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Capítulo VI Conclusões

1. Considerações finais sobre o estudo realizado

O estudo realizado para conhecer a realidade das diferentes I.A.E locais do nordeste trasmontano quanto à intervenção em educação emocional e à visão dos profissionais, TSSEA sobre as emoções no contexto de trabalho constitui-se importante para um levantamento de necessidades destes aspetos na intervenção nestes contextos.

Este estudo apresenta-se agora realizado a 264 TSSEA que na sua maioria de amostra se representa por técnicas (50,08%, 133 respostas) das 21 I.A.E inquiridas, na sua maioria significativa mulheres (91%) licenciadas (125 respostas) com idades compreendidas entre os 19 e os 65 anos, com uma média de idade nos 41 anos, com estudos na área do pré-escolar (66 respostas, taxa de omisso de 18,02%), seguida da psicologia (20 respostas), e que trabalham há muitos anos (+ 10 anos, 136 respostas), em tempo integral (37,11 horas p/semana) nas I.A.E.

Consideram (50 respostas) adequado o grau de adequação das funções que desempenham à formação obtida nos cursos realizados e passam a maioria do tempo a relacionar-se com os utentes (151 respostas), o que é surpreendente pela categoria profissional que exercem que como sabemos seria mais de esperar de auxiliares dada algumas realidades vividas em instituições de grande dimensão que pela sua natureza têm mais auxiliares do que técnicas a trabalhar. Mas, considerando que poderão ser na sua maioria educadoras de infância faz sentido dado que é comum existir uma educadora de infância, pelo menos, por cada sala da instituição. Esta situação, de serem mais técnicas nas I.A.E do que auxiliares não é confirmada relativamente ao facto de

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existir uma taxa relativamente significativa de omissos em cada questão, concluindo-se que poderão ter havido muitas auxiliares a responder a este estudo.

Quanto a diversidade de utentes que caraterizam as I.A.E deste estudo verifica- se que 153 responderam crianças, 125 idosos, 86 adultos, e 70 jovens. Aqui concluo que se verifica novamente a existência do pré-escolar, e que relativamente aos jovens não há muitas respostas sociais para esta população.

Conclui-se ainda nestes estudo que 45% da amostra deste estudo afirma existir um problema/população específica na sua I.A.E. Sendo que a deficiência aparece em primeiro com 32 respostas, seguida de 18 respostas de carenciados, 17 de crianças e jovens em risco e 12 de crianças. Sendo que o omisso desta resposta representa um valor significativo de 155 não respostas.

Abrangendo assim três linhas de conhecimento que referi nos objetivos deste estudo fica-se a conhecer relativamente à visão dos TSSEA sobre as experiências e vivências de carater emocional que têm no contexto laboral, a sua sensibilidade para esta área emocional revelando a importância das emoções no trabalho para a empatia, a solidariedade e a expressão emocional o seu interesse e importância no contexto de trabalho. Aqui conclui-se ainda que existem diferenças de grupos sendo que as técnicas representam médias mais elevadas de expressão emocional e da importância dada à empatia relativamente a auxiliares que dada a natureza e exigência do seu trabalho é compreensivo. E quanto às coordenadoras a exaustão emocional apresenta-se superior, apenas significativa face ao grupo dos auxiliares.

Revela-se também que os TSSEA ainda não têm instruções muito concretas e específicas para lidarem com as suas emoções e as dos outros no contexto de trabalho.

Por outro lado, conhecemos também a visão dos TSSEA sobre as capacidades emocionais dos utentes com quem trabalham revelando-se perfis de competências emocionais dos utentes na sua perceção.

Aqui conclui-se que os TSSEA avaliam com média relativamente iguais os itens das diferentes capacidades. Verificando-se ainda uma forte correlação entre as diversas competências, autoconsciência, automotivação, empatia, gestão de emoções em grupos como era esperado.

Verificam-se aqui algumas diferenças nos grupos de profissionais que podem ser importantes. As coordenadoras avaliam menos positivamente a autoconsciência e a gestão emocional em grupos. Ora se supostamente por funções diversas que esses cargos exigem não é possível passar a maioria do tempo de trabalho com os utentes será

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que estas avaliações estão certas? Ou passam menos tempo com os utentes e só se envolvem mais nas situações de dificuldades.

Na questão que considera a importância de se trabalhar com os utentes das I.A.E as capacidades emocionais, autoconsciência, automotivação, empatia e a gestão de grupos, não foi possível analisar-se estes dados dado ter havido muitas falhas na resposta a estas questões como referi anteriormente. Contudo das respostas existentes, posso dizer mas perceção positiva, ou seja, nesta amostra os TSSEA consideram importante trabalhar as capacidades emocionais dos utentes.

Relativamente à questão orientadora deste estudo que era perceber se faria sentido a intervenção em educação emocional com outros públicos, em outras instituições locais, considero após a análise dos dados extraídos que sim, seria importante. Esta pertinência justifica-se por 62% da amostra revelar não ter formação em educação emocional. E ainda por mostrar não estar muito familiarizada com esta temática porque responderem de forma divergente à questão sobre que tipo/domínio de formação têm nesta área. Representando questões e temas que não são necessariamente educação emocional ainda que possam estar relacionados com a temática, por exemplo envelhecimento, educação educativa, posicionamentos.

Sendo este estudo também um levantamento das necessidades sentidas nos contextos verifica-se, com 28 respostas apenas, que não existem muitos projetos/atividades de educação emocional nas I.A.E e a maioria dos TSSEA não estão muito motivados, ou não sabem, sugerir e apresentar ideias de promoção da educação emocional nos seus variados contextos de formação.

Através de uma análise de conteúdo realizada a esta questão extraem-se ainda como importantes 7 áreas de trabalho emocional. Sendo as atividades físicas mais identificadas, com 6 referências, e a religião e espiritualidade com apenas uma referência.

Retiro como conclusão principal deste estudo que relativamente ao nordeste trasmontano ainda não parece ser uma área muito desenvolvida ao nível da educação emocional nos seus diversos contextos de formação. Contudo temos já como pioneira a PAIDEIA que certamente irá continuar a insistir em transformar o mundo das emoções no nordeste transmontano sob o slogan e missão “Em Bragança montes de emoções…mesmo!” (Anexo IX).

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Faço ainda uma referência breve à AEFB, que de acordo com o que sei continua com muito interesse em apoiar este tipo de projetos e em desbravar o caminho da educação emocional.

Dando um cunho pessoal a esta investigação constatei no terreno que faz sentido a educação emocional na intervenção comunitária pois verifiquei que os utentes gostam e interessavam-se em desenvolver atividades relacionadas com esta temática trazendo diversos benefícios na relação interpessoal no trabalho com os mesmos e entre eles próprios.

Pretende-se com este estudo dar significado também ao sentido da PAIDEIA propor que se criem Instituições Emocionalmente Inteligentes envolvendo o tecido educativo e institucional regional na formação de educação emocional em todos os seus colaboradores e agentes educativos, maximizando o seu potencial de motivação e eficiência (Anexo IX), constituindo-se assim num caminho para desenhar projetos de intervenção comunitária a este nível.

Considero ainda importante que apesar de se ter conseguido uma amostra significativa de I.A.E existem algumas “falhas” na amostra deste estudo por se verificarem taxas de percentagens diferentes para diversas questões do questionário. Posto isto penso que seria adequado, seguindo-se com futuras intervenções a este nível realizarem-se focus group com os TSSEA das I.A.E estudadas de forma a: 1.compreender os resultados deste estudo sob diversos discursos das suas práticas, refletindo em conjunto sobre as conclusões retiradas das mesmas. 2. Elaborar-se em conjunto ideias, projetos/atividades possíveis e adequadas de realizar neste âmbito emocional nas suas diferentes I.A.E.

Considero também e por último que este levantamento de necessidades surge importante porque o acesso que temos a estes contextos estudados surge de acordo com a CSCB apenas referido em termos quantitativos relacionados com a caraterização da própria instituição em termos de respostas sociais, missão, objetivos, parcerias, nº de utentes, destinatários e recursos humanos disponíveis. Deixando de lado conclusões ou caraterizações ao nível da prática efetiva que se exerce nesses contextos que sendo sociais e educativos ira importante saber mais sobre essa mesma ação social e educativa.

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2. Considerações finais sobre a intervenção realizada e a sua relação com o