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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 108-112)

Nosso trabalho teve como objeto de análise os estereótipos presentes nos guias turísticos, sendo eles: Destination Paris, Paris shopping-book, Paris gourmand, Le guide du routard: Paris, Le routard des amoureux à Paris, Paris balades e Guia da cidade:Paris.

Para classificarmos os estereótipos, adotamos como critério os valores do domínio do estético e do domínio do hedônico tratados por Charaudeau (2008). No capítulo dedicado ao modo argumentativo, o autor diz que nesse modo discursivo há um jogo de influência sobre o outro, com base na sedução e na persuasão. Então, no guia turístico, ao ter uma característica de gênero híbrido por estar construído por algumas estruturas discursivas, destaca-se o discurso promocional, que para Kerbrat-Orecchioni (2004), é um ato discursivo que se aproxima do discurso publicitário pois ele incita o seu leitor. Conforme já mencionamos anteriormente, essa pesquisa teve seu início quando observamos em sala de aula as motivações dos alunos brasileiros em querer aprender a língua francesa. Desde então nos foram apresentadas as representações que cabiam não somente à língua francesa como também à sua cultura, principalmente no que diz respeito à cidade de Paris e dos parisienses, com as representações voltadas para a cultura, a gastronomia e a moda, apresentando os estereótipos como: Paris - cidade do amor, Cidade Luz, onde tem luxo e é chique, lugar onde tem o Louvre, a torre Eiffel, onde tem as baguettes e os chefs, grandes marcas e onde há os perfumes famosos. Com o desejo de realizar um trabalho voltado para o estudo dos estereótipos e das representações parisienses, passamos a observar os sites e blogs de viagem já que um dos fortes argumentos dos alunos para o aprendizado do francês é o turismo, é o sonho de falar francês e ter acesso à cultura.

No entanto, ao passarmos por esses sites encontramos o site do Office du Tourisme parisiense, um estabelecimento que tem a função de um melhor atendimento ao turista e que representa a prefeitura local. Nesse site, está disponível a brochura dos guias parisienses e encontram-se as estatísticas da melhoria do turismo parisiense nos anos mais recentes.

Ao começarmos pelo guia Destination Paris percebemos a apresentação de uma Paris moderna e inovadora mas também uma forte tendência em atrair os turistas através do

uso dos estereótipos e das representações que levam à sedução e ao encantamento do estrangeiro.

Com isso, elencamos mais dois guias que foram Le guide du routard: Paris e Guia da cidade: Paris e, posteriormente, selecionamos variações de mais dois guias do Office du Tourisme que foram Paris: shopping-book e Paris gourmand por abordarem temas que adotamos como critérios de análise e seleção do corpus: a moda e a gastronomia parisiense. Outro guia que apresenta também variações seria o Le routard sendo selecionados um ligado aos passeios românticos de Paris, onde reforçaríamos o estereótipo de Paris: cidade do amor e outro seria um de passeios temáticos, onde passaríamos pela cultura parisiense, visando seu símbolo e representações. Esses guias apontados são Le routard des amoureux à Paris e Paris balades.

Quanto à representação, nos apoiamos em Jodelet (1991), que se refere a esse ato como uma simbolização que os indíviduos de uma mesma comunidade partilham como crença e verdade, são os valores e maneiras de comportamento que eles colocam a respeito de como eles são e serão representados para o mundo e como eles verão o outro. E daí temos as representações que podem ser tratadas de maneira cristalizada e generalizada, chegando aos estereótipos.

Para Amossy (2007), os estereótipos são formados a partir de uma sociedade como sua representação já construída, fixando suas normas e valores. É através desse pensamento que trouxemos os estereótipos atrelados ao discurso argumentativo, pois através desse embasamento teórico, passamos a compreendê-los atuando nos guias turísticos com o objetivo de encantar e seduzir o leitor-viajante.

Essa sedução e esse encantamento se iniciam já através de seu enunciador que, no papel de crítico, apresenta ao seu co-enunciador essa Paris encantadora, ou seja, o enunciador mostra sua própria opinião quanto a esse deslumbramento, influenciando e manipulando dessa forma, a opinião de seu leitor.

Essa manipulação ocorre pois o enunciador compartilha com seu co-enunciador a visão de uma Paris encantadora através de sua cultura, moda e gastronomia. O leitor é persuadido por esse discurso feito pelo redator que é um especialista, um crítico deste gênero discursivo, e na medida em que ele se revela encantado e seduzido também por este lugar, passa a convencer o seu público alvo.

Em nossas análises percebemos essa ideia do encantamento sendo vendida pelo enunciador. Ao compartilhar desse sonho com seu co-enunciador, ele passa a incitá-lo,a persuadi-lo, a convencê-lo a querer viajar para esse local.

De acordo com esses sete guias observados, podemos dizer que são de característica popular e os Routard atendem ao popular e ao mochileiro. E, como resultado de nosso estudo, ressaltamos que o encantamento por meio da cultura, da moda e da gastronomia é usado como estratégia de persuasão, ou seja, havia uma forte presença desses elementos representacionais de Paris apresentados para o leitor com finalidade de incitá- lo, persuadi-lo por meio dessa sedução.

Nessa pesquisa, atrelamos os estereótipos a essa característica persuasiva em que eles são expressões e construções que reforçam o imaginário do leitor, reforçando a representação da cidade parisiense e de seus habitantes. Quanto aos estereótipos, os classificamos em domínios do estético e do hedônico, dividindo aqueles que encantam o leitor através do apelo ao belo e ao que transmite prazer. Dentre os guias verificados, afirmamos que os guias do Office du Tourisme e da Lonely Planet se aproximam por apresentarem os estereótipos em maior quantidade e de forma mais explícita.

Entretanto, os guias Routard possuem também os estereótipos mas não em tanta quantidade que os demais guias supracitados e ocorrem de maneira mais implícita. Eles também apresentam esse encantamento ao leitor porém o que diferencia os Routard é que essa sedução é sempre interrompida por uma oração opositiva, com um mas, porém injetando uma informação histórica ou cultural que quebra o imaginário pré-construido do co-enunciador.

Logo, os guias analisados apresentam esses resultados também devido a esse jogo interacional que há entre o enunciador e o seu co-enunciador, no material aqui escolhido. Por se tratar de um guia turístico, temos na função de enunciador, o redator- investigador que, por ser um especialista, idealiza as expectativas de seu co-enunciador, o leitor-viajante. E ao se aproximar desse público alvo, o redator busca através desse discurso do belo e do prazer convencer esse leitor, iniciando esse processo por meio de sua própria opinião em relação à cidade parisiense, como uma cidade que encanta, seduz. O leitor, ao ver que o seu enunciador, um crítico, também tem um deslumbramento pela cidade, passa a confiar mais nesse discurso, passando a se deslumbrar também. É importante ressaltar que ao mesmo tempo que esse enunciador se aproxima de seu co-enunciador, ele também se afast a afim de legitimar seu discurso, se

posicionando como um conhecedor e um crítico daquela cidade, porém sempre mostrando uma Paris sedutora e encantadora e essa representação aparece reforçada pelos estereótipos.

Finalizando, propomos como projetos futuros um estudo semiótico dos guias turísticos, uma vez que não foram verificados nessa pesquisa e/ou um projeto voltado para o estudo do ethos do parisiense construído através dos guias turísticos.

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 108-112)

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