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– PósGraduação em Letras Neolatinas

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE LETRAS

MESTRADO EM LETRAS NEOLATINAS

OS ESTEREÓTIPOS COMO ESTRATÉGIA DE SEDUÇÃO NOS

GUIAS TURÍSTICOS: PARIS E OS PARISIENSES

Bianca Brito de Carvalho Araújo

(2)

OS ESTEREÓTIPOS COMO ESTRATÉGIA DE SEDUÇÃO NOS

GUIAS TURÍSTICOS: PARIS E OS PARISIENSES

Bianca Brito de Carvalho Araújo

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos – Opção Língua Francesa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Neolatinas.

Orientadora: Profa. Doutora Angela Maria da Silva Corrêa

FACULDADE DE LETRAS – UFRJ Rio de Janeiro

(3)

FICHA CATALOGRÁFICA

ARAÚJO, Bianca Brito de Carvalho

Os estereótipos como estratégia de sedução nos guias turísticos: Paris e os

parisienses / Bianca Brito de Carvalho Araújo. – Rio de Janeiro: UFRJ/ FL,

2014.

134 f : il., 30 cm.

Orientadora: Angela Maria da Silva Corrêa

Dissertação (mestrado) – UFRJ / FL/ Programa de Pós – Graduação em

Letras

Neolatinas, 2014.

Referências Bibliográficas : f. 112 – 113.

(4)

Dedico este trabalho

a Deus, que está sempre presente em

minha vida.

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AGRADECIMENTOS

À professora Angela Maria da Silva Corrêa, minha orientadora que tanto me ajudou para a realização deste trabalho.

Ao financiamento que me foi dado para realizar esse estudo pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

Aos professores de Letras Neolatinas, pelas orientações que me deram ao longo desses dois anos.

Ao Colégio Pedro II pela ajuda quanto aos horários e algumas ausências, em especial aos professores Miguel Villardi, Diva Rocha e Daniel Vilaça.

Aos amigos Ligia Fernandes, Diego da Silva Vargas, Juliana Castro, Vanessa Laga e todos que sempre me acompanharam, aos amigos que estudaram comigo no colégio Pedro II e sempre me deram força.

(6)

Bianca Brito de Carvalho Araújo

OS ESTEREÓTIPOS COMO ESTRATÉGIA DE SEDUÇÃO NOS

GUIAS TURÍSTICOS: PARIS E OS PARISIENSES

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos – Opção Língua Francesa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras Neolatinas.

Aprovada em

__________________________________________________

Orientadora: Prof

a

. Dr

a

. Angela Maria da Silva Corrêa

Universidade Federal do Rio de Janeiro

_______________________________________________________________

Prof. Dr. Luiz Carlos Balga Rodrigues

Universidade Federal do Rio de Janeiro

_________________________________________________________________

Prof

a

. Dr

a

. Telma Cristina de Almeida Silva Pereira

Universidade Federal Fluminense

_________________________________________________________________

Prof. Dr. Pierre François Georges Guisan - suplente

Universidade Federal do Rio de Janeiro

__________________________________________________________________

Prof. Dr. Jorge de Azevedo Moreira – suplente

(7)

RESUMO

ARAÚJO,Bianca Brito de Carvalho. Os estereótipos como estratégia de sedução nos guias turísticos: Paris e os Parisienses. Rio de Janeiro, 2014. Dissertação (Mestrado em Letras Neolatinas) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

Esta pesquisa propõe-se a analisar e classificar os estereótipos (Amossy,2007) acerca de Paris e dos parisienses presentes nos guias turísticos Destination Paris (2013), Paris shopping – book (2013-2014), Paris gourmand (2013-2014), Le guide du routard – Paris (2012), Le routard des amoureux à Paris (2013-2014), Paris balades (2013-2014), Guia da cidade: Paris (2011). Para essa classificação, recorre-se aos domínios de estético (belo) e hedônico (prazer) segundo Patrick Charaudeau (2008). Este autor trata os discursos publicitários e propagandistas como um ato comunicacional onde o redator utiliza estratégias de sedução para incitar e persuadir o seu leitor. A sedução e a persuasão ocorrem por meio do reforço das representações sociais acerca dos parisienses quanto à sua cultura, moda e gastronomia (Jodelet,1991). As conclusões mostram que os guias, mesmo sendo destinados a públicos distintos, não deixam de propor o encantamento através da representação da Paris, fonte de beleza e prazer.

(8)

RÉSUMÉ

ARAÚJO,Bianca Brito de Carvalho. Les stéréotypes comme stratégie de séduction dans les guides tourisques : Paris et les parisiens. Rio de Janeiro, 2014. Dissertation (Master en Lettres Néolatines) – Faculté de Lettres, à l’Université Fédérale de Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

Cette recherche se propose à analyser et classer les stéréotypes (Amossy,2007) à propos de Paris et des parisiens présentés dans les guides touristiques Destination Paris (2013),

Paris shopping-book (2013-2014), Paris gourmand (2013-2014), Le guide du Routard – Paris (2012), Le routard des amoureux à Paris (2013-2014), Paris balades (2013-2014), Guia da cidade : Paris (2011). Pour réaliser ce classement, on a recouru aux domaines de l’esthétique (la beauté) et de l’hédonique (le plaisir) selon Patrick Charaudeau (2008). Cet auteur traite les discours publicitaires et propagandistes comme un acte communicationnel où le rédacteur utilise des stratégies de séduction pour inciter et persuader son lecteur. La séduction et la persuasion se passent par le renfort des imaginaires sociaux des Parisiens à propos de leur culture, mode et gastronomie (Jodelet, 1991). Les conclusions montrent que les guides, même s’ils visent un public diversifié, continuent à proposer l’expérience de l’ enchantement par la représentation de Paris, source de beauté et de plaisir.

(9)

ABSTRACT

ARAÚJO,Bianca Brito de Carvalho. The stereotypes used as an seduction’s strategy in the travelers guide: Paris and Parisians. Rio de Janeiro, 2014. Dissertation (Master in Neolatin Languages) – Letters faculty, Federal University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

This research analyses and classifies the stereotypes (Amossy, 2007) about Paris treated in the travelers guide Destination Paris (2013), Paris shopping-book (2013-2014),

Paris gourmand (2013-2014), Le guide du Routard – Paris (2012), Le routard des amoureux à Paris (2013-2014), Paris balades (2013-2014), Guia da cidade : Paris

(2011). For this classification, one uses the aesthetic and hedonic values according to Patrick Charaudeau (2008). This author treats the publicity and propagandists discourses as a communicative act in which the writer uses a seduction strategy to persuade and incite his reader.The seduction and persuasion ocurred by strengthening the social imaginaries about Parisians as their culture, fashion and cuisine (Jodelet, 1991). The conclusions show that the guides even with different types of readers, continue to propose the seduction through the representation of the beautiful and pleasant Paris.

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

TABELA 1 As motivações para os turistas escolherem Paris ... 40

TABELA 2 Densidade demográfica de Paris ... 41 TABELA 3 A porcentagem dos turistas de lazer e dos turistas de negócios de acordo com cada atividade turística ... 41

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LISTA DE ABREVIATURAS

GDR

Le guide du routard

(12)

Sumário

1.

INTRODUÇÃO

... 13

2.

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

... 21

2.1. Representação social e Identidade ... 21

2.2. Os estereótipos: seu conceito em questão ... 28

2.3. Os guias turísticos como gênero promocional ... 33

2.4. As categorias dos estereótipos e os domínios do Estético e do

Hedônico ... 35

3.

METODOLOGIA

... 36

3.1. A seleção dos critérios para análise dos guias turísticos... 36

3.2. Tipos dos guias turísticos... 38

3.2.1. Office du tourisme ... 38

3.2.2.Guia da cidade: Paris (Lonely Planet)... 45

3.2.3. Le guide du Routard... 46

4.

ANÁLISE DO CORPUS

... 47

4.1.

Análise dos guias do Office du tourisme ... 49

4.1.1. Destination Paris (2012) ou guia de Paris ... 49

4.1.2. Paris shopping-book (2013 – 2014) ou guia da moda ... 54

(13)

4.2. Le guide du routard ... 78

4.2.1. Le guide du routard – Paris (2012) ... 79

4.2.2. Le routard des amoureux à Paris (2013 – 2014) ... 88

4.2.3. Paris balades – Le routard (2013 – 2014) ... 90

4.3. Análise do guia Paris : guia da cidade ... 101

5.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

... 108

6.

REFERÊNCIAS

... 112

ANEXO A

... 114

ANEXO B

... 127

(14)

1. INTRODUÇÃO

Esse trabalho se inicia a partir dos discursos em sala de aula proferidos pelos alunos do ensino fundamental da rede pública e de cursos de língua do Rio de Janeiro. No primeiro dia de aula de francês, é comum fazermos as seguintes perguntas: O que você pensa sobre a França e seu povo? Qual é a sua opinião sobre a língua francesa?

Percebemos que a maioria das respostas é ligada aos clichês, como: Paris é a cidade da moda, cidade luz, é romântica, onde há os croissants e baguettes. Ideias reforçadas nos discursos a seguir:

Gostaria sim de viajar para França porque lá tem a torre Eiffel e aprenderia mais francês e cultura, além de comer croissants ótimos.

(aluno A)

Gostaria de ir para França, ainda mais se fosse uma viagem para Paris, a cidade romântica, porque sempre quis ver a torre Eiffel e comer um verdadeiro

croissant.

(aluno B)

É um lugar onde vende perfumes muito bons.Eu acho os francesesestranhos, principalmente o bigode. Não sei se existem esses bigodes,não tive a oportunidade de conhecê-los.

(aluno C)

Com isso, observamos uma grande incidência de imagens a respeito da França e dos franceses. Mesmo com a facilidade de acesso às informações e à troca entre culturas, ainda estão presentes essas representações sociais enraizadas nas representações dos brasileiros em relação aos franceses e acreditamos que o mesmo ocorre com os franceses em relação aos brasileiros.

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que circulavam em sala de aula. Então, esse ponto de partida objetivava encontrar as representações mútuas de brasileiros e franceses assim como detectar os estereótipos entre essas comunidades.

Em seguida, tratamos essas representações como sendo reforçadas pela mídia, principalmente pela publicidade. Ao examinar as propagandas televisivas e de revistas, vemos que esses meios reforçam essas representações, ao utilizar elementos estereotipados para representar não só os brasileiros como os franceses. No caso do Brasil, por exemplo, encontramos as mulheres de biquíni correndo na praia com sol forte, uma das imagens vendidas no exterior relacionada ao brasileiro. O francês, por sua vez, é um chef de cozinha que produz as baguetes, os pães, os croissants.

Por esse viés, recorremos aos sites e guias turísticos com o intuito de investigar como o turismo não só francês como brasileiro mostrava a imagem de seu país. Por esse material, vimos as representações estereotipadas sendo reforçadas e utilizadas como atrativos, auxiliando o desenvolvimento turístico desses países, tornando-se este o tema de nosso trabalho, ou seja, como circulam as representações sociais dos franceses nos guias e sites turísticos à luz da análise do discurso, visando analisá-los como textos persuasivos.

No presente trabalho, focamos somente em guias turísticos e sites de agências de viagem, uma vez que nas comunidades e blogues não podemos confiar inteiramente se o sujeito que ali se apresenta é de fato um brasileiro ou francês, por isso optamos em concentrar essa pesquisa nos guias turísticos.

Partindo para a seleção dos guias, começamos pela França, particularmente por Paris, uma vez que é a capital do país e onde há um grande número de turistas semelhante à cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Desta maneira, analisamos os guias dessa cidade, visando os estereótipos que aparecem como elementos atrativos, sedutores para os aspirantes a viajar para Paris, sendo, desta forma, reforçadas as representações acerca dessa cidade e de seus habitantes, uma vez que essas representações passam a ser associadas não só aos parisienses como ao francês de forma geral, ou seja, essas representações são construídas de forma genérica.

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Para começar, recorremos ao site do Office du Tourisme de Paris. Considerado como organismo encarregado da promoção do turismo, o Office du Tourisme é de fácil acesso pela internet ou pelo seu escritório em Paris. Voltado para os turistas de todas as nacionalidades, é por esse meio que se tem acesso às informações e esclarecimentos sobre aquela região, ou seja, é nesse espaço que há informações sobre alojamentos, diversões, monumentos, transportes, restaurantes, lojas de Paris. A escolha do Office du Tourisme ocorreu pelo fato de ser ligado aos interesses das autoridades. No editorial de uma brochura chamada 40 ans de tourisme à Paris (2011), temos expostos os objetivos das autoridades em melhorar o turismo em Paris e a importância desse órgão turístico:

Paris, une chance pour le tourisme

Paris est la première destination touristique mondiale, avec 28 millions de visiteurs par an, dont 17 millions d’étrangers. Notre ville est connue et reconnue pour son patrimoine exceptionnel, son excellence dans des secteurs comme la gastronomie, la mode et la haute couture...

Par son action, l’Office du Tourisme et des Congrès de Paris n’a eu de cesse de s’adapter et de participer aux évolutions rapides de notre capitale. Le tourisme représente aujourd’hui 160 700 emplois salariés directs et 13 % de l’emploi total de la ville. Il contribue fortement au développement des ressources et des investissements, et améliore ainsi la qualité de vie des Parisiens.

Partenaire essentiel de la vitalité de notre ville, l’Office a permis, ces dix dernières années, d’opérer un maillage judicieux des points d’information, d’organiser l’opération saisonnière des « Ambassadeurs de l’accueil », tout en portant une attention particulière aux personnes en situation de handicap et au tourisme durable. De « Soldes by Paris » à « Paris romantique », la Ville encourage toutes les actions de l’Office destinées à promouvoir une capitale créative, attractive et solidaire...

[...] Quarante ans que l’Office s’adapte à la demande des visiteurs et aux évolutions technologiques, sociales et urbaines de la capitale. Merci donc à l’Office et à ses adhérents de savoir valoriser cette destination aux multiples facettes, en restant à l’avant-garde d’une politique touristique ambitieuse, innovante, profitable à tous, créatrice de richesses et respectueuse du cadre de vie des Parisiens.

Bertrand Delanoë Maire de Paris.

Na citação acima, vemos o discurso proferido pelo prefeito de Paris Bertrand Delanoë, que destaca a importância do turismo parisiense já que a cidade possui um destaque mundial por ser reconhecida na gastronomia, na moda e alta costura. O turismo propicia oferta de empregos e melhoria na qualidade de vida do parisiense por buscar se aprimorar em hotelaria, transportes, tecnologia e conservação de seu patrimônio. Com isso, o Office du Tourisme procura atender da melhor maneira todos os tipos de turistas, partindo dos deficientes ao turismo sustentável, sendo criativo, atrativo e solidário.

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um material que apresenta elementos representacionais ligados à temática de nosso trabalho e ao mesmo tempo está atrelado aos interesses das autoridades em desenvolver o turismo. Por este motivo, lançaram em seguida dois outros guias: o Paris shopping-book (2013-2014) que seria um guia só voltado para as compras e a moda parisiense e o

Paris gourmand que corresponderia ao guia da gastronomia com informações sobre

onde comer em Paris, capital mundial da gastronomia. Então, queremos ver nesse material como a França e suas autoridades estão se servindo dos clichês reforçando as representações do turista, seduzindo-o a visitar a cidade parisiense.

No entanto, de acordo com Moirand (2004), há uma diferença entre turistas, viajantes e mochileiros, uma vez que cada grupo adquire hábitos e objetivos diferentes. Para a autora, os turistas não demonstram uma preocupação com a história e cultura do local, diferentemente do viajante, que já procura apreender esses hábitos culturais e históricos. O mochileiro, por sua vez, tem como objetivo um passeio diferente, visando uma viagem ligada à aventura. Por essa lógica, mesmo sabendo que o Office du Tourisme

busca de maneira multifacetada atender a vários públicos, resolvemos adotar outros guias. Dessa vez, não amarrados aos discursos de autoridade, adotamos o Guide du Routard que se encontra no idioma francês assim como as brochuras do Office du Tourisme que visam atender todo público mochileiro do mundo.

O livro Le guide du routard (GDR) preocupa-se em atender às necessidades de seu leitor, no caso o mochileiro, e divide-se por distritos informando, por exemplo, sobre onde se alojar, comer, escutar música destacando os pontos turísticos ao redor. O guia não apresenta imagens, e faz uso de descrições dos lugares de maneira bem detalhada com o intuito de aguçar todas as necessidades daquele público alvo. Nesse caso, nossa proposta é de realizar a análise em três guias da linha Routard: Le guide du routard: Paris 2012, Le Routard des amoureux à Paris 2013-2014 e Paris balades 2013.

(18)

dos pontos principais, pressupondo já a existência do encantamento desse público com certos pontos turísticos. Também encontramos no guia do Office du Tourisme esse efeito da imagem relacionada com o clichê, aguçando o imaginário do leitor brasileiro, sendo dessa vez, a venda do turismo parisiense para o público brasileiro.

Devido à extensão dos guias e dos seus conteúdos, concentramos nossas análises nesses materiais supracitados, com a preocupação de analisar os clichês apresentados, que são usados estrategicamente para seduzir e atrair o leitor aspirante a viajar para França, mais especificamente, para Paris. Com isso, ele ativa o imaginário preexistente a respeito de outro povo e sua cultura. Se ele associa Paris à moda, pessoas elegantes, a nomes de alta costura e se depara com fotos e imagens nos guias, descrevendo as grifes famosas, o luxo, a elegância, o leitor se vê envolvido pelo encantamento proporcionado por esta associação.

Essa ideia está ligada a Jodelet (1991), ao dizer que as representações são valores variáveis de acordo com os grupos sociais que lhe atribuem significado a partir de saberes anteriores preexistentes, ou seja, ela quer dizer que o processo de elaboração representativa consiste em reativar esses saberes anteriores preexistentes por meio de uma situação social particular. Então, podemos associar esse processo representativo pela interação entre os indivíduos que partilham experiências particulares e afetivas diante de condições sociais e científicas nas quais estão inseridos.

Esse pensamento em nossa pesquisa é pertinente, pois tratamos de um confronto entre duas comunidades, no caso a brasileira e a francesa, e os guias turísticos, ao fazerem uso dos clichês, reforçam esses pensamentos representacionais que os brasileiros possuem em relação aos franceses e os próprios franceses também usariam algumas de suas imagens estereotipadas para o mundo objetivando desenvolver e melhorar o seu turismo, fixando mais ainda os clichês já preexistentes na mente dos estrangeiros.

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Nosso corpus escolhido foram os guias turísticos e através deles, queremos analisar como manipulam e influenciam o leitor brasileiro, de maneira a persuadi-lo, promovendo uma visão consensual de como seria a França, especificamente Paris. De acordo com a leitura de Kerbrat-Orecchioni (2004), podemos dizer que os guias turísticos são considerados como gênero híbrido, já que seus discursos se assemelham aos gêneros descritivos, aos discursos procedurais, críticos e promocionais. Para esta autora, o discurso promocional se aproxima do enunciado publicitário por suas características de ser incitativo, avaliativo e laudativo.

Desta forma, a presente pesquisa focaliza os guias turísticos mais ligados a essa característica do discurso publicitário. Para Charaudeau (2009b), o discurso propagandista tem como objetivo a incitação, que se caracteriza pelos seguintes elementos:

 O sujeito quer fazer fazer, fazer dizer ou fazer pensar alguma coisa no outro;

 O sujeito falante não se posiciona como autoridade, e sim tem que fazer o outro acreditar, executando o papel daquele que faz acreditar;

 O destinatário da enunciação, sabendo que o sujeito falante não está em posição de autoridade, se coloca na posição de um dever acreditar que ele será beneficiado por aquilo que lhe é oferecido.

Essas características supracitadas são vistas no discurso publicitário, promocional e de propaganda comercial. Como pretendemos analisar os guias turísticos atrelados a esse discurso promocional, publicitário, precisamos considerar que esses discursos são caracterizados pela incitação, em que o enunciador, ao apresentar o produto para o co-enunciador, tenta convencê-lo, persuadi-lo dos benefícios que, no caso do nosso trabalho, o leitor pode ter. Os guias, em sua estrutura de promocionais, usam os clichês para convencer o leitor a viajar para Paris, tendo como a publicidade, características de manipulação, de incitação.

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Então, em nosso trabalho, propomo-nos a analisar as representações apresentadas pelos discursos dos guias turísticos em formato de texto, mas não descartando os sujeitos que estão presentes nos discursos destes guias, uma vez que os leitores brasileiros, ao ter contato com esse material, são persuadidos a visitar ou a desejar visitar Paris, por serem envolvidos por esse discurso sedutor que se serve não só de descrições e imagens, mas de elementos apresentados pelos clichês.

Pelo fato de tratarmos em nossa análise sobre os clichês e estereótipos, recorremos à autora Amossy (2007) que conceitua o estereótipo como sendo uma crença, opinião, uma representação referente ao seu grupo e seus membros. Este conceito, então, corresponde a uma construção imaginária resultante de uma interpretação do real. “De acordo com Lippmann, o estereótipo é um termo que está ligado na nossa mente que mediatiza a relação com o real, tratando-se de esquemas culturais preexistentes presentes nesse imaginário social.”(AMOSSY, 2007, p. 26)1

Charaudeau (2009a), reitera essa ideia ao dizer que os estereótipos seriam traços em comum que se promovem de maneira repetitiva para se fixar. Eles possuem uma característica simplificadora e generalizante e estabelecem uma ligação social (função identitária) e essa generalização pode ser tida de maneira negativa, sendo julgada muitas vezes como falsa em relação ao real.

Após essa discussão, acreditamos que os estereótipos são distintos nos guias turísticos, variando de acordo com os interesses e necessidades de cada público leitor. Assim, nosso trabalho visa analisar as tipologias dos estereótipos usados nos guias selecionados – Destination Paris 2012, Paris shopping-book, Paris gourmand, Le guide du routard: Paris (2012), Le routard des amoureux à Paris, Paris balades e Guia da cidade:Paris – usando os conceitos de domínios de hedônico e de estético de Patrick Charaudeau (2008).

(21)

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Representação social e identidade

Verifica-se, nesse capítulo, que a representação social é construída a partir da necessidade que os indivíduos possuem de querer saber sobre o mundo que os envolve, os sustenta. É por este motivo, de acordo com Jodelet (1991), que são fabricadas as representações. Isto é, as representações servem para nos orientar à medida que nomeamos e definimos os diferentes aspectos de nossa realidade.

O processo de elaboração representativa passa por um pensamento ideológico, uma vez que os indivíduos constroem valores através de significados pertencentes aos saberes anteriores preexistentes, presentes nas esferas culturais de uma determinada comunidade, ou seja, os indivíduos vivenciam e dividem suas experiências por estarem inseridos em uma mesma esfera social.

Interessante notar que esse processo representativo se realiza por meio da influência e da manipulação social, difundidos pelas esferas institucionais e espaços midiáticos. Com isso, as representações estão atreladas aos sistemas que promovem versões da realidade a partir de imagens carregadas de significados, compartilhadas por indivíduos pertencentes a uma mesma comunidade, que manifestam uma visão consensual da realidade na qual estão inseridos, com valores reforçados pela mídia. Desta maneira, podemos dizer que as representações promovem a difusão e assimilação dos conhecimentos, tanto no aspecto coletivo quanto no individual, e também auxiliam na definição de identidade não só individual como coletiva, interferindo assim nas transformações sociais dos grupos.

(22)

Nesse trabalho, pretendemos analisar os guias turísticos com objetivo de verificarmos como a França se autopromove por meio de estereótipos e clichês, selecionando os setores da moda e da gastronomia, por exemplo. Nesse caso, também observaremos como Paris é mostrada para os brasileiros, quais as representações estereotipadas e como foram usadas de maneira a seduzir o viajante brasileiro. Sob essa ótica, cruzamos esta interface de culturas que se distanciam geograficamente e que possuem histórias e memórias constituídas de maneira diferente e que apesar desses universos distintos, apresentam essa dinamicidade entre os povos contribuindo para a simbologia e imaginário consensual, adotados pelos membros das duas comunidades aqui estudadas.

Logo, precisamos considerar que, para um indivíduo estar inserido em sua comunidade, é preciso que ele seja partidário daquele ponto de vista que é formado pelos membros que dela fazem parte, ou seja, para que este ato representacional ocorra é necessário que haja um processo de adesão e de participação próximos à crença. Este conceito está intrínseco à ideia do que é tratado como verdade, acarretando regras, valores e condutas comuns a todos os membros de uma comunidade, que para serem aceitos precisam não só adotar essas atitudes como também acreditar, tê-las como verdade. O fragmento a seguir aborda como Bauman (2001) apresenta a crença interferindo na relação dos membros de uma comunidade: “Numa comunidade, todos nos entendemos bem, podemos confiar no que ouvimos, estamos seguros a maior parte do tempo e raramente ficamos desconcentrados ou somos surpreendidos. Nunca somos estranhos entre nós.” (BAUMAN,2001, p.8)

A citação acima retoma a verdade, a crença como elementos importantes no processo formador de uma comunidade imaginada, pois representam o bem-estar dessa sociedade, que cria aspectos comportamentais comuns a seus membros que podem ter uma estranheza ao terem contato com indivíduos que apresentam outra crença e verdade. Então, afirmamos que a representação de uma cultura está atrelada ao fato de os sujeitos de uma mesma comunidade, ao dividirem uma mesma condição social na qual estão embutidos os valores do mundo, os modelos de vida, as regras ou desejos específicos, produzem assim o efeito de como se concebe uma cultura. Seguindo esta lógica, compartilhar uma ideia, uma língua, é também estabelecer, afirmar uma identidade e uma ligação social.

(23)

posições sociais são determinadas por instituições que definem também regras e modelos a serem obedecidos. Assim, para o indivíduo ser aceito em sociedade, ele precisa atender às necessidades e às regras que lhe são estipuladas.

Ainda segundo Jodelet, para que estes valores sejam implementados e legitimados, é necessário considerar o processo de simbolização e representação de uma comunidade, recorrendo às seguintes ideias:

 Para que ocorra a representação social é necessária a interação entre um sujeito e um objeto, por tratar-se de alguém que quer definir o objeto que ele encontra em sua realidade;

A representação social deve ser estudada não somente nos aspectos afetivos, mentais e sociais ligados à cognição, à língua e à comunicação, deve-se considerar também as relações sociais que influenciam as representações da realidade material e ideal.

 A representação social está ligada aos interesses de um grupo influenciando um outro, enraizando verdades e crenças pelo que Charaudeau (2008) chama de manipulação social. Essa influência é vista, por exemplo, com o uso de mídias e comunicação.

Segundo Moscovici (1991), a comunicação executa uma função importante em relação às trocas e interações sociais, pois promove a visão consensual que influencia e define quem faz parte ou não dos moldes de uma determinada sociedade. Para o autor, a incidência da comunicação é vista em três níveis, mas o que interessa para o nosso presente trabalho, é o terceiro nível conhecido como o nível das dimensões de representações, focando na construção da conduta onde a opinião, a atitude e o estereótipo aparecem nos sistemas de comunicação midiáticos.

Esses sistemas de comunicação midiáticos, de acordo com Doise (1991), provocam efeito sobre as opiniões, atitudes e condutas do sujeito, uma vez que apresentam as seguintes propriedades: a difusão relacionada com a formação de opinião; a propagação correspondendo às atitudes; e a propaganda concernente aos estereótipos, sendo esta última, tema de nosso trabalho.

(24)

organizada de maneira que possa promover uma crença, uma verdade. A propaganda funciona através das relações sociais de conflito, opondo os saberes entre o verdadeiro e o falso. Essas três propriedades auxiliam na construção das atitudes, opiniões e estereótipos entre os atores sociais, por atuarem no processo do ato representativo.

Então, essas três esferas acarretam as formações imaginárias que ocorrem por meio das interações entre os atores sociais. Essas formações se manifestam como formadoras de opinião simbólica, que se organiza de maneira diferente, dependendo das culturas e do processo de significação que varia de grupo para grupo: “As representações sociais são sempre tomadas de posição simbólicas, organizadas de maneiras diferentes, por exemplo, como opiniões, atitudes ou estereótipos, de acordo com suas interferências nas relações sociais diferentes.” (DOISE, 1991, p. 229).2

Como vimos anteriormente, a simbolização implica esse acordo entre os atores sociais em que um indivíduo, ao compartilhar o mesmo pensamento e comportamento de um determinado grupo, passa a ser aceito por este grupo ou mais de um grupo e pode não ser aceito e aspirar fazer parte de outro grupo na medida em que ainda não possui como mesmo valor suas atitudes e crenças. Sob este aspecto, trazemos aqui o conceito da ancoragem que intervém na formação das representações, pois ela serve para fixar a representação e seu objeto na rede de significações situando o que seria aceito como valores sociais, se tornando eficaz e pertinente, garantindo a aceitabilidade do grupo.

O processo de formação do simbolismo cultural (cf. Bartelett, 1923, 1932, 1958) se refere à maneira cujas formas e significações culturais nascem e são moldadas pela transmissão, e com as quais elas modelam e são modeladas pelo pensamento humano. Isso recai sobre o que pode ser chamado: “memória simbólica” (cf. Edwards et Middleton, 1986), a saber o emprego da língua para estabelecer os modos de compreensão para que sejam acessíveis e comunicáveis, graças ao código compartilhado (ou seja símbolos convencionais, regras gramaticais e regras de interpretação). (SEMIN, 1991, p.248).

Quanto à simbolização cultural, Moscovici (apud SEMIN,1991, p.242) diz que se trata de um modelo de pensamento elaborado e transmitido pelos atores sociais no seu momento de interação. Logo, esses códigos de compreensão e interpretação são condensados nas formas de expressão do sujeito, sendo realizadas de maneira convencional. E é esse fator que caracteriza uma sociedade em relação a outra, é o código determinado e seguido que formata e orienta um grupo social.

(25)

Esses fatores intrínsecos ao ato representativo, para que sejam realizados, precisam da interação social entre os indivíduos, que é onde ocorrem a transmissão e fixação dos saberes. Para que isso ocorra, são designados, para um determinado grupo, os fenômenos conhecidos como generalização, já que na visão psicológica, as situações de interação social desencadeiam uma forma de pensamento que reflete uma realidade vista de maneira geral. Isso nos mostra que, em contextos de elaboração de um pensamento coletivo, ocorre um processamento de simbolização e categorização genérico não específico, em que se reduzem traços, visões e características sobre uma determinada coisa e que gera uma verdade comum a todos quando se trata daquele objeto definido pelos participantes daquela comunidade.

Desta maneira, esse processo de categorização exige a participação entre os sujeitos pertencentes a um grupo que, ao determinar suas crenças e valores, ao interagir entre si, estabelecem como serão representados, e formam, por este viés, sua identidade coletiva. Porém, estes indivíduos, ao entrarem em conflito com outros grupos diferenciados em termos de valores e culturas, envolvidos por suas crenças, passam a julgar as condutas e os comportamentos do outro, aquele que é visto como diferente. Deste modo, a representação social está sempre em movimento, pois ao ser construída pela interação entre o sujeito e o objeto, entre grupos, está suscetível a julgamentos e valores que não são estáticos e sim, mutáveis, propensos a mudanças quando o coletivo admite novas verdades, crenças e valores que se fixam por um determinado momento.

Assim, as representações sociais contribuem para que um indivíduo ou um grupo construam uma posição ou uma perspectiva a partir do momento em que observam e interpretam as situações e os fatos que ocorrem e que favorecem uma comunicação com o outro, permitindo que se situem e situem o seu mundo. Este pensamento nos direciona a Charaudeau (2009a, 2009c), ao dizer que um sujeito se identifica quando adquire uma consciência de si, de seu corpo, de seu espaço e de seus julgamentos. Porém, conforme já mencionamos anteriormente, essa consciência se constrói por meio da diferença, quando um sujeito percebe o outro. De acordo com o autor, é essa dinâmica interacional entre eu e o outro que possibilita essa consciência identitária.

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formada pelo nosso olhar e o olhar do outro em que descobrimos o que é ser a partir do momento em que julgamos e percebemos o que é ser aquilo que não é o outro.

A alteridade viabiliza, por sua vez, essa consciência identitária obtida pela diferença percebida pelo sujeito, que, ao passar por esse processo identitário, desenvolve dois processos: o de atração e de rejeição em relação ao outro. A ideia de atração está ligada ao desejo, ao fascínio pelo outro, em que questionamos e se eu fosse como ele? e se ele fosse como eu?, ou seja, o descobrir-se diferente de si é se descobrir incompleto, imperfeito, inacabado, ideia que encontramos em Bauman (2004), ao dizer que a identidade pessoal só é construída a partir da junção das peças de um quebra-cabeça, mas que não se trata de um quebra-cabeça concluído e sim aquele em que faltam ainda muitas peças para ser completado.

No entanto, a rejeição para Charaudeau (2009a, 2009b, 2009c) ocorre quando o outro é visto como uma ameaça, já que sua aceitabilidade acarretaria em adotar outras normas, valores, outros hábitos. Logo, esta diferença, nesse caso, vem acompanhada de um julgamento negativo, pois há um medo de a cultura do outro ser considerada como melhor. Nesta questão, formam-se os estereótipos, pois esses julgamentos negativos que criamos sobre o outro, soam de maneira a nos proteger dessa identidade diferenciada.

É assim que em contato com o estrangeiro, se julgará que este é muito racional, frio ou agressivo, convencido de que eu mesmo sou sensível, caloroso, acolhedor e respeitoso em relação ao outro. Ou, ao contrário, se julgará o outro como anárquico, extrovertido, pouco confiável, convencido de que se é racional, seguro, direto, franco, confiável [1]. Logo, cada um é levado a julgar tanto mais negativamente o outro quanto mais estiver convencido que suas normas de comportamento e seus valores são os únicos possíveis.(CHARAUDEAU, 2009c, p. 2)3

Esse conflito nos mostra que, ao mesmo tempo, necessitamos do outro para nos identificar, e esse contato nos vem em forma de ameaça, desconfiança. Partindo dessa ideia, temos aqui apresentados os processos de afinidade e rejeição e por consequência, a valorização e/ou desvalorização do outro. No entanto, apesar de estar presente essa problemática, vemos que a construção identitária se baseia nessa interação do mesmo e do outro.

É importante notar que a construção identitária se fundamenta nos deslocamentos entre grupos, interações entre indivíduos com outros pertencentes a uma comunidade diferente. E é por meio desse confronto de universos que se estabelece ora uma

3 Tradução nossa, bem como as demais referências às obras desse autor, exceto o livro Linguagem e

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eliminação ora uma assimilação, porém esses encontros de ideologias são transmitidos por uma relação de dominação. Isto é, uma parte do grupo, quando interage com outro, passa a impor sua visão de mundo, seus valores e hábitos onde há, assim, o cruzamento de etnias e culturas. A identidade diz respeito então a essa formação do querer ser e não querer ser outro, ser parecido e diferente, que corresponde a traços e características de um povo, determinando suas verdades, suas ilusões, suas essências.

É no século XVIII que nasce a ideia que a cultura é como uma “essência” que cola nos povos, uma essência que é expressa pelas obras de arte; é assim que cada povo se caracteriza por seu “génie”. Mais racional, na França (é o século do Iluminismo e o triunfo da razão sobre a barbárie), mais irracional na Alemanha (é o século de uma filosofia anti-cientista e o triunfo do romantismo). (CHARAUDEAU, 2009c, p.3)

De acordo com essa citação, a ideia de cultura começa a aparecer no campo das artes por volta do século XVIII na Europa, e se manifesta por meio das obras de arte, em que cada lugar e povo manifesta seus ideais, pensamentos e verdades de formas distintas. No século XIX, é que temos essa cultura enraizando o homem em sociedade, implicando em seu comportamento. É nesse período que se desenvolve o conceito de que cada grupo tem sua própria cultura que é transmitida hereditariamente. Dessa maneira, vemos nessa época as formações de fronteiras nacionais, a ideia de nação, de língua e de Estado postas em vigor, que estão presentes nas identidades culturais de cada grupo.

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2.2. Os estereótipos: seu conceito em questão

Os estereótipos, de acordo com Amossy (2007), são vistos sob essa ótica social por volta do século XX, uma vez que só aparecem como esquema ou forma cristalizada, em 1920 no ramo das ciências sociais. Segundo essa autora (ibidem, p.26), o publicitário americano Walter Lippman foi o primeiro a introduzir a definição de estereótipo como uma expressão da língua que mediatiza as imagens de nossa mente designando nossa relação com o real. Lippmann defende que essa noção nada mais é que representações de esquemas culturais preexistentes que permitem ao indivíduo compreender o real, lhe atribuindo sentido.

Para Amossy (ibidem, p.27), esse processo de estereotipização ocorre quando há uma categorização e uma generalização, que simplifica e estende o real. Desta maneira, como apontam os psicólogos sociais, os estereótipos podem propiciar uma visão esquemática e deformada do outro, gerando assim os preconceitos: “Maneiras de pensar através dos clichês, é o que designam as categorias descritivas simplificadas baseadas em crenças e imagens reduzidas pelas quais nós qualificamos outras pessoas ou outros grupos sociais, objetos de preconceitos”(Fischer 1996: 133, apud AMOSSY, 2007, p.27).

A citação acima remete à ideia de que Amossy trata ao dizer que os estereótipos são expressões cristalizadas que fazem parte de uma crença compartilhada entre os indivíduos de uma mesma comunidade. Essas crenças são atribuídas a traços de personalidade, interferindo nos comportamentos desses grupos que passam a generalizar e simplificar uma representação. Segundo a autora, isso ocorre devido à uma necessidade que os seres humanos possuem em buscar uma interação com o objeto que faz parte de seu campo de visão, de sua realidade possibilitando compreendê-la e prevê-la, permitindo assim a construção de normas e condutas de uma sociedade: “Crenças compartilhadas concernentes aos atributos de um grupo humano, geralmente aos traços de personalidade, mas frequentemente também aos comportamentos”. (AMOSSY, 2007, p. 28).

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É importante ressaltar que essa interação entre grupos proporciona a formação de uma identidade coletiva que, ao se representar, acaba construindo estereótipos, generalizando traços e características, passando assim a criar imagens que simbolizariam o real.

A autora nos mostra que, atualmente em nossa sociedade, essa representação coletiva é fixada pelas mídias, imprensa e literatura de massa. A televisão e a publicidade, nesse caso, apresentariam para o seu público, uma outra realidade, a de uma outra comunidade nacional, mostrando valores e símbolos representacionais diferentes, que ao serem exibidos podem criar um julgamento de estranheza, já que aparecem somente representações vistas de modo simplificado ou até deturpadas. “Nota-se claramente que a visão que se tem de um grupo é o resultado de um contato repetido com representações ora totalmente construídas ora filtradas pelo discurso das mídias. O estereótipo seria principalmente o resultado de uma aprendizagem social.” (AMOSSY, 2007, p.37).

Isso significa que a mídia desempenha, por meio de esquemas, formas de representar o outro (conhecimentos, crenças, opiniões), destacando assim a representação que pretende mostrar de si. Apoiando-nos em Moirand (2004), dizemos que a mídia reforçaria essas representações coletivas de um grupo, utilizando, como um dos recursos, o estereótipo de outra identidade nacional para auxiliar na manutenção dos valores representacionais daquela comunidade social, garantindo dessa maneira, a formação da conduta dos indivíduos inseridos nos grupos daquela comunidade nacional.

Os tipos de questões que se imaginam, sejam ou não « mostradas » servem então para desencadear configurações explicativas dos saberes a explicar, a maneira de esquematizações elaboradas em resposta a essas respostas e em função das representações que se tem do outro (conhecimentos, crenças, opiniões), das representações que se quer apresentar de si mesmo e das representações que se tem do que se explica.(MOIRAND, 2004, p.121).4

Nesse caso, a estereotipização colabora com a formação identitária de uma comunidade, pelo fato de essa ação entre os indivíduos designar os status sociais e as funções que cada um nela exercerá, por meio de um esquema de organização representacional que se consolida pela interação com outro, que é tratado nessa visão categórica e genérica, por vezes apresentada e reforçada pelos espaços midiáticos.

A mídia contribui, então, para a manutenção da memória individual e coletiva de uma comunidade por utilizar discursos já preexistentes em uma cultura de uma comunidade,

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que são compartilhados por seus integrantes. O indivíduo, para ser aceito em seu grupo, precisa ser partidário dos mesmos valores e opiniões que dele fazem parte, assumindo traços e características coletivas, dentre elas, os estereótipos. Estes elementos vão sendo agregados, não só através da interação social como também pela contribuição dos veículos midiáticos (televisão, rádio, propaganda, internet) que se servem dos discursos do senso comum, das fórmulas comuns, fortalecendo assim a união e a construção identitária coletiva. Como nos cita a autora Amossy (2007, p.43):

A adesão a uma opinião confirmada, uma imagem compartilhada, permite ao indivíduo proclamar indiretamente sua fidelidade ao grupo do qual deseja fazer parte. Ele expressa de algum modo, simbolicamente, sua identificação a uma coletividade assumindo seus modelos estereotipados. Com isso, substitui o exercício de seu próprio julgamento pelas maneiras de ver do grupo no qual procura se integrar. Reivindica implicitamente, em contrapartida, o reconhecimento de seu pertencimento. É nesse sentido que o estereótipo favorece a integração social do indivíduo. Ao mesmo tempo, assegura a coesão do grupo cujos membros aderem majoritariamente aos estereótipos dominantes. O estereótipo não se limita a assinalar um pertencimento, ele o autoriza e garante (Fishman 1956: 40).

Reiterando o discurso acima, dizemos que os indivíduos adotam uma maneira de ver o mundo em nome do coletivo, tornando-se adeptos dos pontos de vista, dos símbolos, regras e condutas do grupo do qual pretendem fazer parte. Dessa forma, é preciso se criar elementos e imagens que sejam comuns a todos, que sejam elo entre esses indivíduos consolidando essa identidade nacional, como é o caso dos estereótipos.

Assim, os estereótipos, para Amossy, contribuem para a elaboração da identidade social, garantindo ao indivíduo o seu pertencimento a um grupo, permitindo que ele se defina, se situe. Essa construção identitária é formada, conforme diz a psicologia social, a partir de uma personalidade singular, e também das características do grupo.

Nessa construção identitária, é importante considerar que cada indivíduo possui diferentes identidades sociais e pertence a vários grupos, classes sociais. E o estereótipo participa desses grupos para a sua construção de verdade e para designar a função de cada participante que nessa classe se encontra. Os estereótipos funcionam não só na distribuição de cada função social do sujeito, como também reforçam a estima de si, caracterizando uma autoavaliação do indivíduo, já que são instrumentos de categorização, permitindo dessa forma a distinção do “nós” e do “eles”.

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unificação de um grupo sendo feita para confrontar com a de outro, contribuindo para o sujeito aumentar o sentimento que tem de seu próprio valor.

A mesma autora apresenta inúmeras vezes em sua obra que os estereótipos são definidos como uma generalização, ressaltando dessa forma a sua utilidade assim como o seu lado prejudicial devido às condições de seu uso. Ao mesmo tempo em que colaboram com a formação da unificação identitária de um grupo, podem também ser aplicados para estigmatizar outro grupo, gerando os preconceitos.

O preconceito é uma atitude adotada pelos membros de um grupo ao avaliar negativamente as características de outro grupo, é uma imagem coletiva que circula em uma sociedade, designando valores depreciativos sobre o outro. Então, de acordo com a mesma autora, essa avaliação negativa nada mais é do que uma posição que o indivíduo ou o coletivo tomam em relação ao objeto, que é retomada pelos sintomas e regras de conduta. Por essa razão, Amossy cita o autor Harding, reforçando esta ideia da avaliação negativa ser realizada devido ao valor de conduta:

Harding vê no preconceito “uma atitude para com os membros de um grupo exterior na qual predominam as tendências à avaliação negativa, outros falam de atitude negativa injustificável. Lembremos que a atitude se define como a posição adotada por um agente individual ou coletivo para com um dado objeto, posição que se exprime por sintomas e que motivs condutas.” (AMOSSY, 2007, p.35)

Harding vê no preconceito uma atitude em relação aos membros de um grupo exterior onde as tendências de uma avaliação negativa predominam, outros falam de atitude negativa injustificável. Lembremos que a atitude se define como a posição de um agente individual ou coletivo em relação ao objeto dado, posição que se expressa por sintomas e que condiciona as condutas.

Em todo caso, os estereótipos são imagens e representações comuns a uma comunidade, condicionando as atitudes, os valores e as normas de seus membros. Quanto à representação, Amossy (ibidem,p.50) recorre ao autor Moscovici, já citado em nosso trabalho. Segundo o autor, assim como o estereótipo, a representação social relaciona o objeto com a realidade sociocultural do sujeito. Nesse caso, o estereótipo é construído por meio de um senso comum, entendido como conhecimento espontâneo, inocente ou como pensamento natural em oposição ao científico.

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tendo uma visão prática e concorrendo à construção de uma realidade comum de um conjunto social. Se formos designar a diferença entre representação social e estereótipo, é que a primeira é um universo de opiniões e a segunda já é a cristalização de um elemento, isto é, o estereótipo seria uma forma de fixar as opiniões e representações identitárias.

Os estereótipos, conforme Amossy, configuram uma maneira de uso condizente à norma social e cultural. Ele é, portanto, uma ideia convencional associada a uma palavra de uma cultura já estabelecida. A autora recorre à teoria do estereótipo de Marandin (apud AMOSSY, 2007, p.90), em que este recurso é usado visando fornecer uma significação que permite empregar a palavra em um discurso e compreendê-lo, garantindo o bom uso da comunicação em uma determinada sociedade. Eles descrevem, então, as convenções sociais, os protótipos, os princípios básicos da economia conceitual, influenciando assim, a categorização semântica.

A teoria do estereótipo, segundo Putnam, por outro lado, se fundamenta numa representação sociolinguística ideal, a de uma comunidade linguística e social homogênea, cooperando para “estabelecer os meios de uma comunicação ótima e transparente” (Fradin-Marandin 1979 : 82), unida pelo reconhecimento de uma norma comum. Bernard Fradin e Jean-Marie Marandin destacam que o efeito da « verdade imediata » das frases enciclopédicas associadas ao substantivo, sua aparente universalidade, procedem de um apagamento das condições de sua enunciação. O estereótipo funciona como uma evidência sem história que se relaciona ao pré-construído... (AMOSSY, 2007, p.95).

Então, o estereótipo é estabelecido a partir de uma sociedade formada por uma representação já estabelecida, estabelecendo uma comunicação mais eficiente entre seus membros, fixando valores e normas presentes nessa comunidade. Em termos comunicacionais, Amossy diz que a estereotipia se dispõe no bom funcionamento da argumentação, servindo de base do discurso em uma visada persuasiva, já que, de acordo com Aristóteles, a argumentação se apoia na formação de opinião comum, na construção da verdade. Dessa forma, a estereotipia apresenta elementos que buscam a garantia do funcionamento argumentativo a partir da construção de opiniões por meio de uma manifestação social e ideológica (ideias recebidas, evidências compartilhadas e estereótipos) que cruza com a manifestação linguística.

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Após serem apresentados os estereótipos sob a visão de Amossy, vemos que os guias turísticos são construídos com o intuito de provocar e instigar seu leitor de forma que este passe a ter o lugar, no caso a cidade de Paris, como um sonho, um desejo. Este âmbito de desejo é um dos recursos utilizados pelo gênero argumentativo, à medida que o convencimento e a persuasão ocorram por meio desse discurso do belo e do prazeroso.

2.3 Os guias turísticos como gênero promocional

Charaudeau (2008, p. 231), através de seu trabalho sobre o gênero argumentativo, fala a respeito de encenação discursiva que seria o momento do discurso em que o sujeito que argumenta se vale de procedimentos e estratégias para cooperar com o seu propósito comunicacional e dessa forma, persuadir seu interlocutor. Esses procedimentos funcionam com o objetivo de validar uma argumentação por meio do que o autor chama de procedimentos semânticos. Eles se consolidam em um consenso social, ou seja, são valores compartilhados por um determinado grupo sociocultural que determinam assim o que seriam os domínios de avaliação.

Segundo o autor, são cinco os domínios de avaliação: O domínio da Verdade; O domínio do Estético; O domínio do Hedônico; O domínio do Ético e O domínio do Pragmático. No caso de nosso estudo, nos concentramos no domínio do Estético e no domínio do

Hedônico. O primeiro termo está relacionado à definição dos conceitos de belo e feio, ou seja, o valor é representado pelo belo. O segundo termo, por sua vez, refere-se aos conceitos de agradável e desagradável em que as ações humanas são realizadas devido à busca do prazer.

Os guias turísticos, portanto, estabelecem essa interação entre o enunciador e o

co-enunciador. Para Moirand (2004), o enunciador seria o redator- investigador e o co-enunciador, seria o leitor – viajante. Então, o redator exerceria a função de pesquisador e o leitor seria o consumidor. Com isso, o enunciador, ao transmitir a mensagem para o seu co-enunciador, precisa utilizar recursos para atrair e convencer esse leitor, recorrendo aos estereótipos acerca de Paris, toda simbologia que desperta no seu público a busca pelo prazer e pelo que é belo.

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habitantes da região, como também mostra o momento em que o redator se distancia do seu co-enunciador, já que a diferença entre estes ocorre pelo primeiro já ter tido a experiência de vivenciar a cultura daquele local desconhecido pelo segundo, no caso, o leitor.

Deste modo, reiteramos que essas interações nos guias turísticos são expressas por meio das representações de redatores como pesquisadores, isto é, são aqueles que transmitem as informações e apreciações sobre os lugares que visitaram, oferecendo também conselhos; os leitores como viajantes; e os habitantes das regiões de contato. Apoiados sobre esta autora, mostraremos a seguir, como essas interações representadas entre o redator (A) e o leitor (B) podem ser esquematizadas:

A faz conhecer alguma coisa a B A faz ver alguma coisa a B A (des)aconselha alguma coisa a B

Logo, ao passar as informações e apreciações sobre o destino tratado no guia, o redator precisa saber as necessidades, gostos e curiosidades do seu público alvo. Para isso, ele precisa se colocar no lugar do leitor, refletir sobre o que seu leitor busca encontrar ao comprar o guia e ao mesmo tempo, esse mesmo precisa se distanciar desse co-enunciador para legitimar sua posição de conhecedor daquele universo, ter credibilidade. Por este motivo, a ideia desse trabalho é analisar o prefácio e os temas monumentos, gastronomia e moda dos guias turísticos escolhidos que apresentam a cidade Paris e neles verificar os estereótipos utilizados e se houve alguma mudança de acordo com a mudança de público, de acordo com a análise de cada guia selecionado.

Quanto aos guias, apoiando-nos em Catherine Kerbrat-Orecchioni (2004), podemos dizer que eles são considerados como gêneros híbridos, pois possuem características tanto dos discursos descritivos como dos procedurais, críticos e promocionais. Os discursos descritivos correspondem às narrativas de viagem que possuem um objetivo prático e informacional; os discursos procedurais, já são os mesmo das receitas culinárias com recomendações práticas ou condicionais para atingir um determinado objetivo. Nesse contexto, o enunciador se apresenta como se estivesse certo de tudo; os discursos críticos são os que apresentam avaliações e julgamentos; e os discursos

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uma indústria e os guias formam essas redes complexas de instituições e organismos tendo como finalidade promover a atividade turística.

Para Kerbrat-Orecchioni (2004), este último discurso, o promocional, engloba os demais discursos: descritivo, procedural e crítico, pois, ao querer realizar um convite para viagem, ele se aproxima do enunciado publicitário onde há uma mistura desses discursos, buscando, ao mesmo tempo, incitar e avaliar, características correspondentes a eles.

2.4. As categorias dos estereótipos e os domínios do Estético e do Hedônico.

Para analisar os diferentes estereótipos presentes nos guias turísticos Destination Paris, Paris shopping-book, Paris gourmand, Le guide du Routard, Le routard des amoureux à Paris, Paris balades e Paris- guia da cidade, a dissertação buscará os conceitos do domínio do estético e do hedônico apresentados no capítulo sobre modo argumentativo do autor Patrick Charaudeau (2008).

Como já foi dito anteriormente, essas visadas fazem parte de uma estratégia argumentativa, uma vez que os guias turísticos apresentam como uma de suas características o seu aspecto promocional. De acordo com Charaudeau, a prática discursiva se fundamenta num jogo de influência sobre o outro, até que esse passa a aderir a uma posição e é nessa relação que há a persuasão.

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3. METODOLOGIA

3.1. A seleção dos critérios para análise dos guias turísticos

Conforme afirmamos no capítulo anterior, o guia turístico é um gênero híbrido por descrever, informar e criticar, mas o discurso que se destaca em relação aos demais é o promocional que se aproxima do publicitário (Kerbrat-Orecchioni, 2004, p.135) tendo por objetivo a incitação. O discurso promocional, entretanto, engloba o domínio do

ético, pois exige uma responsabilidade para com o público alvo, enquanto no publicitário as estratégias predominantes se situam nos domínios do estético e do

hedônico.

Na nossa análise, procuramos revelar como as categorias dos estereótipos podem ser inseridas nesta visão do estético e do hedônico (Charaudeau, 2008, p. 232), já que estas, por pertencerem às representações cristalizadas e compartilhadas por um grupo em comum, são exploradas com o intuito de despertar o interesse por meio do belo e por meio daquilo que é prazeroso, conseguindo assim vender o “sonho” de viajar com destino a Paris.

Em nosso trabalho, selecionamos sete guias para confrontarmos as categorias de estereótipos que são recorrentes através da análise dos prefácios e das informações propostas por cada seção, uma vez que, de acordo com Moirand (2004, p.169), os guias são construídos de forma didática, de modo que ele possa colaborar com os saberes, sendo, no caso, o saber fazer e o saber ser. Com isso, ao ser subentendido o que estaria atrelado ao desejo e gosto do seu leitor, o guia é dividido em seções concernentes à gastronomia, às compras, ao alojamento, à diversão, entre outros. Então, é a partir dos prefácios e das seções ligadas à cultura e à história, ao shopping e à gastronomia parisiense que vamos efetuar nossa análise em relação aos estereótipos.

Moirand (2004, p.151) estuda a representação dos sujeitos no guia turístico, em que há os redatores-investigadores e os leitores-viajantes não deixando de relacionar os habitantes das regiões que são apresentadas. Com isso, os guias são construídos por meio de imagens que são elaboradas de acordo com as ideias de Grize (apud MOIRAND, 2004, p.111) em que coloca que:

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 Esta esquematização exige de seu autor que disponha de certas representações da situação e de seu auditório: as representações aparecem a partir dos índices e das linhas de pensamento postas em palavras através do discurso;

 Ela propõe três tipos de imagem: as que englobam um locutor, o destinatário e o assunto que é tratado.

Então, seguindo esse quadro representacional, escolhemos três guias turísticos que visam público – leitor distinto:

a) Destination Paris 2012 (guia do Office du Tourisme): esse guia encontra-se disponível no site (documento digitalizado) e/ou nos estabelecimentos do Office du Tourisme por meio de uma brochura, uma instituição do governo que visa a melhoria do turismo francês. Então, esse guia está atrelado também à autoridade francesa e utilizaremos o que está redigido no idioma francês. Além do prefácio com o discurso da autoridade francesa, temos também as seções: se informar, se divertir e se arejar.

b) Paris shopping-book 2013-2014 (guia do Office du Tourisme): esse guia encontra-se também disponível no site (documento digitalizado) e/ou nos estabelecimentos do Office du Tourisme por meio de uma brochura. Este guia será analisado no idioma francês – o mesmo que se encontra em sua versão original (francês/inglês) e dividimos a análise em: prefácio e chique (onde aparecem as maiores grifes).

c) Paris gourmand 2013-2014 (guia do Office du Tourisme): esse guia assim como o Destination Paris e Paris shopping-book encontra-se disponível na internet e nos estabelecimentos do Office du Tourisme. Ele tem como objetivo orientar o leitor-viajante em realizar passeios e explorar a cidade parisiense pela perspectiva da gastronomia.

d) Guia da cidade: Paris (2011): traduzido do inglês da marca Lonely Planet para o português pela editora Globo, este guia tem um sumário que apresenta os destaques de Paris e as seções ligadas a informações úteis, artes e arquitetura, compras, onde comer, onde beber, onde dormir, vida noturna, esportes e atividades, excursões, idioma, transportes, etc.

e) Le guide du Routard – Paris (2012): esse guia visa um público mochileiro que objetiva uma viagem mais aventureira, exótica, por conta própria. Esse guia é da editora

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seções onde dormir? onde comer? onde sair? onde dançar?e as especifidades de cada bairro.

f) Le Routard des amoureux à Paris(2013-2014) : Este guia está também em sua versão original em francês e é publicado pela editora Hachette. Ele tem por objetivo orientar aqueles que pretendem explorar a Paris romântica, informando os restaurantes íntimos, os jardins secretos, os hotéis românticos e os bancos públicos situados em cada bairro parisiense.

g) Le Routard – Paris baldades (2013-2014):Este guia visa também o público mochileiro. Ele está em francês e é publicado pela editora Hachette. Sua proposta é orientar em passeios por temas na cidade parisiense, resgatando história e civilização até a Paris boêmia.

3.2. Tipos dos guias turísticos

3.2.1. Office du Tourisme

De acordo com a Lei de desenvolvimento e de modernização dos serviços turísticos de 22 de julho de 2009: para modernizar com sustentabilidade o setor de turismo, este seria o fator crucial para a economia e também para o emprego na França. Em 2007, o país foi a primeira destinação mundial, recebendo 82 milhões de turistas estrangeiros. Devido a isso surgiu, em 2008, uma necessidade de desenvolver e melhorar a oferta turística francesa.

O Office du Tourisme é a instituição que destacamos em nossa análise. Em seu site encontramos um guia turístico atrelado aos discursos e interesses das autoridades que visa essa melhoria na economia através do turismo. Por isso, não só analisamos a brochura como também investigamos o que está prescrito no código de turismo francês acerca desse guia tratado.

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Então, reforçamos esta ideia com o artigo L 133-3, modificado pela lei n0 2009-888 de

22 de julho 2009 – art. 6, que apresenta a função do Office du Tourisme que é assegurar a recepção e a informação dos turistas assim como promover a cidade ou conjunto de cidades em coordenação com o comitê departamental e o comitê regional de turismo.

Segundo a lei, o Office du Tourisme é encarregado pelo Conselho Municipal da elaboração da política local de turismo e dos programas locais de desenvolvimento turístico, notoriamente nos domínios de serviços turísticos, de exploração de instalações turísticas de lazer, estudos, entretenimento, de organização de festas e manifestações culturais.

Então, vemos que, em função de promover o turismo francês, o Office du Tourisme

serve para auxiliar esta atividade por meio de descrições e informações sobre cada cidade. Já que há essa divisão por cada cidade, focamos nosso trabalho sobre a cidade parisiense, onde há um forte apelo a turistas. Pelo site do Office du Tourisme parisiense, encontramos disponível uma brochura estruturada como um guia turístico. Em seu prefácio, encontramos um discurso de autoridade apresentando a função do guia chamado Destination Paris 2012.

Conçu à l’attention des journalistes, Destination Paris livre un instantané de la capitale. Il donne les clés de la ville, décrypte les tendances, rappelle les dernières innovations en date et fait le point sur les grands projets structurants en cours.

Un état des lieux qui, comme chaque année, témoigne de la vitalité inoxydable de Paris, à la fois ville musée et ville monde, enjôleuse et frondeuse, multiple et unique. De cette alchimie est née l’extraordinaire aura d’une capitale romantique qui fait rêver le monde [...]

Por esse discurso já abordado em nossa introdução, podemos prever que esse guia tem por objetivo atrair os viajantes do mundo, através de descrições e informações de Paris que encanta, uma cidade única, romântica, múltipla, histórica, com tendências. Esses elementos apresentados são imagens em comum com os demais guias turísticos. Ao fazer uso das representações estereotipadas, os monumentos, a moda e a gastronomia,

os guias envolvem seus leitores através de um discurso sedutor, convencendo-os a visitarem o local, os museus. Dessa maneira, o Destination Paris antecipa, como todos os guias fazem, as necessidades e perguntas dos seus leitores, por meio das divisões de cada assunto tratado, tais como: Onde dormir? Onde comer? Onde se divertir?

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