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Constituintes das Argamassas

CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.2 Constituintes das Argamassas

Em geral, os agregados atuam nas argamassas como material de enchimento, não interferindo no endurecimento destas. No entanto, estes apresentam-se como importantes influentes no seu comportamento. O tipo de agregado, a sua origem, assim como a sua forma e granulometria são alguns dos parâmetros que influenciam o comportamento destas argamassas.

Normalmente, como agregado nas argamassas de revestimento utiliza-se a areia, que funciona como esqueleto granular e ganha coesão aquando da ligação ao ligante. Quimicamente, as areias podem caracterizar-se como sendo siliciosas, calcárias e argilosas. [13,14].

2.2.2 Ligantes

No geral, os principais ligantes utilizados nas argamassas de revestimento são materiais finos de natureza mineral, nomeadamente o cimento, o gesso e a cal. Aquando da mistura dos ligantes com água, ocorre uma reação de hidratação, permitindo assim que a pasta ganhe presa e endureça. Uma argamassa poderá ter na sua constituição apenas um tipo de ligante ou então uma combinação de diferentes ligantes.

2.2.2.1 Cal

A matéria-prima a partir da qual se obtém a cal é o calcário. A sua diferente constituição leva, a tipos de cal diferentes, que se podem englobar em dois grupos distintos, a cal aérea e a cal hidráulica. A cal aérea é obtida através da cozedura de calcários puros, com uma percentagem reduzida de impurezas. Por sua vez, a cal hidráulica é obtida através de calcários com teores de argila entre 5% e 20%.

A cal aérea pode ainda ser classificada em cálcica ou magnesiana, consoante resulte, respetivamente, da decomposição de calcários com um teor mínimo de carbonato de cálcio (CaCO3) de cerca de 95%, ou carbonato de cálcio e magnésio (CaMg(CO3)2). Do processo de

decomposição, que ocorre de forma semelhante, mas a temperaturas diferentes, obtêm-se, através de calcinação, CaO (óxido de cálcio) e MgO (óxido de magnésio), que são o material

Capítulo 2: Revisão Bibliográfica |2013

12 Susana Marques

extinção, origina a cal hidratada [13]. A cal cálcica pode ainda ser divida em cal gorda ou magra de acordo com o teor de impurezas. A primeira caracteriza-se por apresentar até 1% de impurezas, enquanto que a cal magra tem um teor de impurezas superior a 1% e inferior a 5% [15]. As cais aéreas endurecem lentamente ao ar, através da reação com o dióxido de carbono (CO2), não apresentando, geralmente, propriedades hidráulicas, isto é capacidade de ganhar

presa debaixo de água [14].

A cal hidráulica é obtida através da cozedura entre 1200ºC e 1500º C de calcários com teores de argila entre 5% e 20% [15]. Apresenta propriedades hidráulicas, ao contrário da cal aérea, pelo que endurece através de um processo de hidratação. As argamassas de revestimento à base de cal hidráulica apresentam entre outras características: boa trabalhabilidade, boa aderência às superfícies e bom acabamento final [14].

2.2.2.2 Cimento

O cimento é um material mineral, constituído por pós muito finos, com propriedades hidráulicas. Este ligante endurece em contacto com a água e devido às suas propriedades de aglomerante, origina argamassas de elevada coesão e resistência. O cimento mais utilizado na construção civil é o cimento Portland. Este é obtido através de uma mistura de calcário

(CaCO3), argila e outros constituintes de sílica, alumina ou ferro.

Além do tradicional cimento cinzento, podem também ser fabricados cimentos brancos. Estes são obtidos através do calcário branco e de matérias-primas com baixos teores em óxidos ferrosos. Por norma, os cimentos brancos apresentam um tempo de início de presa menor [16].

A composição do cimento Portland leva a que este apresente determinadas características particulares, nomeadamente: resistência mecânica elevada, boa resistência a agressões químicas, durabilidade, variações volúmicas devido ao processo de hidratação e reações de hidratação exotérmicas [14].

Quadro 1- Tipos de cimento fabricados em Portugal [16]

2.2.2.3 Gesso

O gesso é um material obtido de forma natural através do sulfato de cálcio (CaSO4),

reconhecido pelo seu ganho de presa rápido. Aquando do processo de hidratação do CaSO4,

formam-se cristais duros, originando assim uma pasta consistente. O facto do endurecimento rápido da pasta de gesso dificulta por vezes a sua aplicação, sendo uma possível solução a adição de cal, para que a presa ocorra de forma mais lenta [14].

As argamassas de gesso apresentam um mau comportamento à água, pelo que são muito solúveis e têm uma baixa resistência em comparação com argamassas que possuem outros ligantes. Assim, geralmente, estas não são aplicadas no exterior dos edifícios, mas sim no interior sob a forma de gesso para estuque [14].

2.2.3 Água

A água utilizada na amassadura das argamassas de revestimento não deve conter substâncias que possam influenciar o comportamento e as características destas. Assim, na sua constituição, não deve conter teores de impurezas superiores aos indicados no quadro 2 [15].

Capítulo 2: Revisão Bibliográfica |2013

14 Susana Marques

Quadro 2- Quantidades máximas de água na amassadura [15]

Tipo de Impureza Quantidade Máxima

admissível [g/dm3] Documento Normativo aplicável Materiais em Suspensão (resíduo suspenso) 5 NP 505-1967 Sais dissolvidos (resíduo dissolvido) 35 Matéria Orgânica (consumo químico de oxigénio) 500 NP 1414-1977

No que respeita à quantidade, a água a adicionar, deve ser a necessária para hidratar o ligante e para conferir à argamassa as devidas propriedades de trabalhabilidade, no estado fresco. No entanto, quando em demasia, torna a argamassa mais porosa e diminui a resistência desta [16].

2.2.4 Adjuvantes e Adições

Os adjuvantes e as adições são produtos que têm como finalidade modificar as propriedades das argamassas. Em geral, os adjuvantes são adicionados às argamassas durante a amassadura e podem alterar as suas propriedades quer no estado fresco quer no estado endurecido. Estes podem ser de diferentes tipos, nomeadamente: redutores de água, plastificantes, retentores de água, introdutores de ar, aceleradores de presa, aceleradores de endurecimento, retardadores de presa, hidrófugos, redutores de permeabilidade, resinas sintéticas ou polímeros, pigmentos e fungicidas ou bactericidas [15,17].

Os adjuvantes redutores de água têm como objetivo aumentar a trabalhabilidade da argamassa, ou diminuir a quantidade de água, enquanto que os retentores de água diminuem a perda de água por exsudação [15,17].

Os introdutores de ar, como o próprio nome indica, introduzem bolhas de ar durante a confeção das argamassas, mantendo-as após o endurecimento. Os adjuvantes aceleradores de presa diminuem o tempo necessário para que as argamassas passem do estado plástico para o estado endurecido, sendo que os retardadores de presa fazem precisamente o oposto. O adjuvante acelerador de endurecimento faz com que as propriedades de resistência das argamassas sejam desenvolvidas mais rapidamente. Os adjuvantes hidrófugos conferem

proteção às argamassas no seu estado endurecido, no que respeita à absorção de água por capilaridade, enquanto que os redutores de permeabilidade aumentam a compacidade das argamassas. As resinas sintéticas ou polímeros melhoram a aderência dos agregados das argamassas aos ligantes. Os pigmentos são produtos naturais ou sintéticos que permitem tornar as argamassas coloridas. Por fim, os fungicidas/bactericidas têm por objetivo conferir às argamassas, no seu estado endurecido, proteção contra os agentes fungicidas e bactericidas [15,17].

As adições são substâncias que se adicionam em conjunto com o ligante e alteram as propriedades das argamassas, conferindo-lhe maiores resistências às ações químicas, isto é aos ataques de sulfatos, ataque aos ácidos e às reações álcali-agregado, bem como à penetração de iões cloreto [17].

2.3 Argamassas de Revestimento Tradicionais vs Argamassas de

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