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Nesta seção, serão delineados os passos que foram necessários para a constituição dos dados da pesquisa. São apresentados os primeiros contatos com a escola e com os participantes.

Tendo em vista que o objetivo principal era identificar se existem relações entre as avaliações externas e avaliações em sala de aula, foi preciso estabelecer um critério para a seleção da escola colaboradora com a pesquisa e, para tanto, foram tomados como base os resultados do IDEB e da Prova Brasil. Só depois de selecionada a escola é que entramos em contato com a diretora e com o coordenador pedagógico para dar encaminhamento à investigação.

5.2.1 A aproximação com a escola

Para identificar a escola, cenário desta pesquisa, foi feito um levantamento a partir dos dados disponíveis no site do Inep6, das escolas que realizaram a última Prova Brasil (dados disponíveis referentes ao ano de 2013) na cidade Bauru – SP (cidade onde foi desenvolvida a pesquisa). A partir desse levantamento, identificou-se a escola com o melhor IDEB e melhor proficiência na Prova Brasil de Matemática entre as escolas estaduais do município. Com essa informação, foi feito um primeiro contato com a diretora e com o coordenador pedagógico da escola para a apresentação da pesquisa e dos objetivos principais. Apresentamos, ainda, a intenção, da nossa parte, em contribuir quanto à discussão/reflexão da temática das avaliações educacionais com todos os professores e demais envolvidos naquele contexto escolar. Segundo a gestão da escola, caberia ao coordenador aceitar a realização da pesquisa na escola e, diante do seu aval e contando com sua participação, foi agendada uma reunião com as docentes de matemática do Ensino Fundamental II para que elas pudessem compreender os objetivos da pesquisa.

A escola onde a pesquisa foi desenvolvida é urbana, localizada em uma região nobre de Bauru. Nas imediações suas, encontra-se a sede do Jornal da Cidade, que é o jornal de

Bauru, há várias agências bancárias e uma das principais avenidas da cidade. Nessa escola, são matriculados alunos dos anos iniciais e dos anos finais do Ensino Fundamental. A infraestrutura conta com laboratório de informática, sala de leitura, quadra de esportes e sala de atendimento pedagógico especial, além da sala dos professores, diretoria e cozinha.

A escola conta com o apoio e a colaboração dos pais no processo de aprendizagem dos alunos, como foi possível concluir a partir dos dados extraídos do questionário socioeconômico7 da Prova Brasil de 2013, no qual os alunos do 9º responderam que os pais incentivam seus estudos e a realização de trabalhos e do dever de casa. Além disso, durante as conversas com outras professoras e funcionários da escola, fui informada que lá os alunos raramente faltam às aulas e que os professores costumam incentivá-los a permanecer na escola durante todo período das aulas.

Semanalmente, os professores do Ensino Fundamental II utilizam o tempo da reunião denominada de Atividades de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC) para discutir o andamento das aulas, dos projetos e de outras temáticas que julgarem necessários, como, por exemplo: adaptação de situações de aprendizagem para alunos especiais; resultado de avaliações externas e como agir diante de tais resultados; conversa sobre o comportamento disciplinar e sobre a aprendizagem de alguns alunos. No caso das avaliações externas, é comum ser apresentado para todos os professores quais as principais dificuldades dos alunos nas disciplinas de Português e Matemática e também são feitas orientações para que tais conteúdos sejam abordados em todas as disciplinas. Sobre disciplina de Matemática, a partir dos indicadores dos dois últimos anos de realização do SARESP, foi solicitado aos professores que abordassem, principalmente, as operações entre frações, números decimais e porcentagem.

Além dos encontros semanais de ATPCs, são realizadas outras reuniões e palestras com os professores, em que são apresentados os resultados e as metas da escola quanto às avaliações externas e os objetivos de tais avaliações no cenário educacional. Os alunos também são comunicados a respeito dessas avaliações com o objetivo de que eles entendam o porquê da realização das provas e também para que conheçam os resultados de anos anteriores, podendo compará-los.

7 Dados disponíveis em http://www.qedu.org.br/escola/188318-mercedes-paz-bueno-

Em uma conversa com professoras não participantes da pesquisa, comentei que escolhi aquela escola para desenvolver a pesquisa devido aos bons índices e que eu estava investigando o que havia por trás deles. Elas me falaram que a escola era diferente das demais do município porque ali todos eram educados, que lá existe respeito entre alunos, professores, funcionários e pais, e que o coordenador proporciona um ambiente de companheirismo e de colaboração. Nessa conversa, as professoras chamaram bastante atenção para o papel do coordenador. Enfatizaram que ele sabe lidar com alunos e funcionários, sendo amigo, mas sem perder a autoridade, que ele sabe brincar e também sabe chamar a atenção. Para as professoras, esse comportamento faz toda a diferença na questão motivacional. Elas comentaram que todos os professores cumprem as tarefas burocráticas no tempo determinado, não deixam de fazer as atividades e participar das reuniões. Destacaram que, com isso, é comum ocorrer incentivo mútuo entre eles. As professoras, participantes desta pesquisa, comentaram que se sentem à vontade e motivadas com o ambiente de trabalho naquela escola. 5.2.2 As professoras participantes da pesquisa

É importante esclarecer que a ideia inicial para a produção de dados, proposta às professoras de matemática e à coordenação pedagógica da escola, era a de constituição de um grupo de estudos com a temática Avaliação. Esse grupo se reuniria durante parte do horário das Atividades de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC). As professoras aceitaram prontamente essa proposta; contudo, devido às normas da Diretoria de Ensino da região de Bauru, isso não seria possível. A opção de o grupo se reunir fora do horário de trabalho das professoras também não foi viável, visto que a sobrecarga de trabalho delas vai além das atividades profissionais na escola. Assim, decidimos que os dados relativos à concepção e práticas das professoras seriam obtidos através de entrevistas. Das quatro professoras de matemática da escola, uma não aceitou participar da pesquisa devido à indisponibilidade de tempo para conceder entrevistas fora do horário de trabalho.

Cientes das informações a respeito da pesquisa e das intenções da pesquisadora, as três professoras que concordaram com a pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)8, no qual constam todos os dados que asseguram os seus direitos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética na Pesquisa, cujo Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) é 52003615.2.0000.5504.

Além de entrevistas, ocorreram participações da pesquisadora em alguns dos encontros pedagógicos que ocorriam na escola durante as Atividades de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC), quando foram realizadas observações pontuais de acompanhamento das atividades das professoras e feitas anotações em notas de campo. Além disso, o coordenador pedagógico disponibilizou algumas avaliações externas realizadas pelos alunos que poderiam compor a produção dos dados de campo.

Uma breve apresentação das professoras é feita a seguir, com destaque para o primeiro contato delas com a escola onde a pesquisa foi desenvolvida. Os nomes utilizados são fictícios para preservar a identidade das participantes.

A professora Marcela iniciou seu contato com a escola cenário da pesquisa em 1996, como professora eventual9, sendo efetivada na carreira docente em 2003. Ela é formada em Licenciatura para o Ensino de Ciências e iniciou sua carreira docente como professora de Ciências em 1996. Só depois de prestar concurso para professor da rede pública do Estado de São Paulo é que ela se dedicou exclusivamente à matemática.

A professora Sandra é formada em Licenciatura para o Ensino de Ciências, com habilitação em Matemática. Ela iniciou sua carreira como professora de matemática do Magistério, por volta de 1989, e está na escola cenário da pesquisa há cerca de quatro anos. No entanto, ela relatou que a escola é muito familiar a ela, pois estudou nessa escola “a vida toda”.

A professora Valéria é formada em Licenciatura em Matemática e iniciou sua carreira docente em 2001 como professora eventual, mas foi só em 2013 que ela conseguiu remoção de uma escola onde era efetiva para a escola em que trabalha atualmente.

As professoras Marcela e Sandra disseram que optaram por essa escola por ser próxima à residência delas, e a professora Valéria, por ser de mais fácil acesso na vida cotidiana dela.