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Considerações sobre a execução do curso híbrido

No documento 2018FrancieleForigo (páginas 111-115)

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2 O Curso híbrido: descrição da execução das etapas

5.2.1 Considerações sobre a execução do curso híbrido

Em ambas as Etapas, os objetivos propostos, tanto no nível de conhecimento quanto no âmbito metodológico e tecnológico, foram alcançados à medida que os participantes se envolviam com as demandas do curso.

As estratégias de MAs utilizadas, focadas na resolução de problemas, deram conta de problematizar situações próximas da convivência dos estudantes, permitiram uma atuação autônoma e proporcionaram momentos colaborativos de troca de conhecimentos. Na Etapa I, a atividade central girou em torno de um problema mais abrangente e a solução requisitou uma pesquisa de campo e uma produção tecnológica. Na Etapa II, disponibilizaram-se mais problemas e, portanto, mais delimitados. A solução ocorreu pelo levantamento de informações sobre a prática de diferentes profissões com a elaboração dos mapas de risco para as situações representadas.

Percebemos que a atuação dos participantes durante a Etapa I foi mais intensa do que a Etapa II, principalmente, no que diz respeito à organização enquanto grupos de trabalho. Nessa Etapa, foram necessários momentos frequentes de interação e colaboração entre os membros para a sistematização das informações coletadas com a entrevista, e posteriormente, para a idealização da produção audiovisual. Na Etapa II, os grupos primaram pela distribuição das tarefas entre os membros, facilitando a ocorrência de momentos a distância, o que de forma alguma limitou o alcance da solução final. Portanto, as atividades das duas Etapas, promoveram um ambiente ideal para a efetivação de um curso de Ensino Híbrido, pois viabilizaram uma mudança na dinâmica da sala de aula, na atuação da professora pesquisadora, além de oportunizar a prática de diferentes desempenhos pelos participantes.

Visualizamos que, embora a mudança de um ambiente centrado no professor para outro, centrado no estudante, tenha trazido determinados desconfortos para alguns, também introduziu um ânimo em razão das atividades desafiadoras que tiveram que realizar.

Ressaltamos também que os cronogramas de atividades das Etapas foram instrumentos importantes para a organização didático-pedagógica, pois, por mais que os participantes atuaram com maior autonomia na execução do curso, os cronogramas tiveram a função de impor um ritmo de trabalho aos grupos, que foi propício para ajudá-los a conduzir os processos de aprendizagem. Mas, vale destacar ainda, o papel da professora pesquisadora, que conduziu com os participantes o cumprimento dos cronogramas. Nesse sentido, é também responsabilidade do professor, quando trabalhar com MAs, dosar a quantidade de informações, pois assim, “a situação de aprendizagem será mais eficaz se o professor gradua

ou distribui melhor a nova informação, de forma que não sature ou exceda os recursos cognitivos disponíveis dos estudantes” (POZO, 2002, p. 103).

Para todas as atividades dos cronogramas foram criadas oportunidades e disponibilizado tempo para que fossem efetuadas pelos participantes. No entanto, também cabe-nos reconhecer que a falta de experiência da professora pesquisadora com MAs, pode ter influenciado o desfecho das atividades com o PBL, pois a atividade de autoavaliação (Atividade 13), não foi realizada dentro do período das Etapas, apenas situações para avaliar os colegas, conforme trouxemos acima. O processo de autoavaliação só foi concretizado no final do curso, quando realizado o grupo focal e aplicado o questionário autoavaliativo.

Por isso, apontamos que a organização didático-pedagógica da nossa experiência poderia fornecer um processo autoavaliativo mais consistente, que primasse por feedbacks significativos uns aos outros. Conforme as MAs, principalmente no PBL, quando uma tarefa colaborativa tiver sido completada, os estudantes devem ser encorajadas a avaliar o desempenho de seus colegas de equipe e de si próprio (PALLF; PRATT, 2015).

Em relação à conscientização dos participantes quanto suas atribuições e afazeres no curso, o preenchimento e atualização do Formulário DDA (Atividades 4 e 10) executado nas Etapas I e II, mostrou-se mais efetivo do que o incremento da webmix do Symbaloo realizado na Etapa II (Atividades 2 e 8). Como os grupos já vinham utilizando o Formulário DDA para lançar as informações desde a Etapa I, o Symbaloo surgiu como algo a mais, não tendo uma aceitação adequada por todos os participantes. Por isso, na nossa experiência, a utilização e operacionalização do Google Drive, através da pasta compartilhada do “Curso On-line de Segurança do Trabalho”31

, foi bem mais aderida pelos participantes do que o Symbaloo. Nessa pasta, encontram-se todos os Formulários DDA, além de diversos arquivos produzidos e manuseados pelos grupos.

Porém, alguns participantes incrementaram suas webmix deixando registradas suas opções de pesquisa, reflexão e compartilhamento, que representou os seus PLEs. Ao propormos o uso do Symbaloo vislumbramos a possibilidade de tornar visível e analisável a constituição do PLE de cada participante, já que o Formulário DDA representou as informações dos grupos e não dos membros individualmente. A principal atribuição do

Symbaloo é permitir armazenar em um único local todos os conteúdos e ferramentas de

interesse, o que permitiu aos participantes, que o usaram de forma adequada, executar a

31

função de curador de informações32, criando seu próprio repositório com links e aplicativos utilizado com maior frequência, denominados de e-portifólio.

A Figura 5.2 mostra a organização da webmix de um participante, pela qual podemos observar que além dos blocos que estão relacionados com o assunto do curso, são referenciados blocos de interesse pessoal. Conforme orientamos, tudo aquilo que haviam considerado importante sobre o curso de Segurança do Trabalho poderia ser inserido na

webmix.

Figura 5.2: Webmix com a formação do PLE de um participante.

Fonte: <https://www.symbaloo.com/home/mix/camilagibbert>.

Ao realizarmos uma avaliação no âmbito de utilização e operacionalização o Google

Drive, através da pasta compartilhada do “Curso On-line de Segurança do Trabalho”,

percebemos que ele teve uma maior adesão durante a realização das atividades pelos grupos, do que o Symbaloo.

Ainda, identificamos os elementos que possibilitaram a formação do PLE dos grupos, resgatando as estratégias de pesquisa, reflexão e compartilhamento operadas durante as etapas do curso híbrido e apoiadas pela produção das soluções das atividades propostas. Para evocar as estratégias são necessárias aptidões e habilidades específicas, tanto tecnológicas como sociais e atitudinais. Verificando os recursos e ferramentas que os grupos utilizaram para acionar as estratégias de pesquisa e de compartilhamento, observamos que elas foram semelhantes na maioria dos grupos. A maior diversidade aconteceu perante as estratégias de

32

O termo curador de informações ou curadoria de informações ou conteúdos surgiu com a expansão da web 2.0 e em função da imensa quantidade de informações disponível. Assim, um curador de informações é responsável pela organização de informações relevantes como um filtro em meio ao crescimento exponencial de geração de dados.

reflexão da Etapa I, em razão da liberdade fornecida aos grupos para criar as suas produções de acordo com suas preferências tecnológicas e também, pelo formato de atividade solicitada. O Quadro 5.3 traz os recursos que os grupos fizeram uso e que compuseram as estratégias de constituição do seu PLE nas Etapas I e II.

Quadro 5.3: Estratégias para a constituição de PLE adotadas pelos grupos. Curso Estratégias de pesquisa Estratégias de reflexão Estratégias de compartilhamento Etapa I Google, Youtube, Entrevista, Blogs, Livros Relatórios e Formulários: Drive, Editor de texto Produção audiovisual: Smartphone, Photoshop CS6, Sony Vegas Pro 12, Adobe Premiere Clip, Filmora, VideoLab, Premiere Pro, KineMater, VivaVideo, Tumblr (blog) Apresentação para a turma, Drive, Youtube, WhatsApp, E-mail, Blog Etapa II Google, Youtube, Pinterest,

Buzz Feed (site de notícias), WordReference (dicionário), Pessoas conhecidas, Blogs, Livros Relatório e Formulários: Drive, Editor de texto Produção mapas de riscos: Editor de Texto Photoscape, Power Point, Paint, Photoshop, Corel Draw Apresentação para a turma, Drive, WhatsApp, E-mail, Symbaloo, Blog

Fonte: Elaborado pela autora.

Assim, concluímos que os grupos conseguiram estruturar o seu PLE, visto que as MAs contribuíram para isso, pois mobilizaram a participação ativa dos participantes e permitiram um domínio maior sobre aquilo que precisavam para conduzir seu percurso de aprendizagem.

5.3 Manifestações das categorias de análise no curso híbrido

Para compor essa fase da análise destacamos aspectos relevantes a partir das observações e dos apontamentos realizados pela professora pesquisadora durante o acompanhamento das atividades realizadas pelos participantes, das informações contidas no Formulário DDA preenchido pelos grupos, e pelas considerações do grupo focal pertinentes a esse momento. Isso, com o foco principal de identificar como ocorreram as manifestações das categorias de análise prévias, relacionando-as à metodologia aplicada e aos recursos tecnológicos utilizados.

Antes de passarmos para a verificação qualitativa das categorias de análise, adotamos uma abordagem quantitativa, a partir de um processo de codificação. A codificação retrata uma transformação dos dados brutos encontrados nos conteúdos das respostas e que por meio de “recorte, agregação e enumeração, permite atingir uma representação do conteúdo ou da sua expressão, [...]” (BARDIN, 2011, p. 103). Assim, partindo do conceito central de cada uma das quatro categorias de análise prévias, elegemos possíveis elementos que pudessem ser encontrados no Formulário DDA e também resgatados das observações da professora pesquisadora durante a execução das Etapas do curso híbrido.

Dessa forma, identificamos algumas ações pertinentes em cada categoria, assim como estipulamos uma pontuação e apontamos o meio onde elas foram registradas ou efetuadas. O Quadro 5.4 mostra a definição desses critérios.

Quadro 5.4: Ações de verificação das categorias de análise. Categorias Ações de verificação do Formulário DDA e da observação nos momentos presenciais

Pontuação Presencial (P)

On-line (O)

Interação Criação de grupo virtual para comunicação. 1 O

Comunicação por vídeo. 1 O

Comunicação virtual como professor. 1 O

Interação na sala de aula – momentos presenciais. 1 P PLE: Estratégias de Compartilhamento Recursos digitais 1 O Pessoas consultadas 1 P

Colaboração Reuniram-se em momentos fora da sala. 1 P

União em sala de aula. 1 P

Demonstraram consenso e diálogo no grupo. 1 P

PLE: Estratégias de Compartilhamento

Recursos digitais 1 O

Pessoas consultadas 1 P

Autonomia Preencheram o Formulário DDA. 1 O

Produziram algum outro documento não solicitado. 1 O PLE: Estratégias de pesquisa Links registrados 1 O Pessoas consultadas 1 P

Reflexão Definiram metas e submetas. 1 O

Registraram um plano de como resolveram os problemas ou os casos.

No documento 2018FrancieleForigo (páginas 111-115)