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A produção dos serviços de uma edificação baseia-se nos projetos do produto, mas na prática, observa-se pequena participação da equipe de produção no processo de projeto. A falta de comunicação entre equipe de produção e projetistas prejudica a retroalimentação de deficiências de projetos percebidas no canteiro.

A busca por maior eficiência, redução dos custos e melhoria da qualidade na construção das edificações têm levado as empresas construtoras a investir em mudanças, alterando gradativamente seus processos construtivos por meio da implementação de princípios que propiciem uma racionalização das atividades construtivas nos canteiros de obra. Desta forma, torna-se essencial a elaboração dos projetos do produto da edificação dentro do conceito do projeto simultâneo, pois a integração projeto-produção, geralmente realizada por um coordenador de projetos, possibilita antecipação da solução construtiva a ser adotada, proporcionando construtibilidade aos serviços do canteiro, produtividade da mão-de-obra e qualidade do produto final, sendo que a solução adotada não deve ser apenas a melhor para as interfaces em questão, mas para o desempenho global da edificação.

Sem a finalidade de suprir deficiências ou falhas de projetos que proporcione à fase de execução a qualidade e eficiência esperada, o projeto para produção de vedações verticais exerce papel compatibilizador junto aos demais projetos da edificação, possibilitando à coordenação integrar e desenvolver tais projetos, visando à racionalização da produção. Neste contexto, a coordenação de projetos assume um papel gerencial, enquanto a compatibilização um aspecto técnico ao identificar interferências projetuais.

Da realização de obras incorporadas, ou para clientes particulares, no que tange a execução das soluções adotadas nas interfaces da alvenaria de vedações, a análise do estudo de caso possibilita identificar situações distintas para a empresa pesquisada. Ao executar obras para terceiros (obras B e C), a construtora fica restrita à produção da edificação ao receber os projetos do produto concluídos, “prontos” para a execução, mas para o empreendimento incorporado (obra A), nota-se que a direção técnica da empresa tende a valorizar o processo de projeto do edifício como estratégia de execução da construção, disseminando para o escritório responsável pela elaboração do projeto para produção de vedações verticais suas técnicas construtivas.

A vantagem dos projetos revisados da obra A terem sido entregues com antecedência e o fato da elaboração do projeto para produção de vedações verticais realizar uma análise prévia das interfaces da alvenaria fez com que as tomadas de decisões no canteiro fossem minimizadas nos pavimentos-tipo, possibilitando melhor planejamento da produção.

A cultura da empresa construtora mostra-se falha ao realizar a contratação do projeto para produção de vedações verticais apenas para os pavimentos-tipo, prejudicando a compatibilização das interfaces da alvenaria nos demais pavimentos ao deixar para o canteiro a responsabilidade de decisão da solução construtiva. A solução adotada pode-se mostrar onerosa quando comparada aos benefícios (construtibilidade, desperdício de materiais e mão- de-obra) da contratação do projeto para produção de vedações verticais para os pavimentos não repetitivos.

A prática produtiva de execução de obras também pode contribuir numa retroalimentação de informações junto ao responsável pela elaboração do projeto para produção como na definição de interfaces da alvenaria de vedação com outros subsistemas ao sugerir soluções construtivas, talvez, mais racionalizadas do que a utilizada na interface alvenaria/esquadrias da obra A, a qual utiliza grapas para o chumbamento lateral dos contramarcos, cujo processo executivo exige retrabalho.

A realização de obras para terceiros deste estudo de caso, obras B e C, evidencia certa dissociação projeto-produção, pois a empresa construtora é contratada apenas para a realização da edificação, não participando da elaboração dos projetos do produto. Assim, o processo do projeto não é considerado como uma atividade estratégica de execução da construção pela falta de uma coordenação atuante, impossibilitada de introduzir a tecnologia construtiva da empresa construtora.

O projeto para produção de vedações verticais da obra B, contratado em estágio avançado da obra, possibilita apenas identificar interferências da alvenaria de vedações verticais com demais subsistemas por meio da sobreposição dos projetos do produto, elaborados de forma seqüencial.

Nota-se para algumas paredes da obra B execução das modulações horizontal e vertical com juntas verticais espessas e blocos compensadores na base, respectivamente. Nestas situações, a falta de construtibilidade oferecida ao canteiro repercute diretamente na perda de

produtividade pela falta de padronização de execução dos serviços. Desta forma, a compatibilização de interfaces pela sobreposição de projetos permite identificar que o detalhamento construtivo adotado nem sempre seja proposto da forma mais conveniente, mas adaptado.

Porém, mesmo perdendo potencial de racionalização pela contratação atrasada do projeto para produção de vedações verticais, a sua elaboração foi de suma importância para o canteiro da obra B ao introduzir benefícios, quando da identificação e definição de detalhes construtivos e especificações de materiais e técnicas construtivas adotadas nas interfaces da alvenaria de vedações.

A falta de identificação de prioridades e diretrizes executivas por parte do contratante, somados a elaboração seqüencial dos projetos do produto e a forma de contratação por pacotes (fast-track) da obra C dificultaram a incorporação de aspectos e detalhes construtivos nos projetos com relação à qualidade da edificação, visto que a colaboração dos agentes envolvidos ocorreu de forma isolada e independente.

A ausência de um agente coordenador propiciou que a colaboração independente dos projetistas buscasse interesses individuais, ao invés de objetivos comuns na elaboração de seus projetos, repercutindo na falta de integração com o processo de produção e construtibilidade nas soluções adotadas. Desta maneira, a obra C apresenta-se como uma obra atípica, na qual a forma desordenada de contratação dos projetos refletiu na subdivisão de execução dos serviços, em pacotes, nem sempre seguindo uma seqüência lógica de execução. A perda da visão sistêmica da obra C, ao executar o subsistema vedações verticais antes da contratação das instalações (elétricas, hidráulico-sanitárias, gases medicinais e ar condicionado), dificultou planejar a execução e padronizar detalhes construtivos das interfaces da alvenaria de vedações, gerando incertezas trazidas pela incompatibilidade entre as partes do edifício, no momento da execução da obra.

O desenvolvimento deste trabalho permite que sejam propostas sugestões de temas para novos estudos relacionados às vedações verticais e suas interfaces em um maior número de empresas construtoras, com o intuito de analisar as soluções e detalhamentos construtivos adotados pelo subsetor edificações. Além destes, outros estudos podem ser propostos, como:

¾ Desenvolver estudo relacionado com as alternativas de contratação de obras e suas conseqüências na produção das vedações verticais.

¾ Desenvolver um banco de dados de informações das soluções técnicas adotadas nas interfaces da alvenaria de vedações que proporcionem maior construtibilidade numa empresa construtora, objetivando a retroalimentação em projetos futuros que caracterizem os empreendimentos da empresa.