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Esses achados apontam que as desigualdades no mundo sempre geraram movimentos de pessoas de um país para outros, em função das oportunidades que se lhes parecem mais adequadas para melhorarem suas vidas, embora os imigrantes muitas vezes são explorados, em particular, os que vivem ilegais.

Retratam a situação vivenciada por milhões de brasileiros que vêem na imigração a «busca de uma vida melhor» mesclada por sonhos, aventura e desafios, como possibilidade de solucionar os problemas vividos no Brasil.

Os resultados confirmam uma situação conflituosa dos imigrantes, sugestiva de maiores reflexões tanto com relação a saúde quanto a situação de

ser imigrante: estes afirmam que são «discriminados» e «submetem-se a qualquer coisa» para «nascer de novo».

Procurou-se apreender as representações sociais sobre «saúde» e «imigrante» construídas por brasileiros, explorando as implicações psicossociais e culturais associados a saúde, principalmente, pelas condições de vida e tipo de trabalho/ocupação que os sujeitos estão submetidos pelo fato de «serem imigrantes».

Ao se verificar a estrutura das representações sociais é possível inferir que os aspectos relacionados com a saúde encontram-se no núcleo central; na periferia evidencia-se aspectos indiretamente associados ao trabalho, como a necessidade de descanso e lazer para manter a saúde. Quanto aos aspectos relacionados com as representações do imigrante, os sujeitos descrevem o lado negativo da experiência no núcleo central; apenas na periferia, emergem os aspectos relacionados com a expectativa da concretização dos sonhos de uma vida melhor, sugerindo a intenção que os imigrantes têm tão logo consigam realizar suas expectativas voltarem para o Brasil.

REFERÊNCIAS

1 Padilla, Beatriz. Portugal. O “idílio” dos imigrantes brasileiros. Lisboa. ISCTE. 2005

2 Abric J-C. Pratiques sociales et représentations. Paris, Presses Universitaires de France, 1994.

3 Sá, Celso Pereira. Núcleo Central das Representações Sociais. Petrópolis Vozes.1996

4 Moscovici, S. La Psychanalyse, son Image et son Public: étude sur la représentation sociale da psychanalyse. Paris, PUF. 1961.

5 Moscovici, S . A Representação Social da Psicanálise. Rio de Janeiro, Ed. Zahar. 1978.

6 Abric, Jean-Claude. A Abordagem Estrutural das Representações Sociais. In: Moreira, ASP; Oliveira, D.C de (Org.). Estudos Interdisciplinares de Representação Social. Goiânia, ABEditora. 2000. p: 27-38.

7 Moreira, M, A.S.P. Situações de trabalho, risco e saúde numa abordagem transcultural: representações sociais. Tese (projeto de Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal. 2006

8 Brasil. Resolução 1996/196, Conselho Nacional de Saúde.1996

9 Vergès, P. L´évocation de lárgent: une méthode pour la definition du noyau central dune representation. Bulletin de psycologie. 1992

10 Vèrges, P. EVOC – Ensemble de Programmes Permettant L`analyse des Évocations: manuel version 2. Aix-en-Provence. LAMES. 1999

Endereço da autora/Author´s address: Maria Adelaide Silva Paredes Moreira

Travessa Nossa Senhora do Perpertuo Socorro, 42 Jequiezinho 45.206-180, Jequié, BA.

E-mail: jpadelaide@hotmail.com

Agradecimentos: Este trabalho contou com a ajuda financeira da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no programa de Doutorado Sanduíche de 2005 a 2006, no âmbito do projeto de Cooperação Internacional Brasil-Portugal – GRICES/CAPES.

3.2 Artigos Submetidos à Publicação

Prevenção e Doença: representações sociais de imigrantes brasileiros em Portugal.

Prevention and Illness: social representations of Brazilian immigrants in Portugal.

Prevención y enfermedad: representaciones sociales de inmigrantes brasileños en Portugal.

Maria Adelaide S.P. Moreira¹ , Antonia Oliveira Silva², Maria do Socorro Costa Feitosa Alves³, Jorge Correia Jesuíno 4, Íris do Céu Clara Costa.5 * Pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Ciencias da Saude da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Nível Doutorado ¹ Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – UFRN e Mestre em Engenharia da Produção – UFSC jpadelaide@hotmail.com

² Doutora em Enfermagem – USP/SP e Professora Associada da Universidade Federal da Paraiba.

³ Doutora em Odontologia Preventiva e Social – FOP/UPE e Professora Associada da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

4 Doutor em Psicologia e Professor do Instituto Superior da Ciência, Trabalho e da Empresa – Lisboa – Portugal.

5 Doutora em Odontologia Preventiva e Social – UNESP e Professora Associada da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

¹ Travessa Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, 42 Bairro: Jequiezinho

Jequié – Bahia CEP: 45206-110

Prevenção e Doença: representações sociais de imigrantes brasileiros em Portugal.

Resumo

Trata-se de um estudo exploratório, subsidiado na teoria das representações sociais, desenvolvido na cidade de Lisboa – Portugal, com cem imigrantes brasileiros. Para a coleta de dados utilizou-se o Teste da Associação Livre de Palavras, com as palavras estímulo: prevenção e doença e analisados pela Análise Fatorial de Correspondência. Os imigrantes representam a prevenção (fator 1), como uma necessidade de ficarem atentos as doenças como o câncer; o que exige adoção de comportamento saudável, com a promoção da saúde; no fator 2, os imigrantes representam prevenção associando-a a: cuidado; persuasão; vacina; preservativo; doença e prevenção rodoviária. Para os imigrantes a doença (no fator 1), significa morte; Aids; desequilíbrio e dor; no fator 2, essa encontra-se associada à: câncer, dor e Aids. Representar “prevenção” associada a “doença” reflete o posicionamento dos imigrantes face a responsabilidade individual na manutenção da saúde.

Palavras-chave: Prevenção; Doença; Representações Sociais; Imigrantes. Abstract

The present study looks to identify the social representations of Brazilian immigrants in Portugal about the concepts of prevention and illness. The study is based in the social representations theory. It’s an exploratory study (N=100) developed in Lisbon – Portugal. It was utilized in the data collection a two question questionnaire in stimuli words: «prevention…and illness……». In the data analysis it was used the Test of free association in words, and after AFC. The Social representations inherent to the stimuli prevention (factor 1)

concluded that prevention is a necessity in order to be attempt to some illness like cancer, witch demands adoption of a healthful behaviour with health promotion. In factor 2, the immigrants represent prevention associating it with care, persuasion, vaccine, condom, illness and road prevention. To the immigrants illness (factor 1) means: death; Aids; disequilibrium and pain and in factor 2 illness is associated with: cancer, pain and Aids. Representing prevention associated to illness reflects the position of the immigrants face to the individual responsibility in the maintenance of the health.

Keywords: Prevention, Illness, Social Representations; Immigrants. Resumen

El estudio que busca para explorar representaciones sociales referentes a la prevención y de la enfermedad elaboró por los inmigrantes. Uno está sobre un exploratorio, subvencionado en la teoría de las representaciones sociales, estudio desarrollado en la ciudad de Lisboa - Portugal, con cientos inmigrantes brasileños. Para la recogida de datos la prueba de la asociación libre de palabras fue utilizada, con el stimulaton de las palabras: prevención y enfermedad y analizado por el AFC. Los inmigrantes representan la prevención (factor 1), como necesidad que se será atenta las enfermedades como el cáncer; qué él exige la adopción del comportamiento saludable, con la promoción de la salud; en el factor 2, los inmigrantes representan la prevención que lo asocian él: cuidado; persuasión; vacuna; condón; enfermedad y prevención del camino. Para los inmigrantes la enfermedad (en el factor 1), muerte de los medios; SIDA; desequilibrio y dolor; en el factor 2, esto resuelve asociado: cáncer, dolor y SIDA. Para representar la “prevención” asoció la

“enfermedad” refleja la colocación de los inmigrantes hacen frente a la responsabilidad individual en el mantenimiento de la salud.

Palabras claves: Prevención, enfermedad, representaciones sociales; Inmigrantes.

Introdução

As pesquisas com diferentes enfoques teóricos, em especial, utilizando a teoria das representações sociais, em que procuram salientar a prevenção e a doença como forma de se entender as suas construções informais e apreender dimensões psicosocio-culturais importantes à adoção de práticas de saúde saudáveis, têm demonstrado sua diversidade temática e a ideia de um fenômeno além da questão individual.

Neste aspecto, a construção de sentido sobre o processo saúde-doença, tem sido habitual, gerando conceitos, metáforas de conteúdos socioculturais, vinculados a contextos diversos, épocas e sociedades distintas. Reis; Fradique (2002), focaliza a perspectiva da saúde, em que procura contribuir para o entendimento fenômeno no âmbito da saúde, possibilitando novos olhares aos aspectos envolvidos.

Da mesma forma é importante conhecer o posicionamento dos imigrantes brasileiros, acerca da prevenção e da doença, na perspectiva das representações sociais, por possibilitar o confronto de um conhecimento hegemônico (científico) com o do senso comum, contextualizado socialmente permitindo que os sujeitos conheçam suas representações e as de seus colegas, e consigam entender a importância das representações sobre prevenção e doença como guia à adoção de práticas (estratégias) preventivas de saúde para si e para os outros.

As representações sociais emergem determinadas pelas condições em que são pensados e constituídos os fenômenos advindos de situações de crises ou conflitos intra e inter grupos. A situação de «ser imigrante» estimulou a realização desse estudo pelo papel prático que as representações têm na regulação dos comportamentos nos grupos e como expressão do pensamento natural, não formalizado sobre si e seu grupo. Conhecer o que pensam e como se comportam os imigrantes suscitados por mecanismos de proteção, podem apontar pistas importantes à vida particular, nos seus grupos de pertença.

Neste sentido, pensar a prevenção enquanto promoção da saúde implica a implementação de políticas de saúde e sociais, em vários níveis, existindo sempre o risco de se aumentar o controle sobre os comportamentos dos indivíduos, fazendo com que a saúde seja o valor cultural mais importante na regulação do comportamento social, (PAÚL; FONSECA, 2001), uma vez que segue uma lógica diferente, embora não menos importante, expressa pela linguagem cotidiana própria de cada grupo social.

A doença como uma interpretação coletiva, complexa e contínua, ou seja, como um discurso sobre toda a sociedade, indica que existe sempre uma preocupação dos sujeitos sociais de atribuírem sentido à doença; desta forma, ela é sempre uma interrogação que ultrapassa o corpo individual e o diagnóstico médico, por não ser apenas um acontecimento reduzido a perspectiva médica. A experiência de «estar doente» ou «ter alguém próximo doente», estimula as pessoas a construírem suas próprias definições sobre a mesma, para atender as suas necessidades, e torná-la mais próxima, familiar e compreensível, dentro do universo social. Por ser ela quase sempre uma ameaça na vida das pessoas, tornando-se responsável pela instituição de

novas situações e normas proveniente de sua inter-relação saúde-doença, suscita uma acentuada preocupação às práticas de saúde preventivas que são construídas pelos sujeitos e compartilhadas socialmente.

Nesta perspectiva, as representações sociais são elaboradas pelos sujeitos como uma forma de dominar, compreender e explicar fatos e idéias que venham preencher a vida cotidiana, a partir de um conhecimento prático, capaz de dar sentido a esta realidade, dimensionadas pelos processos de objetivação e ancoragem (JODELET, 1984).

As representações possibilitam a apreensão de processos conflituosos, explicando-os e introduzindo-nos na vida cotidiana de modo menos conflitivo. Significa entender a relação entre a organização da vida social dos sujeitos e as manifestações de saúde e doença, configurando-se assim, num processo maior: a vida das pessoas.

O conhecimento sobre representações sociais acerca da prevenção e da doença acontecem a partir de três dimensões (MOSCOVICI, 1961/1978): a informação, que consiste no grau de conhecimento que os imigrantes têm acerca da prevenção e doença por ele representado; o campo de representação ou imagens, associadas a prevenção e doença dentro dos modelos sociais e a atitude, refere-se ao posicionamento ou orientação de um grupo (imigrantes) em relação ao objeto de representação (prevenção e doença).

Objetivo da Investigação

A presente investigação procura contribuir com uma reflexão sobre comportamentos preventivos de saúde considerando-se as formas de conhecimentos elaboradas e compartilhadas pelos imigrantes brasileiros,

acerca da prevenção e da doença, nos seus grupos de pertença, enquanto guia de comunicação e de condutas de saúde (práticas/estratégias) utilizados pelos mesmos.

Método

Este artigo compreende um recorte de um estudo realizado em Lisboa, Portugal, envolvendo uma investigação empírica, desenvolvida no âmbito da tese de Doutorado Sanduíche, (MOREIRA, 2006), sobre: Situações de trabalho, risco e saúde numa abordagem transcultural: representações sociais, financiado pela CAPES. Optou-se pela Teoria das Representações Sociais (TRS) (MOSCOVICI, 1961/1978) como aporte teórico, para apreender as representações sobre prevenção e doença, construídas por cem imigrantes brasileiros residentes em Lisboa, Portugal, de ambos os sexos, que aceitaram participar do estudo (BRASIL, 1996).

Na coleta de dados utilizou-se o Teste da Associação Livre de Palavras (De ROSA, 1988; 1998), com as palavras estímulo: prevenção e doença. Os dados coletados foram processados no software Tri-Deux Mots, 2.2 (CIBOIS, 1995), em um corpus de cem testes de associação livre, resultando 666 palavras de entrada, com 110 palavras diferentes que foram analisados e interpretados a partir da Análise Fatorial de Correspondência – AFC (DOISE, 1988) e apresentados em figura e tabela.

O método da análise fatorial de correspondência (AFC) envolve técnicas estatísticas descritiva multivariada que salientam as afinidades entre algumas linhas e colunas de uma matriz de dados, baseada na hipótese da independência entre as linhas e as colunas dessa mesma tabela. (DOISE, W; CLEMENCE, A; LORENZI-CIOLDI, F, 1992).

Na realização da análise considera-se as modalidades ou palavras evocadas que são distribuídas de maneira oposta sobre os eixos ou fatores (F1 e F2), cujo espaço fatorial é determinado pelas respostas aos estímulos (prevenção e doença) ou palavras indutora evocadas pelos sujeitos.

Assim sendo, a análise fatorial de correspondência permite explicar as representações sociais apreendidas a partir do teste de associação livre de palavras responsaveis pelo dimensionamento do campo de representação social ou imagens, (gráfico 1), mediante processo de objetivação, salientando as relações de atração e exclusão entre diferentes dimensões de representação.

Sobre as Representações Sociais da Prevenção e da Doença.

Os resultados e comentários de análise das representações sociais centram-se em dois eixos temáticos: a prevenção e a doença que estão objetivadas no gráfico a seguir.

Gráfico 1: em anexo

O resultado da análise fatorial de correspondência apresenta no fator 1, uma explicação de 72,7% da variância, enquanto o fator 2 explica 15,4%, para 666 palavras (110 diferentes).

A apresentação e comentários sobre os resultados enfatizam conteúdos (dimensões) e processos das representações sociais da prevenção e da doenças segundo imigrantes brasileiros.

Objetivação e Ancoragem da Prevenção e da Doença.

A prevenção é representada no gráfico acima, com relação ao fator 1 (palavra em itálico), dois agrupamentos de representações configuradas em oposição e distribuídas da seguinte maneira: no eixo negativo (esquerda)

verifica-se imagens associadas ao estímulo prevenção e compartilhadas pelos imigrantes brasileiros, como: saúde (CPF: 19); educação (CPF: 24); qualidade de vida (CPF: 26); promoção da saúde (CPF: 37); vacina (CPF:19). A doença é salientada por: desequilíbrio (CPF:51); dor (CPF: 25); educação (CPF: 38) e escuridão (CPF: 24).

Situados no espaço oposto, observa-se no eixo positivo (direita) imagens associadas a prevenção, por: câncer (CPF:153); comportamento saudável (CPF:26); preservativo (CPF:65); exames (CPF:45); prevenção rodoviária (CPF:69); sexo (CPF:29). Enquanto doença foi associada a sexo (CPF:29) e Aids (CPF:89).

Assim, com relação à prevenção, verifica-se que os imigrantes compartilham o sentimento de medo explicitado pela Aids como uma situação de perigo, decorrente de experiências desagradáveis, quer seja pelo fato de se encontrarem ilegais ou pela própria vulnerabilidade em contraí-la, o que os leva a utilizarem mecanismos/formas de prevenção, como: o uso de preservativo no sexo e a manutenção da saúde adotando um comportamento saudável.

Os imigrantes brasileiros associam cuidar à prevenção, isto é, eles precisam viver atentos para não serem acometidos por nenhuma doença, em especial, pelo câncer, pelo significado de morte. Desta forma, é conveniente considerar que as representações sociais sobre prevenção e doença, encontram-se ancoradas na difusão da promoção da saúde em que os imigrantes consideram a educação como base da qualidade de vida; no seu universo semântico não foi encontrada apenas a saúde como o único valor cultural mas como guia ou orientação do comportamento social grupal.

No fator 2 (em negrito), os imigrantes representam prevenção no eixo positivo, ancoradas no cuidar (CPF:50) e na persuasão (CPF:67); isto é, nota-se ancoragens psicossociais partilhadas (no eixo negativo), pelas noções de: vacina (CPF:36); preservativo (CPF:20); desequilíbrio (CPF:27); doença (CPF:21); prevenção rodoviária (CPF:121) e serviços de saúde (CPF:33).

Vale salientar que para os imigrantes brasileiros as representações sociais sobre a doença (identificadas no eixo positivo) associam-se ao câncer (84); dor (CPF:39); Aids (CPF:39) e tristeza (CPF:50), todas de conteúdos negativos; no eixo negativo, destacam-se representações de cunho mais institucional, como: hospital (CPF:56), pessoal de saúde (CPF:62), tratamentos (CPF:135) e a escuridão (CPF:24), como fruto de uma produção de conhecimento preocupante, entre os imigrantes.

Assim, é possível destacar as imagens sobre prevenção e doença construídas pelos imigrantes brasileiros na tabela abaixo.

Tabela 1: em anexo

Os fatores 1 e 2, salientam representações dos imigrantes brasileiros associando prevenção a doença, explicitada pelo câncer com uma forte contribuição (153), ou seja, a prevenção é muitas vezes evocada por eles, como uma necessidade de psicologicamente afastar doenças, como o câncer, talvez por terem vividos experiências negativas, constituindo-se uma ameaça ou como uma forma de relacionamento mais próximo, em que a partir de uma familiarização, eles conseguem conviver com a doença, seja por experiência própria, consigo ou com algum familiar ou amigo.

Entre as associações feitas pelos imigrantes para representarem prevenção e doença, pode-se observar que os mesmos apontam a prevenção

rodoviária, como uma preocupação partilhada, pela experiência de viverem num país com uma sinistralidade na estrada tão elevada, o que pode constituir um bom sinal, ou pelo menos revela que os imigrantes, muitos não sendo profissionais de saúde, estão sensibilizados pelas campanhas publicitárias e pela mídia.

Por um lado, as diferentes ancoragens sociais para prevenção e doença emergem associando-as a necessidade de uso dos preventivos no sexo, fruto das informações veiculados nas campanhas de prevenção da Aids, quer seja, na comunicação falada ou escrita. Essa preocupação de enfatizar a necessidade do uso de preservativos no sexo é complementada à atenção para exames, como auxiliar de diagnóstico para se excluir existência ou não, de doenças, ou mesmo para a detectar precocemente. Existe sem dúvida, uma forte pressão da sociedade sobre os técnicos de saúde, para oferecerem melhores atendimentos, e assim essas falas podem sugerir uma forma silenciosa de falarem de suas experiências, enquanto imigrantes, sobre os serviços de saúde. (REIS; FRADIQUE, 2002).

Por outro lado, em oposição observa-se palavras que trata dos aspectos mais saudáveis, como as que apontam a prevenção como uma forma de operacionalização da promoção da saúde, compartilhada pelos imigrantes, como possibilidade de manter a qualidade de vida, resultante de estratégias ou práticas preventivas. Neste sentido, os mesmos afirmam que uma das condições para a qualidade de vida ser viável é necessário se investir na educação, em que os imigrantes a consideram como um fator fundamental

para o desenvolvimento de comportamentos saudáveis em prol da saúde e a tomada de consciência para prevenir as doenças. Para tanto, um dos recursos mais utilizado pelos sujeitos é a vacina.

Para os imigrantes à prevenção pode acontecer por meio da persuasão (67), em que denuncia uma forma de incentivar os mesmos a se cuidar (50). Essa ideia salienta um importante poder explicativo, revelando assim, a noção de prevenção resultante, em parte, da capacidade de ser influenciado no sentido a ter cuidado com a própria saúde.

A doença, no fator 1 (no eixo positivo) encontra-se fortemente associada à morte e à Aids que em paralelo com câncer (no segundo factor) parecem ser as doenças mais conhecidas e provavelmente, as mais ameaçadoras, até mesmo pelo alto índice de contaminação pelo HIV, em Portugal. No eixo negativo, destacam-se as oposições de conteúdos mais gerais, associados à doença, presente em algumas teorias subjetivas dos sujeitos, como: a «doença é a existência de desequilíbrio, em que a educação configura um aspecto positivo responsável pela presença de algumas doenças»; a «doença significa dor e escuridão», a primeira como «um sinal e/ou sintoma, muitas vezes revelador de doença ou desequilíbrio, enquanto a escuridão é simbolizada por tristeza em face da falta de perspectivas futuras, ou mesmo como um sinal de proximidade com a morte».

No fator 2, (no eixo positivo), a doença significa para os imigrantes o câncer (84) e a Aids, que também contribuíram para a explicação do primeiro fator, acompanhada de tristeza e dor, que muitas vezes espelha os sentimentos e manifestações associadas à doença, como o lado mais nevasto do adoecimento humano. Para doença, no eixo negativo, opõem-se doenças

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