangar inesperadamente” presente na afirmação a algo inesperado, mas sim a uma reação natural do professor à irreverência do aluno, não estabelecendo uma relação de causa/efeito entre esta ação e a motivação/aprendizagem/sucesso escolar.

Desta forma, confirmaram-se as hipóteses inicialmente traçadas -H1, H2 e H3- e parcialmente a 4, isto é, existe relação significativa entre as perceções dos alunos sobre a interação professor-aluno e a motivação para a realização e o sucesso escolar. Os professores Apoiantes, Liderantes, Compreensivos e Liberais/Responsáveis são percecionados como orientando os alunos para objetivos orientados para a motivação e sucesso escolar. Pelo contrário, regra geral, os professores Severos, Insatisfeitos e Inseguros tendem a ser percecionados pelos alunos como conduzindo à desmotivação e consequentemente insucesso escolar.

Como linhas de orientação futura um estudo cinematográfico mais exaustivo, assim como a aplicação de questionários deste género, a amostras de maior dimensão, são metodologias que permitiam aprofundar este importante fator da aprendizagem.

A abordagem do tema em estudo através de paralelismos cinematográficos da experiência profissional e a aplicação do inquérito de opinião a 100 antigos alunos, permitiu concluir a perceção da experiência empírica de quinze anos de profissão docente, isto é, os resultados remetem para a importância da interação professor e aluno na motivação e no sucesso escolar.

O tema deste relatório foi importante e alerta para a importância da reflexão constante sobre as nossas práticas docentes e para a pertinência da didática na educação como um instrumento de procura de soluções para os problemas existentes nas nossas salas de aulas. É necessário fazer um trabalho diferente, para escolas e alunos diferentes, investindo, sempre, na atualização e na diversidade das práticas pedagógicas.

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