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CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE AS REPERCUSSÕES DA FORMAÇÃO TÉCNICA PARA AS POLÍTICAS PARA

No documento Políticas culturais para as artes (páginas 176-181)

AS ARTES NA BAHIA

Hoje, a expansão e a profissionalização do setor cultural têm tido efeitos sobre as profissões artísticas que adquirem novos estatutos simbólicos e profissionais, ao mesmo tempo em que se tornam menos estigmatizadas e elitizadas. Muitas dessas atividades alcançaram maior reconhecimen- to social por meio de processos de formação e trabalho cada vez mais institucionalizados, que resultam em certificações, credenciamentos profissionais e legais. (FERREIRA; RAIMUNDO, 2014)

As experiências desenvolvidas pela EDF e pelo CEEP nos oferecem alguns elementos para se pensar os limites e possibilidades de uma po- lítica de formação em artes. Cursos técnicos podem ser desenvolvidos tanto como uma primeira etapa de processos de iniciação à qualificação

profissional, quanto como um espaço de formação que garanta possibili- dades para a experimentação prática do fazer artístico, que nem sempre é possibilitado pelos cursos superiores.

Se, por um lado, são registrados elevados índices de evasão e identi- ficados problemas para uma inserção mais efetiva do técnico em artes num dos espaços de atuação que mais demanda a mão de obra do artista – a área da educação formal –, devido à crescente exigência do grau de licenciatura o que ainda limita, por outro lado, as expressivas taxas de acesso ao ensino superior e de inserção profissional em atividades artís- ticas entre egressos das duas instituições investigadas ressaltam a vali- dade de tais iniciativas.

Contudo, estes são resultados ainda isolados e carentes de um pla- nejamento sistêmico da integração da formação técnica com as políti- cas culturais no estado. Como pudemos verificar a partir do panorama histórico traçado, nos períodos em que as pastas de cultura e educação estiveram juntas, houve uma atenção em torno da formação em artes – seja por meio do ensino superior, que marcou as políticas culturais dos anos 1950 na Bahia, seja por meio do ensino técnico, como ocorre entre as décadas de 1980 e 1990. Não obstante, a continuidade de uma políti- ca cultural atrelada ao turismo, ao longo de 12 anos, ocasionou num es- maecimento desta relação, apesar da persistente existência da Escola de Dança da FUNCEB.

O ciclo iniciado em 2007, com a recente criação da Secretaria de Cultura, lançou-se a desafios de formulação e implementação de políticas públicas descentralizadas, democráticas, participativas, baseadas numa noção ampliada de cultura, cujo investimento justificava-se em si mesmo e não na contribuição da cultura para o turismo ou a economia ou a trans- formação social. Nesse novo cenário das políticas culturais e das políticas para as artes, na Bahia e no Brasil, o binômio cultura-educação ainda é pouco valorizado em termos institucionais, o que justifica estudos como o apresentado neste artigo, que informa e analisa as repercussões que a for- mação em artes, em particular de caráter técnico, traz ao setor cultural.

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