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4 MODELAGEM DO PROBLEMA

5.3 Considerações finais

Após o desenvolvimento deste trabalho e, principalmente, após os resultados obtidos no processo de validação do modelo SPDL/PU2, podemos afirmar que, um modelo deste tipo tem potencial para auxiliar de forma importante no planejamento agregado da produção de uma usina, proporcionando agilidade, facilidade e confiabilidade nas análises feitas, abrindo portas para uma melhor compreensão das variáveis inerentes ao problema e propiciando uma melhoria dos resultados da empresa. Dentre as vantagens da utilização deste modelo, podemos destacar as seguintes:

I. Transformar em rotina as considerações e os fatores relevantes no processo de tomada de decisão, inibindo julgamentos subjetivos, incompletos e parciais; II. Colocar cada tipo de decisão em seu nível apropriado;

III. Corrigir rapidamente os erros de previsão e as considerações que foram estabelecidas ao tratar os dados de entrada;

IV. Liberar os decisores para atuar melhor em problemas incomuns dentro do dia-a- dia da empresa;

V. Melhorar o processo de tomada de decisão por meio de técnicas de otimização e por meio da análise de vários cenários;

VI. Propiciar uma visão mais clara sobre o planejamento e o processo produtivo que foi modelado.

Por outro lado, fica claro que este modelo pode ser melhor integrado com as etapas agrícolas, de CCT e de gestão de distribuição e estoques dos produtos finais

em uma análise integrada do planejamento da colheita, roteirização de veículos do CCT, planejamento industrial e distribuição dos produtos finais. Esta visão de integração das principais etapas do processo de tomada de decisão também é compartilhada por outros pesquisadores (p.ex., Brunstein & Tomiya, 1995).

Pelo que foi observado durante o processo de validação, os decisores da USC entendem que o primeiro passo que deve ser dado na direção desta integração é uma ampliação do modelo SPDL/PU2 para incorporar melhor a etapa de distribuição e comercialização dos produtos finais. Segundo estes gestores, a atual configuração do modelo SPDL/PU2 fornece dados suficientes para um processo de negociação entre a área industrial e a área agrícola (etapas agrícola e de CCT) das usinas e, portanto, a integração destas etapas pode ser feita por meio desta atividade.

A idéia desta negociação seria que a indústria utilizasse o SPDL/PU2 para determinar o plano de safra que maximiza sua margem de contribuição e atende a suas restrições. Este plano gerado seria então apresentado para análise da área agrícola, que, por sua vez, utilizaria os softwares e modelos computacionais de planejamento de colheita para apresentar outro plano de safra baseado na maximização da rentabilidade do campo e nas restrições inerentes aos processos da área agrícola. Este processo de negociação entre área agrícola e área industrial continuaria até que o plano de safra convergisse para uma solução que fosse factível e de boa qualidade para ambas as partes.

Na prática, esta negociação acontece em todo início de safra da USC e de grande parte das empresas visitadas. A diferença principal do que acontece atualmente e do que está sendo proposto nesta dissertação é que a área agrícola possui softwares comerciais para auxiliar neste processo de planejamento e a área industrial não possui esta facilidade. Para ilustrar o que foi exposto nos últimos parágrafos, apresentamos a Figura 30, que resume estas idéias. Esta figura é uma modificação da Figura 2 e indica a forma de integração das várias etapas envolvidas em um plano de safra totalmente integrado de uma usina de açúcar e álcool.

A principal diferença entre a Figura 2 e a Figura 30 é que a primeira considera o plano de reforma do canavial como um plano de nível tático; já na Figura 30, consideramos que este plano pertence ao nível estratégico e por isso não deve ser incorporado nesta representação. No lugar do plano de reforma do canavial entendemos

que seja mais adequado colocar o plano de comercialização e distribuição de produtos; visto que, segundo os decisores da USC, este é um plano interessante para ser integrado ao plano industrial.

Uma segunda modificação foi a mudança da nomenclatura “plano de transporte”, que aparece na Figura 2, para “plano de CCT” que aparece na Figura 30. A terceira mudança foi feita apenas para melhorar o entendimento da figura. Na Figura 30, os sistemas de controles técnicos e sistemas de custos gerenciais são apresentados como suporte para todos os planos de nível tático e de nível estratégico; diferentemente da Figura 2, na qual estes sistemas de controle parecem estar subdivididos.

Figura 30. Níveis de planejamento e integração das várias etapas (Fonte: adaptado de Brunstein & Tomiya, 1995)

Quanto ao tempo computacional necessário para solucionar os cenários e a tolerância estabelecida para o valor da função objetivo (gap de 0,5%), entendemos que ambos não geram problemas para a utilização prática do modelo proposto nesta dissertação; visto que, temos um nível de análise agregado, com certa incerteza nos parâmetros de entrada e que as decisões são tomadas em períodos semanais. Como discutido na seção 5.1, é interessante utilizar o modelo SPDL/PU2 para efetuar uma análise em planejamento rolante com horizonte decrescente, com periodicidade semanal, rodando o modelo após eventual atualização de dados de entrada decorrente dos acontecimentos da semana anterior.

Sistemas de controles e apontamentos técnicos Sistemas de custos gerenciais

Plano de colheita Plano de CCT Plano industrial Plano comercial e distribuição Modelo econômico de empresa Controle Nível tático Nível estratégico

6 CONCLUSÕES

Como apresentado no capítulo 1, o objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de um modelo de planejamento agregado da produção, capaz de apoiar parte das principais decisões envolvidas no PCP de uma usina de açúcar e álcool. Para atingir este objetivo, apresentamos, no capítulo 2, a situação da agroindústria canavieira no Brasil, descrevemos o processo de produção adotado por grande parte das unidades brasileiras, apontamos características gerais do planejamento agregado de safra e expomos uma discussão sobre as estratégias de comercialização e o sistema de PCP das usinas.

Já no capítulo 3, fazemos uma breve revisão teórica dos modelos de programação linear e programação linear inteira mista utilizados para planejamento da produção. Dentre os modelos contemplados nesta revisão, podemos destacar o modelo combinado de seleção de processos e dimensionamento de lotes de produção como maior contribuição para este trabalho.

No capítulo 4, apresentamos o método de geração de parâmetros que possibilitou o cálculo da matriz de rendimentos, o cálculo da matriz de custos industriais e o cálculo da matriz de custos agrícolas. Em seguida, apresentamos o desenvolvimento do modelo de otimização proposto neste trabalho (SPDL/PU).

No capítulo 5, demonstramos os resultados de uma aplicação com o exemplo ilustrativo, apresentamos a forma como os dados do estudo de caso foram colhidos e iniciamos o processo de validação junto com os decisores da USC. Após esse esforço de validação, apresentamos um segundo modelo (SPDL/PU2), decorrente de pequenas modificações do modelo SPDL/PU. Os resultados do SPDL/PU2, utilizando os dados do cenário final, indicam que o modelo é capaz de gerar um plano de safra mais eficaz que o plano gerado pelo corpo técnico da USC.

Ao final de todo o desenvolvimento deste trabalho e, principalmente, ao final do processo de validação do modelo SPDL/PU2, torna-se possível afirmar que um modelo deste tipo tem potencial para apoiar as decisões do planejamento agregado da produção de uma usina de açúcar e álcool, proporcionando agilidade, facilidade e confiabilidade nas análises feitas, abrindo portas para uma melhor compreensão das variáveis inerentes ao problema e propiciando uma melhoria dos resultados da empresa.

Além destes benefícios, podemos destacar a sistematização do planejamento e a possibilidade de integração da etapa industrial com a etapa agrícola, a etapa de CCT e a etapa de comercialização e distribuição como grandes benefícios que este modelo pode trazer para o planejamento agregado de safra de uma usina de açúcar e álcool.