• Nenhum resultado encontrado

A EDF e o CEEP: histórico e propostas

No documento Políticas culturais para as artes (páginas 170-173)

A EDF é vinculada ao Centro de Formação em Artes, que faz parte da Fun- ceb. A escola foi fundada em 1984, inicialmente oferecendo apenas cursos livres, visando preencher uma lacuna de formação na área, já que a oferta de educação formal em dança era restrita à licenciatura e ao bacharelado para bailarino profissional, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Desse modo, a instituição desde seu início, teve um papel importante na formação de jovens de classes populares para o ingresso no mundo profissional da dança, além de qualificá-los para a disputa por vagas nos cursos de graduação na área artística. Em 1988, a escola ofertou sua pri- meira turma do curso técnico profissionalizante, com duas habilitações básicas: bailarino para corpo de baile e técnico em recreação coreográfi- ca infanto-juvenil, que foram unificadas em 2009, em torno da habilita- ção generalista de técnico em dança.

Hoje, a escola oferece além da educação profissional técnica de nível médio, cursos preparatórios em dança popular, afro, moderna, clássico, capoeira, para crianças e adolescentes; cursos livres voltados para o pú- 5 Além desses cursos de nível médio, no final da década de 2000, também houve uma expan- são de iniciativas de menor duração com foco nos campos de organização e apoio técnico às atividades culturais. O Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e o Trilhas das Artes, oferta- ram cursos em áreas diversas como assistente de coreógrafo, assistente de produção cul- tural, agente cultural, fotógrafo, costura cênica, cenotecnia, iluminador cênico, edição e operação de som.

blico em geral, em ballet clássico, dança contemporânea, alongamento, dança afro, jazz etc.; e cursos de aprimoramento para iniciados ou pro- fissionais da área.

A cada ano são oferecidas 60 vagas, voltadas para pessoas com ensi- no médio completo. Com o passar dos anos, tem havido um aumento do número de candidatos com níveis mais avançados de escolarização ou de experiência profissional, graças à reconhecida qualidade da formação prática da escola, o que a diferencia da graduação em dança da UFBA, que privilegiaria o enfoque teórico.

O curso técnico visa formar o aluno em torno de três competências básicas: bailarino, coreógrafo e multiplicadores de ação artística (edu- cadores e mobilizadores socioculturais), para atuar em grupos de dança e desenvolver projetos artísticos e culturais em comunidades, organiza- ções não governamentais, com duração prevista de dois anos e meio.

O currículo do curso técnico da EDF é centrado em atividades práti- cas e teóricas obrigatórias em seis principais áreas, a saber, balé clássico, danças moderna, contemporânea, afro-brasileira, populares, e capoei- ra, mas permite que o estudante direcione seu percurso nos semestres finais, à exceção do balé, que é ofertado nos cinco semestres. Os labora- tórios de habilidades criativas focam em exercícios de experimentação nos campos da dança solo, da coreografia e improvisação, enquanto as disciplinas de Dança e interfaces dialogam com a música, figurino, ceno- grafia, iluminação e tecnologias. Há ainda componentes ligados à gestão cultural, elaboração de projetos, crítica, história da dança e cinesiologia. A articulação teoria-prática é bastante estreita e se acentua nos está- gios orientados, que se iniciam já no segundo semestre, começando com a observação de ambientes de dança na cidade, para depois passar por práticas em espaços socioculturais, grupos artísticos, culminando com a experiência de produzir e apresentar um trabalho coreográfico autoral.

A escola também desenvolve um importante papel de apoio e de me- diação com o mundo do trabalho para seus egressos. Produtores cultu- rais e artísticos enxergam a escola como um importante espaço para re-

crutamento de profissionais, sendo comum a busca ou a solicitação de indicações de alunos para participar de espetáculos, shows ou compa- nhias, em especial, nos períodos de carnaval e festas juninas, quando há demanda maior de trabalho.

Já o CEEP nasceu de um convênio do governo estadual com a Associação Pracatum Ação Social (APAS), ligada ao músico Carlinhos Brown, no ano de 2004. Alguns anos depois, após divergências entre os gestores da ONG e do estado, a escola desvinculou-se da associação, pas- sando a ser gerida integralmente pela Secretaria Estadual de Educação.

A instituição já ofereceu cursos de artes visuais, produção cultural, conservação e restauro e regência. No entanto, a limitação de infraes- trutura e de recursos humanos levou à interrupção da oferta destes, tor- nando-se cada vez mais uma instituição especializada em música, com foco na formação em documentação musical e instrumento musical, que possui habilitações em canto, flauta, saxofone, bateria, percussão, con- trabaixo e violão.

Até 2015, os cursos da área musical recebiam cerca de 20 alunos por turma, nas modalidades: Ensino Médio Integrado (EMI) e Subsequente (Prosub) e Proeja. O primeiro é oferecido no turno matutino, com dura- ção de quatro anos e atende alunos recém-saídos do ensino fundamental. Os outros dois funcionam nos turnos vespertino e noturno e recebem, sobretudo, um público com faixa etária mais elevada, composto por jo- vens e adultos, e exigem um teste prático ou uma entrevista para aferir as habilidades musicais.

No CEEP, as atividades voltadas para a prática de instrumentos mu- sicais são oferecidas de modo individualizado ou com grupos de até três alunos, enquanto as de cunho teórico, como: história da música, litera- tura e estilo musical e percepção musical são lecionadas coletivamente. Durante o curso, o estudante deve direcionar seu percurso para um ins- trumento de sua preferência.

A estrutura do curso também prevê atividades direcionadas à orga- nização do campo profissional – organização dos processos de trabalho,

orientação profissional, intervenção social, visitas técnicas e o estágio. No entanto, as atividades de estágio muitas vezes, terminam sendo uma ação meramente formalizadora, desenvolvidas em espaços onde muitos alunos já estão inseridos profissional ou amadoramente (escolas, bandas ou projetos sociais), nem sempre contribuindo para ampliar seus reper- tórios e promover maior aproximação com o mundo do trabalho.

No documento Políticas culturais para as artes (páginas 170-173)

Documentos relacionados