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3 A EXPERIÊNCIA REALIZADA

3.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

109 português brasileiro. Na sequência, fizemos a leitura de textos publicados em jornal escrito e em jornal on line, observando as características próprias de cada suporte.

Após realizamos a leitura de um texto literário, que ao mostrar o uso artístico da língua portuguesa, permitiu a culminância das atividades com a produção escrita dos alunos sobre a importância de aprender português e usá-lo adequadamente.

Nas aulas seguintes atendi a uma solicitação dos alunos e fizemos um breve estudo sobre o movimento romântico brasileiro, enfatizando as três gerações da poesia. Em seguida, abordamos algumas estrofes de “Os Lusíadas”, pois os alunos sabiam que essa poesia era requerida para o vestibular da UFRGS, o qual era almejado por alguns.

Após essas atividades criadas e desenvolvidas em decorrência dos pedidos dos alunos, realizamos uma aula diferenciada e multidisciplinar com literatura e música, a qual será mais detalhada no item Considerações sobre as Atividades Desenvolvidas, juntamente com o relato e análise de uma aula com contação de histórias. O último trabalho do semestre enfocou poesias do período modernista, de autores conhecidos nominalmente pelos alunos: Drummond, Vinícius e Cecília Meireles.

110 Portanto para iniciar o trabalho de Literatura busquei uma aproximação ao mundo oral conhecido dos alunos. As cinco primeiras oficinas, no primeiro semestre, tiveram um caráter lúdico e informal. Abordamos alguns gêneros conhecidos pelos alunos: Acalantos, Brincos, Mnemônias, Parlendas, Adivinhas, Travalínguas, Cantigas de roda. Descobrimos que mesmo conhecendo muitos exemplos de cada gênero, os alunos não sabiam nomeá-los e até confundiam uns com os outros. A ênfase nesses encontros foi dada à atividade oral, mas em alguns momentos fizemos registros escritos.

Na sexta oficina, fizemos a leitura livre do Jornal da Universidade. Para essa atividade distribuí uma cópia para cada aluno e deixei-os a vontade, sem interferência, sem tarefa a cumprir. Aproveitei a oportunidade para circular entre as classes e observar a forma como manuseavam o jornal e os pontos que despertavam interesse. Com a observação atenta foi possível verificar que poucos tinham acesso a jornais e que era mais reduzido ainda o número de leitores frequentes. Alguns nem sabiam que o jornal é organizado em seções, apresenta editoriais, artigos e reportagens. Combinamos, ao final da aula, que todo mês quando o Jornal chegasse à escola, seria distribuído para que levassem para casa.

Nas quatro oficinas seguintes, fizemos várias atividades com lendas. No primeiro encontro levei cópias de várias lendas e fizemos a leitura oralizada, com discussão dos textos. No segundo, lemos “O Negrinho do Pastoreio”, discutimos as diferentes versões que os alunos conheciam, fizemos resumos orais e registramos por escrito um deles. Para o terceiro encontro foi combinado com antecedência que eu levaria até a sala de aula várias cópias da obra de Antônio Fagundes, e os alunos poderiam ler os textos que desejassem, pois até então haviam copiado do quadro algumas informações e recebido cópias de textos. Para minha surpresa, os alunos levaram chimarrão para a aula, e tiraram fotografias. Organizamos um círculo, lemos lendas sulistas, estabelecemos relações com outras histórias conhecidas. Os alunos contaram mais histórias do que previmos e não sentimos o tempo passar. Quando bateu o sinal para terminar o encontro, estávamos tão envolvidos que continuamos mais um tempo conversando.

111 Nessa terceira oficina de lendas, prevalesceu um tom de informalidade, um pouco diferente dos encontros anteriores, como se não fosse uma aula, mas um encontro gauchesco, com roda de chimarrão e conversas. Desse fenômeno de identificação, surgiram manifestações de todos os alunos, quer fazendo perguntas, quer lendo, quer comentando aspectos relacionados à região do estado na qual as lendas lidas se difundiram mais. Foram destacados aspectos de religião e de costumes, identificados povos e regiões. No quarto encontro, novas leituras de lendas, agora de outras regiões brasileiras e delas se destacaram as características próprias, a linguagem, os costumes.

O resultado dessas oficinas desencadeou uma proposta realizada no semestre seguinte: um trabalho interdisciplinar de Língua Portuguesa, Língua Espanhola e Literatura, como uma tarefa de EAD, abordando lendas semelhantes em espanhol e português, a qual está mais detalhada após as considerações sobre as atividades desenvolvidas de Literatura, ao final dessa seção.

Assim, o trabalho com lendas em sala de aula se mostra extremamente proveitoso, uma vez que o aluno se sente parte integrante do processo de aprendizagem; logicamente, se o professor reconhecer e respeitar os saberes que o aluno traz consigo e lhe permitir livre manifestação.

Contada, ou lida, a primeira lenda, o processo de novas contações se desenrola rapidamente. Todos têm uma história para contar ou querem contar outra versão daquela que o colega já contou. Mesmo os mais quietos em algum momento da conversa se manifestam, acrescentando detalhes, modificando circunstâncias ou negando fatos.

Cabe ao professor pensar nas estratégias adequadas a cada situação, pois o desenvolvimento de um processo como esse pode passar rapidamente às mãos dos alunos, fato que lhes permite tornarem-se agentes do seu processo de aprendizagem.

Ao contar as “histórias” que conhecem, os alunos logo se dão conta de pontos em comum e de singularidades. Se o professor proporcionar condições, as trocas podem ser grandes.

112 Além disso, a experiência que adquiri, atuando no magistério como professora de língua materna desde 1978, e, especialmente durante vinte anos com adultos, me faz enfatizar outro fato interessante. Seguidamente ocorre em sala constituída por um grupo heterogêneo, como é o caso das turmas pesquisadas, a presença de algum aluno que tenha vindo de uma região distante ou até desconhecida dos demais. Isso levará à narrativa de outras lendas, conhecidas ou não, semelhantes ou não, enriquecendo as trocas e permitindo um gancho ao professor que poderá abordar aspectos como o uso de vocabulário, verificação de costumes, tradições, crendices populares.

As constatações de que cada região tem seu próprio conjunto de lendas e de que de um lugar para outro pode haver semelhanças produz nos educandos um sentimento de pertencimento à sociedade da qual fazem parte. Esse espírito leva a valores sociais mais significativos e, consequentemente, à construção de cidadania, que é um dos papéis do professor em sala de aula, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais.

A riqueza de opções que esse gênero textual oferece ao professor como ponto de partida para muitos tipos de trabalhos em aula e extraclasse, além de garantir a atenção do aluno nas atividades, oportuniza a aquisição e/ou reconhecimento dos saberes populares e a vinculação com a realidade.

Nesse sentido, penso que o trabalho com lendas cumpriu os requisitos a que o trabalho se propunha: o resgate da oralidade como forma de introdução ao trabalho com o texto escrito mais complexo e o fato de que os textos das lendas geralmente são curtos, possibilitando a abordagem de um texto ou até mais de um em um encontro.

Esses dois aspectos juntos se tornaram uma valiosa opção, ampliaram o espectro de conhecimento dos alunos, mostrando a riqueza do folclore.

Outro trabalho que quero destacar ocorreu no final do primeiro semestre, precisamente nas duas últimas aulas. Em horário regular tivemos dois encontros, nos quais se realizou uma atividade interdisciplinar com um tema levantado em uma das aulas do semestre: água.

113 Fiz a escolha de textos de diferentes gêneros que abordavam o tema, reuni e reproduzi as cópias para os alunos em papel A3. Discutimos os textos um a um após a leitura. Os diferentes pontos de vista selecionados visavam a atingir uma grande abrangência para dirimir as dúvidas em torno do assunto: definição inscrita no dicionário, aspectos que envolviam geografia, história, mitologia, religião, ciências naturais, folder de propaganda, rótulo de garrafas.

Se levarmos em consideração que os outros cursos oferecidos pela escola já estavam em recesso na segunda e terça-feira desses dois encontros, dias 16 e 17 de julho, posso dizer que o tema foi um dos grandes motivadores da presença maciça dos alunos em aula.

Quanto ao segundo e ao terceiro semestres, como já foi dito, a literatura passou a ter um lugar no horário regular do Bloco Comunicação junto às disciplinas de Língua Portuguesa e Língua Espanhola. Assim, os horários seriam combinados semanalmente pelos professores do Bloco Comunicação. No entanto, após as duas primeiras semanas, os alunos solicitaram que fosse estipulado no início de cada mês o calendário mensal. Além disso, quero ressaltar que, como eu estava todas as noites na escola em função da demanda de atividades da coordenação, quando algum professor faltava, eu fazia a substituição.

Portanto, de agosto a dezembro aconteceram quatro encontros programados nas sextas e dois nas segundas-feiras, e em cinco quintas-feiras tivemos aulas extras.

Por essa razão tivemos mais encontros do que o previsto no início do semestre, o que foi altamente produtivo. No primeiro encontro fizemos uma retrospectiva do que havíamos visto no primeiro semestre.

As leituras das três aulas seguintes giraram em torno de três gêneros: Fábulas, Apólogos e Parábolas. Feitas as leituras oralizadas, que era sempre a preferência dos alunos, se faziam discussões sobre a temática e o gênero abordado, estabelecíamos comparações com outros gêneros, destacávamos os recursos de linguagem observados pelos alunos. Todo o trabalho foi registrado por escrito, mas a ênfase recaiu na atividade oral.

114 A quinta e a sexta aula do semestre foram combinadas com antecedência: levei para a sala de aula em torno de 50 livros do gênero Contos de fada, sendo vários com a mesma história, porém, versões diferentes. O grupo fez um círculo e colocamos os livros sobre uma mesa no centro. Ficaram livres para pegar, trocar, ler, olhar, enfim manusear como quisessem e por quanto tempo desejassem. Depois de vinte minutos começaram a conversar sobre o que estavam lendo. Descobriram que havia livros com o mesmo título, mas as histórias tinham diferenças. Discutimos essa descoberta, o que levou alguns a lerem outras versões.

Comentaram sobre as imagens dos livros, a quantidade de texto nas páginas.

Aos poucos fui fazendo perguntas para destacar aspectos da simbologia nos contos e levá-los a pensar quem contava essas histórias antigamente. Alguns alunos haviam assistido ao filme dos Irmãos Grimm e levantaram questões sobre a escrita dos contos. Aproveitei a oportunidade e falei dos registros dos Irmãos Grimm e de Perrault, contextualizando-os brevemente, para que entendessem as diferentes versões das histórias que haviam lido.

Na aula seguinte, véspera do feriado de Finados, tivemos um aula extra e o grupo de alunos estava reduzido. Aproveitamos e fizemos um resumo em grupo do conteúdo que havíamos trabalhado no segundo semestre.

Nos dois encontros seguintes trabalhamos com o texto A Moça Tecelã de Marina Colassanti. Os alunos pediram que a leitura fosse feita por mim e depois que tivessem um tempo para ler sozinhos. Discutimos as ideias que surgiram da leitura do texto, a linguagem, a significação de certas palavras conotativas, comparamos com as realidades que eles conheciam. Após essas discussões um aluno perguntou porque nunca fazíamos ficha de leitura nas aulas. Em seguida, vários se mostraram interessados em realizá-la. Combinamos que na aula seguinte faríamos uma. Preparei algumas questões para abordar a partir das discussões que já tínhamos feito e aproveitei a oportunidade para mostrar aspectos como a indicação da bibliografia, a confecção de capa, enfim aspectos físicos de um trabalho acadêmico, para que

115 usassem esses novos conhecimentos nos trabalhos que tinham que apresentar para cumprir as tarefas de EAD35 de todos os Blocos.

A experiência da ficha de leitura foi marcante, uma vez que os alunos não esperavam as perguntas de interpretação que foram feitas. Deixaram isso claro, enquanto realizavam o trabalho, comentando que as fichas de leitura que já haviam feito tinham perguntas técnicas sobre a obra e questões gerais, como: quais as personagens e o tema da história. Portanto, discutir pontos de vista, dar opinião, perceber relações de sentido ou apontar as possibilidades de estabelecer múltiplos significados para o que estava dito não correspondia ao trabalho que conheciam e mostraram bastante dificuldade em realizá-lo. Sobre este trabalho falarei mais na seção 3 – Comentários sobre o trabalho realizado.

Para que realizassem a tarefa que estavam achando difícil, expliquei que o trabalho com leitura bem elaborado tinha o privilégio de levá-los a outro patamar de entendimento do texto, pois a leitura é muito mais do que simples decodificação, já que permite ao ser humano entender sua posição em relação ao mundo, ver-se como sujeito de seus saberes e de sua inserção social.

Nos dois últimos encontros do semestre foram trabalhados os textos “No Retiro da Figueira” de Moacyr Scliar e “Antes do Baile Verde” de Lygia Fagundes Telles, os quais foram comparados de imediato com a realidade próxima dos alunos. O resultado do caminho percorrido começou a aparecer nessas aulas: após a leitura, os alunos começaram a conversar sobre o que tinham entendido, destacaram aspectos que lhes instigaram, estabeleceram contrastes entre algumas situações e compararam outras.

O texto “No Retiro da Figueira”, permitiu um debate sobre a violência, os subterfúgios usados pelos bandidos para enganar as pessoas, levantaram a questão dos sequestros, em especial os sequestros-relâmpagos, que estavam acontecendo

35 Os alunos realizaram a cada semestre quatro trabalhos a distância, os quais corresponderam a tarefas organizadas pelos Blocos de Comunicação, de Ciências Exatas, de Ciências Humanas e de Expressão e Movimento, de modo a contemplar ao menos um aspecto de cada disciplina do bloco.

116 seguidamente naquela época e que estavam em destaque na mídia. Por outro lado,

“Antes do Baile Verde” desencadeou o tema do Carnaval, das cores dos clubes de Porto Alegre, dos desfiles de rua, das fantasias, da importância do carnaval na vida das pessoas, bem como nas das personagens. Enfim, os alunos se sentiram autorizados a falar e relacionar os textos lidos com sua vida e com o que conheciam, criticando aspectos que consideraram negativos e realçando aqueles que enquadraram como positivos. Percebi que o estranhamento causado pelas perguntas reflexivas nas aulas anteriores já não estava mais trazendo desconforto36.

No terceiro semestre, os alunos se sentiram mais autorizados a solicitar tipos de atividades, autores e gêneros que já tinham ouvido falar em algum momento da vida extraescolar, e desejavam conhecer. À medida que iam conhecendo alguns, faziam novas reivindicações, às quais pude atender em função do número maior de encontros que ocorreu. Ressalto, portanto, que os conteúdos trabalhados atenderam mais aos pedidos dos alunos e menos a uma preocupação sistemática de listagem de conteúdos previstos.

Assim, na programação mensal, o Bloco Comunicação realizava suas atividades nas segundas-feiras, nas quais foram previstos dois encontros de dois períodos para as aulas de Literatura. Além disso, tivemos mais quatro extras, em função de substituições nas sextas-feiras e trocas internas do Bloco Comunicação, o que totalizou o número de quatorze encontros. Portanto, nesse semestre em que ocorreu o maior número de aulas de Literatura, acrescido ao fato de que os alunos escolheram os temas e algumas abordagens para as atividades, posso dizer que se tornou o semestre em que houve maior amplitude e abrangência de conteúdos.

O trabalho de literatura do semestre decorreu da leitura dos primeiros encontros: “Nossa Língua” que adaptei de “Nossa Língua Mestiça” de Rafael Capanema e Paula Chiuratto, publicado em Brasil – Almanaque de Cultura Popular. Os enfoques do texto abrangiam os usos da Língua Portuguesa atualmente, sua formação e evolução, as influências de diferentes culturas e línguas. Trabalhamos em dois

36 Anotação no diário de campo de 13/12/2007.

117 encontros com esse texto e levantamos oralmente outros aspectos, além dos citados pelos autores, que diziam respeito à realidade dos alunos.

Nas duas aulas seguintes abordamos outro aspecto da língua, enfocado pelo Jornal da Universidade do mês de março de 2008, no texto: “Quem lê, escreve”

assinado por Jacira Cabral da Silveira e “A import}ncia da escrita correta” do Jornal Paulistano ONLine, de Marcos Meier, publicado em <htpp://blogvisao.wordpress.

com>.

Na quinta aula do semestre realizamos um trabalho escrito, comparando e discutindo os pontos de vista enfocados nas aulas anteriores, bem como levando a um posicionamento em relação ao assunto. A atividade foi particularmente proveitosa, pois o debate teve ampla participação dos alunos e a produção escrita mobilizou a turma no sentido de dar respostas às questões sugeridas como ponto de partida para a discussão em grupo. Na próxima seção, Comentários sobre o trabalho realizado, apresento alguns excertos de depoimentos escritos pelos alunos, os quais exemplificam o resultado do trabalho.

Nos dois encontros seguintes, trabalhamos com alguns aspectos, autores e obras do período Romântico da Literatura Brasileira, a pedido de um grupo de alunos.

Escolhi, para as atividades, autores representativos das três gerações românticas (Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves). Lemos as poesias selecionadas, discutimos a permanência e a inserção social dos temas, o reconhecimento das obras por tão longo período de tempo e a consagração de seus autores. Como tivemos uns minutinhos no final da aula, ainda lemos uma poesia de Casimiro de Abreu.

Uma vez estudando poesia e em função do trabalho realizado com a história da Língua Portuguesa no início do semestre, os alunos levantaram questões relativas à poesia portuguesa. Dois alunos comentaram que Camões estava na listagem de leituras obrigatórias do Vestibular da UFRGS. Lemos, então, na aula seguinte, algumas estrofes de “Os Lusíadas”, comentamos a história narrada na epopéia e acompanhamos a trajetória da narração de Camões no mapa das rotas dos descobrimentos portugueses. A curiosidade do grupo aflorou e tivemos que abordar

118 algumas questões de versificação, uma vez que a poesia camoniana despertou seus interesses nesse sentido.

Outra atividade que ocorreu nesse período e demandou grande preparação foi uma aula integrada dos dois Blocos: ‘Comunicação’ e ‘Expressão e Movimento’. Nas reuniões do grupo de professores, desde o início do semestre, os dois blocos se mostravam interessados em realizar essa experiência. Assim, no mês de maio foi possível organizar um horário com aula de Literatura e de Música no mesmo dia para realizar uma experiência de integração.

Além da organização das atividades como preparação dos materiais e recursos, reserva do auditório, também tivemos o cuidado de motivar os alunos, conversando sobre a relação da Literatura e da Música, visando ao aproveitamento integral, ou mais próximo disso, em ambas as disciplinas.

Para essa aula, todos os recursos disponíveis na escola foram acionados e aproveitados como forma de enriquecimento das atividades: saímos da sala de aula regular e nos dirigimos a um dos auditórios da Escola Técnica, com anfiteatro. Os recursos empregados foram os seguintes: notebook, para filmar a aula e reproduzir músicas; aparelho para tocar CDs; MP3 Player para tocar os hinos; CDs; Partituras, Letras dos hinos e das músicas; Powerpoint; Datashow e Computador; Pendrive;

Software livre Applian FLV Player 2.0; cartolinas e pincéis.

Ocupamos os quatro períodos do turno para as atividades integradas. A introdução dos trabalhos ficou a cargo do professor de Música, o qual usou algumas técnicas de descontração e fez exercícios vocais. Também lembrou aos alunos que toda música cantada tem uma letra, um poema. E, acrescentou:

como poesia e letra também são assuntos da Literatura, sempre podemos fruir e cantar algumas músicas, explorando também seus aspectos literários.

Ou vice-versa: podemos fruir alguns poemas, explorando também seus aspectos musicais. (Bernhard Sydow, professor de música, no momento da contextualização da aula).

119 Na sequência, o professor de música realizou o ensaio dos Hinos Nacional e Rio-Grandense, pois os alunos já estavam se preparando para as formalidades de formatura a serem realizadas no final do semestre. Após o ensaio, tentamos mostrar a forte relação da Música com a Literatura através das intertextualidades que continuamente acontecem e abordamos a semelhança da segunda estrofe do Hino Nacional Brasileiro, escrito para o concurso de 1909, por Osório Duque Estrada, e o poema Canção do Exílio, escrito por Gonçalves Dias em Coimbra em julho de 1843, cuja leitura havia sido feita anteriormente pelos alunos em aula de literatura, quando destacamos o período Romântico. Com esses comentários, surgiu uma discussão sobre plágio, o que levou o professor de música a antecipar a leitura de um artigo de Riograndense de Macedo, publicado no Jornal Zero Hora de 24 de janeiro de 1988. O texto, que já havia sido preparado para trabalho posterior, foi projetado no telão através do Datashow. A seguir, tecemos comentários sobre as versões do Hino Rio-grandense, difundidas em diferentes regiões do estado.

Após essas atividades, passamos a audição da música Se eu morresse amanhã de manhã de Antônio Maria, cantada por Dircinha Batista, em vídeo gravado do Programa do Chacrinha. Depois, relacionamos a música com o poema Se eu morresse amanhã de Álvares de Azevedo, também já visto anteriormente em uma aula de literatura. A partir daí, estabelecemos uma aproximação de textos literários com a cultura popular, destacamos algumas intertextualidades na música ouvida e, na continuação, os alunos foram convidados a cantar também. Alguns alunos compararam também os autores e proporcionaram, desse modo, condições para que os professores projetassem com auxílio do datashow uma breve biografia de Antônio Maria, de Álvares de Azevedo e de Dircinha Batista, contextualizando o trabalho.

A seguir, ouvimos Língua de Caetano Veloso, em CD, que foi originalmente lançada em disco de vinil chamado Outras Palavras em 1981. De posse de uma cópia do texto, a turma foi dividida em grupos para trabalhar as questões relativas à compreensão do texto. Devido à grande intertextualidade da letra da música, os professores organizaram a tarefa de modo a desencadear um processo de busca de sentidos possíveis aos termos pouco comuns ou considerados de difícil entendimento.

Após algum tempo de trocas de ideias, os alunos confeccionaram cartazes,