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Na descrição dos ambientes colaborativos de notícias acima se percebe que a produção de conteúdo jornalístico passa sempre pela figura do editor que é uma pessoa que trabalha no próprio meio ou é colaborador com respaldo para exercer a função. Também todos os sites e portais com possibilidade colaborativa pedem obrigatoriamente cadastro do usuário para que ele possa colaborar. Neles é necessária a concordância com um termo de compromisso de uso ou de cessão de direitos autorais com o objetivo de assegurar a qualidade e credibilidade do material oferecido pela audiência. Mesmo que todos permitam o envio de texto, áudio, foto e vídeo, nenhum direciona o seu serviço de notícia para o gênero telejornalístico, trabalhando com o gênero webjornalismo.

A figura do gatekeeper é conservada na presente proposta produtiva colaborativa, pelo fato da relevância e forte proporção que um acontecimento noticiado pode causar na vida de pessoas caso seja falso. O gatekeeper é representado pelo papel do editor-chefe que no caso do teste da JCollab durante o desenvolvimento do projeto financiado pela Rede Nacional de Pesquisa (RNP) se realizará pelo professor da disciplina. O papel do editor- chefe não é concentrado em apenas uma pessoa. A intenção é que seja uma equipe de pessoas, que no caso do teste com estudantes pode ser composta pelo professor e mais alguns alunos escolhidos por ele.

Tendo em vista o exposto, é perceptível a grande importância de um

gatekeeper, que é o “controlador” da informação, ou seja, a pessoa

responsável por garantir os valores-notícias tais como; qualidade, veracidade, relevância e credibilidade do fato noticiado pelos veículos de comunicação. A proposta desse modelo produtivo colaborativo é inovadora no sentido de oferecer serviços de produção de telejornal na Web. Também tem como finalidade inicial a exibição do produto na TVD, conforme demonstra figura abaixo retirada do texto do Projeto JCollab: Jornalismo Científico Colaborativo para TV Digital. O mesmo será coordenado e desenvolvido pelo Lavid-UFPB. No futuro se espera que a proposta do modelo de produção possa ser desenvolvida em uma plataforma de TVDI.

O diferencial da proposta é a oportunidade que a audiência tem em escolher qual papel deseja desempenhar. Bem como, são oferecidas todas as ferramentas necessárias num processo de produção jornalística em um ambiente real de TV. A JCollab é uma ferramenta que insere em suas etapas de produção os conceitos de participação, cooperação e colaboração na elaboração de um produto jornalístico. É uma ferramenta inovadora já que consegue propor um processo telejornalístico a partir da utilização da plataforma Web 2.0.

Figura 52: Arquitetura do Projeto JCollab – Jornalismo Científico Colaborativo para TV Digital Abaixo é exposta uma tabela comparativa dos processos produtivos nos modelos que analisa os níveis de colaboração e participação da audiência e quais são os atores e os seus papéis desempenhados nos processos de webjornalismo colaborativo, telejornalismo e JCollab. Estes foram pesquisados e estudados durante a presente pesquisa. É importante ressaltar novamente que na hora da votação a premissa que serve de balizadora na JCollab são os critérios de noticiabilidade usados pelos jornalistas em sua rotina e não apenas o critério de melhor ou pior, conforme explicado no capítulo anterior.

QUADRO COMPARATIVA DOS PROCESSOS PRODUTIVOS PROCESSOS: WEBJORNALISMO COLABORATIVO TELEJORNALISMO JCOLLAB (TELEJORNALISMO NA WEB)

PAUTA: Usuário colaborador. Equipe de produção

(editor-chefe, produtor, editor executivo e apresentador). Usuários editor-chefe, apresentador, repórter e audiência sugerem as pautas, depois tem uma votação onde todos os membros da

comunidade decidem quais pautas serão produzidas no telejornal.

PRODUÇÃO DA NOTÍCIA

Usuário colaborador. Produtor e repórter Usuário – repórter produz. Ele pode fazer o texto e gravar off e vídeo usando os recursos da JCollab.

EDIÇÃO DA NOTÍCIA Usuário colaborador usa programa de edição, não existe site ou portal que possibilite ele editar numa ferramenta Web.

Editor de imagem e editor de texto.

Usuário – repórter utiliza a JCollab para edição da notícia (texto, sonora, off e imagens). Após a notícia pronta ele disponibiliza para votação na rede social da JCollab.

ESPELHO Não tem, porque cada

usuário faz sua notícia e a publica. Também não existe portal ou site que possibilite a produção de telejornal na Web. Apresentador e editor- chefe. Usuários audiência votam e escolhem as notícias que entram na edição do programa. Após isto, o usuário editor-chefe monta o espelho do programa.

MONTAGEM DO PROGRAMA

Não tem. Geralmente a montagem é feita ao vivo usando dois ambientes que são: estúdio e o switcher envolvendo o apresentador, editor- chefe e técnicos (operador de VT, Usuário editor-chefe e apresentador montam o programa, podendo ser ao vivo ou gravado.

operador de caracteres, entre outros). EXIBIÇÃO/ PUBLICAÇÃO Cada usuário colaborador publica na Web a notícia e um revisor ou editor do veículo avalia e julga se pode publicar no site ou portal.

Transmissão terrestre, satélite ou cabo a partir de uma infraestrutura de estação de TV.

O usuário editor-chefe faz o upload da edição do programa após concluir a montagem. A transmissão pode ser TV Digital através de IPTV ou via Web no ambiente da Videoteca da Comunidade responsável pelo telejornal. Também o produto produzido pode ser veículo parte ou todo numa emissora de TV.

Tabela 2: Tabela comparativa dos modelos de processos na Web e na TV

Após a implementação da ferramenta JCollab e a realização de testes em um primeiro estágio no âmbito acadêmico com a avaliação dos resultados de desempenho dessa proposta produtiva e do comportamento de uso dos estudantes analisados, poderá consolidar melhor a proposta do modelo de processo para que assim num segundo estágio seja testada em uma maior escala de pessoas e num cenário mais amplo. Ou seja, as comunidades não necessariamente precisam ser de estudantes de jornalismo ou profissionais.

A escolha de no primeiro momento os testes se realizem com estudantes se dá a partir do princípio de um conhecimento prévio do processo telejornalístico. Sabe-se que o desempenho da ferramenta apresentará um resultado diverso se for testado com pessoas leigas para a criação e concepção de um telejornal. Mas a escolha é justificada porque se intenciona primeiramente analisar como a proposta de modelo de processo é utilizada por pessoas que conheçam a linguagem jornalística.

Com os resultados obtidos através da aprovação do Projeto JCollab no edital de financiamento da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), a pesquisa poderá ser continuada e assim detectar se há necessidade de ajuste e alterações da proposta de processo projetada nesta pesquisa de mestrado. Após a fase de desenvolvimento e testes, acredita-se que se estruturará um

processo produtivo mais adequado a ser testado pela audiência que nunca estudou ou produziu uma notícia ou telejornal.