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Constituição da rede

No documento TURISMO SUSTENTÁVEL NAS MARGENS DO TEJO (páginas 113-118)

4. Estudo de caso

4.6 Optimização de percursos

4.6.2 Constituição da rede

Para a definição dos percursos de bicicleta o Network Analyst precisa de construir uma rede30. Essa rede, constituída por arcos e nós é a “teia” que, ao ser analisada em cada um dos seus arcos e tendo em conta as possibilidades definidas para os seus nós, permite o

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Network – É um sistema de elementos conectados entre si, tais como linhas ligadas a pontos, como sejam auto-estradas ligando cidades, ruas conectadas entre si através de cruzamentos e condutas de águas e esgotos ligadas às casas (ESRI, 2006)

cálculo de rotas com características predefinidas.

Neste texto a palavra rede é utilizada neste sentido sempre que se apresente de forma isolada para a distinção do conceito de rede viária, que constitui um conjunto de segmentos e nós sem topologia31.

4.6.2.1 Rede viária

Os percursos foram calculados tendo em conta a rede viária existente, utilizando dados da SCN 1/10000 os quais foram organizados em rede complementar, rede secundária e rede local, como a seguir se apresenta, tendo sido excluída a rede fundamental (Auto-estradas - AE e Itinerários Principais – IP) por ser incompatível com a circulação de bicicleta.

• Rede complementar – Para esta categoria foram seleccionadas as Estradas Nacionais (EN). A sua inclusão, embora não muito coerente com as orientações estabelecidas para este estudo, foi necessária porque o atravessamento do rio Tejo e Rio Zêzere só assim seria possível. Por outro lado, existem na região EN cujo volume de tráfego é muito reduzido, tornando-se por isso, aptas para ciclovias.

• Rede secundária – Abrange as Estradas e Caminhos Municipais (incluindo arruamentos urbanos) e as designadas Estradas de Utilização Limitada. Estas últimas são, na sua maioria, estradas ou caminhos militares que se encontram abertas, sem restrições, à utilização pública, e que, no caso do concelho de Constância (Sul), nomeadamente entre o apeadeiro de Santa Margarida e o Campo Militar de Santa Margarida, constituem vias estruturantes da rede viária. • Rede Local – Constituída por Outras Estradas e Caminhos, para além dos

referidos, que estabelecem ligações entre explorações agrícolas, unidades residenciais dispersas e as restantes vias. São de extrema importância para o objectivo do nosso estudo de caso, na medida em que garantem a ligação ao rio, bem como a alguns dos pólos estruturantes. Integra, ainda, a rede Florestal que permite um alargamento das alternativas e possui interesse idêntico.

Organizada a informação relativa à rede viária, e de modo a ser possível optimizar os percursos em função dos critérios acima referidos, foi necessário caracterizá-la relativamente ao declive, à visibilidade e à proximidade dos rios.

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“Topologia é a matemática e ciência das relações geométricas utilizada para validar a geometria de entidades vectoriais e para operações tais como traçado de redes e testes de adjacência de polígonos” (Longley et al., 2005: 184).

4.6.2.2 Declive

O declive de uma via é uma questão sempre relevante, mas assume especial relevo quando se trata de a percorrer a pedalar numa bicicleta, assim, a sua inclusão na análise de percursos era inevitável.

Para uma análise correcta deste aspecto seria necessário dispor de dados altimétricos da rede viária, ou seja, para além das coordenadas X e Y, possuir também os valores de Z. Deste modo seria possível determinar com rigor as vias a incluir ou não nos percursos.

Pelo facto de não dispormos destes dados, este trabalho constitui um estudo prévio destes percursos, tendo-se recorrido ao mapa de declives utilizado na análise de aptidão para a localização do parque de campismo. Como foi referido na altura, para a definição do tamanho de célula a considerar no processo de construção do mapa de declives, foi considerada a necessidade de representação da plataforma da rede viária existente, bem como a capacidade de processamento e armazenamento dos dados exigida.

Tendo em conta que, em média, a plataforma (que inclui faixas de rodagem e bermas) de uma estrada ou caminho mede mais de 5 metros, considerou-se que uma célula de 5x5 m permitiria a realização deste estudo prévio, sendo compatível com a exactidão dos dados de base e com o tempo, espaço e capacidade de processamento disponíveis (como referido na análise de aptidão – sub-capítulo 4.5.2.2).

Assim, efectuou-se uma reclassificação dos dados do mapa de declives, com intervalos de 2 %, desde 0-2% (código 1) até iguais ou maiores que 20% (código 10), para estabelecimento de graus de dificuldade (Tabela 14) e análise de estrangulamentos. Seguidamente efectuou-se a conversão para formato vectorial, construindo os polígonos correspondentes (ver Anexo III - Modelo 3).

4.6.2.3 Visibilidade dos rios

Através da criação de uma sucessão de pontos coincidentes com o eixo dos rios foi construído, na análise de localização do parque de campismo (sub-capítulo 4.5.3.3), um mapa de visibilidade dos rios que indica as áreas de onde o rio é visível (um ou muitos pontos) e não visível (0 pontos). Na definição dos percursos foi utilizado esse mapa e considerado, para cada troço, se a visibilidade do rio era muito boa, boa, razoável, fraca ou nula, conforme o número de pontos visíveis.

4.6.2.4 Proximidade do rio

Para a determinação da proximidade ao rio, utilizaram-se as distâncias de 500, 750, 1000, 1500 e 5500 m (valor máximo registado na área de análise para esta variável). Embora inicialmente tivessem sido consideradas distâncias com intervalos de 250 em 250 m (até 1000 m) do rio, para obtenção de percursos ribeirinhos, verificou-se que a divisão até aos 500 m não se justificava por não existirem vias na zona entre os 0 e os 250 m, devido ao facto de o rio ter um leito muito largo e o cálculo das distâncias ser efectuado em relação ao eixo do rio.

O modelo utilizado para este processo foi criado para as distâncias ao rio na análise de aptidão (Anexo III - Modelo 11) introduzindo as necessárias alterações nos valores de distância a considerar.

4.6.2.5 Impedâncias

Foi criado um novo campo nas tabelas de atributos dos temas acabados de referir, para armazenamento dos valores de impedância a empregar na construção dos percursos em

Network Analyst. A impedância representa “a quantidade de resistência ou custo exigida

para percorrer uma linha desde o seu nó de origem até ao seu nó de destino, ou para mudar de direcção de uma linha para outra, num nó” (ESRI, 2006a). Valores como a distância a percorrer, ou o tempo de deslocação são exemplos de como se pode medir essa resistência. Um valor elevado de impedância significa uma “maior resistência ao movimento e zero indica a ausência de custo. Um percurso óptimo numa rede é o caminho de menor impedância, também chamado caminho de menor custo (least-cost path)” (ESRI, 2006a).

Aplicou-se, no nosso caso, para a impedância, uma escala comum a todos os temas a considerar (Tabela 14), de 1 a 5, correspondendo o valor 1 ao menor custo e como tal, à melhor situação. O carregamento destes dados foi efectuado recorrendo ao Access (Microsoft) através de comandos SQL (Sequencial Query Language) utilizando o comando de update, como se pode ver pelo exemplo:

Valor para impedância

Visibilidade

(código) Declive % e (código)

Proximidade do rio (metros)

1 Muito boa (1) 0-4 (1-2) Todos 0 a 500 m

2 Boa (2) 4-6 (3) Boa forma e boa bicicleta 500 a 750 3 Razoável (2 ) 6-8 (4) Experiência e boa bicicleta 750 a 1000

4 Fraca (6) 8-10 (5) Difícil 1000 a 1500

5 Nula (0) +10 (+ 6) Muito difícil + de 1500

Tabela 14 – Valores de impedância para os critérios a considerar

O processo de selecção e caracterização das vias para definições dos percursos, foi executado através do modelo construído para o efeito, em ModelBuider e apresentado em Anexo III - Modelo 16, utilizando duas operações:

• Junção (merge) das estradas e caminhos considerados para a constituição de cada uma das categorias de vias a utilizar para os percursos;

• Intersecção de cada uma destas categorias de vias com os mapas de declive, visibilidade e proximidade do rio, para sua caracterização. Deste modo, cada segmento passou a possuir na sua tabela de atributos um valor relativo a cada um desses temas reclassificados para impedância numa escala de valores que permitiu a sua comparação.

4.6.2.6 Construção da rede (Network Analyst)

A rede foi construída utilizando a Network Analyst com as seguintes condições:

• Seria constituída pelas vias da rede viária complementar, secundária e local, como anteriormente foi referido;

• A conectividade entre as vias poderia ser estabelecida em qualquer vértice de qualquer via da rede;

• Poderiam ser efectuadas mudanças de sentido em qualquer nó da rede;

• Os atributos da rede seriam o comprimento, o declive, a proximidade e a visibilidade dos rios.

Durante o processo de construção da rede foi necessário definir o tipo de utilização (usage

type) dos atributos acima referidos como “custo” (cost), para que pudessem ser utilizados

como impedância. Como fonte dos valores (evaluators) a assumir pelos mesmos foram indicados os campos criados para o efeito e carregados com os valores de impedância (Tabela 14).

(existente por defeito) que contém a distância a percorrer e, portanto, a resistência ou custo para percorrer o troço da rede.

No nosso estudo, dada a existência de dois níveis territoriais de análise para percursos optimizados, o processo de criação de rede foi executado de forma independente, por duas vezes.

Para a determinação dos percursos dentro da área de intervenção foi necessário restringir a rede a esse âmbito espacial, sendo necessária a construção de uma nova rede, a partir das vias recortadas (função clip) com o polígono dessa área. Verificou-se, então, a inviabilidade de transposição do rio, ou seja, a falta de ligação entre a margem direita e a margem esquerda, dado que nenhuma das pontes existentes se encontra inserida na área de intervenção. De modo a ultrapassar este estrangulamento, foi gerada uma faixa de 1200 m (valor determinado em função da distância a que a ponte de Rossio ao Sul do Tejo e seus acessos se situam do limite da área de intervenção) à volta da área de intervenção e foram consideradas as vias incluídas nessa área (Figura 16 ).

Figura 16 – Zona de tolerância (1200 m) para inclusão da ponte na rede (pormenor)

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