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No que se refere a validade nos estudos de caso, Johnson (1997) afirma que o termo validade é utilizado para verificar se a pesquisa é plausível, aceitável, confiável e portanto defensável. Mentzer e Flint (1997) destacam que a validade de uma pesquisa pode ser caracterizada como um conjunto de procedimentos utilizados para garantir sua conclusão com segurança. Para Cozby e Bates (2015) a validade refere-se a verdade ou precisão dos achados de pesquisa. Neste sentido,

Gibbert, Ruigrok e Wicki (2008) destacam que a condução de um estudo de caso deve garantir três tipos de validade: validade interna, validade externa e validade de constructo. Yin (2015) caracteriza os tipos de validade do seguinte modo:

- Validade interna: refere-se à precisão das conclusões sobre causa e efeito;

- Validade externa: diz respeito à possibilidade de generalizar os achados de um estudo para outras populações e configurações;

- Validade do constructo: estabelecer medidas operacionais corretas para os conceitos que estão sob estudo.

Para Cozby e Bates (2015) a validade interna é a capacidade de tirar conclusões sobre as relações causais dos resultados de um estudo. Um estudo tem alta validade interna quando podem ser feitas fortes inferências que uma variável causou mudanças na outra variável. Desta forma – de acordo com Johnson (1997) - é necessário evitar interferências de variáveis espúrias que podem afetar os resultados observados. Os efeitos indesejáveis podem ser causados por variáveis que não pertencem ao objeto ou por incorreções de avaliação das variáveis.

Visando garantir a validade interna, foram utilizados procedimentos de triangulação, que de acordo com Mentzer e Flint (1997), utiliza múltiplas fontes de análises de um fenômeno, usando os diferentes métodos discutidos (pesquisas, entrevistas, estudos de caso e modelagem). Neste estudo foram utilizadas a triangulação através dos mesmos instrumentos, empresas relevantes no mercado de moda (considerando o faturamento e a quantidade de lojas), o feedback dos entrevistados acerca da avaliação dada pelo pesquisador e a revisão por pesquisadores.

A validade externa refere-se à capacidade de generalização dos resultados para outros contextos. Esta validade depende da possibilidade de comprovar que os resultados não dependem unicamente do caso estudado, mas de princípios gerais que podem ser encontrados em outros objetos similares (COZBY; BATES, 2015; VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002). Um modo de garantir a validade externa de um estudo de caso é utilizando replicação lógica em vários casos. Para Yin (2015) críticos consideram que o estudo de caso único possui uma base muito pobre para poder ser generalizada. Entretanto, o estudo de caso baseia-se

em generalizações analíticas. Isto significa que o pesquisador tenta generalizar um conjunto particular de resultados a alguma teoria mais abrangente. Larsson e Lubatkin (2001) destacam que apesar de suas limitações, o estudo de caso tem vantagens interpretativas substanciais para padronizar e generalizar os achados além dos limites da pesquisa empírica considerada. Stake (1990) e Flick (2004) argumentam que alguma generalização é possível quando há semelhanças entre as unidades de análise. Quanto mais semelhantes, mais defensáveis são. Assim, para garantir a validade externa deste trabalho, foi utilizada a lógica da replicação, descrita por Gray (2012) e Yin (2015). Foram consideradas seis empresas de varejo, com importância no mercado de moda, diferentes nacionalidades, com alguma semelhança, que foram estudadas, chegando a conclusões de análises cruzadas.

A validade do constructo refere-se à qualidade da conceituação e operacionalização do que o caso afirma investigar (GIBBERT; RUIGROK; WICKI, 2008). Yin (2015) estabelece táticas para garantir a validade do constructo: utilizar fontes múltiplas de evidências; estabelecer o encadeamento de evidências e um rascunho do relatório é revisado por especialistas. Foram consideradas evidências de diferentes empresas, pelo menos dois respondentes de cada empresa, revisão da literatura, entrevistas com especialistas no assunto e comparação dos resultados com os resultados finais.

O propósito da confiabilidade, de acordo com Yin (2015), é minimizar os erros e vieses que podem ter no estudo de caso. Para Gray (2012) a confiabilidade refere-se a estabilidade das conclusões do estudo. Para a maior parte das abordagens qualitativas, a confiabilidade pode ser aumentada pela triangulação, utilizando-se múltiplas fontes e ferramentas de coleta de dados.

O Quadro 13 apresenta um resumo dos critérios para garantir a qualidade da pesquisa conduzida neste estudo.

Quadro 13 – Critérios para garantir a qualidade da pesquisa científica

Validade interna e externa

A validade de uma pesquisa pode ser caracterizada como um conjunto de procedimentos utilizados para garantir sua conclusão com segurança. Pode ser interna, quando é possível fazer inferências robustas na relação causa- efeito entre variáveis; e externa, quando as descobertas do estudo de caso são generalizáveis, ou seja, seus resultados são aplicáveis a outros casos.

Validade do Constructo

Refere-se à qualidade da conceituação e operacionalização do que o caso afirma investigar (GIBBERT; RUIGROK; WICKI, 2008). Algumas técnicas são utilizadas para garantir a validade do constructo: utilizar fontes múltiplas de evidências; estabelecer o encadeamento de evidências e um rascunho do relatório é revisado por especialistas

Confiabilidade

Um estudo com alta confiabilidade pode ser replicado por outros pesquisadores, sendo que o objetivo é garantir que o outro pesquisador possa chegar aos mesmos resultados, para tanto se utiliza o protocolo de pesquisa (YIN, 2015).

Fonte: Elaborado pelo Autor (2019)

Assim, o pesquisador deve registrar todos os procedimentos adotados neste trabalho:

− Questão de pesquisa: quais são as dimensões competitivas priorizadas da moda no varejo tradicional e FF?

− Objetivo: Avaliar as dimensões competitivas da moda no varejo tradicional e no FF;

− Principais assuntos tratados na pesquisa: dimensões competitivas, cadeia de suprimentos, varejo, inovação, FF, comportamento do consumidor, estratégia e design;

− Período: agosto/2018 a janeiro/2019;

− Casos: 02 empresas da cadeia do varejo de moda tradicional e 04 empresas que operam o FF;

− Técnicas de pesquisas: pesquisa qualitativa exploratória e priorização de indicadores com AHP;

− Validade interna: triangulação, feedback dos participantes na discussão e revisão por pares e especialistas;

− Validade externa: seis empresas de varejo, no mínimo dois respondentes por empresa, discussão dos resultados com os especialistas;

− Confiabilidade dos achados: os mesmos instrumentos de coleta foram utilizados em todos os casos, com a mesma escala de medida; dois respondentes participaram em cada caso, garantindo triangulação e precisão; os comentários finais dos entrevistados foram levados em consideração nas análises e conclusões;

− Empresas com atuação no mercado nacional e internacional foram selecionadas para aumentar a validade interna dos resultados e para evitar a influência de um único país nos resultados finais;

− Diferentes papéis nas empresas foram envolvidos nas entrevistas para obter pontos de vista diversificados;

− A coleta de dados foi baseada em entrevistas semiestruturadas, aplicação da ferramenta AHP e análise de fontes secundárias (por exemplo, sites de empresas, documentos internos, estudos de caso secundários – que foram citados ao longo de texto e nas referências) para assegurar a triangulação dos dados.