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Pressupostos e requisitos para a localização do parque de campismo

No documento TURISMO SUSTENTÁVEL NAS MARGENS DO TEJO (páginas 87-91)

4. Estudo de caso

4.5 Aptidão para a localização do parque de campismo

4.5.1 Pressupostos e requisitos para a localização do parque de campismo

campismo

A criação de um “local aconselhado para campismo”, onde fosse permitido acampar de forma mais ou menos livre, em contacto com a natureza, existindo um nível básico de infra- estruturas à semelhança do que existe em vários países, nomeadamente na América do Norte, foi a ideia subjacente à proposta deste equipamento. Dado que a legislação portuguesa não o permite, foi adoptada a figura de “Parque de Campismo Rural”, que nos pareceu ser a que mais se adequava a esse conceito.

Assim, pretendia-se

• Parque de campismo em espaço rural;

• Local amplo, com baixa densidade de ocupação espacial, com menos espaço “artificializado” do que é comum neste tipo de espaços, favorecendo um maior contacto com a natureza;

• Nível de infra-estruturas de apoio garantindo a satisfação das necessidades básicas de saneamento básico;

• Capacidades para recepção de grupos (cerca de 80 a 100 pessoas), de modo a permitir o apoio a actividades desenvolvidas no âmbito da animação de turismo relacionado com a natureza, bem como para escuteiros, campos de férias e afins; • Local sossegado;

• Relação com o rio seja sob a forma visual, de proximidade ou de fácil acesso às suas margens;

• Boa acessibilidade;

• Existência de sombra (desde a fase de arranque do parque).

O Decreto Regulamentar n.º 33/97 de 17 de Setembro que estipula as condições exigidas para a constituição de parques de campismo (incluindo parques de campismo rurais) estabelece que estes locais devem:

a) Não ser pantanosos nem excessivamente húmidos; b) Não estar situados em zona de atmosfera poluída;

c) Estar distanciados 1000 m, pelo menos, dos locais em que exista indústria insalubre, incómoda, tóxica ou perigosa;

d) Não estar situados em zonas de áreas de infiltração máxima e outras captações de água e de condutas de água potável ou de combustíveis;

e) Não estar situados em leitos de cheia ou leitos secos de rios;

f) Ser suficientemente drenados para facilitar o escoamento das águas pluviais; g) Ficar afastados 1000 m, pelo menos, de condutas abertas de esgotos, de lixeiras

ou de aterros;

h) Estar afastados das grandes vias de comunicação ou suficientemente isolados delas

Especificamente sobre os Parques de Campismo Rurais (Decreto-Lei n.º 192/82 de 19 de Maio), a lei estabelece ainda que:

• A área total não seja superior a 5000 m²;

a) Fornecimento de energia eléctrica; b) Fornecimento de água potável;

c) Instalação de receptáculos para lixos em locais apropriados e a respectiva remoção;

d) Escoamento eficaz de águas residuais e de esgotos; e) Sistema de prevenção de incêndios;

f) Ligações telefónicas, postais e de socorros médicos a pelos 5 km de distância da sua localização;

g) Fácil acesso a ambulâncias.

• Não poderão prejudicar a utilização de terrenos classificados nas categorias A e B; • A sua capacidade máxima não poderá exceder as 30 instalações, tendas,

caravanas ou outros veículos habitáveis, nem o número de 90 campistas;

• A cada instalação deve corresponder uma área aproximada de 150 m², e a cada campista, a de 50 m².

Um dos factores importantes na adopção deste tipo de parque de campismo foi a limitação máxima de campistas e a área mínima por pessoa (50 m²). Estes valores contrastam com as áreas mínimas exigidas para os restantes categorias de parques de campismo: aos parques de quatro, três, duas e uma estrela, correspondem respectivamente de 13 m², 15 m², 18 m² e 22 m² por campista.

A legislação em vigor é omissa em valores relativos à inclinação do terreno para estes equipamentos, todavia, a literatura consultada (Access Today, 2002) refere que o declive deverá ser no máximo de 2%, sendo aceitáveis os 3% por motivos de drenagem dos solos.

Foram, com base nestes aspectos e na estratégia referida, definidos como critérios para selecção das áreas com aptidão para a localização de um parque de campismo na região em análise, os seguintes:

• Situar-se em espaço rural;

• Não ocupar áreas de solos de capacidade de uso agrícola; • Não ocupar solos com problemas de drenagem;

• Situar-se a pelo menos 10 m das linhas de água; • Não se situar em leito de cheia;

• Ter declives inferiores ou iguais a 8%;

• Distar pelo menos 1000 m de indústria insalubre, incómoda, tóxica ou perigosa; • Ter níveis de ruído nocturno inferior a 45 dB;

complementar;

• Localizar-se num raio de 5 km relativamente a ligações telefónicas, postais e de socorros médicos.

Embora alguns destes elementos estivessem contemplados na legislação da Reserva Ecológica Nacional (REN, Decreto-Lei n.º 93/90) e Reserva Agrícola Nacional (RAN, Decreto-Lei n.º 451/82), não foram consideradas essas duas reservas, nesta fase da análise de aptidão, porque:

• As classes de capacidade de uso do solo A e B (incluídas na RAN, DL 451/82) fazem parte dos critérios utilizados, seleccionadas a partir da Carta de Capacidade de Uso do Solo (CCUS);

• As sub-classes Ch, Dh e Eh19

consideram os solos com problemas de drenagem consideradas na REN (DL 93/90) estão incluído na análise como factor de exclusão;

• Os valores de declive abrangidos pela REN (superiores a 30%) não são satisfatórios para a análise de aptidão do parque de campismo, a qual é muito mais restritiva neste aspecto;

• Foi delimitado o leito de cheia com base na cota de máxima cheia fornecida pelas entidades oficiais20 (cheia de 1979 - 35 m em Barreiras do Tejo - Abrantes).

Há ainda que referir que se considerou preferível a inclusão destas variáveis de forma independente utilizando fontes de informação originais, na medida em que, pelo processo de elaboração analógico, técnicas de reprodução utilizadas e posterior conversão para formato digital a que as cartas da RAN e REN estiveram sujeitas, o factor erro é inevitavelmente maior.

De qualquer modo, no final da análise, as áreas encontradas foram confrontadas com as cartas da REN e RAN, dado que as mesmas constituem elementos legais condicionantes das intervenções a efectuar. Refere-se, ainda, que os PDM destes municípios se encontram em processo de revisão, elaborados em formato digital, com base na cartografia 1/10.000 do IGP (SCN) pelo que, na sua nova versão as fontes de dados de base utilizados serão as mesmas que as utilizadas nesta análise.

19

IDRHa - Nota explicativa da Carta de Capacidade de Uso do Solo – Subclasses de Capacidade de Uso – “h – excesso de água”.

20

Divisão Sub-Regional da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento da Região de Lisboa e Vale do Tejo (CCDRLVT), de Santarém – valor máximo verificado na cheia de 1979 na área de análise foi em Barreiras do Tejo (Abrantes) na cota 35,15

Para cada um dos critérios de localização referidos foram estabelecidos parâmetros limite a incluir no modelo construído para análise do critério em causa.

A questão da proximidade (distância menor que 5 km) às ligações telefónicas, postais e de socorros médicos não foi considerada, dado que a totalidade da área em análise preenche estes requisitos.

A primeira parte da análise (aptidão física e legal) foi efectuada para a área de análise e não apenas para a área de intervenção onde o parque de campismo se deveria localizar de modo a assegurar que, no caso de não existirem espaços com a necessária aptidão dentro da área de intervenção, pudessem ser avaliadas as alternativas existentes nas proximidades.

No documento TURISMO SUSTENTÁVEL NAS MARGENS DO TEJO (páginas 87-91)